Agroextrativismo sustentável no “Rio da fome”: quebrando paradigmas produtivos na bacia do Rio Negro

Autores

  • Ignacio Oliete Josa Fundação Vitória Amazônica
  • Fabiano Lopez da Silva Fundação Vitória Amazônica
  • Carlos Cesar Durigan

Palavras-chave:

Castanha da Amazônia, Resex, Rio Negro, Sociobiodiversidade

Resumo

As cadeias produtivas da sociobiodiversidade têm sido historicamente relegadas a segundo plano na bacia do rio Negro, fato atrelado, entre outras causas, ao preconceito histórico que existe em relação aos ecossistemas de águas pretas e as formas de produção tradicionais locais. Esse cenário acabou por inspirar viajantes e exploradores a chamar o rio Negro de “Rio da Fome”. Os sofisticados sistemas produtivos tradicionais estão adaptados às particularidades dos ecossistemas e aliam agricultura familiar de baixo impacto e extrativismo de produtos da floresta. As nove comunidades ribeirinhas do rio Unini (172 famílias) são um exemplo da aliança entre conservação e uso sustentável da biodiversidade. Após longo período de mobilização e conscientização sociopolítica, que culminou com a criação da Reserva Extrativista em 2006, as comunidades estruturaram, junto com os parceiros, um empreendimento comunitário para fortalecimento das cadeias de valor dos produtos agroextrativistas da região. O objetivo é reduzir a influência de atravessadores e melhorar a renda das famílias locais com a valorização das práticas locais de produção. O empreendimento iniciou-se com o beneficiamento e melhor inserção mercadológica da castanha da Amazônia, e em seguida com a ampliação da sua abrangência territorial incluindo produtores extrativistas de outras bacias do médio rio Negro. Esse processo vem consolidando o rio Unini como um polo regional de agregação de valor de produtos da sociobiodiversidade.


Palavras-chave
Castanha da Amazônia. Resex. Rio Negro. Sociobiodiversidade.


Sustainable agroextractivisme in the “River of Hunger”: breaking productive models of the rio Negro basin


Abstract
In the Rio Negro basin the value chains of socio-biodiversity have traditionally been considered as less important. In addition to other causes, this is due to the historical bias that affects black water ecosystems and forms of local traditional production. This scenario actually inspired travellers and explorers of Rio Negro to call it as the “River of Hunger “. Sophisticated traditional productive systems are adapted to the peculiarities of the ecosystems and linked to family agriculture with low impact on extraction of forest products. The nine riverbank communities (172 families) of Unini River are an example of this alliance between conservation and sustainable use of biodiversity. After a long period of mobilization and socio-political awareness, which culminated in the creation of the Extractive Reserve in 2006, these communities have organized, along with partners, a community cooperative meant to strengthen the value chains of regional agro-extractive products. The goal is to reduce the influence of river traders and improve households’ incomes by enhancing local practices of production. The project began by improving processing and marketing Brazil nuts, while the next step is to enlarge its geographical distribution, by including more extractive producers from other basins of the middle Rio Negro. This process is making the river Unini a regional centre of reference for aggregating value to the socio-biodiversity products.


Keywords
Rio Negro. Resex. Sociobiodiversity. Brazil nuts.

Biografia do autor

Ignacio Oliete Josa, Fundação Vitória Amazônica

Mestre em Agricultura no Trópico Úmido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Brasil. Coordenador do Programa de Desenvolvimento Humano Integrado da Fundação Vitória Amazônica – Manaus, AM – Brasil.

Fabiano Lopez da Silva, Fundação Vitória Amazônica

Especialista em Política Ambiental e Energética pela Universidade de Columbia - SIPA - Nova Iorque - EUA. Coordenador Executivo da Fundação Vitória Amazônica (FVA) – Manaus, AM - Brasil

Carlos Cesar Durigan

Mestre em Biologia (Ecologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) – Manaus, AM - Brasil. Diretor do Programa Amazônia da WCS-Brasil  - Associação para Conservação da Vida Silvestre - Manaus, AM – Brasil

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Publicado

13/12/2013

Como citar

Josa, I. O., Silva, F. L. da, & Durigan, C. C. (2013). Agroextrativismo sustentável no “Rio da fome”: quebrando paradigmas produtivos na bacia do Rio Negro. Inclusão Social, 6(2). Recuperado de https://revista.ibict.br/inclusao/article/view/1735