HABERMAS E A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO no brasil:
Influências teóricas do filósofo sobre pesquisadores
Leilah Santiago Bufrem[1]
Universidade Federal de Pernambuco
Resumo
Ao reconhecer a influência do filósofo alemão Jürgen Habermas na área de Ciência da Informação, esta pesquisa questiona especificamente como ela se verifica e se caracteriza na produção científica dos pesquisadores Bolsistas de Produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Com o objetivo de destacar as influências do pensador sobre estes pesquisadores em artigos indexados na Base de Dados Referencial de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (Brapci), o estudo realiza o mapeamento da produção dos autores mais proeminentes e mais receptivos entre os citantes de Habermas, para caracterizá-la, destacando: as influências das reflexões do filósofo sobre eles; os principais veículos fontes; os temas de maior destaque; as instituições e a distribuição desses elementos nos 69 artigos do período entre 1987 e 2019. Com esse propósito, realiza procedimentos métricos e utiliza a análise de conteúdo, a partir da leitura dos textos completos dos artigos indexados, organizados e representados em seus elementos relacionais, destacando a intensidade de variáveis como a concentração de frequências, obras citadas, periódicos, instituições e temas. Inicialmente, identifica os bolsistas PQ vinculados à área de CI, caracterizando-os conforme suas especificidades, seleciona da base Brapci os artigos citantes de Habermas, organiza o corpus referente aos artigos de periódicos dos pesquisadores, relaciona-os com os temas e questões habermasianos em seus textos, contextualizando-os conforme uma estrutura representativa multidimensional.
Palavras-chave: Jürgen Habermas. Influências intelectuais. Produção científica.
HABERMAS AND INFORMATION SCIENCE IN BRAZIL:
Philosopher's theoretical influences on researchers
Abstract
By acknowledging the influence of the German philosopher Jürgen Habermas in the area of Information Science, this research specifically questions how it is verified and characterized in the scientific production of Productivity Scholarship researchers from the National Council for Scientific and Technological Development (CNPq). With the aim of highlighting the influences of the thinker on these researchers in articles indexed in the Referential Database of Articles in Journals in Information Science (Brapci), the study maps the production of the most prominent and most receptive authors among the citations of Habermas, to characterize it, highlighting: the influences of the philosopher's reflections on them; the main sources vehicles; the most prominent themes; the institutions and the distribution of these elements in the 69 articles from the period between 1987 and 2019. For this purpose, it performs metric procedures and uses content analysis, from the reading of the full texts of the articles indexed, organized and represented in their relational elements, highlighting the intensity of variables such as the concentration of frequencies, works cited, journals, institutions and themes. Initially, it identifies the PQ fellows linked to the IC area, characterizing them according to their specificities, selects the articles citing Habermas from the Brapci database, organizes the corpus referring to the researchers' journal articles, relates them to the Habermasian themes and issues in their texts, contextualizing them according to a multidimensional representative structure.
Keywords: Jürgen Habermas. Intellectual influences. Scientific production.
1 INTRODUÇÃO
A influência de Jürgen Habermas na literatura da Ciência da Informação tem sido reconhecida em estudos da área, de modo especial em duas vertentes de atuação do autor da Escola de Frankfurt, como filósofo e como sociólogo. Considerado um dos mais importantes filósofos da atualidade, Habermas, nascido na Alemanha em 1929, tem contribuído para uma construção teórica sobre as relações entre linguagem e sociedade e tem sido a sua teoria do agir comunicativo, de caráter crítico e humanista, a influência mais evidente na produção científica em ciências sociais e, mais precisamente, em Ciência da Informação.
Ilustra essa tendência o apelo a posições teóricas capazes de levar em conta não apenas os sistemas de informação projetados para aumentar a eficácia organizacional, mas aquelas cujo valor permita aumentar a capacidade humana de compreender e se emancipar em suas relações sociais, diante de restrições físicas ou contextuais, ou resultantes de limitações, de comunicação distorcida e de poder mal aplicado.
A relação entre crítica, ação e sistema em Habermas abriu possibilidades teóricas e metodológicas a serem exploradas, especialmente com referência à administração discursiva de organizações complexas, conforme estudo de Zattar e Lima (2013), Os autores, com objetivo de apresentar a utilização de Habermas na Literatura de Ciência da Informação partem de questões relativas ao debate sobre a relação entre informação e linguagem, identificando um núcleo temático encontrado em textos divulgados na Library and Information Science Abstracts sobre informação. Observando a ênfase na “teoria do agir comunicativo” e no conceito de “esfera pública”, os autores concluem sugerindo a ampla possibilidade de referências teóricas e metodológicas oferecidas por Habermas para estudos e pesquisas na área, especialmente aqueles inspirados por visões críticas ou inovadoras. A investigação na base de dados LISA mostrou que Jürgen Habermas vem sendo estudado de modo regular por mais de vinte anos, como referência na literatura especializada sobre diversos assuntos, razão pela qual os artigos do corpus têm se constituído em fonte de pesquisa para aqueles cujo interesse, na área de Ciência da Informação, é a realização de um aprofundamento crítico, orientado por fundamentos humanísticos. Além disso, destaca-se a mudança de perspectiva da filosofia da consciência para a filosofia da linguagem como instrumento de crítica da informação. O abandono da visão funcionalista e instrumental seria compensado, dessa forma, por uma reconstrução dos modos de ação a partir dos recursos dos mundos da vida, com a inclusão discursiva das perspectivas críticas, no sentido de contribuir para uma abordagem racional ampliada.
No contexto da Ciência da informação a influência de Habermas tem sido reconhecida, entre as interlocuções com a Teoria Crítica da Escola de Frankfurt, especialmente pela sua contribuição hermenêutica. Destacam-se as articulações dos constructos frankfurtianos cujos encaminhamentos favorecem a concepção e percepção da Ciência da Informação enquanto ciência social (CAVALCANTE; BUFREM; CÔRTES, 2020).
Em estudo de 2021, também em contexto brasileiro, com corpus constituído por artigos da produção científica sobre Habermas, na área de CI, observou-se uma similaridade relativa a esse núcleo temático, entre os pesquisadores de maior produção de um universo de autores nacionais, com destaque de Clóvis Ricardo Montenegro de Lima; Maria Nélida González de Gómez e Aldo Albuquerque Barreto (GABRIEL JUNIOR; BUFREM; LIMA, 2021).
Dando continuidade a um projeto mais amplo de trajetória acadêmica em construção e de caráter formativo, situa-se aqui um diálogo entre o realizado, a partir de um modelo crítico analítico e o reconhecimento de configurações teórico metodológicas, geradas pelo movimento intelectual de um grupo eleito de pesquisadores. A evidente influência da obra habermasiana na produção científica de pesquisadores brasileiros originou a curiosidade sobre como ela se caracteriza em universo mais restrito, constituído pelos bolsistas de produtividade (PQ) em Ciência da Informação (CI) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Brasil (CNPq). Embora com trajetórias diferenciadas, o grupo de intelectuais sob o foco desta investigação apresenta características reconhecidas, entre elas um referencial teórico construído histórica e institucionalmente, com elementos comuns e cuja atuação distingue-se pela influência sobre pesquisadores legatários.
Partindo das escolhas e interpretações e das influências recebidas por esses pesquisadores, graças às leituras realizadas e à localização de seus campos de produção científica específicos, procura-se evidenciar, a exemplo de estudos anteriores, a influência da obra habermasiana, desta feita entre o universo de pesquisadores brasileiros do CNpq, consideravelmente mais restrito, porém de especial significado para o projeto de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), apresentado pela autora. Por meio da análise da produção científica dos pesquisadores, vêm sendo destacadas as relações entre eles e os seus fundamentos teóricos identificados em citações referenciadas, para reconhecimento das expressões do saber e das relações entre autores seminais, transgeracionais ou fundantes. As questões levantadas justificam-se diante das desafiantes discussões interdominiais aqui levantadas e à representatividade desses pesquisadores, cuja produção científica é expressiva dos domínios reconhecidos da CI. Com o propósito de observar a presença do autor em artigos indexados na Base de Dados Referencial de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (Brapci), o estudo realiza o mapeamento dessa produção, para caracterizá-la em relação aos autores mais proeminentes e mais receptivos entre os citantes de Habermas, destacando: as influências das reflexões do filósofo e de suas obras sobre esses pesquisadores; os principais veículos fontes; os temas de maior destaque; as instituições e a distribuição desses elementos nos 69 artigos do período entre 1987 e 2019.
A estrutura, representativa do texto aqui exposto, compõe-se: de uma seção (2) dedicada aos elementos teóricos fundantes da pesquisa; de uma descrição dos procedimentos metodológicos efetivos para o atingimento dos objetivos almejados (seção 3); de um texto expositivo (seção 4), dedicado aos resultados da investigação, tratados analiticamente, em prol da interpretação e discussões resultantes da faculdade de objetivação, relacionada com a estruturação formal do objeto científico, compreendendo a exposição do objeto do conhecimento, de suas relações e determinações (seção 5). A última seção decorre dos resultados da anterior, como considerações em caráter de síntese, embora indique possibilidades de abertura a outros movimentos investigativos e questionamentos propostos.
2 ELEMENTOS TEÓRICOS
O pressuposto deste trabalho resulta de sua aderência àconvicção de Lloyd sobre a possibilidade de reconhecimento do pesquisador a partir de suas origens e dos elementos constitutivos com os quais ele “organiza o pensamento e a ação, e pelos quais é, por sua vez reproduzido e transformado” (1995, p. 25). Assim, retoma-se para a compreensão do domínio, um conceito reconhecido pelo autor, como recurso para constituir teoricamente objetos de investigação, concedendo aos sujeitos, embora condicionados pelas relações sociais, o poder de colaborar para transformar o mundo.
Essa compreensão depende do reconhecimento da conjuntura e, no caso deste estudo, ocorre em benefício da análise da produção científica do universo dos pesquisadores no contexto institucional, considerando-os como indivíduos reais e a sua produção como resultado concreto de suas “condições materiais de vida, tanto aquelas já encontradas, como as produzidas por sua própria ação” (MARX; ENGELS, 2007).
Entre as condições favoráveis à produção acadêmica, têm sido considerados os registros científicos dos autores precedentes como possíveis influências ou fatores determinantes para a atuação dos pesquisadores. Esse fenômeno, como influência intelectual, ocorre em qualquer domínio do conhecimento, constituindo-se em “ciclo espiral da produção científica” cuja premissa, conforme argumenta Grácio (2016), é o fato de um pesquisador construir seu trabalho sustentado em trabalhos anteriores. Esse diálogo, estabelecido entre pesquisador e seus pares, reflete-se na lista de referências em um trabalho científico, denotando o diálogo, bem como o processo de construção do seu conhecimento. “Assim, ao citar, um pesquisador evidencia quais os referenciais teóricos e metodológicos constituem o paradigma e aporte para o desenvolvimento do seu trabalho” (GRÁCIO, 2016, p. 82). Estudos métricos, especialmente as análises de Acoplamento Bibliográfico, permitem a percepção das redes teóricas no tecido da produção científica em suas manifestações, ilustrando também o desenvolvimento de linhas de pesquisa. As originais contribuições de Kessler (1963) têm sido destacadas na literatura e permanecem como objeto de pesquisas voltadas a compreender as relações existentes entre os documentos, entre autores ou artigos geradores e alvos de citações, em dinâmicas multidimensionais. Além das teorias do acoplamento bibliográfico, relativas à força de associação entre dois ou mais documentos, seus estudos têm sido revistos, permitindo identificar princípios e práticas deles decorrentes (FORESTI, 1989, SPINAK, 1998), associando autores, produções, instituições mais relevantes dentro dos domínios identificados na CI, como aponta a contribuição de Araújo (2006) em estudo sobre a bibliometria, sua evolução histórica e questões atuais. Esse tipo de estudo tem sido utilizado, também, para pesquisas denominadas genealógicas, seja por buscarem linhas de ancestralidade e influências geracionais, seja pelas relações acadêmicas, teóricas ou intelectuais ocorridas na literatura científica. Considerando-se estudos anteriores sobre essa modalidade de relacionar autores e suas produções intelectuais, foram definidas suas formas mais reconhecidas, especialmente em obras recentes sobre o tema e suas aplicações no Brasil (GRÁCIO, 2016, OLIVEIRA, 2018).
3 UMA TRAJETÓRIA EM CONSTRUÇÃO
Para a consulta e extração dos dados, foi utilizada a Base PQ-CI, uma base de dados em contínuo desenvolvimento, por pesquisadores integrantes do Grupo de Pesquisa Educação, Pesquisa e produção Científica (GP E2PC). A base é fruto do projeto de pesquisa “Quadros Teóricos Seminais na Prática da Pesquisa em Ciência da Informação no Brasil”, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio da concessão de bolsa de produtividade em pesquisa, para esta autora. Importante salientar que a base faz cobertura temporal completa limitada até o ano 2019, conforme a perspectiva de conclusão do projeto até o início de 2021. Entretanto, a continuidade da ampliação da base foi possível por meio do novo projeto em andamento, intitulado “Genealogia intelectual dos bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq em Ciência da Informação no Brasil”, de modo que segue em processo de progressão, compatibilizada com as atividades do GP E2PC.
Nesta base, foi realizada a busca pela expressão “habermas” na coluna denominada “RE”, referente ao registro dos autores citados e referenciados pelos PQs em suas produções científicas em periódicos da CI. Os artigos recuperados constituíram o corpus de pesquisa, copiado e registrado em segunda planilha eletrônica, para uma melhor revisão e análise quanto aos indicadores de produção dos autores, período de publicação periódicos, obras referenciadas e observação crítica dos temas mais trabalhados pelos autores com maior quantidade de citações a Habermas. Estes dados foram reorganizados e padronizados para a geração de gráficos e redes nos softwares Ucinet e Netdraw.
Para o trabalho de análise contextual, foram consultados todos os artigos publicados pelos PQs nos periódicos indexados na Brapci e selecionados aqueles com referências a Habermas, para a composição de uma planilha com os artigos citantes. Foram então identificadas as obras citadas de Habermas, por tipo e ano de publicação, edições, línguas e pesquisadores citantes. Foram analisadas, então, as citações feitas ao autor, destacadas as suas contribuições para a discussão empreendida nos artigos correspondentes. A partir do conjunto dos dados coletados e analisados, procurou-se constatar a contribuição de Habermas e de suas principais obras para a pesquisa brasileira em Ciência da Informação, realizada pela elite de pesquisadores brasileiros.
Inicialmente, consultados todos os artigos publicados nos periódicos, foram selecionados aqueles com referências a Habermas, para a composição de um “banco de artigos citantes”, de autoria dos pesquisadores PQ, alvos do estudo. Foram então identificadas as obras citadas de Habermas, definindo-se as variáveis ano de publicação, editoras, natureza do trabalho e língua. Os artigos citantes foram analisados e relacionados aos temas, às obras citadas, e à procedência institucional dos autores. Foram analisadas, em cada um dos artigos, as citações feitas a Habermas e organizadas em listas, avaliando-se a sua contribuição em relação aos autores, aos temas e às questões consideradas críticas para compreensão da área. A partir do conjunto dos dados coletados e analisados, buscou-se caracterizar a contribuição do autor para a pesquisa brasileira em Ciência da Informação.
4 RELAÇÕES EXPRESSIVAS ENTRE HABERMAS E A PRODUÇÃO EM FOCO
A busca recuperou 69 artigos científicos constituintes do corpus desta pesquisa, com produção científica que inicia no ano 1987 e finaliza em 2019, conforme representa o Gráfico 1.
Gráfico 1 – Distribuição temporal dos artigos citantes de Habermas em periódicos da CI, pelos PQs vigentes até 2019.
Fonte: Dados da pesquisa (2022).
A partir da observação linear desta produção científica, foi possível compreender dois períodos básicos que caracterizam os indicadores de produção referente a autoria. O primeiro período inicia em 1987 e segue até o ano 2005, com 27 trabalhos, identificando-se quatro pesquisadores citantes de Habermas. Os dois primeiros trabalhos identificados foram publicados pela revista Ciência da Informação, volume 16, número 2, de 1987. Esta observação vale tanto para a base Brapci, quanto para a Base PQ, cujos títulos são 1) O papel do conhecimento e da informação nas formações políticas ocidentais, de Maria Nélida González de Gomez e 2) Informação: elemento regulador dos sistemas, fator de mudança social ou fenômeno pós-moderno? de Regina Marteleto. Nesse período, a pesquisadora Maria das Graças Targino foi identificada com um trabalho, sendo os demais trabalhos deste primeiro período concentrados nos outros três PQs: Aldo de Albuquerque Barreto, Maria Nélida González de Gómez e Regina Maria Marteleto. A presença de Habermas como assunto tratado ocorreu pela primeira vez em artigo identificado na base Brapci em 1989, intitulado "Habermas e a reconstrução da problemática teórica da comunicação", de autoria de Francisco Ricardo Rüdiger. O segundo período inicia no ano 2006, seguindo até o ano 2019, quando novos autores de 35 trabalhos são identificados como citantes do filósofo em suas produções científicas. O Gráfico 2 exibe o ranqueamento dos pesquisadores PQs citantes de Habermas.
Gráfico 2 – Pesquisadores com maior frequência de artigos citantes de Habermas em periódicos da CI, dos PQs vigentes até 2019.
Fonte: Dados da pesquisa (2022).
Conforme já observado, no Gráfico 1, de distribuição temporal, os PQs Barreto, González de Gómez e Marteleto foram os primeiros propagadores do pensamento de Habermas, neste estudo, com expressiva produção científica identificada entre os anos de 1987 e 2005. Observa-se ainda uma relação de genealogia acadêmica entre os quatro PQs com maior produção relacionada com Habermas. Ao consultar o currículo acadêmico destes pesquisadores, cadastrado na Plataforma Lattes, identifica-se que em seus períodos de doutoramento, Saldanha foi orientado por González de Gómez, com conclusão em 2012, enquanto González de Gómez e Marteleto foram orientadas por Barreto, com conclusão em 1992. Desta forma, a propagação do pensamento de Habermas, por Barreto, atravessou gerações em sua genealogia acadêmica.
A produção científica citante de Habermas, entre os 20 autores visualizados no Gráfico 2, é encontrada em periódicos da CI apresentados na Figura 1, em nuvem de tags elaborado pelo portal eletrônico Wordclouds.
Figura 1 – Nuvem de palavras dos periódicos em CI, dos trabalhos citantes de Habermas pelos PQs vigentes até 2019.
Fonte: Dados da pesquisa (2022).
Os artigos recuperados distribuem-se por 24 periódicos científicos, destacando-se pelo quantitativo de trabalhos publicados: “Ciência da Informação” (13), “Datagramazero” (8), “Informação & Sociedade: estudos” (5), “Incid” (4), “Informação & Informação” (4), “Ponto de Acesso” (3), Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação (3), “Perspectivas em Ciência da Informação” (3) e “Transinformação” (3).
Ao registrar as referências das obras de Habermas citadas no corpus, foram percebidas publicações nos idiomas português, espanhol, francês, inglês e alemão e variações quanto ao título, como “Ciência e Técnica” ou “Técnica e ciência”, agir ou ação comunicativa, com referência às mesmas publicações. Deste modo, para a geração da rede de acoplamento bibliográfico, visualizada no Grafo, os títulos das publicações de Habermas foram padronizados para que ficassem com caracteres uniformes.
Grafico 3 - Grafo de Rede de acoplamento bibliográfico das publicações de Habermas citadas pelos PQs em CI vigentes até 2019.
Fonte: Dados da pesquisa (2022).
No Grafo, é possível observar a obra “Técnica e Ciência como Ideologia” como a de maior representatividade do autor, referenciada por até sete do total dos pesquisadores do corpus citante. Ocupam a segunda posição de maior concentração referenciadas pelos PQs: “A teoria do agir comunicativo” (TAC) e “Mudança estrutural da esfera pública” (MEEP), ambas identificadas nas referências bibliográficas dos artigos de seis pesquisadores. Na terceira posição, encontram-se as obras “Conhecimento e Interesse” (CeI) e “Consciência moral e agir comunicativo” (CMAC), referenciadas por cinco pesquisadores. González de Gómez foi a pesquisadora com a maior diversidade de referências a Habermas (13) em sua trajetória de pesquisa. Na segunda posição quanto à diversidade de títulos, se encontra a Regina Martelelo (7) e, na terceira posição, Barreto (5). Descendentes de Aldo Barreto, suas filhas na genealogia acadêmica, as duas pesquisadoras herdam o filósofo Habermas como uma das suas principais influências intelectuais.
5 DISCUTINDO A DINÂMICA DO CORPUS
A representação possível da influência de Habermas sobre os artigos dos pesquisadores, mediada pelos gráficos e as leituras, reforça a posição de duas grandes categorias habermasianas, a esfera pública e a ação comunicativa, permitindo avançar para a percepção da problemática mais evidente e das respectivas relações nelas presentes. Importa notar a indiscutível posição interdominial da produção científica de Jürgen Habermas, especialmente dada a recepção de sua obra na filosofia, na sociologia, nas ciências sociais em geral e, especificamente, nas suas aplicações, em educação, no direito, na economia, entre cientistas sociais e políticos, como educadores, cientistas da informação, comunicólogos, juristas e administradores. As formalidades analíticas partem de cada uma das obras referenciadas pelo maior número de pesquisadores do universo dos PQs da CI, como elementos de mediação entre Habermas e a CI. A seleção dessas obras privilegiou a maior diversidade de autores delas citantes além da quantidade de referências a cada uma das obras. Considera-se, assim, a ampla recepção de cada uma das obras entre todo o universo, em detrimento de obras do autor referenciadas por poucos pesquisadores citantes da CI. A organização dos dados, com esse critério, permitiu a percepção dos autores acoplados por título da obra no todo, para a compreensão das configurações na trajetória, durante o período. Privilegiaram-se as três obras selecionadas pela maior diversidade de pesquisadores, devido a sua expressividade como alvo de citações
“Técnica e Ciência como Ideologia” (TCI) é o título da obra de Habermas referenciada pela maior diversidade de pesquisadores, do corpus bibliográfico citante. Composta de textos escritos em meados da década de 1960, principalmente entre 1966 e 1968, foi publicada, com o título original “Technick und Wissenschaft als ‘Ideologie’”, em 1968, sendo traduzida no mesmo ano, por Artur Mourão, para uma edição portuguesa das Edições 70 e mais, tarde, publicada no Brasil. A obra amplia um dos grandes debates da teoria, em torno do papel da ciência no capitalismo contemporâneo, destacando, por um lado, os problemas cientificamente resolvidos da disposição técnica. Por outro lado, mostra o desdobramento em diversos problemas vitais, considerando os controles científicos dos processos naturais e sociais, decorrentes do avanço das tecnologias. Um de seus textos, escrito em 1968, dá nome ao livro, inaugurando o debate instituído sobre a tese de Marcuse (Ideologia da Sociedade Industrial, Industrialização e capitalismo em Max Weber) sobre o papel ideológico da ciência e da tecnologia na sociedade de capitalismo tardio, como dissimulação de um processo de dominação de classe. Ao questionar a proposição marcusiana de uma nova ciência e uma nova técnica, Habermas discute se elas poderiam ser consideradas projetos históricos do ser humano em seu conjunto e não projetos históricos atrelados a interesses de classes específicas, como defendia Marcuse. Esse ponto de vista gerou controvérsias quanto às interpretações possíveis, porém não tem sido alvo de discussões pelos pesquisadores da CI. O último texto do livro, intitulado Conhecimento e interesse, mais tarde transformado em livro homônimo, reproduz a aula inaugural de Habermas ao assumir a cátedra de professor da Universidade de Frankfurt. No texto, o autor, em debate com Husserl, considera uma ilusão pretender elaborar uma ciência pura, argumentando sobre as raízes humanas mais profundas do trabalho científico, para relevar os interesses subjacentes ao desenvolvimento das ciências.
Considerando a técnica e a ciência a “principal força produtiva”, Habermas, em TCI (1975, p. 320-1), pauta um dos grandes debates da teoria crítica, precisamente o papel da ciência no capitalismo contemporâneo, apontando para a funcionalidade da ciência enquanto veículo ideológico.
A aproximação mais evidente dessa obra em relação aos pesquisadores citantes ocorre com Barreto, em sete artigos do corpus, entre os anos de 2003 e 2013, fundamentando suas referências implícitas ao processo de inovação, distinto da construção de uma nova tecnologia, como uma “sucessão de eventos sistemáticos de técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos de uma ação de transformação de ideias e de operações” (BARRETO, 2003). A inovação seria, na concepção de Barreto (2003), a aceitação dos eventos da tecnologia pela pluralidade dos elementos de um determinado espaço social, capaz de ampliar um bem comum, uma situação preferível à anterior. Assim, as representações ou descrições, como defende Habermas em TCI (1975), nunca são independentes de padrões e a escolha de padrões, por sua vez, baseia-se em atitudes passíveis de avaliação crítica, mediante argumentos, portanto, não são derivadas logicamente, nem comprovadas de modo empírico.
Outra relação implícita, ainda em texto de Barreto (2009), refere-se às tecnologias justapostas e cruzadas, favoráveis ao receptor na comunicação. Sua hipótese admite o conhecimento apreendido, em benefício do usuário com maior diversidade cultural, pelas diferentes paragens para onde ele possa se direcionar. As evidências encontradas na pesquisa realizada por Barreto mostram a significativa divergência na apreensão do conhecimento quando mediado pelo documento linear ou pelos documentos em formato digital. Ao se inspirar na obra TCI, Barreto (2003) visa, também, subsidiar um processo de monitoração de conteúdos informacionais em língua portuguesa, assim como a realização de estudos de administração da informação, indicando subsídios técnicos e teóricos para construção de softwares para o estudo de contextos de informação.
Somando-se aos citantes da obra TCI, Schneider, em coautoria no artigo “Mídia, Política e Ideologia” (2006), a utiliza ao contribuir com uma alternativa metodológica para repensar a eficácia persuasiva dos discursos midiáticos. Com ênfase nos textos de natureza política, o artigo parte da problematização das acepções neutra e negativa do conceito de “ideologia”, segundo o paradigma marxiano. A relação com o texto de Habermas refere-se a importante aspecto na produção capitalista contemporânea, ou seja, a funcionalidade da comunicação midiática como veículo ideológico, determinante para a acumulação de capital. A posição de Habermas, colocando a técnica e a ciência como forças produtivas (1975), aponta para um dos importantes debates da teoria crítica em torno do papel da ciência no capitalismo contemporâneo. O questionamento expressivo presente no artigo evoca também a definição gramsciana da ciência como ideologia historicamente orgânica, em oposição às ideologias “arbitrárias”.
O questionamento sobre os significados dos sons musicais e de sua identificação levam Schneider (2014), no artigo “Os Sentidos da Música, o Dinheiro e a Mídia”, a propor questões, com base na teoria do valor de Marx, mais especificamente focadas na contradição entre valor de uso e valor de troca. Recorre a Habermas de modo especial ao tratar de um modelo de controle de comportamento, não exatamente guiado por normas, mas antes “dirigido por excitantes externos das sociedades industriais desenvolvidas”. A direção indireta por estímulos estabelecidos teria aumentado, “principalmente nos setores da liberdade aparentemente subjetiva, como comportamento nas eleições, no consumo ou no tempo livre. (HABERMAS, 1975, p. 322-323)
As pesquisas de González de Gómez, analisadas por Saldanha (2012), tratam da epistemologia da Ciência da Informação e das políticas de informação como temas indissociáveis, já nos anos 1980 (GONZÁLEZ DE GÓMEZ, 1987), chamando a atenção para a “elaboração pública da informação”, a partir de uma leitura habermasiana. Ao analisar as posições da pesquisadora, Saldanha aponta a concepção de Habermas (1984) sobre a colonização moderna dos mundos da vida, o seu alicerce para críticas à concepção então corrente da informação, como entidade autonomizada. Com respeito a essas críticas, González de Gomez indica as posições antagônicas de Marcuse, quando considera a tecnologia uma variável cultural, e de Habermas (1982), para quem as tecnologias expandem potencialidades humanas universais: o movimento corporal e a operação intelectual (HABERMAS, 1982). Mas ela cita diretamente a obra TCI (1987), no artigo “O Contrato Social da Pesquisa” (2003), em busca de uma nova equação entre a autonomia epistêmica e a autonomia política. No artigo, ela considera próprio das modernas formações ocidentais o desenvolvimento dos conhecimentos científicos por procedimentos complementares, no sentido de diferenciação e autonomização da atividade de pesquisa e de conversão da validade científica em valores econômicos ou sociais. Questiona a possibilidade de reformulação do contrato social da ciência, revisando as definições dos sujeitos e dos princípios organizativos dos programas de pesquisa, em seu escopo e abrangência, em prol de uma nova versão do contrato, capaz de orientar uma ecologia política dos conhecimentos. Segundo Habermas em TCI (1987), enquanto o modelo liberal reafirma a "separação dos poderes" e o tecnocrático hierarquiza a autoridade do conhecimento científico sobre a vontade política, o caminho da renovação do contrato social das ciências tenderia a adotar modelos relacionais, um dos quais, o pragmaticista, teria caracterizado a emergência e eficácia do aparelho estadounidense de pesquisa (HABERMAS). Como em outras áreas da atividade social, a pressuposição do princípio de equivalência não excluiria, segundo González de Gómez, sua verificação, o que ocorreria, ou como reciprocidade das partes, ou como sobredeterminação da relação com vantagem definidora de uma parte sobre as outras. A pesquisadora deixa uma questão em aberto, ao sustentar que a reformulação do contrato social da pesquisa poderia colocar em funcionamento dispositivos de equivalência plurais e flexíveis, que combinem, em medida e direção a serem mais bem analisadas em diferentes situações, as intersubjetividades implícitas e involucradas conforme os três princípios de organização do conhecimento: paradigmático, setorial e territorial. Afasta, assim, outra “fórmula tripartite”, como a do "Estado, Ciência, Indústria", pois “as redes de conhecimento e as equivalências de valor se manifestariam em diversas configurações” (GONZÁLEZ DE GÓMEZ, 2003).
Com a pergunta título “Informação: elemento regulador dos sistemas, fator de mudança social ou fenômeno pós-moderno?” Marteleto, em 1987, é a primeira autora a utilizar TCI (La technique et la science comme "idéologie"1973, em edição francesa da Gallimard), entre outras obras de Habermas. Seleciona duas, entre as teorias sobre a questão do conhecimento e da informação em perspectiva crítica: a Teoria da Indústria Cultural, desenvolvida pela Escola de Frankfurt, especificamente por Habermas, e a Teoria dos Aparelhos Político-Ideológicos, inspirada na teoria marxista, selecionando, entre outros desdobramentos as ideias de Gramsci. Encontra em Habermas a proposta de um modelo pragmático, próximo dos ideais das modernas democracias de massas para desvendar e atualizar as relações entre o conhecimento científico e a prática política. Com o quadro fornecido por esse modelo, Habermas identifica as características da informação científica e técnica. Conclui situando a informação cultural (científica e literária) finalmente nas mãos de especialistas que não pensam publicamente, enquanto o público se tornou uma grande massa de consumidores da indústria cultural. Mas, Habermas acredita na reversão desse quadro, por meio da emancipação da comunicação, vendo o livre fluxo da informação cultural, em sentido amplo, como sua condição básica. Marteleto (1987) conclui argumentando que as novas abordagens da Informação deveriam considerar tanto os seus aspectos técnicos (reguladores) quanto os seus aspectos culturais deste fenômeno multidimensional.
Targino (1995), em “Novas tecnologias de comunicação: mitos, ritos ou ditos?”, outra questão-título, apoia-se em TCI (1983) posicionando a tecnologia apenas como “mais uma força produtiva”, fruto da própria evolução societal, cujo produto básico é o conhecimento, voltado essencialmente para o interesse humano de se emancipar em relação à natureza e aos seus problemas existenciais de ordem material ou simbólica. Enfim, o espaço quaternário determinado pelas novas tecnologias não se sobreporia à condição humana, à cultura, à sociedade, ou à vida. Recorrendo-se à argumentação de Habermas (1983), uma análise mais pormenorizada da primeira parte da Ideologia Alemã indica que Marx não torna explicita a conexão entre interação e trabalho, mas sob o título da práxis social reduz um ao outro, ou seja, a ação comunicativa à instrumental. A autora defende a relevância das aplicações tecnológicas em qualquer área, especialmente em se tratando da comunicação. Elas ampliam sua dimensão, como ilustra a posição de primeira ordem da mídia nas sociedades capitalistas, “decisiva na produção de discursos e conhecimentos, suplantando, algumas vezes, até mesmo o sistema de educação formal” e subjugando “a política, a cultura, a economia, a ciência (...)”. (TARGINO, 1995).
No artigo “Adoção e incorporação de teorias das ciências sociais pela CI, na perspectiva dos conceitos trabalhados por Gernot Wersig”, Santos e Araújo (2011) descrevem a construção de um panorama da presença de teorias das Ciências Sociais na CI, tendo como objeto de estudo o artigo de Gernot Wersig, Information science: the study of postmodern knowledge usage do qual selecionaram seis conceitos compondo uma concepção da sociedade atual e outros dois conceitos pelos quais mostra o papel do conhecimento nessa sociedade por ele postulada. A definição dos conceitos levou a busca por sua inserção no campo das Ciências Sociais e permitiu olhar para teorias provenientes deste campo e inferir a adoção e o uso destas teorias por parte do autor selecionado no campo da CI. Para realizarem as discussões sobre o conhecimento na sociedade contemporânea, os autores fundamentam-se em Habermas sobre o papel da ciência e da técnica em TCI. A questão sobre a mudança do papel do conhecimento, tem, além da dimensão filosófica, uma dimensão de natureza tecnológica. Esta mudança é gradativa e só se fez sentir mais intensamente a partir do século XX. Considerando que “uma sociedade científica só poderia constituir-se como sociedade emancipada, na medida em que a ciência e a técnica fossem mediadas pelas cabeças dos homens juntamente com a prática vital” (HABERMAS, 2006, p. 127), de acordo com Habermas (2006), a disposição técnica, de compreensão prático vital e de emancipação diante da natureza, determinaria os pontos de vista específicos da história sobre os quais se pode pela primeira vez conceber a realidade como tal. Habermas distingue três categorias de saber possível, estabelecidas pelos pontos de vista específicos sob os quais a realidade é concebida:
Informações, que alargam o nosso poder de disposição técnica; interpretações, que possibilitam uma orientação sob tradições comuns; e análises, que emancipam a consciência da sua dependência relativamente a poderes hipostasiados. Esses pontos de vista derivam da conexão de interesses de uma espécie que, por natureza, está vinculada a determinados meios de socialização: ao trabalho, à linguagem e à dominação (HABERMAS, 2006, p. 143).
A contribuição da obra de Habermas (TCI) para a discussão sobre a ciência e sua íntima relação com a técnica, sugere que os elementos da realidade não são uma coisa só, mas “comportam em si múltiplos olhares e só a partir daí é que se pode instaurar um projeto de ciência livre da dominação e capaz de inserir se numa sociedade emancipada (SANTOS; ARAÚJO, 2011).
Ao analisarem a articulação entre as matrizes teóricas do campo científico de Bourdieu e os sistemas reputacionais próprios da avaliação da produção científica, de Whitley, os autores do artigo “Aspectos reputacionais dos sistemas de avaliação da produção científica no campo da ciência da informação” (2012) entre os quais Odonne, referem-se ao sistema reputacional enquanto modelo de análise focado na organização dos campos científicos com características, ideologias e formas próprias de expressão linguística, em grande parte devidos a fatores de natureza organizacional. A necessidade de evitar o modo organizacional, soberano e absoluto entre as formas de análise referentes aos Estudos Sociais da Ciência, seria, segundo os autores, um passo proveitoso contrapondo-se a uma razão instrumental burocrática. Com essa motivação crítica de tal razão instrumental no contexto da ciência, recomendam a recorrência a Habermas (2007) em TCI, ao reformular o conceito weberiano de racionalização. Na obra, o autor defende a distinção irredutível entre trabalho ou agir instrumental e interação ou agir comunicativo, bem como a pertinência da vinculação dialética entre essas categorias, das quais deriva a distinção entre o quadro institucional de uma sociedade e os subsistemas do agir racional com respeito a fins.
“A teoria do agir comunicativo” (TAC), obra referenciada por seis dos pesquisadores, apresenta os elementos teóricos fundantes da categoria denominada ação comunicativa, descrevendo os resultados do caminho teórico percorrido por Habermas motivado pelo interesse de compreender que a busca pelo entendimento é universal, e os sujeitos, em suas ações cotidianas, têm por base o conceito de ação comunicativa. Essa forma de comunicação ocorre em um mundo da vida, onde as pessoas se entendem tanto em relação à estrutura quanto aos significados da fala. Ao se referir à obra Teoria do Agir Comunicativo, Freitag (1993) considera-a como expositiva do desenvolvimento de uma teoria da modernidade, parte de uma teoria evolutiva mais ampla, sobre a razão comunicativa e a teoria da sociedade. Nela Habermas tenta explicar os paradoxos e patologias da modernidade, desde a sociologia clássica e contemporânea, apontando os possíveis caminhos da superação da modernidade. (FREITAG, 1993, p. 23).
A obra TAC foi referenciada em diversas línguas e edições por seis pesquisadores, destacando-se González de Gomez, cuja primeira citação foi no artigo “O objeto de estudo da ciência da informação: paradoxos e desafios” (1990), talvez o mais provocativo, pela riqueza dos questionamentos, coerentes com o título. A pesquisadora descarta a identificação da Ciência da Informação por meio da especificação qualitativa de uma ordem de fenômenos relativos à informação como seu objeto, defendendo a instauração de um "ponto de vista" organizador de certo domínio transdisciplinar. Esse ponto de vista confirma a relação entre uma pragmática social de informação, ou "metainformação" e os "mundos" de vida, de ação, de conhecimento, agindo na construção dos valores de informação. Percebe-se aí o sentido da obra TAC (HABERMAS, 1984), presente na discussão e, reiterada pela autora, na expectativa de explorar um caminho, presente em Habermas, como ela afirma: “colocando-se a ênfase não na própria tecnologia, mas nas relações das tecnologias com os quadros institucionais de sua instrumentalização”.
Em “A informação: dos estoques às redes”, González de Gómez (1995) descreve a trajetória da ciência da informação, priorizando temas como a transferência, disseminação e redes e uso de informação. Inicialmente tendo como campo temático a ciência, a tecnologia e os recortes institucionais da geração e uso da informação, hoje, apresenta-se uma nova questão: como compreender os movimentos globalizados da transferência de informação, em oposição à multiplicação de um "diferencial pragmático" nos plurais espaços de comunicação conduzindo a um resultado inesperado: o crescimento ilimitado da informação e da incomunicação.
No ano seguinte, em “Comentários ao artigo "Hacia un nuevo paradigma en bibliotecología" (1996), González de Gomez discute o texto de Rendón Rójas no qual reconhece a relevância da pragmática para os estudos de informação, na vertente habermasiana. Ela recorre à crítica de Habermas ao semanticismo, por não considerar a pragmática da linguagem, ou seja, a relação estabelecida entre falantes e ouvintes ao se comunicarem. A semântica teria negligenciado o conjunto da comunicação, deixando de incluir a situação de fala, a aplicação da linguagem em seus contextos, as pretensões de validade das tomadas de posições e os papéis dialogais dos falantes. (HABERMAS, 1987).
Em artigo intitulado “O caráter seletivo das ações de informação”, a autora considera como ponto de partida da “teoria da ação comunicativa” de Habermas uma sociedade que requer para sua constituição alguma forma coletiva de legitimação, só realizável a partir de uma transparência discursiva assegurada pelas condições ideais de uma ação de comunicação (HABERMAS, 1989). Assim, procura construir elementos teóricos para olhar o fenômeno informacional na sua pluralidade de entendimento (GONZÁLEZ DE GÓMEZ, 1999). Recusando uma definição única de informação, pergunta sobre sua singularidade específica para cada agente, destacando os diferenciais da informação. Para construir um valor informacional, busca elementos em sua experiência, suas redes de interações e em sistemas armazenadores de artefatos informacionais desenvolvidos de modo hegemônico ou monopolista nas sociedades modernas e contemporânea. Argumenta que, para estes agentes singulares, a informação só ocorre como tal na ação informativa (torna-se testemunha para uma ação específica), é observada tendo-se em vista o conceito de regras (sob o ponto de vista semântico), de contratos (sob o ponto de vista metainformacional) e de modelos (sob o ponto de vista dos artefatos de informação). Em análise mais cuidadosa, observa como todos os planos da ação da informação são constituídos por regras, sendo importante atualmente a explicitação dessas regras em contratos sujeitos a formulação de políticas coletivas, desativando figuras hegemônicas ou monopólicas de controle da informação. Nessa percepção das ações de informação, o momento da concepção dos dispositivos informacionais deveria deslocar-se das infraestruturas às interfaces, considerando-se as relações entre os agentes das ações de informação, os planos que constituem a ação e os contextos relacionais em que realiza a intervenção. Conforme a autora, a configuração das sociedades contemporâneas com altos investimentos em infraestruturas e tecnologias de comunicação e informação, poderá tender a transparência ou a sua opacificação a depender em grande parte do grau de compartilhamento pelos atores sociais e gnosiológicos das regras que definam e institucionalizem os jogos de informação (GONZALEZ DE GOMEZ, 1999).
González de Gómez (2001) intensifica os estudos anteriores no artigo “Para uma reflexão epistemológica acerca da Ciência da Informação”, considerando essa ciência parte de um campo de discursos acerca do conhecimento e da informação passível de ser denominada como uma formação social de meta-conhecimento. Suas possibilidades de conhecimento, assim, são ao mesmo tempo objeto de reflexão epistemológica e sintoma de mudança do estatuto da própria epistemologia. Embora não cite a obra TAC, ela está entre as referenciadas no artigo e implícita na sua fundamentação, mais efetivamente quando a autora ensaia uma retrospectiva da ciência da informação, desde suas premissas. Entre elas, a pressuposição de uma base racional comum nos discursos sociais de e sobre a ciência, da qual se deriva a segunda, a transparência e inteligibilidade da ciência, tendo na visibilidade e comunicabilidade um princípio essencial de sua existência. Assim, confere à ciência da informação o papel de guardiã da comensurabilidade dos discursos científicos, caracterizando a ciência “como a prática social de maior potência de circulação informacional” (GONZÁLEZ DE GÓMEZ, 2001, p. 17).
Em continuidade, a autora apresenta “Novos cenários políticos para a informação” (2002), propondo uma análise voltada à revisão do conceito “governança” e adotando como apoio argumentativo o conceito de “regime de informação”. Considera pressupostos da governança, indagando sobre quais estruturas de informação poderiam sustentar os processos de formação, circulação e institucionalização do poder, em um horizonte democrático. Entre os autores aos quais recorre, Habermas (TAC) ressalta os efeitos dos modelos de Estado organizacional enquanto reforço semântico da desativação do público-político: “Eles (os sistemas funcionais) perdem o domínio sobre uma linguagem comum, na qual seria possível representar, para todos e da mesma maneira, a unidade da sociedade”. Fora dos códigos específicos, o entendimento, passa a ser tido como coisa ultrapassada, equivalendo a afirmar que “cada sistema perde a sensibilidade em relação aos custos que inflige a outros sistemas”. A linguagem comum e o mundo da vida esgotam-se e “não representam mais uma caixa de ressonância suficientemente complexa para a tematização e o tratamento de problemas que envolvem a sociedade como um todo” (Habermas, 1994, p. 75).
Dando continuidade a sua trajetória de estudos epistemológicos e voltando-se a questões relativas a temas como recuperação da informação, inteligência científica e integração dos conhecimentos, González de Gómez no artigo “As relações entre ciência, Estado e sociedade: um domínio de visibilidade para as questões da informação” (2003), volta-se às reflexões sobre a informação diante das demandas de articulação dos três principais eixos de integração e avaliação dos conhecimentos, no Brasil e na América Latina: o eixo paradigmático, o corporativo e o territorial. Ao considerar a política como a definição do bem comum e o cuidado com a comunicação, como o cuidado relativo à condição humana em suas possibilidades coletivas de dignidade e de felicidade, a pesquisadora adota para a leitura, entre outras, a TAC de Habermas, reconhecendo não ser a questão tecnológica isolada a que hoje altera condições e metodologias para a enunciação de políticas.
No artigo “O contrato social da pesquisa: em busca de uma nova equação entre a autonomia epistêmica e autonomia política”, González de Gómez (2003) trata de temas como contrato social, ciência, pesquisa, pesquisador, autonomia e ecologia do conhecimento. Volta-se especialmente à TAC (1987) considerando próprio das modernas formações ocidentais o desenvolvimento dos conhecimentos científicos por procedimentos complementares, como a diferenciação e autonomização da atividade de pesquisa e a conversão da validade científica em valores econômicos ou sociais. Questiona a possibilidade de reformulação do contrato social da ciência, revisando as definições dos sujeitos e dos princípios que organizam os programas de pesquisa, em seu escopo e abrangência, tal que essa nova versão do contrato seja capaz de orientar uma ecologia política dos conhecimentos. A autora cita Habermas para quem, enquanto o modelo liberal reafirma a "separação dos poderes" e o tecnocrático hierarquiza a autoridade do conhecimento científico sobre a vontade política, o caminho da renovação do contrato social das ciências tenderia a adotar modelos relacionais, um dos quais, o pragmaticista, teria caracterizado a emergência e eficácia do aparelho estadunidense de pesquisa (HABERMAS, 1987).
Em “A vinculação dos conhecimentos: entre a razão mediada e a razão leve”, González de Gómez (2005) considera como, durante séculos, havia poucas dúvidas sobre a validade e a qualidade dos princípios abrangentes de conhecimentos, textos, documentos, conteúdos disciplinares e suas respectivas literaturas. No século XX, não se poderia manter esse otimismo, diante da pluralidade e da diversificação das especialidades, assim como da fragilização das fronteiras entre as ciências e as não ciências e entre disciplinas. A questão, agora, seria acerca da extensão e da qualidade dessas relações e do entendimento de seu significado na esfera social. A autora refere-se também à ampliação do espaço discursivo da interdisciplinaridade na academia e nas grandes organizações internacionais, como a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a UNESCO, no início da década de 1970, com todas as suas decorrências.
Uma das contribuições de Habermas (TAC, 1994) para a questão, entre outras, é sua concepção sobre a pluralidade das demandas de validade, vinculadas ao potencial de racionalidade do uso comunicativo da linguagem. Ao ampliar a racionalidade além de seu uso instrumental e representativo, com desdobramentos numa racionalidade ética e estética, Habermas oferece perspectivas para pensar as interações entre a ciência, a arte, a ética, o direito e outras esferas dissociadas pela modernidade, reconsiderando suas possibilidades e seus limites, dando espaço para uma epistemologia não-disciplinar.
González de Gómez também utiliza a obra TAC para fundamentar seu artigo “A reinvenção contemporânea da informação” (2009), problematizando, a partir de uma questão inicial sobre o lócus ontológico da informação, as atuais reflexões, incluindo as abordagens fisicalista e mentalista em Ciência da Informação, o “desvio” documentalista da questão e a construção de novas relações entre a ontologia, a informação e a digitalização generalizada. Ela destaca o papel de Habermas (2004) como um dos pensadores da virada linguística, ao diferenciar, no ato da fala, uma instância simbólica, a significação, e uma instância material. Nos atos de fala, dotados de materialidade, se estabeleceriam metas ilocucionárias comuns entre os participantes (ego e alter), por meio dos usos comunicativos da linguagem. Tais atos de fala fazem parte do mundo objetivo, seja enquanto emissões num médium físico ou energético, seja enquanto dão ancoragem tempo-espacial a convenções institucionais – como categorias, classificações e padrões –, tendo efeitos, nos dois casos, e tal como outras formas de intervenção instrumental, sobre o mundo objetivo.
O artigo de Saldanha (2011), “Ipásia e a ciência da informação no território das humanidades: a virada linguística informacional em um diálogo entre Rorty e Habermas”, trata da epistemologia da CI em sua aproximação às humanidades. Analisa a virada linguística a partir de uma leitura filosófica do pensamento de Rorty e Habermas, discutindo o ponto de vista sobre a linguagem no campo da informação em diálogo com a literatura de Ítalo Calvino. Indica os deslocamentos da epistemologia informacional diante do pragmatismo, apontando traços do humanismo na Ciência da Informação. Refere-se à teoria habermasiana da ação comunicativa, um complexo sistema de referências, identificado como saber que é transmitido culturalmente, e esta transmissão se dá pela linguagem. A ação, compreendida como a “dominação das situações”, se dá a partir do processo circular do ator, produtor de atos e produto de tradições. Assim, a perspectiva dos participantes no mundo da vidapressupõe uma perspectiva dos narradores enquanto elemento cognitivo inserido no mesmo mundo em seu desdobrar-se no cotidiano (Habermas, 2003, p. 191-192).
Saldanha, colabora com Fernandes (2012) em “Contribuições de Marteleto e González de Gómez ao entendimento do informacional: diálogos com três aportes da informação”. Apresentam os diálogos das pesquisadoras com três aportes, o matematizante, o cognitivo e o que “faz questão” da materialidade da informação. Este último apresenta relações dialógicas com o neodocumentalismo anglófono e com a documentalogia francesa, mas suas concepções transcendem a materialidade documental, indo ao encontro das apropriações e ressignificações da informação em jogos linguísticos das práticas sociais. Destaca-se como desafio ao exame pela Ciência da Informação, a aparente desmaterialização da informação na Web, como desafio, considerando-se os sujeitos situados nas práticas no mundo da vida. A reflexão sobre a colonização moderna dos mundos da vida, encontrada em Habermas (TAC, 1984), resultante de modos instituídos de racionalização, seria o alicerce para as críticas de González de Gómez à concepção então corrente da informação, como entidade autonomizada, desancorada de heranças culturais e memoriais, seria fundamento teórico e instrumental para as operações que compreendiam a informação exclusivamente como mercadoria: capturada, cujo valor seria definido pelos critérios de eficácia das novas indústrias do conhecimento e da informação.
Em dois artigos em coautoria com Cavalcante, Bufrem colabora nas reflexões sobre o conhecimento em informação, a racionalidade instrumental e a racionalidade comunicativa, no primeiro e, sobre a Escola de Frankfurt, a teoria crítica e a Ciência da Informação, no segundo. Os dois artigos recorrem à obra TAC (1999). Em “A perspectiva dual do conhecimento em informação à luz da teoria da racionalidade de Jürgen Habermas” (2019) é problematizado o caráter dual do conhecimento em informação, o técnico-instrumental e o crítico emancipatório. Volta-se ao contexto do campo no novo milênio, inspirando-se nas categorias habermasianas da racionalidade instrumental e da racionalidade comunicativa, e sua teoria crítica e social a partir de três grandes linhas teóricas: a teoria da modernidade, a teoria da sociedade e a teoria da racionalidade. Ao distingui-las, Habermas (1999) apresenta o conceito de racionalidade a partir das duas faces da razão, diferentes e opostas, considerando suas características, manifestações, articulações e interesses profundamente distintos, portanto, se projetam de variadas maneiras na vida em sociedade. Quanto ao segundo artigo, “A escola de Frankfurt e a ciência da informação” (2020), analisa a influência do pensamento da “Escola de Frankfurt”, subsidiado pela hermenêutica habermasiana, no campo das ciências sociais, notadamente, no contexto da Ciência da informação. A obra TAC (2012) e sua complexa estrutura de referências fundamenta o argumento do artigo, relativo ao interesse de Habermas por construir uma teoria crítica da sociedade, voltada à emancipação do homem na vida social.
Vidotti é uma das autoras do artigo (2009) também questionador (“Quando as webs se encontram: social e semântica - promessa de uma visão realizada?”), cuja proposta inclui o reconhecimento e definições de métodos que valorizem e destaquem os aspectos importantes das relações de disseminação, de recuperação e de compartilhamento de conhecimentos quando ocorre a rearticulação das relações sociais e de produção em torno das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs).
O pesquisador Araújo é coautor de “Desvelando a interdisciplinaridade da ciência da informação: o enfoque dos alunos do PPGCI/UFMG” (2009), artigo sobre a interdisciplinaridade da CI, na ótica de pós-graduandos, oriundos de diversas áreas do conhecimento. A referência à obra TAC relaciona-se à crítica ao movimento da ciência moderna (HABERMAS, 1987) e reforça a presença da comunicação social como a área mais citada entre as quais se dá a interlocução da CI.
Na obra “Mudança estrutural da esfera pública: investigações sobre uma categoria da sociedade burguesa.” (MEEP), também situada entre as selecionadas para o referencial de seis entre os pesquisadores, Habermas examina o “complexo” conceito de “esfera pública”, segundo o autor, referente a um princípio organizador de nossa ordem política. Para ele, a compreensão do conceito e sua submissão ao esclarecimento sociológico conduzem à compreensão da própria sociedade.
O pesquisador Barreto foi o mais recorrente à obra, em quatro artigos. Em “Mudança estrutural no fluxo do conhecimento: a comunicação eletrônica” (1998), volta-se às transformações do fluxo de informação e o público a quem o conhecimento é dirigido, como resultado das diferentes técnicas na transferência da informação, do gerador ao receptor. O fluxo seria a sucessão de eventos, de um processo de mediação e a opinião pública seria o resultado esclarecido da reflexão conjunta e pública em que se está presente fisicamente ou por meio de pensamentos inscritos. O uso público da própria razão não prescinde da liberdade, conforme Barreto, para “fazer brilhar as luzes entre os homens”. Cada um estaria convocado para ser um publicador que fala através de textos ao público propriamente dito, ao mundo (HABERMAS, MEEP, 1984).
Em “A Liberdade das Vozes” Barreto (2003) concebe a tecnologia como uma sucessão de eventos sistemáticos de técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos de uma ação de transformação de ideias e operações, enquanto a inovação seria a aceitação dos eventos da tecnologia pela pluralidade dos elementos de um determinado espaço social, no sentido da promover a informação livre, mediadora do conhecimento. No artigo, o pesquisador cita MEEP (1984) para a compreensão dos conceitos de esfera pública e privada, sem entretanto conectá-las às condições e efeitos legais a que se refere Habermas na obra.
No artigo “Olhar sobre os 20 anos da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Ciência da Informação (Ancib)” (2009), Barreto retoma o conceito de esfera pública, relacionando-o à dimensão política exercida historicamente na Inglaterra, a partir do final dos anos 1600, quando as forças que, aspiraram ter influência sobre as decisões do poder estatal apelam para o público pensante para legitimar suas reivindicações.
González de Gómez, em “O papel do conhecimento e da informação nas formações políticas ocidentais” (1987) também retoma a obra MEEP, refletindo sobre a história das sociedades ocidentais e as formações políticas, com seus correspondentes espaços coletivos de trocas de conhecimento e informação. Defende a informação como fator de transformações e sua distribuição no espaço social, entre os agentes coletivos detentores do conhecimento e das tecnologias de informação.
A pesquisadora também utiliza a obra MEEP, no artigo “O caráter seletivo das ações de informação” (1999), para construir elementos teóricos em prol da compreensão do fenômeno informacional na sua pluralidade de entendimentos. A partir da sua singularidade, reconhece o paradoxo entre a autonomia informacional esperada dos sujeitos sociais, cognitivos, éticos e políticos e suas possibilidades de escolha e seleção, no horizonte das sociedades moderna e contemporânea, com suas tendências monopolistas e hegemônicas.
Em “Novos cenários políticos para a informação” (2002), González de Gómez, situa a economia do conhecimento proposta como o novo conteúdo e referência da política da informação ou, em certa forma, da totalidade do político. Cita Habermas ao ressaltar os efeitos dos modelos de Estado organizacional enquanto reforço semântico da desativação do público-político. Considera como essa subversão de sentido teria sido um terceiro termo, para uns a “infraestrutura” e, para outros, “sociedade da informação”. Sua análise volta-se à revisão do conceito “governança”, adotando como apoio argumentativo o conceito de “regime de informação”.
As considerações de Almeida (2009) sobre a relação entre livros, leituras e leitores, no artigo “A cada leitor seu texto: dos livros às redes”, consideram as mudanças na materialidade dos meios de comunicação social e cultural e nas formas de organização textual, produção, distribuição e recepção de conhecimentos e informações. Elas ocorrem a partir do século XVIII, provocando a expressiva ampliação do universo da leitura, com o aumento da demanda por parte de um público leitor cada vez mais amplo. Contribuem para isso o crescimento da produção de livros e a diminuição de seus preços, a multiplicação das sociedades de leitura e o aumento do número de jornais (HABERMAS, MEEP, 1984).
O mesmo pesquisador no artigo “Informação, tecnologia e mediações culturais’ (ALMEIDA, 2009) apoia-se em MEEP, para argumentar sobre a contribuição das tecnologias de informação e comunicação com novas formas de produção, circulação e recepção de produtos simbólicos, estimulando a discussão estética relacionada à pós-modernidade. A complexidade da atual cena cultural sinaliza, segundo Almeida para a constituição de um novo tipo de “conhecimento” necessário para a crítica e compreensão das obras. Nesta cena, as posições de Habermas mantêm influência considerável em estudos sobre a imprensa, combinando elementos do conceito revisto de esfera pública, ao reconhecer a relativa autonomia aos jornalistas e profissionais da mídia, com os atores coletivos periféricos à estrutura de poder.
Ao analisar as mudanças sociais relacionadas ao terreno das práticas informacionais e culturais contemporâneas, Almeida (2014) procura compreender aspectos dos processos culturais e de enraizamento social da tecnologia no artigo “Mediação e mediadores nos fluxos tecnoculturais contemporâneos”. Apoia-se na obra MEEP, para discutir os processos de interlocução ou de interação entre os membros de um grupo ou comunidade, para o estabelecimento e a sustentação dos laços de sociabilidade, constituindo assim, numa perspectiva habermasiana, o mundo da vida, no qual a linguagem e a ação comum são os fatores privilegiados de mediação.
A obra MEEP (1984), também é utilizada por Marteleto (1987), no artigo “Informação: elemento regulador dos sistemas, fator de mudança social ou fenômeno pós-moderno? Ela discute um quadro conceitual sobre a questão informacional nas sociedades modernas, revendo noções de informação, em CI e nas Ciências Sociais, apresentando, de modo resumido a Teoria da Indústria Cultural, desenvolvida pela Escola de Frankfurt, por Habermas, e a Teoria dos Aparelhos Político-Ideológicos, inspirada originariamente na teoria marxista, escolhendo Gramsci para representá-la. Em apoio aos seus argumentos, Marteleto utiliza a obra MEEP (1984), na qual Habermas se ocupa trata da problemática das mudanças ocorridas na esfera pública burguesa, quando se evidencia a separação entre o público e o privado.
Com Martins, Marteleto também referencia a obra MEEP, no artigo “Cultura, ideologia e hegemonia” (2019), no qual ressaltam o caráter eminentemente social – material e simbólico, técnico e semiológico – da informação. Referem-se ao contexto histórico, do qual decorre relativa autonomização dos campos de produção da cultura, conforme analisado por Habermas (1984)
A obra MEEP também é citada por Schneider em artigo em coautoria (BEZERRA; CAPURRO; SCHNEIDER, 2017), “Regimes de verdade e poder: dos tempos modernos à era digital”, no qual discutem a recente popularidade do termo “pós-verdade”, considerando noções históricas de verdade, com destaque para a concepção positivista, característica do período moderno, sugerindo o encerramento epistemológico da era medieval e a concepção do materialismo dialético. A referência à obra em pauta vincula-se à maneira como Habermas (2014) pensou a esfera pública, considerada um ideal inalcançável e não adequado aos tipos de agrupamentos e comunicações na rede, através da rede e fora dela.
Morigi e Veiga (2007), em “Esfera pública informacional: os arquivos na construção da cidadania” tratam da importância do acesso à informação e do arquivo enquanto esfera pública informacional na construção da cidadania. Tratam da função social dos arquivos na gestão da informação, e de seu papel mediador das informações públicas, garantindo a transparência das ações do Estado, na consolidação da democracia. Como fundamento teórico, apoia-se em Habermas (2014), propondo reconhecer o arquivo como um elemento da esfera pública, ativando as condições de acesso às informações públicas, essenciais para a ação política, motor do desenvolvimento da cidadania. Desenvolvem de modo extensivo a concepção de espaço público, conceito relacionado à modernidade. No texto “Mudança estrutural da esfera pública”, Habermas (1984) descreve a evolução do conceito ao estágio atual, remetendo à discussão da democracia ateniense, quando o debate público na ágora política, era motor do desenvolvimento da cidadania.
Do exposto, considerando-se os critérios para inclusão dos artigos no corpus, foram analisados os conteúdos relacionados com citações conceituais, ou relativas a definições de conceitos teóricos dos pesquisadores ou a obras citadas de Habermas, A próxima etapa da pesquisa consistiu na análise dos textos das citações de Lancaster presentes nos artigos, buscando avaliar a importância das ideias do autor para a discussão empreendida no artigo. Para a avaliação dessa importância, as citações foram classificadas e adaptadas das categorias de Araújo (2009): citação conceitual: relacionada à definição de conceitos de termos; citação metodológica, relacionada à definição de métodos de desenvolvimento de trabalhos; citação exemplificativa, relacionada à apresentação de exemplos; citação confirmativa, relacionada à busca de base para uma ideia apresentada; citação negativa/crítica, relacionada à contraposição de uma ideia apresentada; citação de sustentação: relacionada ao uso de ideias como base ou ponto de partida para o trabalho. Fundamentou-se a seleção dos três primeiros títulos entre os citados pela maior diversidade de autores, conformando-se a um perfil consistente representado pelos pesquisadores González de Gómez, citando 13 títulos diversos, entre os anos de 1987 e 2019, seguida por Marteleto, com cinco títulos referenciados, entre 1987 e 2019, por Barreto, com quatro títulos, entre 1989 e 2009, por Saldanha, entre 2011 e 2013 e por Schneider, com duas obras, entre 2006 e 2017. Observa-se, portanto, a maior concentração de frequência, diversidade temática e período de produção entre os quatro primeiros pesquisadores bolsistas.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O panorama delineado revela um processo seletivo de textos com foco em Habermas como autor citado, incluindo obras, temas e termos representativos de conceitos e modos de relacioná-los aos propósitos e resoluções de questões de pesquisa. Todo esse processo e suas determinações adquirem sentidos quando cotejados os textos dos artigos aos seus referenciais teóricos e ao contexto de sua produção. Essa forma expositiva dos resultados de um procedimento analítico ensaístico, a partir do relacionamento entre autores, faz parte de uma percepção mais ampla, aqui em caráter preliminar.
Termos relacionados ao conceito de “razão comunicativa” confirmam as interações sociais nas quais a linguagem, orientada para o entendimento, parece transcender sua função mediadora de práticas de representação para entrar em consonância com o entendimento necessário ao exercício da democracia.
O conceito de “esfera pública”, como se pode perceber nos textos analisados, continua a ser reconhecido como um princípio organizador da ordem política, além de espaço para o exercício da cidadania, conforme defende o filóHabesofo. Entretanto, a complexidade do conceito, já reconhecida em textos de Habermas, de seus leitores e seguidores, como é possível perceber desde os primeiros artigos da trajetória da produção aqui analisada, continua desafiando a esforços de compreensão.
Concluindo, consideradas as limitações desta pesquisa, vale reiterar a percepção do conjunto da obra de Habermas e sua influência entre pesquisadores do CNPq. Apesar da diversidade temática no conjunto das obras do autor cotejada com a produção científica de pesquisadores da CI e de suas posições e direcionamentos metodológicos, é possível delinear uma linha de sentido favorecida pela construção coerente de sua produção. Permanece constante, nessa linha, a ideia de emancipação, articulada à informação e à comunicação. Essas ideias mostram centralidade coerente na extensa produção teórica do autor e sua articulação com o corpus analisado reflete-se no domínio da CI, iniciando com as reflexões encontradas sobre a teoria da ação comunicativa e seus desenvolvimentos até suas mais recentes considerações, mais voltadas a questões práticas de análise da sociedade moderna ocidental.
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[1] Graduada em Biblioteconomia e Documentação pela Universidade Federal do Paraná, Graduada e licenciada em Filosofia pela Universidade Católica do Paraná, Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná, doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo, pós-doutora pela Universidad Autónoma de Madrid. Professora Permanente do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Pernambuco.