Editorial

Terminologia: disciplina da nova era


Enilde Faulstich

A terminologia começa a fixar sua história no Brasil.

Desenvolvidos em instituições acadêmicas e em centros de pesquisa, o ensino da disciplina e a pesquisa, na área, despontam como fonte de gestão do saber científico. Aprendem-se a ciência e a tecnologia dos dicionários.

Nessa direção, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) aparece na ponta dos fatos. Com a criação do Mercado Comum do Sul (Mercosul), ações conjuntas vêm sendo realizadas em favor do desenvolvimento de terminologias nacionais. Uma das conseqüências lingüísticas desse Mercado foi o despertar do interesse para o "canteiro de línguas vivas" da América do Sul. Assim, o espanhol e o português, com suas variantes, passam a ser focalizados como línguas de intercomunicação da ciência e da cultura.

No rastro desse mercado econômico, criaram-se as subcomissões temáticas de terminologia. Estas comissões passaram, desde então, a convergir esforços para a criação do grande banco terminológico do Mercosul. Ao mesmo tempo, porém, entendeu-se que era preciso, antes de tudo, organizar a produção terminológica em cada país.

No Brasil, começa-se, então, a empreender ações conjuntas. Intensificam-se cursos na área, elaboram-se projetos de pesquisa de forma cooperativa, e publicam-se trabalhos científicos em que a terminologia, a lexicografia e a lexicologia são temas básicos de reflexão.

Dentro dessa perspectiva, a formação de recursos humanos passa a ser prioritária. E é isso que aqui se quer demonstrar.

Neste número da revista Ciência da Informação , apresentam-se trabalhos que se vêm realizando no Brasil. A bem da verdade, não se trata de uma demonstração exaustiva da produção nacional, mas de representação do pensamento de professores e de pesquisadores que se dedicam à área.

O domínio desses conhecimentos aparece divulgado nas diversas seções da revista: nos artigos científicos que discutem fundamentos e metodologias; nas comunicações, que são testemunhos dos esforços empreendidos no processo de formação; nos relatos, como resultado das experiências vividas por profissionais que percebem, na pesquisa sistemática da terminologia, soluções para algumas falhas encontradas na comunicação em seus setores de atividade. Em seguida, na seção documento, apresenta-se uma síntese do Projeto Brasilterm como uma proposta de implementação das atividades práticas em desenvolvimento já desde 1990. Por último, a recensão que releva o trabalho de um dos principais especialistas da lexicografia contemporânea, atento às questões da terminologia.

Finalmente, pode-se dizer que a terminologia amplia suas fronteiras como disciplina. O interesse pelo conhecimento específico e pela formação não se restringe somente ao campo da lingüística; vai além, abrangendo a tradução, a ciência da informação e a informática. Por essa razão, a disciplina tem paulatinamente ocupado seu lugar nos programas dos diversos cursos, tanto na graduação quanto na pós-graduação.

Com todo este empreendimento, acredita-se que, em breve, o Brasil terá ampliado o quadro de docentes e de pesquisadores em terminologia, cuja contribuição será principalmente de ordem pragmática: a harmonização de atos de comunicação interativos.