DOCUMENTAÇÃO NO BRASIL

presença do pensamento de Paul Otlet na Revista do Serviço Público

 

Giane da Paz Ferreira Silva[1]

Universidade Federal de Pernambuco

Giane.silva@ufpe.br

Marcos Galindo Lima[2]

Universidade Federal de Pernambuco

galindo@ufpe.br

Murilo Artur Araújo da Silveira[3]

Universidade Federal de Pernambuco

muriloas@ufpe.br

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Resumo

Esse estudo apresenta os conceitos de documento e documentação propostos por Paul Otlet (1868-1944) presentes no âmbito da Revista do Serviço Público (RSP).  Publicada desde 1937, a RSP contempla artigos nas áreas de Administração e Gestão pública, Políticas públicas e Economia do setor público, sendo considerada um importante veículo de informação no Brasil, contemporâneo ao período de efervescência do pensamento de Otlet. A pesquisa consiste numa Revisão Sistemática de Literatura (RSL) com análise documental da RSP no período entre 1951 e 1975. Como procedimento de seleção dos artigos, utiliza o protocolo de pesquisa RSL elaborado por Valentim (2020). A partir do corpus de análise dos textos recuperados identifica os artigos que apresentam os conceitos de “documento” e “documentação” segundo Otlet, bem como os elementos constitutivos sobre o cenário da documentação no Brasil, na perspectiva da publicação de autores brasileiros na RSP, concluindo que os trabalhos analisados contemplam e ampliam a temática da Documentação com importantes reflexões de Otlet para a Ciência da Informação no Brasil.

Palavras-chave: Documentação no Brasil. Paul Otlet. Revista do Serviço Público.

DOCUMENTATION IN BRAZIL

presence of Paul Otlet's thought in the Revista Serviço Público

Abstract

This study shows Paul Otlet's (1868-1944) concepts of documents and documentation from publications present in the periodical Revista do Serviço Público (RSP). Published since 1937, the RSP published papers in the areas of Public Administration and Management, Public Policies and Public Sector Economics, being considered an important vehicle of information in Brazil, at the same period of effervescence of Otlet's thought. The research consists of a systematic literature review (SLR) with a documental analysis of the RSP from 1951 to 1975. SLR research protocol, developed by Valentim (2020), is used for selecting articles. Based on an analysis of the recovered texts, it identifies articles which present Otlet's concepts of "document" and "documentation", as well as the constitutive elements of the Brazilian documentation scenario from the perspective of Brazilian authors publishing in RSP, considering the work analyzed, it is concluded that the publications reflect upon and expand the theme of Documentation with important reflections by Otlet for Information Science in Brazil.

Keywords: Documentation in Brazil. Paul Otlet. Revista do Serviço Público.

 

1 INTRODUÇÃO

A história nos mostra um século XIX marcado por fortes acontecimentos como o aperfeiçoamento da máquina a vapor, a invenção das locomotivas, a construção de ferrovias e outros grandes inventos. Esse cenário mundial impulsionou o enriquecimento e desenvolvimento tecnológico, contribuindo para que cientistas e pesquisadores desenvolvessem máquinas, equipamentos elétricos e veículos de comunicação, tais como o telégrafo, o telefone, o cinema e o rádio. Na perspectiva da ciência, esse se foi o século de grande especialização do saber e das descobertas científicas.

Nesse contexto de desenvolvimento do saber, também houve grandes transformações no campo da Bibliografia e da Biblioteconomia. Paul Otlet é uma figura marcante dessa época pela sua incansável busca por soluções para dar conta do conhecimento produzido no mundo inteiro, visando seu registro, armazenamento e difusão. De nacionalidade belga, Paul Otlet era um advogado, bibliógrafo, internacionalista que defendia a universalização do acesso ao conhecimento como caminho para a paz mundial. 

Segundo Rayward (1975) as ideias de Otlet estavam pelo menos cinqüenta anos à frente de seu tempo. Assim, de forma bastante visionária, Otlet juntamente com seu amigo Henri La Fontaine, se dedicaram a estudos e iniciativas para criar alternativas teóricas e soluções práticas para o problema da documentação, resultando no estabelecimento de um campo do conhecimento, no final do século XIX: a Documentação. Nos dias atuais, afirma Rayward (2020) que as ideias de Otlet profetizavam nas tecnologias digitais, a Internet, o hipertexto e a Wikipédia.

Contudo, diferentemente de outras áreas do conhecimento, a Documentação já trouxe em sua origem uma forte relação com o documento. Esse campo, então, que se volta aos múltiplos suportes, está relacionado com as informações contidas nos variados documentos, independentemente da instituição ser arquivo, biblioteca ou museu. Logo, o conceito de documento é consolidado por Otlet ao afirmar que documento “abrange não apenas o livro propriamente dito, manuscrito ou impresso, mas também revistas, jornais, textos escritos e reproduções gráficas de qualquer espécie, desenhos, gravuras, mapas, esquemas, diagramas, fotografias, etc.” (OTLET, 1934, p.11).

Na visão de Otlet, o momento que estava sendo vivido, à época, se caracterizava por tendências que exigiam

organização e racionalização de métodos e processos, emprego de máquinas, cooperação, internacionalização, significativo desenvolvimento das ciências e das técnicas, preocupação em aplicar as informações ao progresso das sociedades, extensão da educação a todos os níveis, aspiração e vontade latente de dotar todas as sociedades de maiores alicerces intelectuais e de orientá-las de modo planejado. (OTLET, 2018, p. 3).

 

Na solução proposta por Otlet, o objetivo era coordenar toda informação produzida e registrada pela humanidade sob todos os pontos de vista, inclusive ultrapassando limites como o tempo, a região ou alíngua. Por essa razão, Rayward na apresentação da versão traduzida do Tratado de Documentação para a língua portuguesa, afirma que o legado de Otlet

[…] foi, de fato, muito mais do que os caóticos despojos de suas várias organizações. Sepultadas na montanha de seus escritos e de toda a documentação que a ele sobreviveram encontram-se importantes ideias e relações intelectuais. A passagem do tempo permite-nos agora escavar e desenredar essas ideias e relações da expressão institucional que lhes foi dada durante sua vida. (RAYWARD, 2018, p. xiii).

 

Em plenos séculos XX e XXI, a retomada do pensamento de Otlet e do termo ‘documento’ como objeto de estudo da Ciência da Informação, aparece a partir de consagrados autores como Buckland, Rayward, Day e Frohmann. Essa terminologia é revisitada porque o conceito de “informação”, com a ênfase que era estudado anteriormente, não dava conta de establecer relações com seus contextos, sejam políticos, sociais, históricos ou culturais (ZAMMATARO; ALBUQUERQUE, 2021; BUCKLAND, 1991; RAYWARD, 1975; DAY, 2001; FROHMANN, 2006).

Frhomann, como expoente do “neodocumentalismo”, explica que é por meio dos documentos que a informação se materializa, tornando-se pública e social (FROHMANN, 2006). Logo, são atribuídos à informação, aspectos como materialidade, institucionalidade, ideia de agencia autônoma dos documentos e historicidade. Corroborando com Frhomann, Ortega e Saldanha (2017) consideram que o documento carrega em si uma estrutura envolta em relações de poder e, ao mesmo tempo, rebate discursos hegemônicos, contrapondo a imparcialidade atribuída em sua produção e existência, como fora proposto inicialmente por Otlet. 

Nesse entendimento, Saldanha (2012) complementa ainda que esse atributo simbólico ao documento, traz na verdade a ideia de materialidade, e esse foco não está no registro físico, mas no que de fato se extrai do documento.  Considera-se então que o documento é documento pelas seguintes razões: primeiro, porque ele foi documentado, e isso se deu numa perspectiva baseada nos estudos de Paul Otlet e Suzanne Briet, precursores dos estudos com os documentos; segundo, porque ele foi consultado e/ou apropriado por um sujeito e, por último, porque foi considerado, simbolizado, a partir da linguagem. Então, por considerar que nas últimas décadas, a Ciência da Informação tem feito reaproximações com a documentação retornando ao conceito de documento, no movimento denominado “neodocumentação”, torna-se profícua e necessária a revisitação a autores clássicos da Documentação como Paul Otlet e Suzanne Briet.

Esse cenário delineou o problema de pesquisa: Como se configuram os registros sobre o pensamento de Paul Otlet, em especial os elementos históricos e biográficos sobre documento e documentação, na literatura publicada na Revista do Serviço Público (RSP), no período de 1951 a 1975? O problema em tela considera o espaço temporal escolhido propício, especificamente, por permitir fazer aproximações com o pensamento de Otlet e o surgimento da Ciência da Informação no Brasil. Outro elemento importante para a escolha da RSP é por ser um veículo de comunicação científica de excelência nas áreas das Ciências Sociais.

Então, por considerar que nas últimas décadas, a Ciência da Informação tem feito reaproximações com a documentação retornando ao conceito de documento, no movimento denominado “neodocumentação”, a partir da revisitação a autores clássicos da Documentação como Paul Otlet e Suzanne Briet, o objetivo deste artigo é identificar como o pensamento de Paul Otlet sobre documento e documentação estiveram presentes na Revista do Serviço Público (RSP), importante veículo de divulgação do saber na esfera pública, contemporânea a Otlet.

 

2 REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO

O periódico científico surgiu no século XVII, inicialmente como expressão formal para os debates científicos e trocas de correspondências entre os pesquisadores, com o compromisso de divulgar o conhecimento produzido, na academia ou em qualquer ramo da esfera pública. Nas últimas décadas, uma das mudanças mais impactantes foi a transição dos periódicos do formato impresso para o eletrônico a partir do uso intensivo de tecnologias, sobretudo, pela facilidade de acesso a informações e temas atualizados.

            Na perspectiva da Ciência da Informação (CI), Silva (2012) reforça que os periódicos científicos são temas recorrentes de debates pelo seu papel na comunicação científica, ou ainda pelos múltiplos aspectos envoltos em seu processo de gestão. No campo da Ciência da Informação nos anos pós-guerra, o domínio da gestão da informação destacou-se como um aspecto de atuação complexo, pelos problemas que apresenta. Nesse sentido, um olhar sobre os periódicos brasileiros que surgiram no período de efervescência da Segunda guerra mundial, poderá trazer importantes contribuições para o entendimento do surgimento da CI em nosso país.

Criada em 1937, a Revista do Serviço Público (RSP), ao longo de uma trajetória de mais de 85 anos, iniciou suas atividades publicando textos voltados para análise e discussão da gestão pública. Durante esse período de existência, a RSP sofreu a primeira interrupção no ano de 1975, retornando só a partir dos anos 1980.  Na década de 1990 sofreu nova interrupção e sua periodicidade também sofreu variação ao longo desse tempo, mas, desde 1998, vem publicando trimestralmente. Em 2020, a Revista do Serviço Público (RSP) procede à interrupção da publicação impressa, optando unicamente pelo formato digital.

Atualmente a RSP é responsável por divulgar pesquisas de qualidade sobre administração e gestão pública, políticas públicas e economia do setor público, além de disseminar conhecimentos e estimular a reflexão e o debate, apoiando o desenvolvimento dos servidores, o compromisso com a cidadania e consolidação de uma comunidade de praticantes, especialistas e interessados.

Diante do exposto, o objetivo deste artigo é identificar a presença do pensamento de Paul Otlet sobre documento e documentação em artigos publicados na Revista do Serviço Público (RSP) de 1951 a 1980.

Interessa a pesquisa sobre a difusão do pensamento de Otlet para o campo da Ciência da Informação no Brasil porque é fundamental situar os níveis de compreensão da comunidade científica e profissional sobre seus postulados teóricos e práticos. Mais ainda, é importante dimensionar as contribuições efetuadas para verificar os caminhos percorridos e os fragmentos esquecidos, refletir sobre as práticas realizadas e posicionamentos teóricos dos praticantes da Documentação em seus primórdios no país. Por fim, é fundamental a pesquisa porque traz à luz da discussão existente no campo, as contribuições da Revista do Serviço Público, objeto deste texto, como instrumento de disseminação do pensamento de Otlet em ambientes acadêmicos e profissionais.

Por meio de uma Revisão Sistemática de Literatura (RSL), utilizando o Protocolo RSL de Valentim foram reunidas e apresentadas as publicações que tratam dos conceitos e ideias propostos por Otlet acerca de documento e documentação (VALENTIM, 2020).  A partir da pré análise da RSP foram explorados os conteúdos da revista, disponibilizados em formato eletrônico[4], identificando nos fascículos temas referentes a “Arquivo”, “Bibliotecas”, “Biblioteconomia”, “Ciência da Informação”, “Documento”, “Documentação”, “Informação”, “Museologia”, “Paul Otlet”, “Repertório Bibliográfico” e “Tratado de Documentação”, os quais em seguida foram interpretados por meio de uma análise documental e cronológica.

Considerando que a análise documental também implica numa análise de conteúdo e constitui-se em fonte preciosa para resgatar os marcos históricos, enquanto método, esse tipo de procedimento viabilizou a análise e conhecimento das publicações da RSP, a partir de um recorte temporal, que colaborou também para mapear o cenário da documentação no Brasil.

A materialização desse estudo decorre do entendimento de que a RSP foi, à época, um importante instrumento para divulgação do pensamento de Paul Otlet. Ao longo demais de 85 anos, a RSP vem cumprindo seu papel como fonte documental relevante para o estudo sobre o Estado e o serviço público brasileiro. Por essa razão, pode ser entendida como um organismo cultural, como instrumento de representação coletiva, ou ainda, como parte basilar no processo de planejamento e disseminação da informação no país.

 

3 DOCUMENTAÇÃO NO BRASIL NA PERSPECTIVA DA RSP (1951 a 1975)

Durante três décadas, perpassando pelos anos de 1951 a 1975, vários autores brasileiros deram suas contribuições para a Ciência da Informação a partir do registro de suas produções na Revista do Serviço Público. Analisando essas publicações é possível contextualizar a documentação no Brasil, bem como o surgimento da CI, a partir dos cenários que se seguem.

 

3.1 A RSP NO CENÁRIO DA DÉCADA DE 1950

No inicio da década, em 1951, Lydia de Queiroz Sambaquy publica o artigo “Catalogação cooperativa e catalogação centralizada”. Nesse artigo, a autora apresenta o conceito de catalogação cooperativa e centralizada e faz uma exposição sobre a catalogação nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil. Nesse ano, sob a tradução de Sylvio do Valle Amaral, é publicado o “Código de Ética para bibliotecários”, baseado na versão adotada pelo Conselhoda American Library Association (ALA) em dezembro de 1938.

Em 1952, Espírito Santo Mesquita publica três artigos, “Elementos de documentação”,Objeto, conceito e meios de documentação” e Atividades dos órgãos de documentação administrativa”. No primeiro e segundo artigo, Mesquita apresenta os conceitos de Documentação na visão de Otlet. Esses conceitos serão descritos e analisados na seção 4, deste artigo. No artigo “Atividades dos órgãos de documentação administrativa” Espírito Santo Mesquita fala sobre o conceito da atividade, os processos e propósitos, assim como instrumentos, áreas de ação e recursos potenciais da documentação. Ary Seixas publica o artigo “A Biblioteca Nacional e seus problemas”, destacando os principais problemas enfrentados pela instituição desde sua fundação, em 1810 até o ano de 1952,envolvendo a construção da nova sede, o déficit de pessoal para atualização de catalogação do acervo e a definição damissão da Biblioteca Nacional.

Ainda em 1952, Patino e Silva publicaram o artigo Base financeira para o desenvolvimento de um serviço regional de bibliotecas” que trata da definição e planejamento de sistemas regionais de bibliotecas e suas características. Outro tema importante tratado pela   o direito autoral, com a publicação “Problemas do direito autoral” de Oliveira e Silva abordando questões dos direitos autorais em função da comunicação desenvolvimento do cinema, radiodifusão e televisão. Nesse artigo o autor discute ainda a Convenção de Berna; o prazo de proteção do Direito Autoral; o direito moral e econômico do autor e o Congresso de Amsterdam, realizado em junho de 1952. Fechando o ciclo, Santos Trigueiros publica O museu, órgão de documentaçãodiscutindo um novo conceito de museu com uma função mais dinâmica e como órgão de documentação responsável por promover estudos e pesquisas.

No ano de 1953, no artigo Empréstimo Interbibliotecário”, Myriam Gusmão Martins apresenta a problemática do sistema de empréstimo entre bibliotecas tecendo sobre a ausência de biblioteca especializada, racionalmente organizada em toda a região Nordeste do Brasil, assim como de uma bibliografia sistematizada de caráter científico ou técnico. Por fim, destaca que, em outubro de 1948, a Faculdade de Direito do Recife iniciou a reorganização da primeira biblioteca especializada da região e conclui o artigo com alguns questionamentos acerca do empréstimo interbibliotecário.

Benedicto Silva, em 1953, no artigo “A necessidade de terminologia especializada de administração pública em Português e Espanhol” aborda a importância da criação de um vocabulário especializado moderno na área da Administração para acessar os novos conhecimentos, ideias, conceitos e doutrinas da área de Administração. Ainda em 1953, Edson Nery da Fonseca ao publicar o artigoA Classificação Decimal de Melvil Dewey”, faz uma análise acerca das modificações da 15ª edição da Classificação Decimal de Dewey em homenagem ao centenário de nascimento de Dewey. Por sua vez o autor M. V. Torres publica o artigo “Apontamentos de Arquivística”.

Com relação às comunicações recuperadas em 1954, cabe destaque ao artigo de Herbert Coblans e Maria Elisa P. Baptista intitulado “O trabalho bibliográfico da UNESCO” que reúne os resultados da Conferência sobre o Desenvolvimento dos Serviços Bibliográficos, em novembro de 1950, pela UNESCO. Helenyr Coutinho, no artigo “Documentação, instrumentos e técnicas” traça um panorama histórico da documentação do período de 1850 a 1950 e evidencia a presença de Otlet como apresentado mais adiante na seção 4. Ainda em 1954, o artigo intitulado “Os instrumentos e as técnicas de documentação”, de Maria Carolina Motta Minelli apresenta definições de documentação, por autores como Bradford, Ditmas, Clapp e Mortimer Taube. Em seguida, apresenta o conceito e a finalidade do termo Documentografia, bem como apresenta as técnicas de documentação comuns aos Centros de Documentação. Minelli também faz referencia a Otlet conforme tratado na seção 4.

Ophelia Vitória Vesentini em seu artigo “Contribuição ao estudo da documentação”, apresenta a evolução histórica da documentação e enfatiza os objetivos e conceitos da documentação na visão de Paul Otlet e Henri La Fontaine como será visto também na seção 4.  Vesentini, ainda nesse artigo aborda a documentação a serviço da informação e da educação, elencando características e funções de diferentes instituições como centros de documentação, museus, bibliotecas e serviços de documentação.

No conjunto dos trabalhos analisados em 1955, a publicação de Sylvio Corrêa de Avellar intitulada “Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD)” aborda a história e criação do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação. No mesmo ano, José A. Vieira, publica o artigo “Documentação e divulgação da agricultura no Brasil”, falando sobre as atividades de divulgação dos assuntos referentes à economia agrária realizado pelo Serviço de Informação Agrícola (S.I.A.) a partir da biblioteca.

Em 1955, o direito autoral é abordado novamente na publicação de Oliveira Silva “Direito Autoral e Contrato de Representação”. Ainda em 1955, no artigo “Que é o serviço de documentação do MTIC?” os autores Joel Silveira e Orlando Carlomagno Huguenin apresentam a estrutura, ações e fluxo de trabalho das seções que compõem o serviço de documentação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.

Por sua vez, J. Costa Ribeiro publica “A pesquisa científica e tecnológica no Brasil: energia atômica”, ressaltando os antecedentes históricos da pesquisa científica sobre energia atômica, a criação do Conselho Nacional de Pesquisas. Trata tambémde aspectos gerais sobre o problema da energia atômica; da criação, em 1951, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e descreve suas ações iniciais. Finalizando as publicações desse ano, Arnold Waldem “O conselho de pesquisas científicas e as ciências sociais” enfatiza a importância da criação de conselhos de pesquisas para as Ciências Sociais.

Na linha do tempo de 1956, coube destaque também ao editorial “Documentário” publicado na RSP que fez abordagem à importância da documentação para reconstruir a história e a memória de um indivíduo ou de um lugar.

Em 1957, Álvaro Pôrto Moitinho, em seu artigo “Código Universal de Classificação Universal”, indica correções e aperfeiçoamentos a serem introduzidos na Classificação Decimal Universal. Outra publicação “Formação de técnicos, cientistas e pesquisadores”, tratada importância da formação de técnicos, cientistas e pesquisadores como condição essencial para o desenvolvimento econômico de um país e a própria segurança nacional.

Nos textos publicados em 1958, o artigo “Novos métodos e técnicas de difusão do conhecimento” de Herbert Coblans e Maria Amélia Porto Miguéis apresentar os debates e conclusões da Royal Society Scientific Information Conference, em Londres, 1948. A Conférence Internationale sur l’analyse de documents scientifiques, 1949 e a Conférence sur l’amélioration des services bibliographiques, em 1950.

Em 1958, Lygia Nazareth Fernandes traduziu três importantes artigos, o primeiro de Léon Brillouin “Ciência da informação”, que destaca a informação como uma nova teoria científica, examina as bases da teoria da informação, seus limites e suas restrições, bem como analisa os métodos existentes e discute problemas que ultrapassam o quadro desta teoria. O segundo, de Jean-Claude Gardin “Problemas da documentação" que trata dos aspectos da extrema especialização das pesquisas com a separação das disciplinas da vida científica e da vida cotidiana e analisa ainda os instrumentos documentais que aceleram a aquisição de conhecimentos e os que visam guiar a pesquisa bibliográfica. E por último, o artigo “Sentido filosófico e alcance prático da cibernética” de Louis de Broglie que retrata a Cibernética como um novo ramo da ciência com origem nos trabalhos do matemático americano Norbert Wiener. No artigo a Cibernética faz uma profunda analogia entre informação e entropia.

Complementando as publicações de 1958, Beatriz M. de Souza Wahrlich escreve “Processos de informação da administração”, demonstrando os processos de informação utilizados pela Administração Federal Brasileira, com ênfase aos serviços de documentação e informação dos Ministérios, do Departamento de Departamento Administrativo  do  Serviço  Público (DASP); do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação; do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; Serviços de estatística dos Ministérios e do DASP e Fundação Getúlio Vargas.

Em 1959, Maria Vido publica “Biblioteca moderna e a documentação”, que enfoca a tendência da Biblioteca Moderna em se tornar um Centro de Documentação. Tais mudanças significam a necessidade de solucionar problemas referentes a projetos dos edifícios públicos, funcionários especializados, eliminação ou doação de documentos, documentos de valor administrativo, valor da pesquisa do documento e conservação dos documentos.

Nesse período, Barbara Kyle, em seu artigo “Problemas atuais da documentação e sua importância para a bibliografia das Ciências sociais”, traduzido por Maria Amélia Porto Miguel, apresenta um estudo realizado pelo Bureau of Unesco’s International Advisory Committee on Bibliography e pelo Executive Board sobre as chamadas “técnicas revolucionárias” no campo da bibliografia e da documentação. A pesquisa focou nos problemas da documentação no campo das Ciências Sociais sob o ponto de vista da organização e do uso do material existente.

Ainda em 1959, Maria Therezinha C.L. Oliveira publica como notas as atividades desenvolvidas pelo Serviço de Documentação do DASP, por sua vez, Fenelon Silva publica os artigos “Nomenclatura e terminologia da documentação” e “Metodologia da Documentação”. No primeiro artigo, o autor destaca a Documentologia, sua nomenclatura e os principais termos da Terminologia Brasileira de Documentação. No segundo, fala da importância de métodos específicos para o ensino da Documentologia.

Edson Nery da Fonseca, no artigo “Alguns equívocos em torno da Classificação Decimal Universal”, analisa e discorda de alguns aspectos do texto escrito pelo Professor Álvaro Porto Moitinho publicado pela RSP em maio de 1957. Ele traça também um histórico mais detalhado da CDU com novas reflexões. Fechando a produção desse período, o artigo “Administração Pública e os problemas da automação” trata do ensaio do Prof. Araújo Cavalcanti publicado na revista italiana La Scienza e La Técnica Delia Organizzazione Nella Publica Amministrazione, relativo aos problemas da automação detectados no âmbito dos serviços públicos.

 

3.2 A RSP NO CENÁRIO DA DÉCADA DE 1960

Essa década foi bastante efervescente para a Revista do Serviço Público, que inicia o ano de 1960 com a publicação do artigo “Bibliotecário e documentalista: uma divergência e um problema” de Lasso de La Vega, numa versão traduzida por Lygia N. Fernandes. Esse artigo traça um histórico minucioso sobre a figura do bibliotecário desde a Idade Antiga, passando pela Idade Média, Renascimento, Reforma, Absolutismo até chegar ao Século XIX e XX. O texto foca ainda aspectos da documentação, história, finalidade e produção e mostra a divergência entre bibliotecários e documentalistas, concluindo com uma possível solução.

No artigo “A biblioteca pública em relação à educação e cultura” de Maria Vido, são descritos os principais problemas criados pela biblioteca pública, bem como as vantagens e sua importância para Educação e Cultura.

Em 1960, a RSP publica também “Seminário Latino-Americano de Bibliografia”, texto que faz chamada para o Primeiro Seminário Latino-Ameriano de Bibliografia ressaltando a oportunidade de discutir os problemas relativos à bibliografia centro americana.

Ainda em 1960, são publicados os artigos “Documentação profissionalizada” de Fenelon Silvaque trata da formação, seleção e aperfeiçoamento do documentarista e “Reorganização Geral do Serviço de Documentação do Estado da Guanabara”, de Araújo Cavalcanti que é uma proposta de reestruturação do serviço de documentação do Órgão da Secretária-Geral de Administração do Estado da Guanabara.

Em 1961, Samuel H. Jameson, no artigo “Os aspectos humanos da Teoria da Organização”, apresenta a influência das relações humanas na teoria  da organização. Nesse mesmo ano, Lídia Sambaqui[5] contribui com o artigo “A missão das Bibliotecas Nacionais” descrevendo os objetivos das bibliotecas em geral, destacando em seguida as características especiais das tarefas executadas pelas bibliotecas e, por fim, as funções das bibliotecas nacionais. Maxcy Dickson, no artigo “O ciclo dos documentos” aborda a importância dos documentos para as instituições públicas, cita o ciclo documental desde sua criação, tipos, controle, destino e preservação, além de citar o arquivo e as causas do excesso de documentos.

No ano de 1962, o artigo “Importância da Biblioteca nos Programas de Alfabetização e Educação de Base” de Edson Nery da Fonseca tece uma reflexão acerca da ausência das bibliotecas nos programas de educação básica no Brasil.

Nas contribuições de 1963, o artigo “Doutrina da Informação” de Josias Argons aborda o conceito de informação de Sherman Kent, apresentando as fases do processo de elaboração mental da informação, o papel da informação, a importância da informação, as modalidades da informação, natureza da informação, categorias da informação e a informação estratégica. Em 1964, o artigo “O cérebro e a máquina” de Miranda Netto, discorre sobre a automação e a teoria da ‘‘ligação de retorno” ou ‘‘alimentação de retorno” mais conhecido como feedback e finaliza abordando a revolução dos computadores eletrônicos.

Em 1966, Edson Nery da Fonseca no artigo “Documentação no campo das Ciências Sociais”, apresenta as dificuldades de conhecimento da realidade latino americana em matéria de pesquisas em ciências sociais e da necessidade de uma coordenação entre instituições interessadas nesses documentos. Outro relato importante dessa época é o artigo “A documentação na Petrobrás” de Affonso Celso M. de Paula que historicia a documentação na Petrobrás, apresentando as funções e atribuições do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento, bem como o processo de organização e administração da documentação, desde a produção de documentos aos componentes do sistema documentário da Petrobrás.

Em 1968, coube registro para o artigo “Em Arquivologia e desenvolvimento” de José Pedro Esposel, que ressalta a importância da função dos arquivos nos processos de desenvolvimento das atividades da administração pública, considerados instrumentos auxiliares dos administradores na tomada de decisão.

No ano seguinte, em 1969, a publicação “Sistemas Nacionais de Documentação em Ciência e Tecnologia” de Launor F. Carterexpõeos problemas relativos ao tratamento das informações e documentos científicos e técnicos, compreendendo a formalização da responsabilidade do governo federal pela documentação científica e técnica; sistema que atenda às necessidades específicas de cientistas e pesquisadores; sistema para tratar e catalogar a quantidade crescente de documentos; inovações tecnológicas que não têm sido usadas pelas bibliotecas e necessidade de planejamento em longo prazo.

Encerrando o ciclo das publicações de 1969, o artigo de Benedicto Silva “O futuro ‘estatelante’ da documentação administrativa” estabelece relação entre informação e documentação; entre informação e administração e apresenta o ciclo da documentação e do processamento eletrônico da documentação.

 

3.3 A RSP NO CENÁRIO DA DÉCADA DE 1970

No ano de 1970, a bibliotecária Maria José da Luz V. M. de Oliveira traduz o artigo “A máquina eletrônica a serviço das Ciências Humanas”, de Dom Jacques Froger. No texto, Froger aborda o crescimento da documentação, faz referencia aos catálogos e bibliografias, concebendo que tal crescimento irá requerer uma complexidade de máquinas para a organização de toda essa informação. As categorias de máquinas incluem o fichário tradicional, a máquina mecanográfica e a máquina eletrônica. Ainda em 1970, Benedicto Silva ao publicar o artigo “A informação como apoio da ação administrativa” traz importantes considerações sobre a evolução do termo documentação na visão de Otlet, como será apresentado na Seção 4 deste artigo.

Em 1970, a bibliotecaria Maria José da Luz V. M de Oliveira traduz o artigo “Impacto do Computador nos Princípios de Administração” de Robert Parsons[6]. Nesse mesmo ano, a RSP, reúne na seção documento uma série de artigos sobre o tema informática. “A informática e o desenvolvimento” assinado pela RSP ressalta que o progresso de um país, não depende somente de sua estrutura econômica e social, mas também de sua capacidade de condução administrativa relacionada aos processos de informação e controle e aos mecanismos de decisão, sendo o Centro de informática catalisador desse desenvolvimento.

O artigo de Vicentini, “Informática”, traça um breve histórico sobre o surgimento do termo informática e cita Paul Otlet para indicar a derivação do conceito de informática dos conceitos de informação e documentação como será visto na Seção 4 deste artigo.

Vidal, no artigo “O que é a informática?”, apresenta a importância da informática na implementação de sistemas de informação para reorganizar as estruturas da administração pública e privada.  Por sua vez, Raul de Castro Moreira Capellão no artigo “Cibernética” trata do surgimento da Cibernética. Em outra publicação intitulada “Da Biblioteconomia à informática: evolução do conceito de documentação”, Vicentini volta a apresentar a evolução do conceito de Biblioteconomia, Documentação e Informática, citando varios conceitos de documentação incluindo os de Otlet, Bradford, Shera, Harlow, Briet, Ditmas e Taube (VICENTINI, 1970). Os conceitos são apresentados no quadro a seguir:

Quadro 1 – Conceitos de Documentação

Autor (a)

Conceito de Documentação

OTLET

Designa à ciência e as técnicas gerais do documento, o mesmo compreende não só os textos manuscritos ou impressos, qualquer que seja sua forma, assim como todos os sinais visuais e auditivos etc., suscetíveis de transmitir uma informação.

BRADFORD

“Arte de colecionar, classificar e tornar imediatamente acessível os registros de todos os tipos de atividades intelectuais.” 

SHERA

“Documentação é uma parte do conceito de organização bibliográfica, definida como tendo por finalidade a canalização dos registros gráficos do conhecimento para seus usuários, para todas as finalidades e em todos os níveis do saber, de modo a tornar máxima a utilização social de todos os registros das experiências humanas.”

NEAL HARLOW

“A palavra Documentação com a qual podemos estar pouco familiarizados no sentido em que é usada hoje em dia, é um termo geral e compreensivo, como bibliografia e comunicação. Está Intimamente ligado à Biblioteconomia, e pode, na verdade, ser incluído na mesma família de que a Biblioteconomia é membro.”

BRIET

“Documentação consiste de todos os índices concretos ou simbólicos, conservados ou registrados de novo, de modo a apresentar, reconstituir ou provar um fenômeno físico ou intelectual.”

DITMAS

“Documentação é o setor da bibliografia em que a principal preocupação é o aperfeiçoamento dos meios para a utilização ativa dos registros do conhecimento humano, em oposição à sua guarda.”

TAUBE

“Documentação é um complexo de atividades necessárias à comunicação de informações especializadas, incluindo a preparação, a coleção, a análise, a organização e a distribuição dos registros gráficos do conhecimento humano.”

Fonte: Os Autores, 2023.

 

Em consonância com a linha de publicações da Revista RSP, em 1971, Edson Nery da Fonseca escreve “Problemas de comunicação da informação científica”, apresentando a distinção entre comunicação para as massas e comunicação entre cientistas, ressalta a formação de bibliotecários especializados em informação científica e sua importância na pesquisa científica da bibliografia. O autor descreve ainda, as motivações econômica e especulativa da pesquisa bibliográfica, bem como a explosão bibliográfica e o bibliotecário do futuro, segundo Ortega y Gasset e Abraham Moles. No mesmo ano, no artigo “A tecnologia das redes de informática”, George J. Feeney examina a situação atual e perspectivas futuras da tecnologia das redes de informática.

No ano seguinte, em 1972, o artigo “O catálogo coletivo como instrumento de coordenação entre bibliotecas” de Fonseca, aborda a interdependência dos diversos ramos do conhecimento e da interdependência como condição das redes nacionais e internacionais de informação científica, apontando os catálogos coletivos como instrumentos de coordenação entre bibliotecas.

Em 1973, a publicação “Teoria e prática da análise documental” de Alcides de Albuquerque Reis e Silva tece considerações sobre o advento das Ciências da Informação estabelecendo uma nova técnica que adota métodos e sistemas para valorizar a Comunicação. O autor discorre ainda sobre a descoberta da valorização do pronunciamento individual nas mensagens grafadas do ponto de vista da análise documental, bem como os métodos de análise documental e a técnica de Análise de Conteúdo.

No artigo “Origem, evolução e estado atual dos serviços de documentação no Brasil”, Edson Nery da Fonseca apresenta o sentido amplo e restrito da documentação, assim como, os precursores brasileiros e o primeiro serviço de documentação, e o Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD).

Em 1974 o artigo de Edson Nery da Fonseca, “Documentação e segurança nacional”, descreve as implicações documentológicas do moderno conceito de segurança nacional, envolvendo todos os recursos da nação e não apenas a tecnologia militar; trata do conflito entre biblioteconomia e documentação através da disputa entre historiadores e sociólogos, bem como a dispersão de informações de interesse para a segurança nacional em revistas de múltiplas especializações, indicando o caráter interdisciplinar de um serviço de documentação destinado às forças armadas. No mesmo período, o autor publica “Sobre a (Inexistente) Rede Nacional de Bibliotecas exigida pelo SNICT”, detalhando as primeiras tentativas de estabelecimento de uma rede nacional de bibliotecas pautadas na catalogação cooperativa, nos catálogos coletivos e na aquisição centralizada que, segundo o autor, fracassaram por falta do espírito cooperativo.

No período de 1975 a 1980, houve interrupção da Revista do Serviço Público (RSP), portanto esse foi um dos motivos do estabelecimento do espaço temporal de análise da pesquisa. No entanto, vale ressaltar que, em 1981 a RSP teve sua publicação retomada pela Fundação Centro de Formação do Servidor Público (FUNCEP), sofrendo nova interrupção de 1990 a 1993 e passando a ser editada pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) até os dias atuais.

Como proposta desse estudo, a seguir é apresentada uma síntese sobre a presença de Otlet na Revista do serviço Público numa perspectiva de fazer aproximações como surgimento da Ciência da Informação no Brasil.

 

4 PENSAMENTO DE OTLET NA REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO

Ao iniciar a discussão sobre o pensamento de Otlet, é importante apresentar a linha do tempo desse intelectual visionário que marcou a história da Documentação, assim como a Ciência da Informação no mundo.

 

 

 

 

 

Figura 1 - Linha do tempo de Paul Otlet

Fonte: Pereira; Kroeff; Correa, 2018.

 

O marco temporal da pesquisa começa em 1951 e finaliza em 1975. Desse modo, a partir da análise dos dados, os resultados demonstraram que no período de 1951 a 1975, a RSP publicou 152 fascículos. Desse total, foram selecionados 66 documentos para análise por estarem dentro da temática estabelecida. Desse corpus, resultaram dez artigos que efetivamente deram enfoque às noções de documentação e documento propostos por Otlet no período de 1951 a 1975.

Inicialmente, em 1952, coube destaque aos dois artigos publicados por Mesquita. O primeiro deles, Elementos de documentaçãoabordou os elementos de documentação fazendo uma análise de seus amplos aspectos com comentários históricos caracterizando as fases de sua evolução e apresentando o conceito de documentação:

Na palavra de Paul Otlet, ela se apresenta, ainda, sob as formas passiva e ativa em todas as partes onde se fale, leia, ensine, estude, pesquise, colecione, divulgue, doutrine, informe, administre ou governe.  Seus órgãos são o museu, o arquivo, a imprensa, o cinema, a biblioteca, a unidade de estatística, etc., com todos os seus acessórios.  É tudo o que leva o conhecimento gratuitamente (dativa e ativa) ao indivíduo ou colete e guarde esse conhecimento (receptiva e passiva) (OTLET, 1946 apud MESQUITA, 1952a, p.40).

 

No segundo artigo, “Objeto, conceito e meios de documentação”, Mesquita faz uma análise do conceito de documentação de Henry La Fontaine e Paul Otlet dando ênfase à documentação como forma de livre acesso ao conhecimento e, por conseguinte ao progresso, mas o documentador é peça fundamental nesse processo.

[...] sendo a documentação a arte de criar esse livre acesso, isto é, de coligir, classificar e pôr à disposição de todos, com todos os meios de que possa lançar mão, as peças informativas referentes a todas as espécies de atividades, quer artísticas, técnicas ou científicas. Mas não é somente esse livre acesso às fontes de instrução e esclarecimentos que consiste na referida arte.  Cumpre ao documentador promover a divulgação, dando ao material que colige e classifica um cunho mais útil, imprimindo-lhe movimentação de modo que ele possa ir ao encontro dos indivíduos e não estes ao seu encontro, como o deseja Otlet (MESQUITA. 1952b, p. 44).

 

Mesquita menciona ainda, outro conceito de documentação segundo Otlet, publicado na edição de 1946 da RSP.

Documentação representa o processo pelo qual se pode fornecer ao homem que estuda, pesquisa, cria, inventa e produz, a literatura, os planos, os moldes, os exemplos, as fórmulas e as experiências passadas no respectivo setor de trabalho, avisando-o das realizações similares anteriores a fim de evitar que reproduza os erros já cometidos ou duplique — o que é nocivo, pelo menos em certas esferas — os esforços e as despesas que esses esforços acarretam (OTLET, 1946 apud MESQUITA, 1952b, p. 44).

 

Nesse artigo, o autor destaca ainda a necessidade de pôr em ordem o processo de aquisição, preservação, eliminação e distribuição de escritos incorporando também a produção, coleta e divulgação de todos os elementos informativos e instrutivos, quando afirma que para Otlet e La Fontaine, “a documentação teria por objeto tornar mais acessíveis os conhecimentos relativos a todas as épocas, regiões e setores de atividade, transformando-os, por meio da biblioteca e do arquivo, em patrimônio da comunidade universal” (DONKEN-DUYVIS, 1948 apud MESQUITA, 1952b, p. 44).

Helenyr Coutinho (1954), no artigo “Documentação, instrumentos e técnicas” traçou um panorama histórico da documentação do período de 1850 a 1950. Nele, a autora destacou Otlet e sua idéia de que “todo documento é o resultado de múltiplas operações e combinações''.

No mesmo ano, no artigo “Os instrumentos e as técnicas de documentação”, Minelli (1954) apresentou definições de vários autores sobre documentação, mas ressaltou que foi graças aos esforços de Otlet (1868-1944) que a documentação foi constituída sob o ponto de vista de síntese de domínios até então separados, conforme afirma a seguir.

A Documentação, constituída sob o ponto de vista de síntese desses domínios até então separados, nasceu mais ou menos em 1907-1918, graças aos esforços de Paul Otlet (1868-1944). Até então, Otlet se restringirá ao domínio bibliográfico. Fundou, em 1893, em colaboração com La Fontaine, o “Office Internationale de Bibliographie”, patrocinado pelo governo belga, compilando ambos o “Repertoire Universelle” em fichas.  Prepararam, em seguida, a primeira Conferência Internacional de Documentação (1895) de que resultou a Classificação Decimal Universal. O “Office Internationale de Bibliographie” é hoje a “Federation Internationale de Documentation (F. I. D.)”(MINELLI, 1954, p. 118).

 

Vesentini (1954), no artigo a “Contribuição ao estudo da documentação” além da evolução histórica da documentação, apresentou os objetivos e conceitos da documentação segundo Paul Otlet e Henri La Fontaine. Em seu texto, o autor trouxe a perspectiva de Otlet sobre a documentação como provedora de acesso universal ao conhecimento e, por sua vez, este poderia ser transformado por meio de arquivo e bibliotecas.

A Documentação deveria difundir, de maneira acessível a todos, os conhecimentos relativos às épocas históricas, às peculiaridades regionais e às diversas modalidades de ocupação, através do arquivo e da biblioteca; e transformar também esses (sic) conhecimentos, ainda por intermédio de arquivos e bibliotecas, em patrimônio da comunidade universal (VESENTINI, 1954, p. 102).

 

Fenelon Silva, em 1959, abordou os aspectos da Documentação fazendo referência as contribuições de Otlet e La Fontaine na organização de um catálogo universal por assunto com a criação do Office International de Bibliographie, em Bruxelas, em 1893.

Em 1970, Benedicto Silva, no artigo “A informação como apoio da ação administrativa” tece reflexões sobre a evolução do termo documentação, sobretudo a partir do pensamento de Otlet. O autor afirma que a palavra documentação passou por varias transformações semânticas e que quando Otlet a utilizou em 1907, a palavra documentação pertencia à terminologia jurídica. Mas, segundo Silva, foi a partir da nova interpretação de Otlet que

O termo passou a designar o controle bibliográfico de toda a produção literária dos diferentes países. Documentar, então, significava especialmente reunir documentos.  Aípor volta de 1930, a palavra começou a adquirir sentido mais lato.  Já não significava o controle bibliográfico geral, mas designava os meios de utilização de literatura científica dentro de determinado campo especializado. (SILVA, 1970, p. 59 e 60)

 

Benedicto Silva destaca ainda, que foi a partir do conceito inovador de Otlet, que a Federação Internacional de Documentação (FID) adotou a seguinte definição “documentar é reunir, classificar e distribuir informações de todos os gêneros sobre todos os domínios da atividade humana” (SILVA, 1970, p. 60). 

Vicentini, no artigo “Informática”,apresenta um breve histórico sobre o surgimento do termo informática e cita Paul Otlet para indicar a derivação do conceito de informática e dos conceitos de informação e documentação. No texto, Vicentini menciona o centenário de nascimento de Paul Otlet, em 1968, referindo-se a ele como o "pai da documentação” reitera que a palavra Documentação criada por Paul Otlet[7] tinha por objetivo “ designar a ciência e as técnicas gerais do documento”  e que “o mesmo compreende não só os textos manuscritos ou impressos, qualquer que seja sua forma, assim como todos os sinais visuais e auditivos etc., suscetíveis de transmitir uma informação: discos, gravuras, mapas, fotografias, selos, medalhas, filmes etc.” (OTLET, 1934 apud VICENTINI, 1970, p.254).

No artigo “Da Biblioteconomia à informática ”também de 1970, Vicentini trata da evolução do conceito de Biblioteconomia, Documentação e Informática. Dentre os conceitos destaca novamente o de Documentação de Otlet, como já proposto no artigo anterior. Sob esse olhar, cabe registro ao artigo de Fonseca “Origem, evolução e estado atual dos serviços de documentação no Brasil” que apresentou o sentido amplo e restrito da documentação, tecendo ali um pouco do pensamento de Otlet (FONSECA, 1974).

O presente estudo constatou que em suas edições, a RSP também trouxe a visão de vários pensadores da Ciência da informação no Brasil. Assim, de modo peculiar, muitos dos autores aqui descritos, a partir das ideias de Otlet, deram relevantes contributos para embasar a criação de instituições como bibliotecas e centros de documentação no País.

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Ciência da Informação foi institucionalizada dentro de um contexto com grande ênfase nas questões de ordem técnica. Desse modo, no cerne fundacional da CI, as ideias de Otlet sobre documento e documentação trouxeram novos olhares para a área. Nesse contexto a RSP se sobressai como importante instrumento de divulgação do conhecimento desde a década de 1930. Mesmo não se constituindo inicialmente em periódico científico, através do foco de suas abordagens tornou-se um importante veículo de disseminação da informação na esfera pública, sobretudo, no período pós-guerra.

Quanto a Paul Otlet, ele sempre será lembrado por sua visão além do tempo, no intuito de querer classificar o mundo e por vislumbrar a documentação como forma de sistematizar o conhecimento focando na organização e no acesso à informação. A base para compreensão do pensamento de Otlet tem início com o “Tratado de Documentação”, publicado em 1934, sendo considerada uma de suas principais contribuições na sistematização de teorias, métodos e técnicas para organizar o conhecimento registrado no campo da Documentação e da Ciência da Informação.

Nesse sentido, o pensamento de Otlet esteve presente na RSP reunindo em suas temáticas e debates, importantes contribuições para a Ciência da Informação. Contudo, observa-se ainda que em suas edições, a RSP evidenciou não somente o pensamento de Otlet, mas trouxe também a visão de importantes autores nacionais como Edson Nery da Fonseca, Sylvio do Valle Amaral, Espírito Santo Mesquita, Myriam Gusmão Martins e Lydia Sambaqui, responsáveis por embasar relevantes estudos para a criação de instituições como bibliotecas e Centros de documentação no País, contribuído assim para que a Ciência da Informação tomasse forma.

Em síntese, pode-se concluir a partir da afirmativa de Halbwachs (1990, p. 68) que “algumas vezes, é preciso ir muito longe, para descobrir ilhas de passado conservadas, parece tais e quais, de tal modo, que nos sentíssemos subitamente transportados a cinqüenta ou sessenta anos atrás”. Assim, situar esse cenário, contribui como mais um diálogo para a compreensão do surgimento da Ciência da Informação no Brasil. 

 

REFERÊNCIAS

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[1]Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Pernambuco (PPGCI/UFPE). https://lattes.cnpq.br/6343949508847721

[2]Doutor em História, docente da Universidade Federal de Pernambuco.http://lattes.cnpq.br/7413464711814360

[3]Doutor em Comunicação e Informação, docente da Universidade Federal de Pernambuco.http://lattes.cnpq.br/2565474279842382

[4] Todos os números da Revista do Serviço Público estão disponíveis em https://revista.enap.gov.br/index.php/RSP/index. Acesso em 27 fev. 2023.

[5] No artigo original o nome da autora está grafado como Lidia Sambaqui, por isso foi mantida a formatação original. Contudo, em outros textos da autora ela assina como Lydia Sambaquy, esse formato é o padrão recorrente para sua produção científica.

[6] PARSONS, Robert B. Advanced  Management  Journal, New York, v.33, n.4, p. 51-33, oct, 1968.

[7]Conceitos presentes nas obras de OTLET, P. L'Organization internationale de Ia bibliographie et de Ia documentation. Bruxelles, 1920. 44p.OTLET, Traité de documentation. Le livre sur le livre. Theorie et pratique. Bruxelles, Editiones Mundaneum, 1934. 431 p