prefácio

 

Esta Coletânea é fruto da participação de um grupo de pesquisadores – mestrandos e doutorandos que fazem parte do Grupo de Pesquisa – Tecer (Teoria Crítica, Emancipação e Reconhecimento), liderado pelo Professor Dr. Anderson de Alencar Menezes, docente e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas nos Colóquios Habermas desde 2012, no IBICT, no Rio de Janeiro. Portanto, há mais de uma década que mantemos este diálogo profícuo com um grupo seleto de pesquisadores de todo o Brasil que estudam e pesquisam o pensamento fascinante de Jurgen Habermas.

Nossa mais profunda gratidão ao querido Professor Clovis Montenegro pelo cuidado e zelo na organização desta Coletânea. Assim como, pela preocupação científica e filosófica em manter viva a Tradição do Colóquio Habermas.

Habermas (2002) em Pensamento Pós-Metafísico, procura desenvolver uma nova concepção de subjetividade. Procura substituir uma visão auto-referente e solipsista de sujeito para um sujeito auto-referencial. Passando assim para um conceito ampliado de subjetividade numa concepção de interação comunicativa.

            Por sua vez, na perspectiva pós-metafísica proposta por Habermas (2002) a subjetividade consitui-se através da linguagem, a auto-consciência cede lugar ao núcleo intersubjetivo. Daí a compreensão de que a subjetividade emerge de contextos linguísticos que desenvolve a sua identidade numa perspectiva cognitiva, moral, estética e expressiva.

            Neste âmago de compreensão, Habermas (2002) difere da visão tradicional ou clássica de subjetividade, ou seja, a subjetividade não é um dado que antecede o processo de constituição da realidade objetiva. A compreensão habermasiana é de que a subjetividade surge da tessitura comunicativa presente no mundo da vida. Assim, o mundo da vida passa a ser a realidade constituidora das subjetividades.

            A individualidade forma-se em condições de reconhecimento intersubjetivo e de auto-entendimento mediado linguisticamente. Pois, nas interações do mundo da vida, o indivíduo incorpora as expectativas do outro.  Ou seja, a intersubjetividade é a base da identidade do Eu, o eu cria sua identidade no agir e interagir com os outros sobre o mundo.

            Habermas (2002) insiste na vinculação entre conhecimento e mundo da vida.  Na área ligada ao conhecimento, existem Saberes (científicos, morais e estéticos), já o mundo da vida é o foro legítimo de validação dos saberes, pois a validez de qualquer saber depende, sempre de novo, da possibilidade de justificação de sua validez.

            Habermas (2002) tenta minorar a distância entre grandes massas e elite de investigadores quando trata do papel da ciência. A ciência não se reduz apenas à dimensão da verdade do saber, pois a verdade é inseparável de uma sociedade justa.

             Neste sentido, o mundo da vida é a última instância em que os saberes são postos à prova e recebem o selo de confiabilidade. Sobretudo no mundo da vida os critérios de verdade e retitude são âmbitos de correção para a justiça social. Daí o papel preponderante da filosofia propor este caminho reflexivo para além dos ditames da ciência, a verdade só é possível no contexto de uma sociedade justa.

            Neste âmbito de compreensão, verdade e retitude estão no bojo do mundo da vida. Justamente no mundo da vida que é uma estrutura pré-gramaticalmente interpretável. Por isto que os postulados científicos não são independentes da moral.  Neste sentido, verdade e retitude estão intimamente interligadas à justiça social.

 

 

 

Respeitosamente,

 

Prof. Dr. Anderson de Alencar Menezes

Professor e Pesquisador – CEDU/PPGE/UFAL