“Quissamã somos nós!”: construção participativa de hipertexto *

Carmelita do Espírito Santo

Mestre em ciência da informação (Ibict – UFRJ)

E-mail: carmelitasanto@hotmail.com

Isa Maria Freire

Doutora em ciência da informação (Ibict – UFRJ)

Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (MCT/Ibict)

E-mail: isa@ibict.br

Resumo

Trata-se de pesquisa realizada em conjunto com a comunidade de Quissamã-RJ, representada pelos alunos, professores e outros agentes educacionais de seis escolas do município. Objetivou a construção de um hipertexto digital, aqui considerado como parte integrante do regime de informação e estrutura significante [informação] para a produção do conhecimento. Parte do princípio de que, para atingir este fim, é necessário a socialização da informação, como parte da responsabilidade social da ciência da informação. O hipertexto é visto como um instrumento para produzir e organizar informações visando à sua disponibilização na Internet, espaço potencial de socialização da informação. O conteúdo informacional do hipertexto reflete um regime de informação sobre a identidade cultural de Quissamã, que tem no folclore um dos elementos mais expressivo.

Palavras-chave

Regime de informação; Identidade cultural; Pesquisa participante; Hipertexto digital; Quissamã (Rio de Janeiro, Brasil).

“Quissamã are we!”: participative construction of hypertext

Abstract

This participant research was developed in association with Quissamã community, located in Rio de Janeiro, represented by students, teachers and educational agents of six public schools. The objective of the research was to construct a digital hypertext, considered as a part of an information regime and significant structure [information] with the purpose of producing knowledge. We assume that is necessary to socialize information to produce knowledge, as part of the social role played by information science. The hipertext is considered as an instrument to produce, organize and to make information available in the Internet, known as a potential space to socialize information. The information contents of the hypertext reflects the information regime about the cultural identity of Quissamã, that has in its folklore one of the most expressive elements.

Keywords

Regime of information, Cultural identity, Participant research, Digital hypertext, Quissamã City (Rio de Janeiro, Brazil).

INTRODUÇÃO

Nossa pesquisa propôs a idéia da utilização do hipertexto na Internet para a preservação das identidades culturais, uma das mais discutidas questões da globalização na atualidade. Assim, a partir da perspectiva da responsabilidade social da ciência da informação, desenvolvemos, de forma participativa, uma ação informacional com vistas a produzir, organizar e socializar “estruturas significantes” que representam aspectos ou elementos da identidade cultural de uma comunidade.

O hipertexto é destacado aqui como ferramenta para promover a realização desses processos. E, uma vez que queríamos falar sobre a identidade cultural de Quissamã-RJ, fomos em busca dos elementos que representam a cultura local. Aqui vimos que o tema da identidade comporta aspectos da cultura, mais precisamente da cultura nacional, que tem no folclore um dos seus mais fortes elementos. Mas não dava para imaginar um hipertexto sem uma estrutura operacional, por isso pensamos em situá-lo dentro de um regime de informação, como definido por González de Gómez (1999).

Para caracterizar o regime de informação a partir dos seus usuários (a comunidade), foi elaborado um questionário com base no conceito de cultura nacional em que procuramos identificar exemplos da cultura local, os espaços de informação local e as necessidades básicas de informação sobre a cultura local. Para caracterizar o folclore de Quissamã, realizou-se uma gincana cultural, quando a comunidade foi mobilizada com a realização de atividades que envolveram alunos, professores e outros agentes educacionais de seis escolas da localidade.

Como resultado, construímos um instrumento para socializar a informação sobre a identidade cultural de Quissamã, que tem no folclore sua temática central. Neste contexto, fala-se de dança, representada pelo fado, narram-se as lendas e as estórias locais reproduzidas pelos “repórteres culturais” da comunidade, informa-se sobre os artistas populares locais. Assim, com a participação da comunidade, produzimos uma estrutura significante em si e que funciona como um agregado de informação (Barreto, 1994), organizando a socializando a informação. O hipertexto produzido ainda não é digital, mas sua versão preliminar já nos permite vislumbrar o potencial de expressão da cultura local. Breve, no que depender da nossa participação, o passeio em Quissamã envolverá mais do que palavras escritas, traduzindo-se em sons e imagens de um hipertexto web, levando a cultura local pelos caminhos da rede global.

* Resumo da dissertação “Quissamã somos nós”: pesquisa participante para construção de hipertexto sobre identidade cultural , defendida por Carmelita do Espírito Santo no Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (Convênio CNPq/Ibict – UFRJ/ECO) em 2003. Orientadora: Isa Maria Freire.

SOBRE GLOBALIZAÇÃO, CULTURA E INFORMAÇÃO

Mais que um processo de transformação social e cultural, a globalização representa também a materialização de um paradigma que toma corpo a partir do momento em que um novo insumo assume papel de “fator-chave” para a economia. Na nova realidade, a produtividade e a competitividade da economia dependem basicamente de sua capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a informação:

“... na emergência de um novo paradigma tecnológico, organizado em torno das tecnologias de informação, mais flexíveis e poderosas, a informação, embora tenha sempre desempenhado papel crucial para a economia, torna-se, agora, o próprio produto do processo produtivo” (Castells, 1999, p. 89).

Uma das conseqüências da globalização da economia, amparada nas tecnologias digitais de informação e comunicação, foi a geração de grande diversidade de comunidades virtuais interligadas em rede, caracterizando a metáfora da “aldeia global” de McLuhan, conforme verificado em Ianni (1995) e Ortiz (1994), entre outros: “Províncias, regiões e nações, bem como cultura e civilizações são atravessadas e articuladas pelos sistemas de informação e comunicação” (Ianni, 1995, p. 228). Nesse espaço social, ocorre a difusão de padrões culturais globais que acarretam processos de alienação dos valores e das culturas locais.

“Enquanto processo de desenvolvimento de complexas interconexões entre sociedades, culturas, instituições e indivíduos, a globalização estimula e favorece a remoção de nossos relacionamentos e de nossas referências de vida de contextos locais para contextos transnacionais” (Miranda, 2000, p.82).

Este problema tornou-se alvo de constante preocupação para governos e sociedades do mundo inteiro, pois homogeneidade cultural envolve a idéia de perda ou enfraquecimento das identidades culturais locais. Por isso, têm sido adotadas várias medidas para preservar e manter a identidade cultural de cada local no mundo globalizado. Aqui no Brasil, pode-se evidenciar essa preocupação por meio das ações formuladas para preservar a identidade cultural do país, previstas no capítulo cinco do Livro Verde da Sociedade da Informação no Brasil .

Para Burity (2002), um dos pontos-chave na questão do enfraquecimento da identidade diz respeito ao conceito de cultura. Para ele, o interesse pelo tema da identidade cultural tornou-se relevante a partir do momento em que o sujeito social percebeu que o diferencial entre os grupos, instituições e indivíduos está cada vez mais fortemente mediado pela cultura. Desta forma, a cultura constitui uma perspectiva obrigatória de discussão do que são e para onde vão as sociedades contemporâneas. E, se tratar da identidade cultural implica relacioná-la com a cultura, é válido ressaltar de que forma a cultura pode ser inserida no contexto da informação.

Neste ponto, recorremos a Marteleto (1995), quando observa que um dos principais ponto de interseção diz respeito às convergência das abordagens científicas desses fenômenos, pois tanto o determinismo (desdobramento do evolucionismo em que foi formulado o conceito de cultura) quanto o mecanicismo (desdobramento do pensamento sistêmico no qual foi construído o conceito de informação) apontam para o homem como sujeito da história. Podemos dizer, com a autora, que a cultura pode ser considerada e incluída como um dos elementos da informação, uma vez que “... funciona como uma memória, ... ao conservar e reproduzir artefatos simbólicos e materiais de geração em geração, [tornando-se] a depositária da informação social” ( op. cit., p. 90). Nesta abordagem, a ação do homem é vista como atividade de tomada de decisão no interior dos sistemas das organizações sociais, sendo que ambas as abordagens se apóiam na visão da natureza e da sociedade como um sistema organizado. Neste sistema, “os homens atuam, representam, produzem, criam dentro de determinados padrões, atendendo a determinadas funções, respondendo às informações que o sistema tem por objetivo organizar, manter e controlar” (idem, p. 75).

Assim, na sociedade globalizada, ao mesmo tempo em que molda os processos de uma suposta homogeneização cultural, a informação constitui também elemento que possibilita ao indivíduo inserido em um dado grupo social a reconstrução de sua identidade perdida ou enfraquecida no mundo global. É nessa perspectiva que relacionamos o papel da informação com a questão da preservação da identidade cultural.

Os antropólogos e cientistas sociais consideram que a cultura refere-se ao modo de vida de um povo, em toda a sua extensão e complexidade. Assim, o conceito de cultura procura designar uma estrutura social, no campo das idéias, dos símbolos, das crenças, dos costumes, dos valores, artes, linguagem, moral, direito, leis etc., que se traduz nas formas de pensar, sentir e agir de uma sociedade. Para Mortari & Matos (2002), pensar hoje a cultura implica atualizar um termo que, em si, compreende diferentes e diversos significados: o rompimento entre o tradicional e o moderno, o culto, o popular e o massivo, diante da desordem estabelecida com o advento das novas tecnologias da informação e da comunicação, destacando-se a Web.

A rede Internet iniciou suas atividades há cerca de 30 anos, nos Estados Unidos, com o nome de Arpanet, e foi criada não somente para permitir que instituições militares envolvidas em projetos de pesquisa compartilhassem recursos computacionais, mas também para garantir a integridade dos canais de transmissão de dados em caso de catástrofes (Araújo & Freire, 1996). Nos anos 80, a rede foi ampliada, e dela surgiu a Internet, usando o mesmo protocolo de comunicação de dados e oferecendo o acesso a centros de computadores e serviços como troca de mensagens, transferência de arquivos, uso de fontes remotas e compartilhamento de arquivos. Constituída de uma ampla rede de comunicação a partir de pontos locais de informação, seja de armazenamento ou de distribuição, a Internet criou um novo espaço de circulação da informação: o ciberespaço*. Ele surgiu para descrever um meio ambiente eletrônico no qual dados e programas de acesso à informação podem ser manipulados (Levy, 1994; Miller apud Araújo e Freire, op.cit.). Para Levy, é o novo espaço de comunicação e sociabilidade, de organização e de transação, como também novo mercado da informação e de conhecimentos. Assim, as culturas habitam hoje uma região de fronteira, lugar onde transitam não apenas sujeitos em busca do novo e do estranho, mas indivíduos que lutam pela sobrevivência social e cultural em sua relação com o virtual.

* O termo ciberespaço foi inventado pelo novelista William F. Gibson, no romance de ficção científica Neuromante, no qual é definido como o universo das redes digitais, palco de conflitos mundiais e uma nova fronteira econômica e cultural.

SOBRE O CAMPO DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

Contexto

A ciência da informação teve seu aparecimento e expansão na segunda metade do século XX, quando grande número de pesquisas e documentos mantidos fora do fluxo normal de informação foram liberados para o conhecimento público. Para Freire (2001), a emergência do campo científico da ciência da informação teve como marco histórico a Conferência de Informação Científica da Royal Society, em Londres, em 1948, destacando, nos anos 50, a atuação da Federação Internacional de Documentação e do Viniti, o Instituto de Ciência da Informação da Academia de Ciências de Moscou, na antiga União Soviética*.

* Ver o quadro de eventos significativos em Freire, 2001, p.29.

Na década de 70, o conceito e a abrangência da ciência da informação foram se aproximando de uma definição mais específica dos fenômenos e processos que deveriam ser objetos de estudo e de interesse deste campo científico: “A tarefa da ciência da informação é o estudo das propriedades dos processos de comunicação que devem ser traduzidos no desenho de um sistema de informação apropriado para uma dada situação física” (Goffmann, apud Saracevic, 1996). No início da década de 80, a administração de sistemas e serviços de informação foi acrescentada como mais uma área de interesse para o campo da ciência da informação. Neste contexto, sua área de interesse foi definida como “... organização profissional para aqueles [profissionais] envolvidos com o desenho, a administração e o uso de sistemas e tecnologias de informação” (Asis apud Saracevi, 1996, p. 48).

Na década de 90, a ciência da informação foi definida como um campo dedicado às questões científicas e à prática profissional voltadas para os problemas da comunicação do conhecimento e de seus registros entre os seres humanos, no qual, no tratamento destas questões, são consideradas as modernas tecnologias informacionais” (Saracevic, 1996). Destaca-se, nesta definição, a função social da ciência da informação, premissa maior da nossa pesquisa, que vê, na socialização da informação, o princípio básico para a produção do conhecimento. Essa função social ressalta durante o processo de transferência da informação, pois “a transmissão do conhecimento para aqueles que dele necessitam é uma responsabilidade social, e essa responsabilidade social parece ser o fundamento em si para a ciência da informação” (Wersig & Nevelling apud Freire, 1995). Segundo Freire, isso implica que seu objeto de estudo deve pertencer ao universo dos fenômenos da comunicação social, em particular à comunicação de informações como o objetivo de promover mudanças nas estruturas de conhecimento do receptor (op.cit.). Visto dessa maneira, podemos dizer, por meio do processo de socialização da informação, cada indivíduo pode munir-se de informação capaz de produzir conhecimento.

Construtos

Certamente que a amplitude do conceito de informação impossibilita entrar em todas as questões nele envolvidas. Por isso procuramos identificar para nossa pesquisa um conceito que pudesse abordar o papel da informação no âmbito do processo de globalização da economia e dos padrões culturais. E o encontramos em Barreto (1994), quando propõe que, enquanto “agente mediador na produção do conhecimento, a informação qualifica-se, em forma e substância, como estruturas significantes com a competência de gerar conhecimento para o indivíduo e seu grupo” (op.cit., 1994, p. 3). Dessa forma, definida como “estrutura significante”, a informação pode comportar o pensamento, a linguagem popular e científica, os códigos utilizados para processar as informações, as linguagens de computadores, os museus, as bibliotecas, as bases de dados, os sites da Internet e tantos outros elementos ou mecanismos que possibilitem o processamento, a estocagem, a distribuição e a comunicação da informação.

Por sua vez, a produção de “estruturas significantes” pode ser evidenciada no contexto de geração, processamento e comunicação da informação. Isto pode ser realizado por meio de ações políticas e técnico-científicas, tal como demonstrou Freire (1998), em seu trabalho de construção de um instrumento de socialização da informação na área de saúde, pois

" É no espaço social, político e econômico que ocorre o fenômeno da produção e circulação da informação [...] através de um processo de comunicação social que engloba uma fonte geradora de informação (um emissor), os canais de transmissão do “texto e sua estrutura” e (um receptor) usuário da informação” (Freire, 1998, p. 103).

Dessa perspectiva, pensar no processo de produção e transferência de “estruturas significantes” significa contextualizá-las na lógica do novo cenário mundial em que se apresenta como espaço para a informação. Espaços de informação são “dispositivos de informação” que não só permitem a vinculação comunicacional, cognitiva e factual dos problemas e dos projetos singulares e locais, mas também podem favorecer a redefinição das agendas e dos conteúdos temáticos das políticas públicas, à luz da opinião dos atores envolvidos (González de Gómez, 1999). Nesses espaços, as informações adquirem “ valor testemunhal ao serem agregadas e organizadas especialmente, na entrada e no processamento dos dados ... são, ao mesmo tempo, nós das redes que entrelaçam os mais diversos fluxos de informação” ( op.cit.). Neste sentido, o escopo e abrangência dos espaços de informação dependem de sua ancoragem nas esferas locais de comunicação e da disponibilidade de acesso às fontes globais de informação, e aqui a Internet pode ser configurada como um “espaço de informação”, conceito que, antes de designar um espaço físico, remete a esferas relacionais e simbólicas de sociabilidade, de comunicação e de saber. Nessa abordagem, os “dispositivos de informação” são os lugares materiais ou imateriais nos quais se inscrevem (necessariamente) os textos (despachos de agências, jornal, livro, rádio, televisão etc.). Na questão informacional, um dispositivo permite a leitura de relações entre elementos heterogêneos, discursivos, tecnológicos, econômicos e culturais, fundamentando-se na estrutura de dispositivos anteriores de informação:

“... a escrita não anula, mas reinscreve a comunicação oral. A informação eletrônica reinscreve quase totalmente os procedimentos, instrumentos e recursos da escrita... [Neste sentido,] as práticas dos atores sociais tendem a preservar ou modificar os dispositivos coletivos de informação e, ao mesmo tempo, os dispositivos de informação preexistentes impõem condições estruturais às novas estratégias de informação” (Gónzalez de Gómez, 2002, p. 27-40).

Pode-se, então, configurar um regime de informação por meio de conjuntos de relações plurais e diversas que podem entrelaçar as relações intermediáticas (TV, jornais, conversas informais, Internet etc.), interorganizacionais (empresa, universidade, domicílios, associações etc.) e inter-sociais (atores comunitários, coletivos profissionais, agências governamentais, entre outros). Desta forma, o conceito de “regime de informação” pode ser compreendido como uma importante ferramenta operacional para se pensar a construção de um hipertexto sobre o tema da identidade cultural no âmbito da globalização. Para implementar nossa proposta, pautamo-nos na potencialidade das novas tecnologias de informação e comunicação, que podem ser vistas como “... dispositivos [que] agem sobre todos os domínios da atividade humana e possibilitam o estabelecimento de conexões infinitas entre diferentes domínios, assim como entre os elementos e agentes de tais atividades” (Castells, p.50-51).

Hipertexto: produção e transferência da informação

Adotar o hipertexto digital como conceito é uma alternativa a uma linearidade rígida e autoritária dos textos e de seus discursos convencionais pela leitura. No hipertexto, o leitor co-participante da construção do texto tem à sua disposição um grande número de opções.

“O autor, ao elaborar um hipertexto, na verdade, constrói uma matriz de textos potenciais que são alinhados, combinados entre si pelo leitor, [...]. O leitor participa ativamente da redação e edição do documento que lê, podendo traçar caminhos nunca antes imaginados pelo autor, conectando uma infinidade de documentos, criando um novo documento hipertexto a partir dessas associações” (Dias, 1999, p. 274).

Para Freire (1998), a relevância do hipertexto como um instrumento de transferência de informação é observada quando este instrumento pode concretizar estratégias de buscas informais, personalizadas e orientadas ao conteúdo: “Usuários de sistemas hipertextos podem realmente concentrar-se na informação durante o processo de busca, por intermédio da observação do contexto, e durante o folheio, com o salvamento, ligação ou transferência de textos ou imagens” ( op.cit., p.5). Nesse sentido, “a incorporação dessa tecnologia da informação está promovendo mudanças na organização social e do trabalho e, conseqüentemente, no modo de pensar-agir-sentir das populações que vivenciam a chamada ‘vida digital’” (Freire & Freire, 1996). Neste caso, o hipertexto pode ser visto como um instrumento que tem a função de produzir, organizar e comunicar informações.

Mas pensar um hipertexto sobre a identidade cultural consiste em verificar, antes de mais nada, em qual concepção de cultura a identidade cultural costuma ser abordada. De acordo com Hall (1998), uma das formas que se pode narrar a identidade é pela Cultura Nacional. Contudo, a proposta da nossa pesquisa buscou apenas mostrar um aspecto da cultura nacional bastante mencionado na literatura, qual seja, o folclore.

De acordo com Brandão (1994), o domínio do que é folclore é tão grande quanto o domínio da cultura: “Folclore é tudo o que o homem do povo faz e reproduz como tradição...” ( op.cit., p.24). Desta forma, por vezes, é visto como sinônimo de cultura popular e vice-versa, como entende Câmara Cascudo, ao definir folclore como “a cultura do popular tornada normativa pela tradição” (Câmara Cascudo apud Brandão , idem). Entretanto, há diferenças importantes entre folclore e cultura popular. Para alguns estudiosos, folclore é mais conservador e a cultura popular mais progressista: “Uma manifestação é folclórica quando, além de ser popular, constitui-se em sobrevivência. O folclore seria, portanto, uma manifestação do passado no presente” (Câmara Cascudo apud Ayala & Ayala, 1987, p. 15).

A relação do folclore com a preservação da identidade cultural pode ser evidenciada nas mais diversas ações e eventos. Em nível internacional, podemos citar a Conferência Mundial sobre o Patrimônio Cultural da Humanidade, promovida pela Unesco, em Istambul, que culminou com a Declaração em Defesa do Patrimônio Imaterial e da Diversidade Cultural dos Povos*, aprovada no dia 18 de setembro de 2002. Nesse texto, os ministros da Cultura de 72 países destacam a importância das ações educativas ou informacionais no sentido de garantir a transmissão do patrimônio cultural imaterial dos povos, fator indispensável à preservação das identidades culturais de comunidades, regiões ou países. São considerados como objetos de estudos do folclore:

* Ver a versão da declaração disponível em www.metodista.br/unesco/ JBCC/jbcc192.htm

A CULTURA LOCAL NO CONTEXTO DE UM REGIME DE INFORMAÇÃO

Um passeio em Quissamã-RJ

Quissamã é uma pequena cidade localizada na região norte do estado do Rio de Janeiro. Possui uma população de aproximadamente 14 mil habitantes, distribuída em uma área de 660 quilômetros quadrados. A sua história começa em meados do século XVII, com a doação de terras, compreendidas entre o rio Macaé e o cabo de São Tomé, aos chamados “Sete Capitães”, como pagamento por serviços prestados à Coroa portuguesa. Isso ocorreu em 1627. Vem dessa época também a origem do nome do município, que teria surgido de um encontro inusitado entre os sete capitães e um negro durante a viagem de exploração das novas terras*. Entretanto, a explicação para o significado da palavra só foi dada na década de 90 pelo então cônsul de Angola, senhor Ismael Diogo da Silva. A origem da palavra é angolana, pois Quissamã é uma cidade que fica a 80 quilômetros de Luanda, na foz do rio Kwanza, origem principal dos negros que eram vendidos ou negociados no Brasil. A palavra significa “fruto da terra que está entre o rio e o mar” (Matoso, s.d., p. 8).

Apesar do grande potencial histórico e cultural da região, a cultura local vem perdendo importância junto à maioria da população, que tem adotado os padrões de manifestação da cultura importada. E, embora este seja um fenômeno que ocorre na maioria das pequenas cidades brasileiras, esta questão tornou-se relevante para a atual administração municipal de Quissamã, que entende que tal fato concorre para o enfraquecimento da identidade cultural local: “Não queremos que nossa população deixe de ouvir ou ver o “Tchan”, mas é importante que eles tenham conhecimento e consciência de nossa riqueza cultural, que nos garante uma identidade própria” (grifo nosso)**. Este argumento ilustra o que acontece nos grandes eventos que marcam acontecimentos importantes da sociedade local. Nestas ocasiões, não se observam mais manifestações típicas da cultura local. Isto reflete um certo ‘apagamento’ [esquecimento] da população em relação às manifestações da cultura popular do município, “principalmente na população de jovens e crianças”***.

O município possui uma biblioteca pública e um espaço cultural, que têm, entre outros objetivos, a organização e a comunicação de informações. Contudo, estes espaços ainda carecem de infra-estrutura adequada aos novos requisitos tecnológicos para organização e comunicação da informação. No que se refere à Internet, a relevância desta pesquisa pôde ser observada na medida em que os sites referentes ao município ainda carecem de aspectos de interatividade, exigência básica nos novos produtos que englobam a produção e a transferência de informação.

Foram encontrados dois sites direcionados ao município: a) um site oficial da Prefeitura Municipal de Quissamã; b) um site sobre as potencialidades turísticas do lugar.

Embora esses sites ofereçam algumas informações sobre a cultura do lugar, sua eficiência, enquanto instrumento interativo para socialização da informação cultural local, torna-se comprometida pelos seguintes fatores:

Nesse contexto, nossa proposta de construção participativa de um instrumento que possibilitasse a socialização da informação cultural de Quissamã por meio da Internet foi muito bem aceita.

Pesquisa participante: a comunidade presente

A pesquisa participante combina técnicas de pesquisa, processos de ensino-aprendizagem e programas de ação educativa. Sua estratégia de investigação contempla a mobilização de grupos para a organização, a transformação e o desenvolvimento de ações que redundem em benefício coletivo da realidade social. Neste sentido, ela oferece oportunidade para que a comunidade possa participar da análise da sua própria realidade. Na área da ciência da informação, a pesquisa participante foi utilizada por Freire (1998) na sua dissertação no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (Convênio CNPq/Ibict – UFRJ/ECO), quando trabalhou na construção de um hipertexto digital* com professores e alunos da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.

Assim é que, também no contexto do nosso trabalho em Quissamã, a pesquisa participante se coloca como o instrumento metodológico adequado para permitir que a comunidade possa atuar, ao mesmo tempo, como usuário e produtor de informações sobre identidade cultural do município.

* “Ao chegar à Aldeia Nova, foram recepcionados por um grupo de índios, encontrando-se entre eles um negro. Ficaram perplexos ao ver aquele negro ‘em lugares indultos e sem moradores’”. Ao indagarem quem era ele e como viera parar ali, respondeu-lhes que era forro; ao perguntarem se era crioulo da terra, respondeu-lhe simplesmente que era da Nação de Quissamã, na África ...” (Matoso, s.d., p. 8)

** Depoimento da Secretária de Educação e Cultura de Quissamã.

*** Depoimento da comunidade.

****Ver mais em www.hanseniase.hpg.com.br.

A implementação da pesquisa

Nosso trabalho foi feito com interação constante entre todos os participantes, o que incluiu a professora-orientadora da dissertação*. Essa interação se deu por meio de reuniões, palestras e encontros com a comunidade. Todas as reuniões e eventos foram documentados e devidamente registrados em memórias de reuniões . As memórias foram utilizadas nas reuniões com a orientadora, para analisar as questões discutidas visando a recolher elementos que indicassem ou não a necessidade de mudanças na pesquisa. A análise destes documentos resultava em informações relevantes que serviram de base para tomada de decisões em manter, aperfeiçoar, reelaborar, ou até mesmo estabelecer novos procedimentos, tanto operacionais quanto teóricos, para o desenvolvimento da pesquisa-dissertação.

* Nesta fase da pesquisa, foi fundamental contar com o conhecimento, a experiência e, sobretudo, o apoio e estímulo da professora-orientadora.

O projeto foi desenvolvido em cinco fases. A primeira fase foi marcada pelo planejamento dos procedimentos necessários para a implementação da pesquisa no município. As reuniões nesta etapa foram realizadas para se discutir a aprovação da pesquisa no município, os recursos para viabilização do projeto, os aspectos da identidade cultural que fariam parte do hipertexto e qual seria o produto final da pesquisa.

A segunda fase foi dedicada à escolha do tema da identidade cultural a ser tratado na pesquisa e à seleção da amostra de participantes. O folclore foi escolhido como tema principal para se trabalhar com a identidade cultural do município. A escolha dos participantes da pesquisa também ocorreu neste momento, envolvendo alunos, professores (de história e de português), diretores, supervisores, coordenadores e outros agentes educacionais de seis escolas selecionadas pelas diretoras da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Semec), a saber:

A terceira fase foi dedicada à elaboração de instrumentos para a coleta de dados. Esta etapa consistiu em verificar como a identidade cultural do município poderia ser revelada na/pela população local. Os instrumentos foram diferenciadas para alunos e agentes educacionais. Para professores, coordenadores e diretores elaboramos um questionário buscando identificar as fontes de informações sobre cultura utilizadas pela população, aspectos da cultura local no cotidiano do município e os produtores culturais (artistas populares). As informações sobre o folclore foram obtidas por meio de uma gincana cultural, da qual participaram alunos das escolas envolvidas na pesquisa. Para tanto, foi necessária a elaboração de um subprojeto no âmbito do projeto de dissertação, pois o evento exigia detalhada organização operacional. O principal objetivo desse subprojeto foi mobilizar a comunidade em torno da cultura do município. As fontes de informações indicadas foram pessoas ligadas ao cotidiano dos alunos, sugerindo-se as seguintes tarefas:

A quarta fase se caracterizou pela apresentação da pesquisa aos participantes, incluindo alunos, professores e outros agentes educacionais do município. Isto foi feito por meio de um seminário dirigido aos responsáveis em cada escola selecionada para a pesquisa. Após o seminário, teve início a fase de apresentação dos projetos para os alunos (participantes voluntários) e para os professores responsáveis pela gincana em cada escola, com visitas a cada uma.

A quinta e última fase foi marcada pela realização das atividades da gincana cultural local e pela análise das informações produzidas pelos participantes para a produção da versão preliminar do hipertexto. A gincana foi realizada com cinco tarefas desenvolvidas pelos alunos das escolas do município. Todas as escolas visitadas ofereceram voluntários para participar da pesquisa. Contudo, somente quatro das seis escolas chegaram até o final da gincana.

ALCANÇANDO RESULTADOS A rede de informação local

O desenho de um regime de informação em Quissamã concentra-se no município em si, pois ele é visto como uma grande teia de informações na qual estão explicitados todos os elementos necessários para tal fim. Neste caso, as informações referentes a suas peculiaridades nos aspectos sociais, políticos, econômico, culturais, históricos etc. Contudo, não é possível fazer uma descrição acurada desses aspectos, na medida em que este procedimento ultrapassa o alcance proposto para esta pesquisa, que envolve somente os aspectos referentes ao folclore local, aspecto da cultura visto pela comunidade como fonte principal de sua identidade cultural.

Dentre as manifestações citadas, relacionamos algumas das formas pelas quais são representadas no cotidiano de Quissamã.

 Dança

“Fado, quadrilha, a valsa (em festas realizadas nas casas das famílias) mansuca, onde as pessoas se divertiam ouvindo cantores da região ou discos antigos. Folia de reis, onde tem versos em homenagem aos amigos, parentes e outras pessoas, serenatas, onde as pessoas cantavam em baixo da janela para conquistar a pessoa amada”.

 Religião

“Bandeira do Divino, ladainha, ponto de louvação, o catolicismo, saudação, despedida, procissões, festas nas capelas locais, macumba”.

 Lendas

“Mula-sem-cabeça, lobisomem, boi-tatá, saci-perêrê”.

 Culinária/alimentação

“Pastel de nata, doce de batata doce, cabrito ou leitoa ensopada com aipim”.

 Música

“O fado, a cantiga de reis da abertura ao fado”.

 Artesanato

“Boi malhadinho, as canoas escavadas em tronco ancoradas na lagoa feia, onde são usadas para a pesca, cesta feita de trança de fibra vegetal usado para o transporte de pão, a esteira para dormir, o juquiá, o tipiti, a peneira, o tapete feito de tiras de pano costuradas em um saco, o couro para fazer cordas, fabricação de lamparina, ponto-cruz, tapetes de areia, lubarda era utilizado como protetor para colocar cela feita de palha”.

 Artistas populares

Durante a realização da segunda tarefa da gincana cultural de Quissamã*, foram cadastrados diversos artistas populares, como mostra o quadro no Anexo 1.

Os resultados da pesquisa nos permitem dizer que as informações são produzidas no cotidiano do município por meio de produtores da cultura local, a maioria delas sob a chancela da Semec, são organizadas em estoques locais de informação representados pela biblioteca, pelo espaço cultural e pelo conjunto que integra o sistema educacional. Nestes espaços institucionais, a informação é processada visando à sua transferência para os usuários (a população local), também produtores da informação, retornando à comunidade em forma de novas informações no fluxo contínuo do regime de informação. A comunidade, representada aqui pelos sujeitos e pelas instituições participantes, atuou, ao mesmo tempo, como produtora, organizadora, comunicadora, buscando a socialização da informação sobre o folclore local.

*Veja relação dos participantes no Anexo 2.

Descrição do hipertexto

O hiperexto é identificado pelo título “ A identidade cultural de Quissamã no ar: um sítio de informação e cultura ”, onde são resumidos os créditos da pesquisa (figura 1, a seguir). Retratamos a comunidade de Quissamã por meio da seção “ Quem Somos Nós ”, na qual apresentamos a comunidade que participou da pesquisa. Na seção “ Somos Quissamã ”, mostramos aspectos gerais do município, destacando a cultura representada pelos casarões locais. Em “ Identidade e Folclore”, relacionamos algumas manifestações do folclore, base da identidade cultural local. Temos ainda “ Mais folclore” , representado por nossas lendas e nossas estórias. Na seção “ Nossos artistas populares”, transcrevemos as entrevistas realizadas durante a pesquisa com artistas locais. Em “ Nossos Links”, relacionamos todas as pessoas e instituições envolvidas na pesquisa.

FIGURA 1

Identidade cultural no ar

Com o desenho da primeira estrutura do hipertexto, foi possível refletir sobre as dificuldades inerentes a este processo, principalmente no que se refere aos recursos tecnológicos necessários para a sua disponibilização na Internet. Uma outra dificuldade foi conjugar o conceito de cultura nacional, pelo qual foram formuladas as perguntas do questionário, com o conceito de folclore, base das tarefas da gincana. Quanto à pesquisa participante, podemos dizer que é realmente a melhor forma de fazer pesquisa, pois, mais do que nunca, demonstrou que “a teoria na prática é outra coisa”.

Durante a realização do trabalho, observamos que a pesquisa participante requer o tempo todo construções e reconstruções. São muitos detalhes que devem ser considerados, como o olhar de interrogação ou o gesto de excitação de cada aluno, em poder participar de um processo de redescobrimento de sua cultura... Descobrimos que, para que um projeto de pós-graduação possa ser realizado com sucesso, devemos deixar um pouco de lado o academicismo e atentar mais para o cotidiano dos participantes. Mas esta não é uma preocupação só nossa. Segundo alguns participantes, embora as questões tratadas na pesquisa sejam cruciais na atualidade, ainda não foram totalmente absorvidas pela maioria das pessoas. Isto inclui não só alunos, mas também professores e outros agentes de ensino do município. Podemos dizer que, apesar de tudo, conseguimos realizar todos os nossos objetivos, tanto no âmbito conceitual, quanto no aspecto operacional. No diz respeito à base conceitual, verificamos como se dá o processo de produção da informação e, ao mesmo tempo em que estávamos produzindo, também socializamos a informação com todos os participantes.

A aprovação da pesquisa em Quissamã mostrou que o tema da identidade cultural nos deu a possibilidade de compreender vários fenômenos contemporâneos que interferem na preservação de nossa cultura. Cada um dos elementos aqui mencionados representa uma estrutura significante da informação da identidade cultural de Quissamã presente no regime de informação configurado para promover a sua socialização não só para a comunidade, mas também para toda a sociedade no âmbito da globalização.

Após a análise do processo, concluímos que, para efetivar uma pesquisa que envolva a interação de muitos participantes, é necessário:

Ressaltamos, no entanto, que esta foi apenas a primeira fase de construção do hipertexto. A sua disponibilidade na rede Internet depende de uma série de outras ações a serem discutidas com a comunidade. Destaca-se, entretanto, o papel relevante da ciência da informação na socialização da informação, por sua capacidade de intermediar a realização de uma ação informacional que contempla um contexto comunitário em que produtores e usuários de informação participaram de forma ativa e igualitária na sua realização.

Artigo recebido em 24-11-2003 e aceito para publicação em 24-04-2004.

REFERÊNCIAS

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ANEXO 1

Quadro com resultados da segunda tarefa da Gincana Cultural de Quissamã-RJ

A segunda tarefa foi executada por todas as escolas, exceto pela Escola Maria Hilka.

A escola Délfica seguiu corretamente o modelo apresentado nas instruções da gincana. Citou seis tipos de manifestações folclóricas, dizendo os nomes da pessoas que trabalham com as manifestações citadas e os locais onde elas moram, conforme listagem abaixo:

Nome Idade Local onde mora Manifestação cultural
Adili Manães Nunes 58 Barra do Furado Pintura em tecido
Adilson Emidio de Souza 45 Barra do Furado Boi pintadinho
Francisca Pereira Leite 87 Barra do Furado Leiloeira
Ledi Alves Carvalho 38 Barra do Furado Doceira
Maria Dominga da S. Santos 45 Sítio S. Miguel Danças
Maria Lúcia R. Costa 34 Barra do Furado Artesanato

Os alunos do colégio CEVQ também seguiram corretamente as instruções da gincana. Citaram 19 pessoas que trabalham com manifestações folclóricas no município.

Nome Idade Local onde mora Manifestação cultural
Antônio Miguel 63 Lagoa Dança, conta estórias
Eliza Maria de Souza 52 Carmo Bandeira do divino, artesanato
Joaquim Luiz 44 Lagoa Dança
Liontina Maciel 63 Piteiras Bandeira do divino
Manoel das Neves 66 Caxias Dança e canta
Maria Biceia Pacheco 56 Carmo Bandeira do divino, artesanato
Maria da Glória S. da Conceição 70 Prosperidade Comidas típicas
Maria das Neves 54 Santa Catarina Dona de centro de umbanda
Maria de Lourdes Gomes 64 Pindobas Comidas para festas folclóricas
Maria Francisca da Silva 74 Imbiú Rezadeira
Maria Margarida Souza 59 Carmo Bandeira do divino
Mariquita 63 Caxias Rezadeira
Oscarina Pereira 78 Centro Comidas típicas, religião
Sílvia 61 Canto S. Antônio Doceira
Sirlei Chagas 56 Pindobas Comidas para festas folclóricas
Thomázia 75 Sítio Quissmaã Comidas típicas
Vilma Barreto de Souza 60 Carmo Bandeira do divino
Zélia Maria de Souza 44 Carmo Trabalhos manuais
Zila 70 Centro Comidas típicas

A escola CIEP citou seis pessoas que trabalham com manifestações folclóricas no município. Esta escola também seguiu corretamente as instruções da gincana para a realização da segunda tarefa (turma 801)

Nome   Idade Local onde mora Manifestação cultural
Antônio Amorim   59 Piteiras Cantor de fado
Jorgina Munquim Ramos   62 Caxias Rezadeira
Maria Eliza Ferreira Ribeiro   85 Piteiras Rezadeira
Oflávio   62 C. Saudade Compositor de fado
Onofra da Silva Oliveira   69 Matias Dança fado
Sofia da Silva Nunes   63 Machado Dança fado
         

A escola Nelita citou quatro pessoas, seguindo corretamente as instruções da gincana (alunos da oitava série). Disseram que conheceram a lenda em que o senhor Ernandes, morador de Manoel Gomes (perto de Santa Francisca), vira lobisomem. Segundo os mais antigos, ele é vivo até hoje.

Nome Idade Local onde mora Manifestação cultural
Jocília Barcelos do Desterro 33 Pindobas Artesanato
Maria Áurea de Barcelos 67 Morro Alto Comidas típicas, pastel de nata, bolos
Maria das Neves Gomes 67 Santa Catarina Morro Alto
Zuza Rosa Chagas, conhecida como Leci 35 Morro Alto Dança fado

 

ANEXO 2

Quadro com participantes da pesquisa

SEMEC – SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA

Secretária Municipal de Educação e Cultura: Ana Alice de Barcelos Silva Diretora do Departamento de Educação: Regina Célia Barcelos Magno Diretora do Departamento de Cultura: Rosangela Barcelos

Outros agentes: Isabel Cristina Pessanha de Almeida, Inácio Barcelos, Alexandra Mathias Netto, Nilton Melo

REPÓRTERES CULTURAIS

Escola Délfica: Maycon Elioberto do Nascimento, o Smilinguido, Janaína Guimarães de Oliveira, Cleide Souza Santos, Elaine Barreto de Souza e Fabiana Carvalho Ribeiro CIEP 465: Paula, Luciana Escola Maria Hilka: Rosângela, Rejane, Danieli, Tatiana, Rejani, Ana Cláudia e Beatriz

ESCOLAS DE SEGUNDO GRAU

Colégio Estadual Visconde de Quissamã

Turma: 1301

Responsável pela Pesquisa: professor Ailson Berlamindo Barreto

Alunos: Marina Pessanha, Carla Gomes, Fabiana Ferreira, Fernanda Rangel, Alex da Silva, Tatiana do Santos, Maria das Neves, Adriani Manhães, Marineti Ribeiro, Márcio Silva, Deborah, Fabiana Rosa, Fabíola Carla, Renata Nascimento, Ana Carla, Marina Chagas, Andressa, Milania Cristina, Vasth, Ana Lúcia, Marina de Souza, Aline da Silva, Renata da Piedade, Roberta Ferreira, Elexcine, Érica, Cíntia, Juliane Outros agentes: Líliam, Nilton Melo, Laura Constança

Colégio Cenecista Nossa Senhora do Desterro

Turma: 1301

Responsável pela Pesquisa: Celso Gomes Ribeiro, diretor Alunos: Leila, Leandro, Ronaldo, Marcelo, Érica

Outros agentes: Helena de Barcelos, Ana Beatriz Manhães Pinto, Maria José Bruno, Nair Menezes da Silva

ESCOLAS DE PRIMEIRO GRAU

Escola Municipal Délfica de Carvalho Vagner

Turmas: 8ª e 9ª séries

Responsável pela Pesquisa: professora Ana Beatriz Manhães Pinto

Alunos: Adriano, Cleide, Maycon, Fabiana, Welley, Janaina, Josiane, Rafael, Cristiane Santos, Elaine Barreto de Souza, Dayana, Leidiane, Michele, Célia, Janaina Silva, Kátia, Daiane, Roberto, Vinicius, Jair Outros agentes: Gilmar F. Gonzaga, Lídia S. Nogueira, Elaine Pereira de Castro

Escola Municipal Maria Hilka

Turma: 801

Responsável pela Pesquisa: Wilson Madureira, diretor

Alunos: Rosângela, Rejane, Danieli, Tatiana, Rejani, Ana Cláudia, Beatriz Outros agentes: Vítor de Souza Rosa, Lívia Maria Peroba

Escola Municipal Nelita Barcelos dos Santos

Turma: 801

Responsável pela Pesquisa: Aparecida dos Santos Silva, diretora

Alunos: Luiz Lones, Ailton, Alceir, Ana Paula, Flavia, Lais, Romário, Márcia, Míriam, Vanesca, , Kézia, Aline Outros agentes: Marcelo Negreiro Rocha, Célia Gonçalves Pereira, Edinety, Passos, Patrícia Cirilo, Fernanda de Souza Almeida, Cláudia Aparecida, Conceição

Centro Integrado de Educação Pública – Ciep municipalizado 465

Turma: 801 e 802

Responsável pela Pesquisa: Márcio e Jorge, diretores

Alunos: Anderson Barcelos da Silva, Liara, Lorena, Aline, Leiziane, Sílvia das Chagas, Adalise Viana, Ronison, Débora Ribeiro, Paula Luciana, Luciane dos Santos, Ana Rodrigues, Daiana, Francisca, Luiz Jonatan, Carlos Eduardo, Junior Carlos, Dougal Terra, Carlos Luiz, William Viana, Daniele Francisco, Aline Sales, Marta Quessi, Edna Rodrigues, Tiago da Conceição, Patrícia Pessanha