APRESENTAÇÃO

 

É com satisfação que anunciamos a publicação do segundo número do oitavo volume da revista. Não é fácil manter um período especializado dentro da Ciência da Informação. Após estes oito anos de vida temos certeza de estar cultivando e cativando um público leitor, bem como de estar ganhando a confiança de pesquisadores e de estudantes. É muito bom perceber que estamos cumprindo com a nossa missão.

A publicação deste número acontece num contexto global complexo. Estamos há dois anos de uma pandemia de Covid-19 que matou seis milhões de pessoas, 600 mil delas no Brasil. A pandemia vem deixando um rastro de destruição: desemprego e precarização do trabalho, pobreza e miséria, fome e subnutrição, prejuízos incalculáveis na educação das crianças, sobrecarga e estafa dos sistemas de saúde.

A pandemia de Covid-19 é mais um sintoma da vida em desequilíbrio, causada também pelo modo insustentável como a humanidade se relaciona com o ambiente. Mudanças climáticas e aquecimento global estão batendo na nossa porta, impondo a necessidade de respostas amplas para nossa sobrevivência. É a nossa encruzilhada como espécie, entre o algoz e a vítima.

Se não fosse grave o suficiente, estamos vivenciando o início de uma guerra na Europa, uma guerra por poder e dinheiro entre a Rússia e a Ucrânia. A invasão da Ucrânia pelo exército de Putin é uma agressão ao direito dos povos a autodeterminação, mesmo que a Rússia tenha razão em querer se proteger do cerco militar da OTAN. Este conflito tem o potencial se generalizar pela Europa, e pelos continentes, trazendo consigo a ameaça do uso de armas nucleares. Não é preciso especular os riscos.

A soma de pandemia, devastação ambiental e guerra são determinantes das condições de vida em nossos dias, e também impõem desafios específicos para pensar a Informação e a Ciência da Informação. Na pandemia vimos florescer controvérsias sobre os modos de enfrentá-la, incluindo as informações científicas e tecnológicas em torno de isolamento social, medidas de proteção, vacinas e procedimentos terapêuticos. Agravou-se a disseminação de notícias fraudulentas e negacionistas, muitas vezes vinculadas claramente a interesses políticos e econômicos.

A devastação ambiental e o aquecimento global trazem seus próprios problemas informacionais, incluindo a ocultação pura e simples dos dados que podem demonstrá-los.  Ao mesmo tempo, são muitos os exemplos de distorção, de manipulação e de negação.  A invasão da Ucrânia desde o início também enfrenta problemas informacionais. Diz-se que nas guerras a verdade é a primeira vítima. O dito confronto de narrativas de cada lado do conflito é evidente e perturbador.

Pensar a Informação e a Ciência da Informação neste cenário carregam elementos novos, contraditórios e complexos. Os artigos que estamos publicando trazem problemas e respostas singulares. Gostaríamos de destacar a publicação da tradução da Teoria do documento de Lund, inédito entre nós. Não cabe aquj reproduzir o sumário de todos os artigos deste número. Eles estão publicados no lugar adequado com todos os seus autores e filiações institucionais.

Estamos certos de que todos os artigos são pertinentes ao campo emergente da Filosofia da Informação, e que eles vão contribuir para a aprendizagem de pesquisadores e estudantes. São trabalhos inéditos, de autores qualificados, que buscam inovar e melhorar em nosso entendimento da Informação como expressão, representação e criadora de vínculos sociais. Esperamos sinceramente que esta busca dos autores encontre seus corações e mentes.

 

Rio de Janeiro, março de 2022

 

Clovis Ricardo Montenegro de Lima

Editor