Editorial

Informação e globalização: algumas considerações


Vania M. R. Hermes de Araujo
Doutora em comunicação e cultura pela Escola de Comunicação da UFRJ. Coordenadora do Núcleo de Informação, Senai-DN/Centro Internacional para a Educação, Trabalho e Transferência de Tecnologia (Ciet).

Nos idos de 68, o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), à época, do Ministério da Indústria e Comércio, uniu-se à Confederação Nacional da Indústria (CNI), por intermédio do então Centro Nacional de Produtividade Industrial (Cenpi), na busca de um mecanismo de apoio ao setor produtivo brasileiro e aos órgãos públicos de política e desenvolvimento industrial.

A idéia surgiu no INT, em sua busca por novas e eficientes formas de identificar e atender à real demanda do setor produtivo por tecnologia e serviços. Às ações de testes e ensaios e de pesquisa e desenvolvimento do INT, somaram-se outras voltadas para a busca de maior produtividade no setor produtivo realizadas na CNI. O financiamento do projeto dessa integração coube ao então Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE). O caminho escolhido para atingir os objetivos propostos foi o da informação tecnológica, mediante a criação do Centro de Informação Tecnológica (CIT). Outro ator importante nesse processo, incorporado para apoiar as atividades de extensão tecnológica iniciadas pelo CIT em 1972, foi o então Centro Brasileiro de Apoio a Pequena e Média Empresa (Cebrae), ainda com c.

Em 1975, o CIT – apesar de seu enorme sucesso ( e, quem sabe, em decorrência de ) - foi praticamente desativado. As idéias e, principalmente, os ideais brotados nesse processo, contudo, persistiram e estão até hoje cada vez mais vicejantes!

Ações importantes e incontáveis foram realizadas desde então, tanto por parte do governo, quanto pelo setor produtivo, para construção e consolidação da área de informação tecnológica no país. Nesse sentido, uma das ações mais significativas foi a de implantação da Rede de Núcleos do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT), resgatando o papel do CIT, ao adotar seu modelo como padrão tanto organizacional, quanto de prestação de serviços e produtos de informação.

O momento atual, entretanto, exige mudanças. A globalização ameaça as economias nacionais, sinalizando às empresas que o não-uso do estoque de conhecimento disponível hoje na sociedade levará à perda de competitividade, à perda de mercado, à perda do lugar ao sol.

O setor de informação, em especial o da informação tecnológica (aqui compreendida como toda e qualquer informação útil para o bom desempenho da empresa), tem de se repensar, mudar seu foco de atenção de "forma e disseminação" para "conteúdo e uso", adequar o perfil de seus profissionais, rever os serviços oferecidos. Porém, mais do que tudo, conscientizar-se de que o trabalho de informação ampliou suas fronteiras: hoje, tecnologia é definida como informação e conhecimento.

É fundamental levar o debate para fora da área, envolver os "usuários" no labor próprio da informação, conscientizar o setor produtivo da importância de ver a informação como um real insumo para sua produção e sua evolução.

Os artigos selecionados para compor este número destacam algumas das ações importantes que estão sendo desenvolvidas e, embora não esgotem, apontam esperançosamente para novos caminhos que devem ser trilhados, levantando importantes questões para reflexão.