A BIBLIOTECONOMIA BRASILEIRA NA DÉCADA DE 1980

um olhar discursivo a partir dos artigos publicados na Revista de Biblioteconomia de Brasília

Gabrielle Francinne de S. C. Tanus[1]

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

gfrancinne@gmail.com

Gabriela Batista da Silva[2]

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

 gabrielabatista677@gmail.com

Rita de Cássia Gomes de Oliveira3

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

rita_cassia300186@hotmail.com

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Resumo

Os discursos da Biblioteconomia brasileira são objeto de estudo desta pesquisa, que se concentrou nos artigos publicados durante a década de 1980 na Revista de Biblioteconomia de Brasília. Essa revista, cujo primeiro número foi publicado em 1973, encerrou suas atividades em 2001 e teve como foco as áreas de Biblioteconomia, Ciência da Informação, Arquivologia e afins. Com a intenção de discutir sobre dois conceitos centrais da Biblioteconomia - o de biblioteca e o de bibliotecário - analisamos as produções que versavam sobre tais categorias de análise. A pesquisa é, então, considerada exploratória, de cunho bibliográfico, cujo método empregado foi o da análise de conteúdo. Essa década foi marcada pela importância da informação e da tecnologia como fatores responsáveis pelo desenvolvimento social e econômico do país. A biblioteca, nesse contexto de uma sociedade da informação, é marcada pela discussão da automação de seus serviços e produtos. O bibliotecário, visto como um profissional da informação, também tem um importante papel a desempenhar na sociedade, inclusive, o de estar ao lado dos mais vulneráveis.                                                       

Palavras-chave: Epistemologia da Biblioteconomia. Análise de conteúdo. Revista de Biblioteconomia de Brasília. Institucionalização da Biblioteconomia.

Brazilian library science in the decade of 1980

an discussive analysis of the articles published in the Revista de Biblioteconomia de Brasília

 

Abstract

The discourses of Brazilian Librarianship are the object of study of this research, which focused on the articles published during the 1980s in the Revista de Biblioteconomia de Brasília. This journal, whose first issue was published in 1973, ended its activities in 2001 and focused on the areas of Librarianship, Information Science, Archival Science and the like. With the intention of discussing two central concepts of Librarianship - the library and the librarian - we analyzed the productions that dealt with such categories of analysis. The research is, then, considered exploratory, of a bibliographic nature, whose method used was the content analysis. This decade was marked by the importance of information and technology as factors responsible for the country's social and economic development. The library, in this context of an information society, is marked by the discussion of the automation of its services and products. The librarian, seen as an information professional, also has an important role to play in society, including that of being on the side of the most vulnerable.

Keywords: Epistemology of Librarianship. Content analysis. Journal of Librarianship of Brasília. Institutionalization of Librarianship.

1  INTRODUÇÃO

A discussão sobre a institucionalização da Biblioteconomia perpassa diversos caminhos próprios de um campo científico, isto é, pode ser recontada/reconstruída pela via das publicações, das instituições e do ensino. No Brasil, particularmente, o ensino de Biblioteconomia começou no Rio de Janeiro, associado à demanda da recém-criada Biblioteca Nacional. A primeira turma foi em 1915 (dentro do primeiro quartel do século XX). A criação de outros cursos nos demais estados do país ocorreu após a consolidação do modelo aplicado no estado de São Paulo, mais técnico do que humanista (OLIVEIRA; CARVALHO, SOUZA, 2009). Contudo, a criação dos periódicos acadêmicos é considera tardia, porque o ensino se concentrava mais na parte técnica e menos em reflexões teóricas, além da falta de uma infraestrutura de pesquisa (SOUZA, 2009). Portanto, na década de 1970, foram criados periódicos acadêmicos e programas de pós-graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação.

A respeito das publicações acadêmicas, na década de 1980, existiam, no país, alguns poucos periódicos: Ciência da Informação (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, criada em 1972); Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG (criada em 1972, desde 1996, Perspectivas em Ciência da Informação); Revista de Biblioteconomia de Brasília (Associação de Bibliotecários do Distrito Federal, criada em 1973 e encerrada em 2001); Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação (Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições, criada em 1973); BIBLIOS: Revista do Departamento de Biblioteconomia e História (Universidade Federal do Rio Grande, criada em 1978 e encerrada em 1983); Transinformação (Pontifícia Universidade Católica de Campinas, criada em 1989); e Revista de Biblioteconomia e Comunicação (Universidade Federal do Rio Grande do Sul, criada em 1986, desde 2000, Em questão) (SOUZA, 2009). Outra revista editada pelo Departamento do Curso de Biblioteconomia, chamada Cadernos de Biblioteconomia (Universidade Federal de Pernambuco, criada em 1973 e editada até 1989), teve uma circulação mais restrita do que as supracitadas.

Embora essa seja uma quantidade interessante para um campo científico em processo de consolidação de sua infraestrutura, Souza (2009, p. 130) afirma que, ao longo da década de 1980, o número de periódicos não aumentou: “praticamente não ocorreram mudanças em quantidade e qualidade do conjunto de revistas especializadas em Biblioteconomia e Ciência da Informação”. Segundo o autor, essa precariedade editorial acarreta inclusive no problema da educação continuada e no acompanhamento da área na literatura especializada (SOUZA, 2009). Situação que é alterada com a crescente quantidade de periódicos a partir da década de 2000, de modo que, atualmente existem no cenário nacional mais de cinquenta periódicos na área da Biblioteconomia e Ciência da Informação.

Antes das revistas acadêmicas, foram criados boletins, como, por exemplo, o Boletim Informativo do Instituto Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação (IBBD), o Boletim Informativo da Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB), criado na década de 1960, e o Boletim da Associação de Bibliotecários do Distrito Federal (ABDF), cuja primeira publicação foi em 1970 (TANUS; OLIVEIRA; ARAÚJO, 2022). Souza (2009) traz também o exemplo da Revista Palavra-chave, editada pela Associação Paulista de Bibliotecários (APB) e a Associação Profissional de Bibliotecários do Estado de São Paulo (APBESP), no período de 1982 a 1998. Tais veículos de comunicação são importantes para a circulação e a criação mais sistemática do pensamento biblioteconômico.

Para além dos canais de comunicação formal da ciência, que são os periódicos, um campo necessita de outros aportes que, ao longo das décadas, contribuíram para consolidar a Biblioteconomia brasileira. Assim, de modo geral, podemos citar alguns exemplos importantes para a institucionalização da Biblioteconomia, a saber: o Instituto Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação, criado em 1954 (desde 1976, Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia); a Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas de Informação e Instituições, em 1959; a Associação Brasileira de Escolas de Biblioteconomia e Documentação (desde 2021, Associação Brasileira de Educação em Ciência da Informação, ABECIN); a Lei 4.084 de 1962, que regulamenta a profissão de bibliotecário; o primeiro currículo mínimo, em 1962; o Conselho Federal de Biblioteconomia, criado em 1966, e os conselhos regionais; a expansão dos Cursos de Graduação em Biblioteconomia para outros estados; e o primeiro Programa de Pós-graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação, entre muitos outros exemplos.

Na década de 1980, os eventos acadêmicos continuaram acontecendo, como o Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação (CBBD), com edições em 1982, 1983, 1985, 1987, 1989; os Encontros Nacionais de Estudantes de Biblioteconomia e Documentação (ENEBD), em 1980, 1982, 1983, 1984, 1985, 1986, 1988 e 1989; e o Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias (SNBU), editado em 1983, 1985, 1987 e 1989 (SOUZA, 2009). Outro marco importante do final da década foi a criação da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação (ANCIB), em 1989.

A discussão sobre o ensino da Biblioteconomia é também uma marca dessa década. Em 1982, foi instaurado o segundo currículo mínimo, que estabeleceu que a duração do curso seria de quatro anos, no mínimo, e de sete, no máximo, mas não sem críticas que reverberam nos eventos e nas publicações da área. Ademais, uma nova questão adentrou o cenário da Biblioteconomia brasileira - a chegada dos microcomputadores - que deu certa concretude ao ensino acerca da automação que, “[...] que até então, era ensinado como conhecimento quase ‘abstrato’ de automação nos Cursos de Bacharelado em Biblioteconomia (SOUZA, 2009, p. 128).

A sistematização dos acontecimentos e dos discursos da Biblioteconomia é imprescindível para que possamos compreendê-la do ponto de vista histórico e epistemológico. Algumas pesquisas mais recentes voltaram-se para os discursos, como as de Marques e Saldanha (2018), Xavier et al (2019), Gama (2021) e Tanus, Oliveira e Araújo (2022). Estas últimas autoras, em específico, analisaram os discursos da Revista de Biblioteconomia de Brasília, publicados na década de 1970. Nessa direção, visando continuar a observação dos discursos, o objetivo geral deste trabalho foi de analisar os discursos de autoras e autores brasileiros publicados na Revista de Biblioteconomia de Brasília, especificamente, acerca dos conceitos de biblioteca e de bibliotecário, ao longo da década de 1980. Conhecer e compreender essas duas categorias - biblioteca e bibliotecário - é imprescindível para a Biblioteconomia, porque elas são o centro de seu campo científico, mas, que, obviamente, não se restringe a elas.

 

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa, de abordagem qualitativa, tem como enfoque a análise dos discursos oriundos dos artigos publicados na Revista de Biblioteconomia de Brasília, durante a década de 1980. Esse momento foi selecionado intencionalmente, pois a Biblioteconomia brasileira foi fortalecida a partir da criação dos primeiros periódicos e, consequentemente, da publicação dos primeiros artigos acadêmicos. Cumpre informar que, como a década anterior já foi objeto de estudo de outra publicação, esta pesquisa pode ser considerada como uma continuidade de um projeto de análise dos discursos da Biblioteconomia brasileira (TANUS; OLIVEIRA; ARAÚJO, 2022).

Neste texto, concentramo-nos em duas importantes categorias para a Biblioteconomia - a biblioteca e o bibliotecário - com vistas a entender ambas e, de certo modo, a própria Biblioteconomia. Para empreender tal processo exploratório, que consiste em desvelar um assunto complexo, foi necessário mobilizar a pesquisa bibliográfica a partir dos artigos científicos, conformando a classificação deste trabalho a partir de seu objetivo, que vai ao encontro da pesquisa exploratória e bibliográfica (GIL, 2002). O método adotado para o desenvolvimento desta pesquisa foi o de análise de conteúdo (BARDIN, 2011), que envolve três fases: 1) a de pré-análise; 2) a de exploração do material, categorização ou codificação; 3) e a do tratamento dos resultados, das inferências e da interpretação.

Detalhadamente, foram realizados os seguintes processos: identificação de todos os artigos publicados na Revista de Biblioteconomia de Brasília durante a década de 1980; seleção dos artigos com potencial de análise, isto é, voltados para a discussão acerca das bibliotecas e dos bibliotecários; leitura integral dos artigos selecionados e produção dos fichamentos dos artigos selecionados e do texto final. Importante explicitar que esses conceitos (biblioteca e bibliotecário) foram mobilizados em artigos em cujos títulos e resumos nem sempre essa presença era tão óbvia, por isso foi necessário incluir um conjunto de produções que poderiam trazer esse discurso a fim de obtermos uma completude do tema e do contexto de produção.

Durante a década de 1980, foram publicados, na Revista de Biblioteconomia de Brasília, dez volumes (v. 8 ao 17), semestralmente, portanto, 20 fascículos e mais de 200 artigos. Para analisar o conteúdo, foram selecionados 38 artigos de autores e autoras brasileiros/as (ver Apêndice). Depois da seleção e de ler cada um dos artigos, procedemos à análise textual, conforme disposto nas seções a seguir. Interessante perceber que os artigos dessa década ainda se aproximam das características já apontadas na década anterior (1970), isto é, com uma média de dez páginas e um conjunto de referências menor, comparado com as recentes publicações (mais extensas e com mais referências).

 

 

3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Serão apresentadas, a seguir, as duas categorias escolhidas intencionalmente para a análise de conteúdo.

 

3.1 BIBLIOTECA

Algumas interpretações a respeito das bibliotecas resultaram da leitura dos autores analisados, de modo que são apresentadas discussões sobre bibliotecas de multimeios, automação das bibliotecas, bibliotecas públicas (biblioteca popular)[3], bibliotecas universitárias  (articuladas com a educação de usuários), bibliotecas em hospitais, bem como a implementação de bibliotecas-laboratório nos Cursos de Biblioteconomia. É interessante acrescentar que um dos artigos sinaliza que, após a realização do evento ‘Seminários Novos Rumos’, na Escola de Biblioteconomia da UFMG, em 1983, houve uma mudança de ideia dos participantes que, antes, associavam a biblioteca a um acervo bibliográfico, um local de estudo ou de trabalho do bibliotecário, e passaram a concebê-la numa perspectiva mais ampliada, “como um espaço de diálogo e intercâmbio de informações” (VIEIRA, 1983, p.182). Além disso, as bibliotecas são associadas a centros de documentação, centros de informação e unidades de informação.

O termo ‘biblioteca de multimeios’ trabalhado por Sueli Amaral (1987) enfatiza a inclusão de materiais não convencionais que se diferenciam dos materiais bibliográficos de acordo com suas especificações. As bibliotecas (unidades de informação), que também podem ser denominadas de “centro e/ou serviço de documentação e/ou informação”, devem incluir, em seus acervos, os mais diferentes registros, independentemente do suporte ou do formato. A autora salienta que a inserção de outros materiais requer a organização adequada e a divulgação para os usuários, o incentivo do seu uso e espaços adequados para isso dentro da biblioteca. Alguns problemas que são apontados perpassam a insuficiência da graduação em incluir esse debate, o que ocasiona um desconhecimento da organização (processamento técnico) dos materiais de multimeios, falta de instrumentos adequados e suficientes para seu controle bibliográfico, mercado de trabalho pouco explorado e uma literatura incipiente sobre o tema ‘multimeios’.

Esses novos e outros tipos de registros envolvem o desenvolvimento da tecnologia. Porém, nos artigos, é notório o debate acerca da automação, da informatização e da mecanização. Alguns dos autores que trabalham com essas discussões são: Murilo Bastos da Cunha (1984, 1985); Nice Figueiredo (1986); Regina Célia Montenegro de Lima (1986); Eliane Serrão Alves Mey (1988); Andreia S. P. Pinheiro, Eleonora R. C. Franco, Maria do Carmelo Quartin Graça (1987); Jaime Robredo (1986) e Tarcísio Zandonade (1984). Podemos dizer que, nessa década, destacaram-se as produções bibliográficas voltadas para as questões tecnológicas e suas inclusões a partir de diversas manifestações nas bibliotecas, nas disciplinas e nos eventos, a saber:

A automação de bibliotecas e sistemas de informação bibliográfica vem sendo discutida há algum tempo nos congressos nacionais de Biblioteconomia no país. O tema automação dos processos e produtos bibliográficos tem crescido em volume de literatura publicada e sua importância tem também aumentado na área biblioteconômica, na medida em que é quase imprescindível, na atualidade, o uso do computador nas diversas tarefas executadas pela biblioteca moderna (CUNHA, 1985, p.1-2).

Considerando o contexto da época, ainda marcado ainda pela incipiente entrada dos equipamentos e das formas automatizadas de trabalho, não podemos estranhar essa busca por entender seu impacto. Nessa direção, em alguns escritos, enfatiza-se o marco da introdução tecnológica dentro da “sociedade informatizada”, em particular, no espaço das bibliotecas, descrevendo as novas vivências que passariam a surgir com uma frequência cada vez mais crescente, em que se aufere que “a automação das tarefas gerenciais e administrativas (aquisição, empréstimo, circulação etc.) já é uma realidade em numerosas bibliotecas brasileiras [...]” (ROBREDO, 1986, p.65), apesar das inúmeras dificuldades ou da resistência:

 

Lamentavelmente, [nós], profissionais da Biblioteconomia, temos aprendido a refugar o mito das máquinas pensantes mais pela sucessão de fracassos na automação de bibliotecas, ainda que não registrados na literatura especializada, do que pela convivência com sistemas operacionais bem sucedidos (ZANDONADE, 1984, p. 6).

 

Em sua reflexão acerca das bibliotecas, o autor destaca que “as bibliotecas existirão na medida em que contribuam para satisfazer as exigências sociais, tecnológicas e culturais da sociedade em que se integram” (ROBREDO, 1986, p. 65). De fato, o advento tecnológico, sobretudo, o uso dos computadores foi um fator propulsor para o surgimento de muitos feitos dentro do espaço da biblioteca, um dispositivo de grande valia para facilitar e agilizar processos de trabalho. Foi possível, por exemplo, implementar catálogos automatizados, que facilitam a busca e o acesso do usuário a diferentes bancos de dados:

A representação catalográfica dos documentos constitui matéria de primeira ordem para um tratamento eletrônico, se levarmos em conta, exclusivamente, o crescimento exponencial da informação registrada, fenômeno amplamente discutido na Biblioteconomia sob a palavra-chave explosão bibliográfica. Além disto, uma única representação magnética — ou registro — de cada elemento dessa infindável espécie documentária opera, através da informática, um verdadeiro milagre da multiplicação. A proliferação dos bancos de dados bibliográficos aí está a comprovar este fato! (ZANDONADE, 1984, p. 7-8).

 

Com a chegada do método de automação dos sistemas, muitas bibliotecas precisaram realocar muitos de seus agentes colaboradores do espaço. “Com a automação da biblioteca e a introdução de novas tecnologias de informação, muitas funções exercidas pelo staff da biblioteca têm sido afetadas. Em alguns casos, muitas funções têm sido alteradas, modificadas e outras totalmente eliminadas” (CUNHA, 1985, p. 149). Para além da alteração dos recursos humanos, Figueiredo (1986) expõe que vários eram os problemas e os obstáculos que deveriam ser superados para efetivar o processo de automação das bibliotecas, a começar por questões econômicas, políticas, culturais, sociais e de ordem técnica. A localização do Brasil como um país em desenvolvimento (terceiro mundo como é citado na literatura) é constantemente sinalizada na literatura, bem como sua lacuna de informação e tecnologia quando comparado com o Norte global, marcado pelos países desenvolvidos e produtores de tecnologia (FIGUEIREDO, 1986).

Alguns autores, como Edna Silva (1986b) e Suzana Mueller (1984, 1989), afastaram-se desse tema para discutir acerca das bibliotecas e dos profissionais (em especial, os da informação, que são os arquivistas, os bibliotecários e os cientistas da informação), por entenderem que a informação assume uma centralidade capaz de mudar a visão desses conceitos. Mueller (1984) torna-se, assim, uma voz potente da discussão da proximidade entre os campos que lidam com a informação a partir da movimentação em diversos eventos internacionais patrocinados pela Unesco. 

Para Silva (1986b, p. 210), “o termo biblioteca é usado para caracterizar todas as instituições que desempenham um papel como agentes de transferência da informação” e exercem uma função central no desenvolvimento de um país. Neste contexto, a informação contribui para afastar a imagem da biblioteca como um depósito ou circunscrita ao livro. A autora acrescenta que a informação é um caminho para o progresso igualitário da humanidade, porque possibilita a formação de seres humanos mais conscientes e críticos, o que requer atenção das instituições sociais que trabalham com a informação, como as bibliotecas, que deveriam estabelecer formas de compartilhar recursos a partir da lógica das redes (SILVA, 1986b). 

Em outros escritos, tem-se uma visão mais específica das bibliotecas públicas que trabalham no árduo caminho de tornar mais democrático o acesso aos registros do conhecimento e da informação à população em geral:

 

A biblioteca pública é uma demonstração prática da fé da democracia na educação universal, considerada como um processo contínuo ao longo de toda a vida e no reconhecimento de que a natureza do homem se realiza no saber e na cultura. A biblioteca pública é o principal meio de proporcionar a todos o livre acesso aos registros dos conhecimentos e das ideias do homem e às expressões de sua imaginação criadora (TSUPAL, 1987, p.154, grifo nosso).

 

Para esse autor, a leitura literária e as atividades culturais são um antídoto contra a massificação do indivíduo inserido na sociedade consumista e mercantil. Numa perspectiva mais crítica, é necessário refletir sobre o papel do governo na manutenção desse espaço público, que insiste em não equipar as bibliotecas com profissionais qualificados, que são os bibliotecários (agentes culturais), e investir nelas. Para ambos os autores, outro entrave que contribui para afastar a população das bibliotecas são a elitização da cultura e o privilegio concedido à cultura letrada (SOUZA, 1986b; TSUPAL, 1987). Na visão de Sebastião Souza (1986b), a burocracia é outro problema a ser enfrentado:

Necessário desburocratizar a biblioteca, torná-la eficiente, eficaz e realmente democrática, pois as bibliotecas são os redutos de liberdade de pensamento, num país de censura, e os seus usuários devem ser o centro das preocupações dos seus funcionários (SOUZA, 1986b, p. 193, grifo nosso).

 

O destaque tipográfico na citação - “num país de censura” - revela a consciência do autor sobre o momento histórico e político que acometia o país, a ditatura civil militar (1964-1985). Entre as dezenas de artigos lidos, esse registro não foi encontrado em outros textos ou na década anterior, 1970, nos artigos analisados dessa revista (TANUS; OLIVEIRA; ARAÚJO, 2022). Outra questão importante é o uso da palavra democracia, mostrando que a informação, a biblioteca e os bibliotecários têm compromissos inadiáveis com o desenvolvimento do país e com a construção democrática.

As bibliotecas universitárias são destacadas como subsistemas do sistema que é a Universidade (NEVES, 1987). Para isso, deve acompanhar as mudanças daquela instituição, inclusive dos serviços ofertados, para que continuem sendo bem aceitos por sua comunidade, e não, obsoletos. Para acompanhar a missão de instituição, a biblioteca universitária precisa contar com um pessoal de alto nível, capaz de se comunicar com sua exigente clientela, com necessidades de informação bastante diversificadas, tanto na quantidade quanto na qualidade (NEVES, 1987).

A biblioteca universitária, como objeto de estudo de pesquisa, foi abordada por Neusa Dias Macedo (1982), que atentou para conhecer, por meio dos usuários, questões pertinentes às bibliotecas, como, por exemplo, seu uso, os hábitos de leitura, o conhecimento das fontes, a normalização e a metodologia de pesquisa. Infelizmente os resultados apontaram para um desconhecimento e pouco uso da biblioteca, o que poderia alterar parte da realidade com o cumprimento da disciplina ‘Orientação Bibliográfica’. Nessa perspectiva, a “educação de usuários”, também nomeada de orientação bibliográfica, pesquisa bibliográfica e instruções para uso da biblioteca, desempenharia um importante papel na comunidade acadêmica para aumentar seu uso ou o conhecimento dos serviços, dos produtos e dos recursos informacionais (CUNHA, 1986), um tema em crescimento desde a década anterior.

Percebemos que alguns artigos produzidos tratavam da associação das bibliotecas às terminologias dos centros de documentação. A partir de então, passou-se a entender que os centros de informação, como unidades de informação, são capazes de abrigar documentos nos mais diversos suportes e formatos:

É comum se afirmar que a biblioteca (centro de documentação, informação, etc.) tem basicamente que cumprir dois objetivos: 1) atender as necessidades de seus usuários; 2) fazer o máximo para facilitar o acesso, o mais rápido possível, à informação e/ou aos documentos solicitados por sua clientela (CUNHA, 1985, p. 3-4).

 

Assim, essas instituições são responsáveis por facilitar o acesso dos usuários e de seus clientes às informações, isto é, são o principal agente consumidor das informações que constam nos documentos mantidos sob a guarda da instituição. Vergueiro (1988) já chamava atenção: “O tesouro de informações acumuladas em bibliotecas e centros de documentação deve ter relação mais próxima com a comunidade e suas necessidades prioritárias” (VERGUEIRO, 1988, p. 213). Por outro lado, há uma demanda de uma comunidade específica que é trabalhada por Claudete Silva (1986a) quando aborda a Biblioteconomia Clínica. A biblioteca de um hospital deve atender às necessidades da equipe médica, o que requer bibliotecários que acompanhem as pesquisas na área de saúde e um corpo de profissionais (médicos, enfermeiros) para apoiar pesquisas, tanto na organização da produção quanto no treinamento de bases de dados (SILVA, 1986a).

Knychala (1981, p. 53) defende que, para melhorar a formação do bibliotecário, o local ideal para se aprender, por meio de trabalhos práticos, é em uma “biblioteca-laboratório”, onde se podem simular as atividades e os processos que ocorrem dentro de uma biblioteca, o que possibilitaria o enlace da teoria com a prática vivenciada. Isso se justifica porque não se pode supor a teoria ensinada apenas na sala de aula nem a prática reservada para o período de estágio do aluno na biblioteca ou para a sua prática profissional” (KNYCHALA, 1981, p. 46). Apesar de a consolidação ter custos de cunho financeiro e organizacional elevados, o nível de controle experimental é satisfatório, porquanto se aborda, na prática, grande parte do fazer bibliotecário em campo profissional. Essa experiência de serviço colaborativo que se aproxima da realidade informacional beneficiaria a integração de disciplinas assim como os corpos discente e docente e a comunidade.

 

3.2 BIBLIOTECÁRIOS

A década de 1980 apresenta algumas produções referentes ao processo de formação do bibliotecário, em que se discute sobre a importância de se revisar e adaptar constantemente o currículo profissional, atentando para as transformações ocorridas na sociedade e no meio profissional. São cada vez mais frequentes os discursos voltados para as tecnologias de informação, o uso do computador e a aplicação da informática no ambiente de trabalho (ZANDONAIDE, 1984; ROBREDO, 1984, PARANHOS, 1985, CAVALCANTI, 1985; CUNHA, 1985). A entrada da automação/mecanização leva a uma convivência necessária entre os bibliotecários e os analistas de sistema (MEY, 1988). Segundo a autora, cada uma dessas profissões distintas buscam, da melhor forma, melhorar os sistemas para os usuários.

Nesse contexto, os bibliotecários, cientes de seu papel, não deveriam se subjugar a outros interesses que não os de seus usuários, respeitando os analistas como profissionais de mesmo nível e com atuação diferente no desenvolvimento e/ou na implantação do sistema (MEY, 1988). Contudo, esse encontro não é pacífico ou entre iguais (profissionais de nível superior), pois, de um lado, tem-se o “bibliotecário de status relativamente baixo e, de outro, o analista, com status relativamente alto, que vem à biblioteca para ‘modernizar’, como um profissional ligado ao futuro, ao progresso, com status elevado e bem financiado (pago)” (FIGUEIREDO, 1986, p. 230).

O trabalho com os multimeios, um mercado inexplorado, também é discutido (AMARAL, 1987). A educação continuada (CUNHA, 1984, p. 149) é uma prerrogativa das mudanças da sociedade que são dinâmicas, razão por que o “bibliotecário precisa se manter atualizado com essas mudanças e incorporar novos conhecimentos, a fim de que possa exercer bem o seu papel social nesse cenário tão dinâmico”. Nessa direção, é apresentado o bibliotecário autônomo, que é valorizado e ancora-se no discurso da informação como objeto de trabalho que extrapola o ambiente tradicional da biblioteca (PINHEIRO, 1987). Segundo a autora, o profissional liberal, autônomo, precisa sair de sua passividade e se lançar de forma mais ativa no exercício da profissão, o que requer qualidades diversas, como dinamismo, autoconfiança, coragem, criatividade, entre outras.

Uma inovação no fazer do bibliotecário especializado se manifesta na visão da Biblioteconomia Clínica (SILVA, 1986a), que daria suporte à ação do bibliotecário clínico na área da saúde. E como o profissional da informação da equipe médica é o responsável por fornecer informações aos profissionais da saúde, “evidentemente, o bibliotecário deve ser especializado em literatura médica para se tornar o intermediário entre o profissional e a informação” (SILVA, 1986a, p. 300). O termo ‘profissionais da informação’ já era utilizado por Anna Vieira (1983). Assim, considerando que o objeto de estudo da Biblioteconomia é a informação, isso daria abertura para outros mercados de trabalho para os bibliotecários.

Uma possível integração entre os Cursos de Biblioteconomia, Arquivologia e Ciência da Informação é aventada com o apoio da Unesco (MUELLER, 1983, 1984, 1989); todas eles têm o compromisso com a informação. No que tange à formação do bibliotecário, o trabalho de Mueller e Macedo (1983) enfatiza a importância de mudar o currículo do Curso de Biblioteconomia da UnB, algo que já vinha sendo mencionado desde a década de 1970, devido à constante mudança tanto no mercado de trabalho quanto na própria área da Biblioteconomia. E para acompanhar as tendências, conforme as autoras, os currículos de formação profissional devem ser repensados e avaliados frequentemente. A disciplina ‘Mecanização e Automação de Sistemas de Informação’[4] e ‘Mecanização e Automação de Processos Administrativos’[5] reflete bem a entrada da informatização e da automação na formação dos futuros bibliotecários.

Em seu artigo, Mueller (1984) assevera que deve haver cooperação entre os profissionais ligados à informação, tendo em vista que há uma separação de cursos de formação de profissionais que lidam com a informação, como a Biblioteconomia, a Ciência da Informação e a Arquivologia, o que acaba desenvolvendo uma competição desnecessária entre essas áreas do conhecimento por recursos limitados. Com a palavra:

A necessidade de cooperação entre profissionais que trabalham com a informação tem sido reconhecida por indivíduos e instituições de todo o mundo, envolvidos com tais atividades. Com o agravamento das condições econômicas, tornou-se ainda mais necessário um esforço no sentido de identificar pontos comuns que pudessem levar a uma maior cooperação entre diferentes tipos de profissões e instituições envolvidas com a aquisição, preservação, organização e comunicação da informação (MUELLER, 1984, p. 157).

 

Conforme Mueller (1984, p. 164), o que se deseja não é integrar os diferentes cursos ligados à informação, mas que esses profissionais tenham uma ampla visão e treinamento diversificado, que aproxime uma área das demais, identificando semelhanças que possibilitassem estabelecer um núcleo comum básico de formação profissional. Assim, a formação desses profissionais da informação seria otimizada.

Retomando as questões tecnológicas, Robredo (1984) enxerga como algo que irá agregar valor ao desenvolvimento das atividades informacionais, visto que o bibliotecário poderá utilizar os produtos gerados em processos automatizados com o uso do computador em quase toda as etapas do ciclo informacional. No que se refere aos serviços bibliográficos automatizados, Gomes (1982) afirma que os bibliotecários desenvolveram suas atividades distanciados dos pesquisadores, quando, na verdade, deveriam reunir-se conforme suas áreas de interesse, a fim de haver melhorias na prestação e no desenvolvimento dos serviços de informação.

Ainda em relação ao contexto de formação dos bibliotecários, Cavalcanti (1985, p. 137) expressa: “A nossos alunos - bibliotecários de um futuro que se prenuncia usuário da telemática - deve ser dada a possibilidade de apreender o espírito da informática, transformando-se, ao mesmo tempo, em alguém que saiba pensar e raciocinar”. Paranhos (1985) entende que a informática vem provocando um repensar da atividade e da formação do bibliotecário e que o ensino deve combinar o caráter prático e experimental com o teórico.

Cavalcanti (1985) e Cunha (1985, p. 2) veem a informática como uma grande aliada nas atividades biblioteconômicas, em que o bibliotecário poderá usufruir de uma nova ferramenta de trabalho, cuja potencialidade não foi totalmente explorada e utilizada. Ainda de acordo com esse autor, em algum tempo, o uso da informática possibilitará aos bibliotecários brasileiros a reativação do catálogo coletivo de livros, serviço que funcionou até meados da década de sessenta e foi interrompido por diversos motivos, inclusive, de limitações tecnológicas (CUNHA, 1985).

Com esse alerta, fica implícito que o bibliotecário deve estar aberto às transformações ocorridas em seu meio e se atualizar constantemente, acompanhando as tendências do conhecimento na área em que atua e buscando a educação continuada que é vital para seu fazer profissional. Segundo Cunha (1984, p. 149), com as mudanças ocorridas na sociedade, o bibliotecário deve se manter atualizado “e incorporar novos conhecimentos, a fim de que possa exercer bem o seu papel social nesse cenário tão dinâmico”, pois é de sua responsabilidade o seu desenvolvimento profissional que impacta positivamente tanto na instituição quanto na comunidade a que atende. 

De acordo com Cunha (1984, p. 154), além de serem os responsáveis pelas organizações profissionais, os bibliotecários “devem investir em si próprios, assim como mostrar, divulgar e estimular tais organizações a oferecerem programas e facilidades que objetivem o desenvolvimento profissional”. Apesar de os bibliotecários terem ciência da importância da educação continuada, nem sempre podem participar dela, devido a diversos fatores, como a falta de interesse nos cursos ofertados e a não liberação da instituição. Convém lembrar que essas formações devem “atender a necessidades mais prováveis no seu ambiente de trabalho ou a anseios pessoais” (CUNHA, 1984, p. 154). Neves (1987) também compartilha do mesmo pensamento de que os bibliotecários precisam se reciclar constantemente, a fim de que consigam atuar no espaço informacional de forma eficaz e eficiente. Porém, essas reciclagens não têm sido realizadas tanto quanto necessárias devido ao número reduzido de profissionais atuantes nas bibliotecas brasileiras.

Na busca por definir as funções dos bibliotecários, é notável o alargamento do seu campo de trabalho, pois “vai muito além dos limites da biblioteca, uma vez que esse profissional domina as metodologias de tratamento manual e mecânico da informação e documentos de qualquer natureza” (VIEIRA, 1983, p. 178). Quanto aos papéis do bibliotecário, a autora menciona cinco:

[...] o técnico (catalogação, classificação, etc.), o de profissional da informação ou de agente social da informação (mediador entre o conhecimento e a sociedade), o de administrador (administração dos recursos materiais e humanos da biblioteca), o de agente cultural (preservação da cultura local e da memória nacional) e o de agente sócio-político (informação com fins de conscientização, apoio individual e para mudança social) (VIEIRA, 1983, p. 182).

 

Maciel (1985) também faz menção à função social do bibliotecário que,

além de atuar como destacado colaborador do homem da ciência, dos pesquisadores, dos intelectuais, dos estudantes, dos artistas, propicia as condições de acesso ao imenso tesouro das mais variadas formas de expressão da inteligência e da sensibilidade humanas. Nesse importante aspecto, vale ressaltar a convergência de objetivos que aproxima a missão do político do ofício de bibliotecário: ambos se voltam para o interesse da comunidade, para o interesse público, realizando, assim, a plenitude de suas vocações (MACIEL, 1985, p. 10).

 

Ademais, registramos os discursos sobre a responsabilidade social do bibliotecário, que é de, sobretudo, disponibilizar o acesso aos acervos e ao conhecimento, com foco nas pessoas (não apenas na elite, na classe dominante, na classe média) e na mudança social, no desenvolvimento e no bem-estar da comunidade (MACIEL, 1985; SOUZA, 1986; TSUPAL, 1987, VERGUEIRO, 1988). Segundo Breglia e Gusmão (1986, p. 21), “o bibliotecário está voltado para um propósito social: auxiliar na transferência do pensamento organizado de uma mente para outra”. “Eles teriam como função suprir as necessidades de informação dos agentes, subsidiando a pesquisa com o fornecimento de material necessário ou provendo orientação para recuperá-lo”. De acordo com os autores, tanto a biblioteca quanto o bibliotecário “têm importante papel social a desempenhar”, no entanto, “esse papel social não é exercido em nível de detalhamento” (BREGLIA; GUSMÃO, 1986, p. 22).

O artigo de Mueller (1989) faz uma alusão à função mais antiga do profissional bibliotecário, que é a de guardar e preservar a produção do conhecimento humano, e a biblioteca é o lugar ideal para guardar esses registros. Outra função atribuída ao bibliotecário é a de dar suporte à educação formal. “O bibliotecário, visto como um professor informal, é responsável pelo uso correto do acervo e, principalmente, pelo aprimoramento da mente dos usuários da biblioteca [...](MUELLER, 1989, p. 65). Ademais,

Outra interpretação bastante difundida da missão profissional percebe o bibliotecário como responsável pelo fornecimento de fontes e itens de informação aos seus usuários. Seu papel é responder indagações, suprir informações, e outras atividades de suporte, sem que esse trabalho envolva intenção de transferir ao usuário responsabilidade ou mesmo capacidade pela busca de informações (MUELLER, 1989, p. 66).

 

Fica evidente a questão do bibliotecário como um sujeito responsável por tornar acessíveis os registros do conhecimento armazenados nas bibliotecas. Contudo, é preciso compreender que “o bibliotecário ligado no processo certamente arrisca uma síntese ao apreender o seu objeto, transformando-o e transformando-se” (MOSTAFA, 1983, p. 223). Para Tsupal (1987) e Vergueiro (1988), o bibliotecário deve colaborar com a formação cultural do usuário da biblioteca e garantir sua liberdade de pensamento. Importante destacar essa atenção conferida ao usuário, em que “o bibliotecário não pode olvidar o valor da pessoa humana que representa o sujeito da Biblioteconomia” e “a relação dialogal entre usuário e biblioteca evitaria a coisificação do usuário e a despersonificação do bibliotecário” (TSUPAL, 1987, p. 163).

Ressalte-se, todavia, que, apesar dessa conscientização do papel do bibliotecário, também se compreende que o profissional não deve tomar partido em sua prática profissional, mas se mostrar apolítico e neutro.

 

A neutralidade do bibliotecário, entretanto, não significa algo passivo, moralmente amorfo e desprovido de valores em relação da educação, formação e realização do indivíduo, mas sim uma postura profissional que garante a liberdade do pensamento de outrem (TSUPAL, 1987, p.158).

 

Para Vergueiro (1988, p. 213), que também escreve sobre esse sujeito apolítico e neutro, “o bibliotecário não deve ser, em sua prática profissional, nem de esquerda, de direita ou de centro, devendo ser totalmente apolítico e neutro”. Contudo, a neutralidade não pode ser alcançada quando se refere ao exercício profissional do bibliotecário que age de modo intencional. Não há neutralidade no fazer, nas técnicas nem nos instrumentos que são uma criação humana. De maneira contraditória, essa reflexão já aparecia no texto do próprio Vergueiro (1988, p. 207), em que ele diz que “a Biblioteconomia não é neutra ou simplesmente um conjunto de técnicas desvinculadas da sociedade em que ocorrem”. E quando o autor se refere ao bibliotecário como um sujeito predominantemente vinculado à classe média e aos seus valores burgueses, em uma sociedade capitalista, isto é, uma luta de classes que tende a privilegiar uma parcela da população, notadamente é exposta a questão da classe que está longe de ser neutra, imparcial ou apolítica.

Por fim, o autor chama atenção para a importância dos bibliotecários e recomenda que estes profissionais devem estar voltados para a cultura popular e para as camadas sociais menos favorecidas, portanto, “ao lado do povo”. Efetivamente, é possível ver uma força na exposição de ideias mais críticas, mais ancoradas socialmente, conformando um conhecimento teórico acerca da Biblioteconomia e sua missão social. O distanciamento da realidade nacional, dos problemas e das mazelas do país em desenvolvimento, ecoa nos Cursos de Biblioteconomia, discussão que vem sendo travada desde o estabelecimento de um modelo amorfo para as reais demandas. Assim, dessa década de 1980, é possível encontrar alguns poucos artigos que se alinham a uma dimensão mais social e humana da Biblioteconomia, tal como em alguns artigos publicados na década anterior (TANUS; OLIVEIRA; ARAUJO, 2022).

 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O enfoque ressaltado nesta pesquisa foi a descrição analítica dos artigos escritos pelos autores brasileiros da área da Biblioteconomia e da Ciência da Informação durante toda a década de 1980. Especificadamente, voltamos nossa mobilização para a Revista de Biblioteconomia de Brasília - RBB (1973-2001), uma das pioneiras no campo de estudos biblioteconômicos e que publicou diversos trabalhos de pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Embora tais produções abarquem diversos tópicos versados em questões ligadas ao campo da Biblioteconomia, centralizamos nosso objetivo em analisar duas categorias estabelecidas a priori: as bibliotecas e os bibliotecários.

As discussões dessa época foram marcadas por temas como informatização, mecanização, entrada dos computadores e, por sua vez, técnicas de introdução da automação nos processos bibliotecários e outros equipamentos tecnológicos nos ambientes das bibliotecas, que promoveram reflexões sobre as bibliotecas e seus profissionais, bem como no ensino e na própria Biblioteconomia. Assim, nesse momento marcado pelas tecnologias, “[...] a Biblioteconomia, como ciência responsável pela administração da memória social do homem, deverá ter na informática sua principal aliada e colaboradora” (ZANDONADE, 1984, p. 6), o que reflete também nas relações interdisciplinares acadêmicas e profissionais, a começar pelos analistas de sistema.

Destarte, a informação, como objeto de estudo e de trabalho, também ganha espaço nas discussões e é apresentada como um elemento de desenvolvimento e de progresso no país. A importância da infraestrutura governamental para o provimento da informação, por meio dos serviços de informação e das indústrias de informação associadas ao setor quaternário, marca uma “nova ordem da informação” (ROBREDO, 1986). As bibliotecas e as escolas, por exemplo, estão dentro das “indústrias da educação”, que, por sua vez, estão dentro da “indústria do conhecimento”, as quais têm a informação como fator de desenvolvimento e de poder, tônica da “sociedade da informação” (ROBREDO, 1986, p. 65). Portanto, não é atípico encontrar pontos de vista de que a informação é poder, um caminho para a democratização (SILVA, 1986b), um direito de todos, e entendida como recurso econômico, social e político (BREGLIA; GUSMÃO, 1986).

Como a biblioteca é um espaço que trabalha com os registros do conhecimento em vários suportes e formatos, elas desempenham um papel importante no acesso e na democratização da informação e do conhecimento. Aos bibliotecários, ora designados de profissionais da informação, fica clara também a responsabilidade social diante dos inúmeros desafios que são postos em um país marcado pelas desigualdades sociais. Nessa direção, convém destacar as críticas realizadas em torno de um classismo do bibliotecário que tende a reproduzir as ideias dos grupos dominantes (VERGUEIRO, 1988). Souza (1986b, p. 96) refere que “a Biblioteconomia, no Brasil, está eivada de acomodação e conservadorismo, falta de profissionalismo e muitos outros vícios que fazem dela uma inocente útil ao sistema reinante”. Uma literatura científica que despontou como uma “Biblioteconomia crítica”, ao desvelar a manutenção de uma pretensa ordem social, as desigualdades do país, e que convoca os bibliotecários a repensarem sua função e ação com vistas a transformar a realidade social e a focar nas comunidades, nas pessoas.

Há uma diversidade de autores brasileiros que publicaram na revista na década investigada, notadamente, houve um crescimento de artigos quando comparado com a década anterior. É possível encontrar também autores de outras nacionalidades que tiveram seus artigos traduzidos para o português, o que revela uma influência e um interesse da comunidade brasileira nos estudos de: Lester Asheim, Herbert Goldhor, Guy Garisson (Estados Unidos); Salvatore Carbone (Itália); Álvaro Agudo, Virgínia Betancourt (Venezuela); F. W. Lancaster, T. D. Wilson (Inglaterra), Stephen Parker (Inglaterra?).  De modo geral, tratar da análise dos discursos da Biblioteconomia pode ser um percurso bastante proveitoso quando se direciona a compreender o que pode ser construído com a vastidão de conhecimentos que essa área científica tem a oferecer. São múltiplas as oportunidades de externalizar os entendimentos obtidos a respeito de seu trajeto desafiador ante ao cenário brasileiro e que sinalizam o momento de realização e construção discursiva da realidade, em especial, do desenvolvimento da Biblioteconomia brasileira.

 

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APÊNDICE: Artigos analisados na íntegra

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[1] Professora do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Mestra e Doutora em Ciência da Informação (UFMG). Trabalhou como bibliotecária do Sistema de B

2,3 Estudantes de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Bolsista de Iniciação científica no projeto intitulado "Discursos contemporâneos da Biblioteconomia", vinculado ao Departamento de Ciência da Informação (DECIN-UFRN).

[3] O estudo de Ribeiro (1986) traz a informação de que é considerado o primeiro estudo de usuários aplicado à Biblioteca Pública no Brasil. A pesquisa foi solicitada pela Prefeitura Municipal de Recife, que objetivava instalar uma biblioteca popular (biblioteca pública) no Bairro da Encruzilhada. A intenção era de verificar os hábitos de leitura da população do bairro, seu grau de instrução, as preferências por determinados tipos de publicação e espécie de literatura, o interesse despertado pela iniciativa bem como o horário julgado mais conveniente para frequentar a biblioteca e o local escolhido para sua localização.

[4] Ementa: Automação dos processos gerenciais nas bibliotecas. Aspectos práticos de organização dos sistemas de aquisição e empréstimos. Catálogos automatizados. Controle automático do uso de acervo.

[5] Ementa: Automação dos serviços de bibliotecas e centros de documentação. Aspectos práticos de automação de serviços e sistemas de informação. Diversos aspectos de recuperação automatizada de informação.