SERÃO AS FAKE NEWS INFORMAÇÕES?

uma Análise a Partir dos Planos Teóricos da Informação

Valdirene Aparecida Pascoal[1]

Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

valdirene.pascoal@unesp.br

Janaína Fernandes Guimarães Polonini[2]

Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

janaina.polonini@unesp.br

Carla Conforto de Oliveira[3]

Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

carla.conforto@unesp.br

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Resumo

O contexto informativo está ameaçado pela ampla difusão e acesso de fake news – conteúdos falsos, que utilizam de características de notícias provenientes do jornalismo, para que os indivíduos que as recebam, acreditem que possuem cunho verídico, levando o leitor ao erro, devido sua má intencionalidade. Diante disso surge a questão: em que medida poderia uma fake news ser considerada informativa? Expõe-se neste artigo, planos da informação, que concentram algumas das principais teorias da informação. O artigo realizou uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa. O levantamento bibliográfico teve como foco os temas fake news e a teoria da informação e ocorreu na Scientific Electronic Library Online – SciELO, em artigos de revistas disponíveis em acesso aberto. Ressalta-se que a discussão sobre o potencial informativo das fake news ainda é controversa e deve ser continuada por pesquisadores da Ciência da Informação, dada a relevância do tema para a sociedade em termos sociais, políticos e econômicos.

Palavras-chave: Fake news. Teoria da informação. Contexto Informacional.

WILL THE FAKE NEWS BE INFORMATION?

An Analysis Based on Information Theoretical Plans

Abstract

The informative context is threatened by the wide dissemination and access of fake news – false content, which uses characteristics of news from journalism, so that individuals who receive them, believe that they have a true nature, leading the reader to error, due to their poor quality. intentionality. In view of this, the question arises: to what extent could fake news be considered informative? In this article, information plans are exposed, which concentrate some of the main theories of information. The article carried out a descriptive research with a qualitative approach. The bibliographic survey focused on fake news and information theory and took place in the Scientific Electronic Library Online – SciELO, in articles from journals available in open access. It should be noted that the discussion on the informative potential of fake news is still controversial and should be continued by Information Science researchers, given the relevance of the topic to society in social, political and economic terms.

Keywords:  Fake news. Information theory. Informational Context.

1  INTRODUÇÃO

A ampliação do consumo de conteúdos via internet, diferentemente do esperado, evidenciou o processo de deslegitimação das instituições e contestação do complexo papel da mídia (EICHLER; KALSING; GRUSZYNSKI, 2018). Com a expansão da internet e a popularização das redes sociais, a sociedade passou a ter acesso a uma gama muito maior de informações e opiniões divergentes, o que tem resultado em uma maior contestação da mídia e de suas narrativas.

A produção e disseminação de fake news em plataformas de mídias sociais têm afetado as esferas econômica, política e social, uma vez que a confiança em fontes desconhecidas pode levar os leitores a tomar decisões equivocadas com base em suposições falsas. Além disso, a facilidade de compartilhamento de informações e a popularização das fake news têm levado muitas pessoas a questionar a credibilidade das informações veiculadas pela mídia tradicional.

Segundo Allcott e Gentzkow (2017, p. 213, tradução nossa), fake news são “[...] artigos de notícias que são intencionalmente e verificadamente falsas, e que podem enganar os leitores [...]”. Os transtornos decorrentes da fake news no contexto informativo sugerem uma caracterização do fenômeno como informação.

De acordo com o levantamento da literatura[4], os estudos voltados para fake news apresentaram destaque para o impacto da difusão de fake news durante a pandemia COVID-19 relacionado à prevenção, medicação, vacinação e outras questões de saúde pública; as atividades jornalísticas frente a fake news; a prática das agências de checagem de fatos; considerações psicanalíticas sobre a pós-verdade; o uso da tecnologia de informação, mídia, social, chatbots e inteligência artificial; competências midiáticas; letramento; polarização política e discussões epistemológicas sobre informação, desinformação, verdade, pós-verdade e mentira.

Discute-se exaustivamente sobre o tema informação, sua aplicabilidade, usos e consequências na sociedade contemporânea. No entanto, a definição de informação não é um consenso entre os estudiosos dos diversos campos que exploram essa temática.

Nesse sentido, não seria possível afirmar que existe um conceito único de informação. Na busca pela compreensão do conceito de informação, é importante adotar um padrão e estabelecer limites para a sua definição. O termo “informação” pode ser interpretado de diversas maneiras, dependendo do contexto em que é utilizado e das disciplinas envolvidas em sua análise. A informação é considerada como um processo de comunicação que envolve a transferência de conhecimento entre indivíduos ou sistemas. Nesse sentido, a informação é entendida como um recurso valioso que contribui para a tomada de decisões e a construção de novos conhecimentos. A informação também pode ser vista como um fenômeno ontológico que se refere à estrutura fundamental da realidade. Já na sociologia, a informação é estudada como um elemento fundamental na construção da cultura e das relações sociais.

Dessa forma, é fundamental estabelecer padrões e limites para a definição de informação, a fim de que seja possível compreender e estudar de forma mais precisa esse importante recurso. Além disso, é importante destacar que a definição de informação pode ser influenciada por fatores culturais, sociais e históricos, o que torna ainda mais relevante a adoção de uma abordagem multidisciplinar no estudo desse tema.

Deste modo, expõe-se neste artigo algumas das principais teorias da informação. A partir deles pretende-se discutir a problemática: Em que medida poderia uma fake news ser considerada informativa? A partir das definições de informação abordadas pelos teóricos da informação, uma fake news poderá ser admitida como conteúdo informativo e passível de tomada de decisão. Em outras palavras, sob quais planos de análise da teoria da informação as fake news poderiam funcionar como informação? A questão não é reiterar que as fake news são pseudo-informações, como se afirma, mas procurar entender como estas funcionam como informação e que abordagens teóricas abarcam esta possibilidade cognitiva. O alerta que aqui se desenvolve, é destacar que a informação não pode ser considerada em qualquer plano, conteúdo ou análise, pois representa riscos quando se trata de determinadas condutas ou posicionamentos, sejam eles individuais ou coletivos.

Nesta investigação, argumenta-se que embora uma fake news em sua essência seja um conteúdo falso, a depender da análise, uma fake news pode ser considerada cognitivamente informativa, isto é, a uma informação que é relevante e útil para o processo de cognição, ou seja, para a aquisição, organização e uso de conhecimento. Em palavras gerais, embora padeça de falta de correção, o conteúdo recebido é interpretado como informativo e é justamente esse efeito que deve ser investigado pelas pesquisas do campo da informação.

 

 

2 O QUE É MESMO A INFORMAÇÃO?

 

Não é de hoje que o conceito de informação é amplamente discutido, embora sua propagação, uso e consequência seja uma preocupação contemporânea, o conceito de informação acompanhou a história da humanidade e passou por diversas transformações, estando presente na Idade Antiga, Média e Moderna. O conceito de informação, de acordo com Kornwachs e Konstantin (1996) tem origens gregas e latinas. Os autores apontam que as palavras gregas eidos/Idea, morphé e typos, exploradas nos escritos de Platão e Aristóteles remontam ao significado de modelo e representação, significados que remetem à ideia de informação. Ao adentrar um pouco mais na linha histórica da humanidade, percebe-se que as raízes etimológicas do termo também são latinas, procedentes das palavras informo e informatio, cuja significação remete ao ato de comunicar conhecimento.

Nesta seção, o intuito é explorar o significado do conceito de informação, o arcabouço teórico e científico para esse conceito é imenso, no entanto, faz-se necessário buscar uma estrutura ou padrão etimológico. Percebe-se que a palavra informação, na contemporaneidade, é utilizada para qualquer mensagem ou conteúdo propagado. Argumenta-se neste artigo que a falta de unidade ou um padrão que liga as diversas teorias da informação, abre precedentes para que notícias e conteúdos falsos, ou veiculados com o intuito de manipular, sejam considerados informação. A dúvida que surge diante de tal problemática se haveria necessidade de uma padronização ou teoria unificada da informação ligado ao real, já que sem ela, algumas teorias da informação justificam a validade e existência de fake news ou notícias tendenciosas.

De acordo com Capurro e Hjørland (2007), a filosofia escolástica é fundamental para a compreensão do conceito de informação na contemporaneidade. As palavras informatio e informo, apesar da herança latina, eram utilizadas no sentido moral e pedagógico, retratando a formação da mente ou do caráter. Já na Idade Moderna, afirma González de Gómez (2002), o significado do conceito de informação foi aos poucos perdendo inclinações ontológicas para associar-se à epistemologia. Nesse sentido, o conceito de informação passa a ser entendido no contexto da linguagem, conhecimento e representação.

Foi na segunda metade do século XX que o conceito de informação passou a ter destaque. Isso ocorreu principalmente devido aos grandes avanços tecnológicos e científicos que o mundo enfrentou no período pós-guerra. O desenvolvimento da Ciência da Informação, Cibernética, Ciência Cognitiva, Inteligência Artificial, nascimento de Tecnologias de Informação e Comunicação, entre outros, contribuíram para que a informação passasse a ser primordial para a discussão, reflexão e surgimento de novas áreas do conhecimento.

A interdisciplinaridade passou a ser central ao se tratar do conceito de informação, não apenas por sua versatilidade, mas por ser utilizado nas várias áreas do conhecimento e disciplinas científicas, outro fator importante que dificulta uma delimitação ou categoria para o conceito. Kornwachs e Konstantin (1996) apontam que a uso da palavra da informação de forma corriqueira é resultado dessa dificuldade de categorizar o conceito, nesse sentido, informação passa ser considerada uma categoria antropológica sustentada a partir de relações de mensagens ou denotada como um um sinônimo de transmissão de sinais.

McGarry (1999), embora considere que definir informação no sentido técnico de transmissão de sinais não seja eficiente ao abordar questões sociais, acredita que uma definição que explore elementos técnicos e sociais pode auxiliar na compreensão das principais acepções da informação, a saber:

A informação pode ser:

·      considerada como quase sinônimo do termo fato;

·      um reforço que já se conhece;

·      a liberdade de escolha ao selecionar uma mensagem;

·      a matéria prima da qual se extrai o conhecimento;

·      aquilo que é permutado com o mundo exterior e não apenas recebido passivamente;

·      definida em termos de seus efeitos no receptor;

·      algo que reduz a incerteza em determinada situação. (MCGARRY, 1999, p. 4).

 

De modo geral, McGarry (1999) argumenta sobre a possibilidade de definir informação em diversos contextos, o autor pontua que bibliotecários frequentemente utilizam o termo informação para designar assuntos contidos em textos ou documentos, de onde surge o termo “informação documentária”. É frequente que analogias e metáforas estejam presentes quando se desenvolvem teorias da informação, McGarry (1999) pontua que é por meio dessas metáforas que conseguimos explicar coisas para nós mesmos, nesse sentido, informação é vista como algo que altera o sentido ou a natureza de relações, toda vez que essas relações são alteradas ou transformadas, um novo padrão se forma, como consequência aprendemos algo novo, é nesse processo que se estabelece uma vinculação entre informação e aprendizagem. A redução da incerteza, trabalhada exaustivamente pela Teoria Matemática da Informação, aos olhos de McGarry (1999) potencializa nossa capacidade de lidar melhor com fatos, isto é, a informação é o oposto da incerteza, é colocar dados desordenados em ordem, no entanto, a cada ajuste, a entropia aumenta e uma nova desordem é estabelecida. De acordo com o autor, “[...] informação é o termo que designa o conteúdo daquilo que permutamos com o mundo exterior ao ajustar-nos a ele e que faz com que nosso ajustamento a ele seja percebido” (MCGARRY, 1999, p. 6).

Assim, embora a Teoria Matemática da Comunicação (TMC), que será explorada a seguir, não englobe todas as características possíveis de informação, forneceu um norte para refletir sobre a Teoria ou Teorias da Informação. Ao analisar a diversidade de ângulos que o “objeto” informação possui, Vitti-Rodrigues, Matulovic e Gonzalez (2017) propõem cinco planos de análise para o conceito de informação, são eles: metodológico, epistemológico, ontológico, ético e lógico-semiótico. Acrescentamos ainda o plano ecológico, pois fornece parâmetros de análise para além do antropocentrismo, indicando a capacidade que animais e plantas têm de produzir, receber e compartilhar informação.

Assim, analisa-se seis planos que podem auxiliar na compreensão do que seria isso que chamamos de informação. Por se tratar de um conceito amplamente polissêmico e multidisciplinar, é comum que confusões aconteçam. Os planos de análise destacados pelas autoras mencionadas possibilitam evitar erros categoriais quando se trata do conceito de informação, além de nortear o locus da informação em seus diferentes campos de aplicação e conhecimento.

Plano metodológico: No plano de análise metodológico, desenvolve-se métodos para medir e quantificar a informação transmitida e registrada de um emissor para um receptor, considera-se principalmente canais de comunicação e estratégias eficientes para que a mensagem seja transmitida e recebida com eficácia (VITTI-RODRIGUES; MATULOVIC; GONZALEZ, 2017). Os principais autores deste plano são Shannon e Weaver (1949) que desenvolvem a Teoria Matemática da Comunicação (The Mathematical Theory of Communication), que em linhas gerais detalha o processo de comunicação e informação, nessa perspectiva, informação é considerada uma medida de escolha de mensagens, símbolos, um conjunto possível de mensagens, que reduzem a incerteza ou ruídos durante a transmissão. Uma ligação telefônica, por exemplo, é considerada um modelo de transmissão de informação, pois há um processo de comunicação entre emissor e receptor.

No que se refere ao plano metodológico da informação, o sucesso e eficiência da comunicação está estritamente atrelado ao sucesso da transmissão de sinais. Embora o problema da comunicação possua três enfoques, técnico, semântico e de efetividade, Shannon e Weaver (1949, p. 4) consideram que apenas o enfoque técnico seja relevante para a Teoria Matemática da Comunicação. Os autores redigem o problema técnico da seguinte forma: “[...] quão acuradamente os sinais da comunicação podem ser transmitidos?”.

Nessa perspectiva informacional, o modelo de comunicação elaborado para desenvolver o problema técnico, visa a eficiência da transmissão de uma mensagem, ou seja, informação existe na medida que a comunicação entre fonte e receptor ocorra adequadamente e sem ruídos. Vitti-Rodrigues, Matulovic e Gonzalez (2017, p. 135) apontam que no plano metodológico, informação é caracterizada como um “elemento que reduz a incerteza, uma medida de possibilidade de escolha de uma mensagem”.

Plano epistemológico: No plano de análise epistemológico, Dretske (1981) fornece elementos importantes para a compreensão do conceito de informação. O autor, inspirado na TMC, procura uma concepção naturalista da informação, no entanto, enfatiza a importância do significado e argumenta a favor de uma relação intrínseca entre informação e conhecimento. Dretske (1981) considera informação como uma commodity, mercadoria objetiva e sua existência é fundamentada no realismo, ou seja, informação existe independente de uma mente que seja capaz de interpretá-la. A ponto que difere a conceituação de Dretske (1981) da proposta de Shannon e Weaver (1949), é que para o primeiro, embora a informação seja uma commodity, ela também é significativa e a partir de interpretação ela pode proporcionar conhecimento. A capacidade de produzir conhecimento a partir da informação transmitida ocorre, de acordo com Dretske (1981), apenas se a mensagem transmitida pelo sinal entre fonte e receptor for correspondente à realidade. 

Plano ontológico: O plano de análise ontológico, bastante complexo e amplo, abarca variadas interpretações do conceito de informação. No entanto, Vitti-Rodrigues, Matulovic e Gonzalez (2017, p. 138), inspiradas em definições propostas por Dretske, Wiener e Peirce, argumentam que informação no plano ontológico é caracterizada como “[...] um processo organizador de relações de dependência comunicacional estabelecidas entre elementos, físicos, biológicos ou abstratos”. Na perspectiva das autoras, embora a informação possa ser instanciada em elementos físicos ou biológicos, confundir “relações com suas possíveis instânciações” seria um erro categorial. O problema do estatuto ontológico da informação está aquém de informação ser uma entidade material ou imaterial, pois a informação estaria no domínio das relações, por isso a dificuldade de estabelecer uma única conceituação.

Plano ético: Muitas discussões contemporâneas estão alicerçadas no plano de análise ético da informação. Consequências do emprego, uso, disseminação e influência na ação são investigados nesse plano de análise, de modo a refletir quais aspectos da informação influenciam a ação individual e coletiva na sociedade, se os efeitos de tais ações são moralmente aplicados e quais são suas implicações a curto e longo prazo. As mudanças sociais e significativas que o desenvolvimento de tecnologias da informação propiciou, os processos de inteligência artificial, processamento de dados, bolhas digitais, disseminação de fake news etc., são questões importantes no plano de análise ético. Autores como Floridi (1999; 2011; 2014) e Capurro (2007; 2009; 2012;) trazem importantes contribuições acerca da informação nesse plano de análise. Embora ambos versam sobre a Filosofia da Informação, eles caracterizam a informação de maneira muito distinta.

Floridi (2011, p. 106) compreende que “[...] informação é um dado bem-formado, com significado e verdade [...]”. Nesse contexto, para o autor, haveria uma relação entre verdade, conhecimento, significado e informação. Sua concepção de informação relaciona-se com dados significativos que mantêm um determinado aspecto de verdade, no entanto, para um dado ser significativo ele deve corresponder aos fatos do mundo. No entanto, a concepção de Floridi (2014, p. 40-41) de informação, abarca elementos como infosfera, neologismo baseado em “biosfera”, indicando a região do planeta, segundo o autor, em que existe vida. Nesse sentido, todo meio informacional, relações, processos, propriedades, instanciações que caracterizam informação, são parte da infosfera para Floridi (2014). Elementos offlines também fazem parte da infosfera, principalmente aqueles que concernem dados organizados, mas ainda não manifestos. De acordo com o autor, "o que é real é informacional e o que é informacional é real [...]” (FLORIDI, 2014, p. 14). Assim, a infosfera é um sinônimo de realidade para Floridi, e a significação desta é dependente da interpretação de informação.

Capurro e Hjørland (2007) também consideram fundamental o surgimento de uma Ética Informacional que abarque problemáticas do desenvolvimento de tecnologias de informação. No entanto, a conceituação de informação proposta pelos autores é contextual, diferente da proposta por Flordi. Além do mais, Capurro e Hjørland (2007), defendem que a terminologia e significação que a palavra informação desempenha há muito deve ser considerada, principalmente porque os usos atuais e futuros da informação estão interligados às mudanças de contextos e transformações históricas.

O termo informação é usado em dois contextos, segundo Capurro e Hjørland (2007, p. 155): “[...] o ato de moldar a mente e o ato de comunicar conhecimento”.  O conceito de informação para Capurro e Hjørland(2007) visa uma caracterização não reducionista, que abarque diversidade e aplicação dos usos de informação. Por esse motivo, o problema da informação para os autores deve incluir “relações análogas, equívocas e unívocas dos diversos conceitos de informação”.  Em síntese, para Capurro e Hjørland, o conceito de informação não deve ser unificado, pois engloba elementos interculturais e interdisciplinares, por esse motivo, deve ser explorado a partir de uma Ética Informacional que dê conta de problemas passados, atuais e futuros.

Plano lógico-semiótico: No plano de análise lógico-semiótico, tem-se a caracterização proposta por Peirce (1865; 1967; 1900). O filósofo considera a informação como um processo de comunicação em que as formas de um objeto são transmitidas para um interpretante, em uma relação triádica de signos. Quanto mais aproximado da realidade essa transmissão ocorrer, maior a possibilidade de um juízo de valor. O juízo de valor só poderá acontecer a partir da experiência do intérprete. A informação na caracterização de Peirce envolve muitas camadas e não está restrita apenas ao universo humano. No contexto, lógico a informação está alicerçada no sentido lógico proposicional, sendo o produto de extensão e profundidade de um termo ou conceito. No contexto semiótico, com base Teoria Geral dos Signos, expandindo e incorporando a conceituação no sentido lógico, a informação na esfera semiótica periceana é um elemento essencial para organizar, gerar e direcionar formas de conduta. 

Plano ecológico: Por fim, o último plano de análise da informação retomado neste artigo é o ecológico, neste plano de análise, a representação não é central ao se tratar de informação. Um elemento fundamental quando a informação ecológica é trazida à tona é a noção de padrão informacional. O psicólogo Gibson (1986) denomina invariantes como padrões informacionais, que podem ser estruturais ou de movimento. Nesse contexto, Souza, Gonzalez e Vicentini (2019) compreendem affordances como relações informacionais dinâmicas (seja de agentes humanos, animais não-humanos, máquinas inteligentes, mídias digitais), com o potencial de direcionar a ação. A informação ecológica, de acordo com Gibson (1986), é a informação que o organismo obtém do ambiente a partir dos estímulos sensoriais, adaptando-se e respondendo de maneira apropriada em relação às demandas do ambiente. A informação, compreendida na esfera mais tradicional da psicologia, é codificada e armazenada no cérebro. Diferente dessa concepção, Gibson (1986) propõe a informação ecológica, que é direta e imediata, ou seja, não é necessário ser processada ou armazenada, é recebida diretamente do ambiente e é utilizada para o organismo se adaptar e de maneira cooperativa o ambiente também utiliza a adaptação do organismo para se desenvolver.

Por mais difícil que pareça estabelecer um padrão entre todos esses planos ou contextos, é importante ressaltar que as nuances aqui levantadas podem contribuir para a Ciência da Informação na medida que explora o conceito em sistemas ou categorias, isso possibilita pensar problemas especificamente e relacioná-los individualmente com os campos de estudo da Ciência da Informação, de modo a auxiliar a área na definição do conceito de informação que legitime ações.

Não se pretende neste artigo, com os planos de análise elencados, esgotar a forma de de refletir sobre o conceito de informação, mas considerar suas diversas formas de existência. A arquitetura da informação é muito ampla, mas acredita-se que analisar o termo em diferentes planos e contextos pode facilitar o entendimento da problemática aqui elencada, que é: Em que medida poderia uma fake news ser considerada informativa? É preciso saber o que é informação para afirmar e categorizar aquilo que não pode ser considerado informação. Afinal, como diz a máxima: se tudo é informação, nada é informativo. Em seguida, explora-se o termo fake news na dinâmica informacional na qual estamos inseridos, para analisar se é possível sustentar que uma fake news é informativa a depender do plano de análise que ela é investigada. 

 

3 FAKE NEWS NO CONTEXTO INFORMACIONAL

 

A seção apresenta a produção e compartilhamento do termo fake news no contexto informacional. Esclarecer a concepção sobre o termo fake news auxiliará para compreender se uma fake news pode ou não ser considerada informativa.

As fake news, na tradução literal para o português, são notícias falsas. Para o senso comum, elas podem ser consideradas mentiras deslavadas, mas as fake news vão além disso. Para compreender adequadamente o termo notícia falsa é importante ter em mente os conceitos sobre verdadeiro e falso.

O conceito de verdadeiro está relacionado à ideia de algo que corresponde à realidade, que é autêntico e que está em conformidade com os fatos ou com a verdade. Na lógica, a verdade é considerada uma proposição que é verdadeira, ou seja, que é correspondente aos fatos. No entanto, o conceito de verdade pode ser complexo, uma vez que envolve questões de crenças, valores, perspectivas e interpretações. Em muitos casos, o que é considerado verdadeiro pode variar dependendo do contexto, da cultura e das experiências individuais. Além disso, a verdade pode ser influenciada por fatores externos, como a mídia, a propaganda e as informações incorretas ou manipuladas. Por outro lado, o conceito de falso se relaciona com a ideia de que algo não é verdadeiro, que não corresponde à realidade ou que é enganoso. Na filosofia e na lógica, a falsidade é a propriedade de uma proposição que é negada pela realidade ou que é inconsistente com outras proposições verdadeiras. No contexto da informação, a falsidade pode se manifestar em fake news, desinformação, boatos, entre outros tipos de conteúdos enganosos. A disseminação de informações falsas pode ter impactos negativos na sociedade, como a disseminação de preconceitos, a desinformação sobre questões importantes e a manipulação da opinião pública.

De acordo com Ireton e Posetti (2018, p. 15) “Fake news é hoje muito mais do que um rótulo para informações falsas e enganosas, disfarçadas e divulgadas como notícias. Tornou-se um termo emocional, armado para debilitar e depreciar o jornalismo.” Elas utilizam de recursos jornalísticos, imitando notícias para parecerem reais e verdadeiras, mas são verificadamente falsas e seu principal objetivo é enganar, confundir ou ludibriar o leitor, em síntese “São notícias fabricadas, com características jornalísticas, mas antecipadamente pensadas para a manipulação e descoladas da verdade” (BRISOLA; BEZERRA, 2018, p. 3323).

Para Ascacíbar, Malumbres e Zanni (2021), os conteúdos falsos podem ser divididos em 4 (quatro categorias), são elas:

       Alertas falsos: são notícias que sofreram manipulações em seu conteúdo, mas se passam por informações verídicas criadas por órgãos oficiais e que possuem credibilidade;

       Informações errôneas: conteúdos que estão fora de contexto ou não há contexto e são disseminadas com o propósito de se passarem por informações verdadeiras, mas são falsas;

       Mentira ou manipulações intencionais: informações que tem o intuito de causar danos e prejuízos nos âmbitos religioso, político, social e da saúde;

       Outros: todos os conteúdos que não se podem ser integrantes das categorias anteriores, dentre eles pode ser citado perfis em redes sociais de cunho humorístico e satírico.

Em 1890 o termo fake news começa a substituir a expressão “false news”, que teve sua primeira aparição em 1852 no jornal New York Herald. Os especialistas da Escola de Direito da Universidade de Harvard relatam que é pertinente utilizar a expressão fake news ao invés de false news para referir-se a notícias falsas, pois no âmbito da desinformação, elas não são consideradas simplesmente como falsas, mas a sua fabricação possui uma intencionalidade de ocultar sua falsidade, se passando por algo verídico (TEIXEIRA, 2018).

As fake news consistem em informações comprovadamente falsas e que não possuem nenhuma comprovação. Elas dispõem de grande alcance devido a sua fácil propagação e massivo compartilhamento nas mídias sociais. Seu principal intuito é enganar os usuários a partir da imitação do estilo jornalístico (ALLCOTT; GENTZKOW, 2017).

Para Recuero e Gruzd (2019, p. 32) “O conceito de fake news é hoje sinônimo de desinformação, utilizado livremente pelos veículos noticiosos para indicar rumores e notícias falsas que circulam, principalmente, na mídia social”. Ainda segundo os autores, as fake news não podem ser consideradas apenas informações que foram mal verificadas ou até mesmo incompletas, um fator determinante para que um conteúdo seja caracterizado como fake news, o mesmo deve ter uma intencionalidade de enganar com a finalidade de alcançar seus interesses. As fake news usam das narrativas, linguagem, estilo e recursos jornalísticos para aparentar notícias verídicas (HIMMA-KADAKAS, 2017).

Para melhor compreensão, serão apresentadas algumas definições a partir de renomados dicionários da língua inglesa. De acordo com o Cambridge Dictionary (FAKE NEWS, 2018a, p. 1), as fake news apontam “histórias falsas que parecem ser notícias, divulgadas na internet ou usando outras mídias, geralmente criadas para influenciar opiniões políticas ou como piada”. Já o Oxford Learner's Dictionaries (FAKE NEWS, 2018b, p. 1) expõe uma sucinta definição, afirmando que as fake news consistem em “relatórios falsos de eventos, escritos e lidos em sites”.

Caso a busca pelo fake news seja realizada no dicionário estadunidense Merriam-Webster (2018, p. 1), o mesmo não retorna nenhum resultado, pois o dicionário optou por não incluir a palavra fake news em seu vocabulário, afirmando que:

[...] é improvável que notícias falsas sejam inseridas em nosso dicionário tão cedo é que se trata de um substantivo composto autoexplicativo – uma combinação de duas palavras distintas, ambas bem conhecidas, que quando usadas em combinação produzem um significado de fácil compreensão. Fake news são, simplesmente, notícias (“materiais noticiados em um jornal ou jornal de notícias ou em um noticiário”) que são falsas (“falsos, falsificados”). (MERRIAM-WEBSTER, 2018, p. 1).

Ainda segundo o dicionário, as fake news constantemente são utilizadas com o objetivo de descrever histórias com um viés político e, que demonstram seus danos e prejuízos a uma pessoa ou entidade, apesar disso, na atualidade, elas não se restringem apenas à política, podem aparecer em notícias com conteúdos diversos.

Em síntese, as fake news podem ser consideradas como notícias comprovadamente falsas, que utilizam de características de notícias provenientes do jornalismo, para que os indivíduos que as recebam, acreditem que possuem cunho verídico, levando o leitor ao erro, devido sua má intencionalidade.

Como visto, nos últimos anos têm crescido o debate sobre o que são as fake news que começaram a ganhar visibilidade mundialmente com a corrida eleitoral entre Donald Trump e Hillary Clinton e o Brexit, ambos em 2016. Já em âmbito nacional, a massiva disseminação de fake news se intensificou a partir de 2018, ano das eleições presidenciais. Em âmbito nacional, após a corrida presidencial de 2022 o Projeto Comprova que reúne 43 veículos de comunicação brasileiros – publicou 378 reportagens investigativas cuja essência foram conteúdos incertos e contestáveis, portanto, “Essas investigações têm como foco os conteúdos duvidosos que mais viralizaram em redes sociais no Brasil em 2022. As reportagens mostraram que 96,7% das postagens verificadas eram falsas ou enganosas” (COMPROVA, [c2022], p. 1).

Os dias seguintes à apuração de votos do primeiro turno das eleições de 2022, foram repletos de informações cuja origem é duvidosa. Nas redes sociais circularam inúmeras informações sem fundamento afirmando que o resultado obtido nas urnas eletrônicas era ilegítimo:

O sistema de totalização [...] costuma ser o alvo preferido dos criadores de notícias falsas. A mentira da vez é a de que haveria um algoritmo capaz de ditar o percentual atingido por dois candidatos à Presidência da República e que houve um travamento na hora da transmissão dos votos na região Nordeste. Segundo o autor da fake, um político subia um ponto percentual à medida que o adversário caía. (COMPROVA, [c2022]).

Em corroboração das informações equivocadas que foram disseminadas, houve ainda boatos de que hackers russos haviam invadido o sistema de totalização e manipulado os resultados. Além dessas, diversas informações referentes ao processo eleitoral foram verificadas e desmentidas.

As mentiras sempre estiveram presentes no cotidiano das pessoas, apesar disso, é perceptível algumas características que cercam as fake news. Segundo Frias Filho (2018), o que há de novo sobre fake news é a acelerada reprodução e disseminação que tem apresentado. Em corroboração com esse argumento, Santaella (2018, p. 30) afirma que “a internet e as redes sociais instauram uma lógica inédita imensamente facilitadora para a publicação e o compartilhamento.”

Se no passado existiam inúmeras adversidades que dificultavam a disseminação de fake news, como o custo alto de produção e distribuição, falta de adaptabilidade, falta de compreensão sobre o público-alvo e contexto inadequado. No entanto, na atualidade, a situação é inversa (ITAGIBA, 2017).

Com o passar dos anos, assim como a ciência, as tecnologias têm se desenvolvido cada vez mais. Aliado a isso, percebe-se a intensificação do uso e consumo de tecnologias pelo corpo social, neste sentido, elas possuem forte influência e impacto no tempo diário que a população brasileira navega na internet, mais de 80% dos brasileiros possuem acesso à internet, isto contribui para o fácil acesso às redes sociais e sites que divulgam notícias diariamente. Fica evidente a singularidade em que as informações que circulam na internet atualmente possuem, pois com o avanço tecnológico e a globalização, o número de indivíduos que possuem acesso à informação aumentou consideravelmente. Um dos pontos negativos que devem ser evidenciados, é o crescimento da produção e veiculação de fake news, principalmente nas mídias sociais. A internet e as redes sociais propiciam um ambiente favorável para a rápida e fácil propagação de fake news, principalmente em sociedades que estão imersas na era da pós-verdade.

As plataformas digitais oferecem suporte às mídias sociais, as quais permitem a propagação de conteúdos e informações desde sua gênese até seu receptor (GUTIÉRREZ, 2018). O ambiente digital, no qual as informações são disseminadas, testemunha um novo processo em que não há limites de criação de conteúdos e de seus compartilhamentos, incontáveis usuários se tornam consumidores de informações, assim como disseminadores de conteúdos, sejam eles verídicos ou não (VIVAS, 2018).

O contexto informativo está ameaçado pela ampla difusão e acesso de fake news. O uso da internet causou um rompimento da exclusividade de comunicar a informação por meio de livros, jornais e revistas, e com isso a possibilidade de produção e difusão de conteúdos por todas as pessoas (CASERO-RIPOLLÉS; LÓPEZ-MERI, 2015). As mídias sociais proporcionam debates polarizados no contexto político (SOARES; RECUERO; ZAGO, 2018; GRUZD; ROY, 2014).

A desvalorização das instituições de ensino, de científicas, regulatórias e da imprensa, sendo uma ameaça para o processo democrático (PÉREZ TORNERO; SAMY TAYIE; TEJEDOR; PULIDO, 2018). Essa desvalorização motivou a produção e compartilhamento de conteúdos nas mídias sociais por todos os indivíduos sem qualificação para tratar sobre determinado assunto e consequentemente um excessivo ambiente de infoxicação e desinformacional (ROMERO-RODRÍGUEZ; GADEA; HERNÁNDEZ DÍAZ, 2015; ROMERO-RODRÍGUEZ; DE-CASAS-MORENO; TORRES-TOUKOUMIDIS, 2016).

Dentre todos os impactos ocorridos até os dias de hoje, a ampla produção e difusão de fake news durante a pandemia de COVID-19 (nova variante do coronavírus causada pelo agente etiológico SARS-CoV-2) nos anos de 2020 a 2022, afetou todos os países na produção e distribuição de vacinas, no furto de vacinas[5] em unidades de saúde, no consumo de medicamentos sem eficácia[6] denominado “tratamento precoce” ou “kit covid” e mortes causadas por COVID-19 em pessoas não vacinadas ou com imunização incompleta[7].

Segundo Pérez Tornero, Samy Tayie, Tejedor, Pulido (2018, p. 215, tradução nossa), a pós-verdade, tem origem na crise da globalização, do jornalismo e da deterioração da esfera pública gerando um cenário que apresenta uma “[...] nova engenharia discursiva baseada na manipulação dos sentimentos, crenças e convicções mais profundas da opinião pública [...]”[8], com a aplicação das teorias clássicas da psicologia das massas. Os autores destacam a importância de uma alfabetização midiática realizada para além do âmbito escolar abarcando os meios de comunicação de massa. Ademais, reforçam a importância de uma visão global do fenômeno para a sua compreensão e que fomentar o “[...] pluralismo informativo, o protagonismo da mídia pública e das políticas de alfabetização jornalística. [...]”[9] (PÉREZ TORNERO; SAMY TAYIE; TEJEDOR; PULIDO, 2018, p. 231, tradução nossa).

Embora ainda não exista um consenso sobre as possíveis soluções para a difusão de fake news, pesquisadores refletem sobre algumas práticas e suas consequências. A International Fact-Checking Network (IFCN) credencia e audita a iniciativa das agências de checagem ou agência verificadoras de fatos (em inglês fact-checking) em todo o mundo. Essas organizações seguem o código de princípios do IFCN. Existem agências que não são signatárias do IFCN. A Duke Reporters’ Lab monitora iniciativas pelo mundo. Em abril de 2022 existiam 353 agências de checagem ativas e 113 agências de checagem inativas em todo o mundo[10].

As agências de checagem ao apresentarem em suas páginas a metodologia de trabalho utilizada na verificação dos fatos contribuem para a alfabetização midiática dos leitores (LOTERO-ECHEVERRI; ROMERO-RODRÍGUEZ; PÉREZ-RODRÍGUEZ, 2018). As competências digitais, informacionais e mediáticas são fundamentais para o consumo de informação (ROMERO-RODRÍGUEZ; TORRES-TOUKOUMIDIS; PÉREZ-RODRÍGUEZ; AGUADED, 2016)

Segundo Rochlin (2017), a luta contra fake news é uma guerra de informação que cresceu com a pós-verdade – as crenças e emoções têm mais influência na interpretação dos fatos, isto é, as crenças pré-existentes dos leitores possuem papel decisivo na tomada de decisão entre o que pode ser verdadeiro ou falso, desconsiderando as informações institucionais. Rochlin (2017) expõe que os bibliotecários possuem ferramentas e habilidades para combater fake news por meio do pensamento criativo da colaboração, a partir da orientação dos leitores.

Clavero (2018) considera a necessidade da compreensão de todo o funcionamento das mídias sociais para que o leitor procure informações com garantia de confiabilidade. Ademais, Clavero (2018) ressalta a importância da transparência jornalística que poderá resultar no aumento da sua credibilidade e audiência.

Os autores Ciampaglia, Mantzarlis, Maus e Menczer (2018), concordam que o uso de inteligência artificial pode reduzir a difusão de fake news e colaborar com as agências de checagem na verificação de fatos e destacam a importância do apoio de empresas públicas e privadas no fomento à pesquisa, educação e formulação públicas.

Conclui-se que não há uma solução única para combater a ampla disseminação de fake news. Ações conjuntas em todas as áreas de estudo podem, pelo menos, minimizar seu impacto na sociedade.

 

4 FAKES NEWS COMO CONTEÚDOS INFORMATIVOS

 

Desde que o termo fake news passou a ser utilizado na corrida eleitoral estadunidense entre Trump e Clinton, em 2016, como exposto, questiona-se a capacidade manipulativa e tendenciosa que esses conteúdos carregam. Ao passo que o desenvolvimento acelerado de tecnologias de informação e comunicação avançam, a capacidade de direcionar ações individuais e coletivas de fake news torna-se cada vez mais perceptível e é investigada por várias áreas do conhecimento.

Uma informação cognitivamente informativa é aquela que ajuda a esclarecer conceitos, a entender melhor um problema ou a tomar decisões com mais embasamento. É importante ressaltar que a cognição é um processo complexo e que o que é considerado cognitivamente informativo pode variar de acordo com o contexto e com as características do indivíduo que está recebendo a informação.

Sabe-se que uma fake news é considerada um conteúdo comprovadamente falso que utiliza de recursos específicos do jornalismo e elementos fundamentais para induzir o leitor a acreditar ser verídico e agir a partir dela.

Nesse contexto, retoma-se a questão que guiou a problemática deste artigo: Em que medida poderia uma fake news ser considerada informativa?

Argumenta-se, neste artigo, que embora uma fake news, em sua essência, seja um conteúdo falso, a depender do plano de análise de informação que se analisa, uma fake news pode ser considerada informativa. A fim de fundamentar esse argumento, indica-se que a partir dos planos de análise apresentados, é possível realizar uma verificação se uma fake news é informativa ou não.

O plano de análise metodológico, ao centralizar a Teoria Matemática da Comunicação desenvolvida por Shannon e Weaver (1949), considera informação como uma medida de escolha de mensagem, em que há transmissão de um conteúdo, eliminando o máximo de ruído, entre emissor e receptor. Na TMC o conteúdo ou a veracidade da mensagem não é importante, mas sua capacidade de transmissão e liberdade de escolha de uma mensagem. Conforme Shannon e Weaver (1949, p. 8-9):

O termo informação, na teoria da comunicação, diz respeito nem tanto àquilo que você diz, mas àquilo que você poderia dizer. Isto é, informação é uma medida de liberdade de escolha quando se seleciona uma mensagem. (SHANNON; WEAVER, 1949, p. 8-9).

Nesse sentido, no que diz respeito às fake news, no plano de análise metodológico, pode-se considerar a capacidade desta ser informativa, pois mesmo que a mensagem veiculada seja mentirosa, há transmissão eficiente e medida de liberdade de escolha. Utilizando de elementos e equações[11] da TMC é possível medir a quantidade de informação presente que um conjunto de fake news disparado nas mídias digitais pode conter. Assim, mesmo que o conteúdo de uma fake news seja enganoso, por exemplo, um banner angariando votos por meio de acontecimentos irreais, se ele atingir o público que se destina e causar o efeito esperado, haverá transmissão de informação. Em síntese, no plano de análise metodológico, a capacidade manipulativa e assertiva de uma fake news pode determinar sua possibilidade de ser informativa.

Os planos de análise ontológico, ético e ecológico possibilitam argumentar favoravelmente sobre a capacidade informativa de uma fake news. O primeiro, considera informação no âmbito de relações, o segundo reitera a importância de aplicação de uma ética informacional em relação ao conceito de informação (contextual e no cenário da infosfera proposta por Floridi) e por fim, o último analisa informação a partir de padrões informacionais que convidam à ação.

Embora o conteúdo nesses planos de análise seja estritamente relevante, as relações e mediações são fundamentais para a definição de informação. Quando uma fake news é veiculada, ela pode ser analisada em todos os cenários mencionados, é possível refletir acerca das suas implicações éticas, das affordances tecnológicas que estão inseridas na veiculação de fake news e acerca das relações que permeiam a rede nebulosa de conteúdos difundidos na internet.

Desse modo, no plano ético pode-se questionar a produção, a organização e difusão de conteúdos falsos ingenuamente ou intencionalmente. O conhecimento sobre educação midiática precede o uso das TICs. No entanto, todo o funcionamento de mídias sociais ainda é desconhecido por parte da população mundial e muitos que conhecem desconsideram o impacto pernicioso do uso irresponsável das mídias sociais na ampla difusão de fake news. O uso irresponsável também diz respeito ao plano ecológico na medida em que afeta as relações informacionais. Pode-se constatar tanto o fato do conteúdo da fake news forjar uma notícia para ser atraente ao leitor, como o fato da produção, organização, uso e difusão de fake news.

Embora seja possível considerar que uma fake news possa ser informativa, é importante questionar as implicações que essa afirmação pode ter. Peirce (1865, 1867. 1900) e Dretske (1981, 2008) associam informação aos fatos do mundo, à verdade e ao conhecimento. Logo, para ser considerado informativo, o conteúdo produzido e difundido deve ser institucionalizado – investigado por especialistas seguindo procedimentos metodológicos, aprovado por pares, legitimado e documentado.

Uma fake news pode ser considerada informativa na medida em que ela apresenta uma suposta informação, mesmo que falsa, ao leitor. Isso significa que, mesmo que a notícia seja intencionalmente enganosa e verificadamente falsa, ela ainda pode ser recebida como uma fonte de informação por aqueles que acreditam em sua veracidade. Portanto, embora seja importante distinguir entre informações verdadeiras e falsas, é fundamental reconhecer que as fake news são uma forma de desinformação que podem ter impactos negativos na sociedade, como a propagação de preconceitos, a divisão social e a perda de confiança nas instituições.

Defender que um conteúdo falso com o propósito de incitar ações danosas possa ser considerado informativo implica em sugerir que, na Sociedade da Informação, a concepção de verdade ou conhecimento possa estar deturpada. Ademais, ainda que não haja um consenso ou definição unívoca para o termo informação, é imprescindível buscar uma compreensão do seu significado, tendo em vista a sua relevância para a conduta humana.

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Esse artigo teve como objetivo analisar se as fake news podem ser consideradas informativas a partir das teorias da informação. Foram expostos seis (6) planos de análise para compreender o conceito de informação, a partir disso o objetivo pôde ser atingido. Os planos de análise que foram apresentados durante o texto, tendem a favorecer a hipótese proposta de que uma fake news pode ser considerada informativa.

Em relação às fake news, apesar delas possuírem em seu conteúdo informações que são comprovadamente falsas, possuírem inverdades e mesmo após demonstrada seu viés danoso, assume-se que as fake news podem ser consideradas informativas a partir do plano de análise utilizado. Dentre os planos apresentados, o metodológico, o ontológico, o ético e o ecológico são favoráveis em assegurar que as fake news podem ser consideradas informativas. Isto ocorre quando o foco não está diretamente relacionado à veracidade ou não do conteúdo difundido, mas sim no processo de transmissão entre a fonte emissora até o seu receptor. A transmissão ocorre quando uma ação é realizada a partir de então. Em suma, excluindo parte do conteúdo da fake news, sua intencionalidade e dano, percebe-se o potencial informativo. No entanto, considera-se que a ausência de legitimidade do conteúdo da fake news o torna desinformativo. Embora seja imprescindível analisar diversos contextos quando se trata do termo informação, é preciso atentarmos para o rumo que as pesquisas acerca do conceito de informação vêm sendo desenvolvidas, se a área admite que qualquer efeito cognitivo de acomodação de crença produzido por um conteúdo intelectual seja considerado informação, então as fake news serão informativas. Analisar as consequências de tal afirmação será cada vez mais necessário, pois se a conduta está sendo alicerçada em conteúdos que não estão embasados na realidade, partindo de uma perspectiva realista da informação, a fundamentação de crenças e ideologias corre sérios riscos.

A pesquisa em questão não abarcou todos os estudos pertinentes ao assunto, mas indica caminhos para que a investigação acerca do tema abordado possa continuar. Portanto, é necessário que os pesquisadores da Ciência da Informação ampliem a discussão acerca das implicações da teoria da informação e das fake news, tanto em relação à própria informação, objeto de estudo da área, quanto ao impacto social, político e econômico que o tema exerce na sociedade.

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[1] Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Mestre em Filosofia, na Linha de Filosofia da Informação, da Cognição e da Consciência pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2018-2021).

[2] Doutora em Ciência da Informação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Mestra em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

[3] Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Marília/SP. Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Estadual Paulista.

[4] Para tanto, foi realizada uma pesquisa teórica com abordagem qualitativa. O levantamento bibliográfico foi realizado na base de dados Scientific Electronic Library Online – SciELO compreendendo todos os índices de busca e usando os filtros: artigos de toda a coleção, abrangendo todo o período indexado e nos idiomas Português, Espanhol e Inglês. Foram pesquisados os termos “Teoria da Informação” (37 artigos), “Information Theory” (73 artigos) e “Teoria de la Información” (43 artigos) e “fake news” (86 artigos). Não foram desconsideradas as duplicatas na soma total de artigos. Todos os artigos estão em acesso aberto.

[5] https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/02/05/medicamentos-sem-eficacia-contra-a-covid-se-tornam-problema-adicional-para-medicos.ghtml.

[6] No original: Al mismo tiempo, se constata la existencia de una especie de nueva ingeniería discursiva basada, esencialmente, en la manipulación de los sentimientos, creencias y convicciones más profundas de la opinión pública, así como en la utilización sistemática de los estereotipos, clichés y tópicos mejor establecidos en el imaginario social y, a la vez, menos cercanos a la conciencia de los individuos.

[7] No original: Por tanto, se trata de establecer políticas sistemáticas a favor del pluralismo informativo, el papel activo de los medios públicos y las políticas de alfabetización periodística.

[8] No original: Al mismo tiempo, se constata la existencia de una especie de nueva ingeniería discursiva basada, esencialmente, en la manipulación de los sentimientos, creencias y convicciones más profundas de la opinión pública, así como en la utilización sistemática de los estereotipos, clichés y tópicos mejor establecidos en el imaginario social y, a la vez, menos cercanos a la conciencia de los individuos.

[9] No original: “[...] news articles that are intentionally and verifiably false, and could mislead readers. [...]”.

[10] H = Σ.p.I

[11] Disponível em: https://reporterslab.org/fact-checking/.