O MÉTODO ARQUEOLÓGICO EM ANGELA DAVIS E BELL HOOKS[1] PARA A CONSTRUÇÃO DE NARRATIVAS DECOLONIAIS
representações sobre a violência contra a mulher negra
Bruna Lessa[2]
Universidade Federal da Bahia
lessbruna@gmail.com
Maria Luiza Ferreira Crosara[3]
Universidade Federal da Bahia
marialuizafcrosara@gmail.com
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Resumo
Este artigo tem como objetivo destacar o impacto da metodologia da pesquisa arqueológica nas obras de Angela Davis (2016) e bell hooks (2023), respectivamente, “Mulher, Raça e Classe”, e “E eu não sou uma Mulher? Mulheres negras e feminismo”, que buscam reexaminar, de modo imersivo, a experiência e luta contra a violência da escravidão na história de mulheres negras. As intelectuais feministas negras estadunidenses abrem as portas para um pensamento científico menos tolerante à misoginia, ao racismo, e outras formas de violências relacionais e institucionais, de modo a romper com a tradição da historiografia positivista. Trata-se de uma pesquisa documental, que contempla a análise crítica das referidas obras, com base no método filosófico pautado na investigação histórica de Michel Foucault (2008). Ressalta-se, então, a importância do reconhecimento dessas literaturas enquanto estimadas representantes e invasoras da arqueologia do saber, e a relevância de novas produções que possibilitem uma representação social coerente com a realidade dos discursos sobre a mulher negra, contribuindo para uma narrativa histórica contada pela pessoa oprimida, no intuito de abrir frestas para o efetivo rompimento com as epistemologias que legitimam e favorecem sistemas de opressão. Por meio de uma arqueologia da escravidão, para além das formações discursivas coloniais das práticas econômicas, políticas e sociais, as filósofas exploram as interconexões entre diferentes narrativas, revelando a complexa teia que sustenta as relações de poder, e como a marginalização é perpetuada. A conclusão direciona para a importância de reconhecer e valorizar as experiências das mulheres negras, destacando a necessidade de dar voz a essas narrativas historicamente silenciadas.
Palavras-chave: arqueologia da escravidão; mulher negra; interseccionalidade; narrativas históricas.
THE ARCHAEOLOGICAL METHOD IN ANGELA DAVIS AND BELL HOOKS FOR THE CONSTRUCTION OF DECOLONIAL NARRATIVES:
representations of violence against black women
Abstract
This article aims to highlight the impact of archaeological research methodology on the works of Angela Davis (2016) and bell hooks (2023), respectively, “Woman, Race and Class”, and “Ain’t I a Woman: Black Women and Feminism”, which seek to re-examine, in an immersive way, the experience and fight against the violence of slavery in the history of black women. American black feminist intellectuals open the doors to scientific thought that is less tolerant of misogyny, racism, and other forms of relational and institutional violence, in order to break with the tradition of positivist historiography. This is documentary research, which includes a critical analysis of the aforementioned works, based on the philosophical method based on the historical investigation of Michel Foucault (2008). The importance of recognizing these literatures as esteemed representatives and invaders of the archeology of knowledge is highlighted, and the relevance of new productions that enable a social representation coherent with the reality of discourses about black women, contributing to a historical narrative told by the oppressed person, with the aim of opening up gaps for the effective break with the epistemologies that legitimize and favor systems of oppression. Through an archeology of slavery, beyond the colonial discursive formations of economic, political and social practices, philosophers explore the interconnections between different narratives, revealing the complex web that sustains power relations, and how marginalization is perpetuated. The conclusion points to the importance of recognizing and valuing the experiences of black women, highlighting the need to give voice to these historically silenced narratives.
Keywords: archeology of slavery; black woman; intersectionality; historical narratives
1 INTRODUÇÃO
Joguem fora a abstração e o aprendizado acadêmico, as regras, o mapa
e o compasso. Sintam seu caminho sem anteparos. Para alcançar mais
pessoas, deve-se evocar as realidades pessoais e sociais - não através
da retórica, mas com sangue, pus e suor (Anzaldúa, 2000, p. 235).
O presente trabalho suscita a emergência de novos discursos sobre a vivência da mulher negra nos estudos em filosofia e informação, que contribuam para a compreensão dos efeitos da misoginia e do racismo no mundo contemporâneo, refletindo sobre uma mudança estrutural no arsenal teórico das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. A instituição acadêmica e a ciência moderna, estruturadas nos moldes da colonialidade, dificultaram a condução da discussão sobre a mulher negra por elas mesmas. A rapina do protagonismo na história da mulher negra é reforçada pelas violências institucionais desde os primeiros avanços coloniais até os dias atuais, todavia denunciadas pela infiltração de vozes de mulheres negras na Academia. bell hooks enfatiza, a respeito de sua entrada na Universidade:
Precisamos de mais relatos autobiográficos da primeira geração de estudantes negros que ingressaram em escolas e universidades predominante brancas. Imagine como é ter aulas com um professor que não acredita que você é totalmente humano. Imagine como é ter aulas com professores que acreditam pertencer a uma raça superior e sentem que não deveriam ter de se rebaixar dando aulas para estudantes que eles consideram incapazes de aprender. Em geral, sabíamos quais professores brancos nos odiavam e evitávamos suas aulas, a menos que elas fossem absolutamente imprescindíveis. Como a maioria de nós chegou à faculdade na esteira de uma poderosa luta antirracista por direitos civis, sabíamos que encontraríamos aliados nessa luta – e, de fato, encontramos. Notadamente, o machismo confesso de meus professores era mais duro que seu racismo velado (hooks, 2020, p. 24).
Violências como essas são recorrentes no ambiente acadêmico, que violenta os grupos marginalizados tanto pelo racismo e misoginia explícitos, ao exemplo do testemunho de hooks, quanto pela exclusão das epistemologias desenvolvidas por esses grupos. As epistemologias, como ressalta Grada Kilomba (2021), psicóloga, teórica e artista portuguesa, são as ciências do conhecimento e, no contexto científico tradicional, tem fortes atravessamento das marcas da colonialidade, principalmente, da misoginia e do racismo. Ela propõe, em sua palestra-performance “Descolonizando o conhecimento”:
Por isso, a máscara levanta tantas perguntas: Quem pode falar? Quem não pode? E acima de tudo, sobre o que podemos falar? Por que a boca do sujeito Negro tem que ser calada? Por que ela, ele, ou eles/elas têm de ser silenciados/as? O que o sujeito Negro poderia dizer se a sua boca não estivesse tampada? E o que é que o sujeito branco teria que ouvir? (Kilomba, 2021).
Nesse sentido, o presente texto busca transgredir a compreensão historiográfica tradicional de modo a abrir frestas para novas epistemologias, isto é, novos saberes, provenientes de grupos marginalizados, a partir, em destaque, das reflexões contidas nas obras “Mulheres, raça e classe” (Davis, 2016) e “E eu não sou uma mulher? Mulheres negras e feminismo” (hooks, 2023).
Ambas filósofas estadunidenses, expoentes do movimento feminista e da luta antirracista, Angela Davis e bell hooks traficam epistemologias, conhecimentos, oriundos das vivências das mulheres negras desde o período da escravidão, isto é, seus trabalhos dialogam diretamente com a realidade de narrativas originais. Nas obras investigadas, sobretudo os primeiros capítulos, torna-se evidente o reexame histórico aliado às análises discursivas, movimento que possibilita a identificação das violências institucionais contemporâneas enquanto reflexos dos períodos de colonização que regulamentaram as práticas micro e macropolíticas do racismo e da misoginia. Esse tipo de elaboração teórica de revisão das estruturas de opressão, é atribuída à metodologia arqueológica, sistematizada pela literatura do filósofo francês Michel Foucault, e característica do primeiro momento de sua produção.
A metodologia arqueológica surge de um forte apego de Foucault à epistemologia e um desejo de validação teórica sobre a prática (Côrrea, 2015). Nesse momento de defesa da teoria, a arqueologia do saber possibilita a noção de saber-poder, isto é, a partir da desconstrução das ciências o filósofo atesta que o saber esteve historicamente restrito ao domínio de instituições com interesses específicos, com destaque teórico ilustrado pela compreensão do amplo controle, vigilância e punição institucionais aos quais os indivíduos são submetidos socialmente no sistema capitalista pós-moderno (Foucault, 1987).
Aqui, empreende-se, então, destacar os recursos da metodologia arqueológica apropriados por Davis (2016) e hooks (2023), apontar pontos de convergência e divergência entre os trabalhos das autoras do ponto de vista da análise híbrida entre história e discurso e, por fim, incitar insurgências possíveis na intersecção entre as reconstruções e descontinuidades propostas nos três aportes filosóficos a serem delineadas neste estudo. Assim, o trabalho instala--se na argumentação das potências do método arqueológico para a reconstrução das narrativas e agendas militantes dos grupos historicamente marginalizados, ilustrada no texto pela história das mulheres negras na escravidão, ao passo que convoca, concomitantemente, a transgredir os moldes da ciência, dita tradicional.
2 ANGELA DAVIS E A MULHER NEGRA NA RESISTÊNCIA CONTRA O LEGADO DA ESCRAVIDÃO
Aqui, busca-se detalhar as principais discussões presentes no primeiro capítulo da obra “Gênero, raça e classe” (2016), de Angela Davis, intitulado “O Legado da Escravidão: parâmetros para uma nova condição de mulher”. A esse momento descritivo, identifica-se as principais influências do método arqueológico, a posteriori detalhado, na escrita de Davis, a partir dos evidentes movimentos de diferenciação e subversão à historiografia tradicional e de aliança entre a análise histórica e a discursiva.
No primeiro capítulo da obra “Mulheres, raça e classe”, Davis empreende uma proposta de ensaio que possa orientar uma releitura da história das mulheres negras durante a escravatura (Davis, 2016, p.10). Para tanto, a autora avalia que a primeira dimensão dessa análise começa pela contemplação do papel das mulheres negras como trabalhadoras. Como a maioria dos homens escravos, a maioria das mulheres negras foi submetida ao trabalho braçal no campo nos primeiros ciclos da escravatura, ainda que, algumas vezes, fossem enviadas para trabalhar para as famílias de engenho. Nesse sentido, pode-se pensar, a partir da literatura de Davis que, na maioria das vezes, a diferenciação entre homens e mulheres negras não se dava pela divisão sexual do trabalho, pois elas trabalhavam tanto quanto ou mais que eles (homens), mas pela divisão da exploração e violência sexuais. Ela ressalta:
[...] as mulheres também sofreram de maneiras diferentes, porque eram vítimas de abuso sexual e outras barbaridades de maus tratos que apenas podem ser infligidas às mulheres. [...] Os especiais abusos assim infligidos sobre as mulheres facilitam a crueldade da exploração econômica do seu trabalho. As exigências desta exploração fizeram com que os donos de escravos pusessem de lado as suas atitudes sexistas ortodoxas nas propostas de repressão. Se as mulheres negras eram dificilmente “mulheres” no sentido aceite, o sistema de escravatura também desencorajava a supremacia dos homens negros. Porque maridos e esposas, pais e filhas eram igualmente sujeitos à autoridade absoluta dos donos de escravos, a promoção da supremacia masculina entre os escravos podia ter criado uma ruptura perigosa na cadeia de comando (Davis, 2016, p.12).
No início da passagem, nota-se a preocupação da autora em destacar as diferenças que marcam o processo histórico da escravidão para a mulher negra, alvo das mais brutais violências. Esse movimento de diferenciação é eminentemente opositor à hegemonia positivista na ciência, na medida em que essa determina uma epistemologia pragmática da categorização dos processos a partir da ordem da semelhança (Silvino, 2007).
Nesse contexto, o trabalho de Davis sublinha a resistência e coragem da mulher e do povo negro, como fica evidente em
Enquanto tentavam desesperadamente e diariamente manter suas famílias vivas, gozando de tanta autonomia quanto podiam, os homens escravos e mulheres manifestaram um talento irrepreensível em humanizar o ambiente desenhado em convertê-los num rebanho de unidades de trabalho sub-humanas (Davis, 2016, p.18).
A dinâmica mercadológica da escravatura passou por mudanças com a pressão mundial para o fim do tráfico de escravos, processo que afetou também as organizações gendradas da instituição escravocrata. Então, o valor mercadológico da mulher negra mudou significantemente, uma vez que ela era, também, provedora de novas pessoas escravizadas, cuja oferta reduzia-se. Essa análise permite entender melhor algumas determinações sociais atribuídas às mulheres negras na contemporaneidade, seja pela estipulação de um “não-lugar”, enquanto mulher, ou pelo reforço violento de suas concomitantes funções de trabalhadora e mãe. Novamente, Davis registra a história a partir dos aspectos que diferenciam cada processo histórico em movimento, por meio de suas descontinuidades. Ferreira (2020) pontua, a respeito da obra “Gênero, raça e classe” que:
Davis demonstra, pela reconstrução de acontecimentos históricos, como o racismo contribui para a construção do sexismo e da exploração de classe; como o sexismo contribui para a perpetuação do racismo e da exploração de classe; e, finalmente, como a exploração de classe é mantida pelo racismo e pelo sexismo (Ferreira, 2020, p.4).
As fontes de informação, no contexto da Ciência da Informação, por exemplo, são variadas e se referem a todos os tipos de meios que contêm informações. Essas fontes podem incluir materiais ou produtos originais ou elaborados, que contêm notícias ou testemunhos e permitem acesso ao conhecimento. Por isso, importante demarcar que Davis, em sua pesquisa, utiliza diversos tipos de fontes de informação, algumas delas não convencionais, tais como histórias de vida, mapas, testemunhos, textos literários, produções midiáticas e registros informais no intuito de desconstruir as ideias coloniais solidificadas, em grande parte, pela elite de homens brancos que, historicamente, vem ocupando espaços de poder intelectual, a exemplo da academia e ciência, como fica evidente em
Apesar do testemunho dos escravos sobre a alta incidência de violação e coação sexual, a questão do abuso sexual foi tudo menos posta a descoberto pela literatura tradicional sobre a escravatura. Algumas vezes até foi assumido que as mulheres escravas acolhiam e encorajaram as atenções sexuais dos homens brancos. O que aconteceu entre eles, então, não foi exploração sexual, mas antes “miscigenação” (Davis, 2016, p. 26).
Fontes de informação não convencionais, por vezes subjetivas, têm um impacto na vida social, pois influenciam tanto a rede de pensamento lógico quanto as emoções, memórias e sentidos das pessoas, despertando sentimentos e uma sensação de identificação com as imagens mentais e experiências humanas. Nesta perspectiva, Davis critica as correntes de romantização da violência infligida às mulheres escravas ao passo que evidencia a descontinuidade entre os relatos das testemunhas e as fontes historiográficas de ênfase na discussão, ou seja, a “literatura tradicional”. Alguns dos relatos de violência brutal às mulheres negras e algumas mulheres brancas são atribuídos a autorias anônimas, na medida em que a identidade das mulheres foi considerada irrelevante ao ponto de, em muitos casos, ser totalmente apagada dos registros oficiais. Ao contrapor o discurso da pessoa oprimida ao discurso favorável à ideologia colonial, por muito tempo aceito na comunidade científica, a obra abre frestas para a emersão de novos discursos, que possam recontar a história sob a ótica dos que não venceram, dos que não detém o saber-poder (Foucault, 2008).
Sob a influência foucaultiana para análise destas fontes, pode-se refletir sobre quais são as unidades reais que existem na história do discurso da mulher negra em sua luta contra a escravidão? É verdade que os relatos organizados na obra de Davis, complexos pelas relações em seus contextos históricos específicos e em sua grande variabilidade ao longo da história, são importantes para trabalhar a descontinuidade e o momento da irrupção na história da mulher negra escravizada, um caminho para o entendimento dos sentidos produzidos naquele determinado tempo.
Tal discurso, entendido aqui como prática, pois a pessoa humana é um ser discursivo, mediado pelo uso da linguagem, vê a presença da arqueologia de Foucault, mesmo que inconsciente, na narrativa da obra “Mulheres, raça e classe”, como um método para desvendar como a mulher negra resistiu (e vem resistindo) a diversas formas de violência, para construir sua própria existência, a partir de seu lugar de fala.
3 BELL HOOKS E O CONDICIONAMENTO: A MULHER NEGRA NO CENTRO DA ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA DA ESCRAVIDÃO
De modo similar à obra de Davis (2016), os dois primeiros capítulos da obra “E eu não sou uma mulher? Mulheres negras e feminismo”, a saber: “Sexismo e a experiência das mulheres negras escravas” e “Desvalorização continuada da natureza feminina negra”, deslocam a experiência da mulher negra na escravidão para o centro da análise. No trabalho de hooks (2023), salienta-se, todavia, os aspectos de violência brutal do sistema de escravidão, principalmente com as mulheres escravizadas, enquanto Davis dá destaque aos movimentos de resistência das mulheres negras. Entretanto, a compreensão detalhada dos dispositivos de violência e das estruturas dos sistemas de opressão não é menos necessária no contexto de epistemicídio, ainda vivenciado hoje, e representa forte potencial historiográfico e discursivo.
Crítica à tradição historiográfica, reducionista da experiência das mulheres negras, hooks (2023) pontua:
A opressão dos homens negros durante a escravatura foi descrita como a desmasculinização pela mesma razão que virtualmente nenhuma atenção acadêmica foi dada à opressão das mulheres durante a escravatura. Debaixo de ambas as tendências está a assunção sexista de que os homens são mais importantes do que essas mulheres e o que mais interessa entre as experiências dos homens é a sua capacidade de afirmarem-se a si próprios patriarcais. [...] A área que mais claramente revela a diferenciação entre o estatus dos escravos homens e as mulheres escravas é a área do trabalho. O homem negro foi inicialmente explorado como um trabalhador dos campos; a mulher negra foi explorada como uma trabalhadora dos campos, uma trabalhadora das tarefas domésticas, uma criadora de animais e como um objeto de assaltos sexuais dos homens brancos (hooks, 2023).
Na passagem, observa-se o movimento de diferenciação dos processos históricos de acordo com os marcadores sociais de raça e gênero durante o período da escravidão, de modo semelhante ao que ocorre no texto de Davis (2016). As ideias divergem pela conceituação da desmasculinização do homem como estratégia patriarcal no pensamento de Davis, e como negligência às violências sofridas pela mulher negra nas reflexões de hooks. Destarte, hooks avalia que seria mais interessante analisar a subjetividade escrava pela lente da masculinização feminina ao invés da desmasculinização masculina.
A propósito do abuso sexual contra as mulheres negras, hooks argumenta que
As mulheres negras escravizadas não podiam olhar para qualquer outro grupo de homens, brancos ou negros, para protegê-la contra a exploração sexual. Muitas vezes em desespero, as mulheres negras tentavam a ajuda da dona branca mas essas tentativas usualmente falhavam. Algumas donas respondiam o sofrimento das mulheres escravas perseguindo-as e atormentando-as. Outras encorajam o uso das mulheres negras como objetos sexuais porque lhes permitia folgar dos indesejáveis avanços sexuais (hooks, 2023).
Enquanto hooks problematiza formas como os homens negros e as mulheres brancas reproduziram, respectivamente, a misoginia e o racismo e re-violentaram as mulheres negras, Davis destaca os processos de resistência empreendidos por essas mulheres e, até mesmo, cita as contribuições dos grupos que não vivenciam a interseccionalidade raça-gênero para a luta abolicionista e dos direitos das mulheres. Ademais, é atribuída uma posição mais passiva às mulheres nesse período:
Aceitando completamente o papel feminino definido pelo patriarcado, as mulheres negras escravizadas abraçaram e perseveraram a ordem social opressiva sexista e tornaram-se (bem como suas irmãs brancas) cúmplices nos crimes perpetrados contra as mulheres e vítimas desses crimes (hooks, 2023).
No segundo capítulo da obra, “Desvalorização continuada da natureza feminina”, de forma marcante, hooks faz uma arqueologia discursiva das representações simbólicas atribuídas à mulher negra na época da escravidão. A associação à decadência e imprudência sexuais, à prostituição e à perdição, aliados à masculinização das mulheres negras, constituíam o cenário predominante:
Tal como os homens brancos usaram o mito de todas as mulheres serem sexualmente perdidas como forma de desvalorizar a natureza feminina negra, eles usaram o mito da matriarcalidade para gravar na consciência de todos os americanos que as mulheres negras eram masculinizadas, destruidoras da confiança dos homens (hooks, 2023).
Como já visto, a arqueologia foucaultiana consiste na metodologia híbrida entre a (des)construção histórica e a análise discursiva, recurso amplamente adotado nesse segundo capítulo da obra de hooks. O estudo das representações atribuídas às mulheres negras permite a apreensão dos processos históricos e das estruturas institucionais, inclusive do vínculo de saber-poder, que perpetuam as violências interseccionais de gênero e raça.
Embora não clara e referenciada pela autora, as categorias das relações entre os enunciados nos campos de saber, creditadas como hipóteses por Foucault: objetos, tipos de enunciados, conceitos e estratégias, a narrativa proposta em hooks não é de elementos que encerram o discurso sobre violência brutal do sistema de escravidão sobre as mulheres, mas que, se relacionam entre si para formarem uma prática discursiva. Como esses diferentes tipos de enunciados se relacionam entre si? Quais são os critérios de validade para cada um deles? Como eles moldam e influenciam o discurso sobre o conceito de violência contra a mulher negra? Foucault (2008) argumenta que é essencial analisar e compreender essas questões para entendermos melhor como os discursos se constituem e funcionam em determinado contexto. Tal compreensão passa pelo questionamento sobre quem fala e qual é a sua autoridade para falar, de onde vem o seu discurso, e que posição o sujeito ocupa em relação aos objetos ou grupos de objetos. Por exemplo, como a pessoa oprimida socialmente percebe, observa, descreve e ensina sobre suas experiências?
4 ENTRE A EPISTEME E A LUTA: INSURGÊNCIAS POSSÍVEIS NO PENSAMENTO FOUCAULTIANO
Michael Foucault (1926 - 1984), em seu primeiro momento de estudo (1961-1969), foi um dos principais precursores da corrente pós-estruturalista, que adota modelos de pesquisa híbridos entre o estruturalismo e o historicismo, de modo a tomar a análise linguística como elemento fundamental no processo metodológico e destacar concomitantemente as análises materiais e históricas dos processos estudados. Assim, pode-se dizer que o filósofo francês foi um dos representantes de uma proposta epistemológica que, apesar de defender a unidade das epistemologias, marcou o curso das possibilidades de produção científica das ciências humanas, movimento que influenciou e influencia muitas outras autoras e autores, a exemplo de Angela Davis (2016) e bell hooks (2023).
Para o autor, a história se dá a partir de suas descontinuidades, mutações e metamorfoses, ou seja, ideia oposta à demanda positivista. A tradição positivista inaugurada por Auguste Comte (1798-1857) na França moderna apropriou-se da organização das ciências humanas no molde das ciências naturais, categorizando seus processos a partir da lógica da semelhança e defendendo a objetividade e neutralidade do conhecimento. Na obra em que detalha a sistematização do método, “A Arqueologia do Saber”, Foucault destaca:
As positividades não caracterizam formas de conhecimento - quer sejam condições a priori e necessárias ou formas de racionalidade que puderam, por sua vez, ser empregadas pela história. Mas elas não definem, tampouco, o estado dos conhecimentos em um dado momento do tempo: não estabelecem o balanço do que, desde aquele momento, pôde ser demonstrado e assumir status de aquisição definitiva; o balanço do que, em compensação, era aceito sem prova nem demonstração suficiente, ou do que era admitido pela crença comum ou requerido pela força da imaginação. Analisar positividades é mostrar segundo que regras uma prática discursiva pode formar grupos de objetos, conjuntos de enunciações, jogos de conceitos, séries de escolhas teóricas. Os elementos assim formados não constituem uma ciência, com uma estrutura de idealidade definida; seu sistema de relações é, certamente, menos estrito; mas não são, tampouco, conhecimentos acumulados uns ao lado dos outros, vindos de experiências, de tradições ou de descobertas heterogêneas e ligados somente pela identidade do sujeito que os detém (Foucault, 2008 , p.203).
A estratégia analítica de Foucault favoreceu a contestação de opressões históricas mascaradas pela tradição científica positivista, que privilegia o reconhecimento de fontes não convencionais a partir de fontes históricas, geralmente elaboradas pelos detentores do poder socioeconômico e político. Ragusa (2021) menciona que a arqueologia do saber de Michel Foucault tem como potência a capacidade de identificar as condições de emergência dos discursos, de mostrar como eles se constituem em práticas discursivas, e de analisar as relações de poder que estão implicadas nesses processos. Além disso, essa metodologia permite a identificação das transformações dos saberes ao longo do tempo, bem como a análise das relações entre diferentes discursos e práticas discursivas. Por fim, o método arqueológico também pode ser visto como uma via para a mudança e ruptura epistemológica, uma vez que permite a identificação das condições de emergência de novos discursos e práticas discursivas que podem desestabilizar as estruturas de poder existentes.
De acordo com Côrrea (2015, p. 168),
O método arqueológico de Foucault deve profundamente à epistemologia estruturalista de Althusser e ao seu combate, no interior do marxismo, à corrente dialética revolucionária representada por Lenin, Trotsky, Rosa Luxemburgo, Lukács, Korsch e Gramsci, autores que conceberam, em chave hegelo-marxiana, a história global como síntese dialética entre continuidade e descontinuidade históricas.
Todavia, como também ressaltado recentemente por Butler (2021), na obra A força da não-violência: um vínculo ético-político, Losurdo e Dastoli (2011) fazem o seguinte comentário sobre o curso “É preciso defender a sociedade”, ministrado por Foucault, no ano de 1976, sublinhando outros textos do próprio Foucault da década de 1990, evidenciando a ausência de críticas às colonialidades em seus trabalhos:
O colonialismo e a ideologia colonial estão amplamente ausentes na história do mundo contemporâneo reconstruída pelo filósofo francês. A julgar por essa história, ‘o surgimento do racismo de Estado [deve ser localizado] no início do século XX’, enquanto é o advento do Terceiro Reich que marca o ‘aparecimento de um Estado absolutamente racista’. Essa periodização foi posta em dúvida com muita antecedência pelos abolicionistas que, no século XIX, queimavam em praça pública a Constituição americana, tachada de ser um pacto com o diabo por consagrar a escravidão racial; ou aqueles abolicionistas que recriminavam a lei sobre os escravos fugitivos de 1850 por ela obrigar todo cidadão estadunidense “a se tornar um caçador de homens”: era passível de punição não só quem tentasse esconder ou ajudar o negro perseguido pelos seus legítimos proprietários, mas também quem não colaborasse para a sua captura (Losurdo; Dastoli, 2011, p.228-229).
Essa lacuna fundamental nas análises arqueológicas de Michel Foucault foi tensionada pelos movimentos do maio de 1968, momento de forte instabilidade e questionamentos políticos na França. A respeito do impacto das forças revolucionárias francesas naquele momento no trabalho de Foucault, marcado por uma literal ruptura com método arqueológico e passagem para o método genealógico, Côrrea (2015) reflete
Afinal, não seria o momento disruptivo da práxis revolucionária justamente o elemento dinâmico, o “fenômeno originário” [...] capaz de desobstruir a rígida dicotomia entre continuidade e descontinuidade, sobre a qual sua arqueologia dos saberes é edificada? Não seria exatamente este o motivo pelo qual o horizonte da revolução social estaria ausente de suas reflexões epistemológicas? (Côrrea, 2015).
Na passagem ao método genealógico, Foucault abdica da ênfase à teoria em detrimento da prática, uma mudança que acaba por reforçar seu compromisso com a descontinuidade e mutação históricas. Considerando as lacunas teóricas nas compreensões foucaultianas das colonialidades e seus impactos nas estruturas, especialmente em seu primeiro momento de estudo, é possível considerar os trabalhos de Davis (2016) e hooks (2023) como representantes, e também transgressoras, da metodologia arqueológica (Foucault, 2008), pois ao passo que analisam as violências características das instituições sexista e escravocrata, ampliam as potências desta metodologia por meio de empreitadas subversivas da percepção interseccional e decolonial.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar da importante semelhança entre os trabalhos de Davis (2016) e hooks (2023), suas diferenças realçam as potências de cada análise. Influenciadas pelo cenário intelectual possibilitado pela infiltração dos grupos marginalizados e movimentos sociais no contexto acadêmico a partir da segunda metade do século XX, as autoras apropriaram-se, cada uma a seu modo, de modos de fazer ciência transgressores e subversivos.
Nesse ínterim, o presente trabalho busca ressaltar, a partir da análise do primeiro capítulo da obra “Mulheres, raça e classe” (Davis, 2016) e dos dois primeiros capítulos da obra “ E eu não sou uma mulher? Mulheres negras e feminismo” (hooks, 2023), os movimentos característicos da metodologia arqueológica (Foucault, 2008) e defender as potências presentes na difusão, invasão e mutação desse método por parte dos grupos marginalizados.
Até meados do século XX, a corrente positivista se fazia hegemônica nos estudos historiográficos, processo que reflete as marcas da colonialidade no contexto acadêmico global. A restrição massiva de epistemologias, conhecimentos, que desafiam o modelo colonial, patriarcal e racista, de produção de saber-poder, tem sido mais recentemente nomeado de epistemicídio. O epistemicídio perdura como uma das ferramentas mais persistentes e eficazes na perpetuação da dominação étnico-racial (Santos, 1995).
Para Grada Kilomba,
O conceito de conhecimento não se resume a um simples estudo apolítico da verdade, mas é sim a reprodução de relações de poder raciais e de gênero, que definem não somente o que conta como verdadeiro, bem como em quem acreditar. Algo passível de se tornar conhecimento torna-se então toda epistemologia que reflete os interesses políticos específicos de uma sociedade branca colonial e patriarcal (Kilomba, 2021).
Na mesma palestra-performance, Grada resgata da obra de hooks (1994) a passagem:
Cheguei à teoria porque estava sofrendo, a dor dentro de mim era tão intensa que eu não poderia continuar a viver. Cheguei à teoria desesperada, querendo compreender, querendo entender o que estava acontecendo ao meu redor. Acima de tudo, cheguei à teoria porque queria fazer a dor ir embora. Eu vi, na teoria, um local para a cura. (hooks, 1994, tradução nossa).
Para a filósofa, o recurso à teoria significou a possibilidade de fuga das opressões vivenciadas e compreensão das estruturas de poder que as mantêm, de produção de diferença na luta por libertação. A misoginia e o racismo são marcas da colonialidade que definem possibilidades epistemológicas no circuito científico e proliferam violências dentro e fora das instituições, como ilustrado tanto pela arqueologia das epistemologias tradicionais executada por Kilomba, quanto pelo relato de hooks sobre a vivência da mulher negra na Universidade.
Nesse percurso, faz-se essencial reconhecer a emergência da disrupção teórica, que não deve suplantar a práxis, mas complementá-la. A trajetória da literatura foucaultiana pretende evidenciar a potência dos movimentos sociais para a construção da realidade e da ciência com base na descontinuidade histórica, traço intrínseco a escrita de autoras que tiveram suas histórias e de seu povo colonizadas.
De modo geral, Davis (2016) e hooks (2023) têm abordagens distintas sobre a condição das mulheres negras escravizadas e sobre a socialização sexista na família escravizada. Davis se empenha em mostrar como as mulheres e o povo negro não sucumbiram à sua exploração, enquanto hooks mostra que as mulheres negras confinadas se adequaram a uma realidade brutal, sob a qual não exerciam o menor controle. Ambas as percepções são relevantes pois, na medida em que Davis destaca a resistência principalmente das mulheres negras, hooks constrói um arsenal teórico que possibilita compreender cenários onde a adaptação à opressão é uma estratégia de sobrevivência. No entanto, ambas as autoras têm em comum a luta contra o racismo e o sexismo, e a defesa da igualdade de direitos para todas as pessoas.
As divergências, convergências e intersecções entre os pensamentos das três filósofas(os) são essenciais para a demarcação de um quadro teórico plural, potente e proeminente para os estudos que visem a libertação social. Ainda, múltiplas (des)construções podem emergir da metodologia arqueológica aliada às histórias não contadas dos grupos historicamente marginalizados, em demarcação de novos conhecimentos possíveis para uma filosofia da diferença.
REFERÊNCIAS
ANZALDÚA, Gloria. Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo. Revista Estudos Feministas, v. 8, n. 1, 2000. Disponível em: https://doi.org/10.1590/%25x. Acesso em: 20 mar. 2024.
BUTLER, Judith. A força da não-violência. São Paulo: Boitempo, 2021.
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[1] bell hooks é o pseudônimo escolhido por Gloria Jean Watkins em homenagem à sua avó. A grafia do nome escolhido, em minúscula, conforme a filósofa, é um posicionamento político da recusa egóica intelectual. hooks destacou sua escolha para a atenção fosse ao conteúdo de suas obras, em suas palavras, e não em sua pessoa. Neste texto, seguiu-se esta recomendação.
[2] Doutora e Mestra em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Bahia. Graduada em Biblioteconomia e Documentação também pela Universidade Federal da Bahia. Especialização em Educação à Distância (Fundação Visconde de Cairu/Bahia). Especialização em Humanidades Digitais (Universidade de Ciências Empresariais e Sociais - Buenos Aires/AR). Professora Adjunta do Departamento de Documentação e Informação, do Instituto de Ciência da Informação, da Universidade Federal da Bahia. Foi Chefe do Departamento de Documentação e Informação - DDI/ICI-UFBA (2022-2024). Professora colaboradora do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação (PPGCI/UFBA). Criadora do Projeto de Extensão Sala Aberta. É pesquisadora no Grupos de Pesquisa (CNPq) Modelagem Conceitual Para Organização E Representação Da Informação Hipertextual - (MHTX/UFMG), e Líder do Grupo de Pesquisa (CNPq) - Laboratório de estudos em representação do conhecimento, competências e comportamento em informação, e recuperação da informação em meio digital - Lab-RecriE.
[3] Estudante de graduação em Psicologia na Universidade Federal da Bahia. Membro e bolsista PIBIC/CNPQ do Grupo de Pesquisa Laboratório de estudos em representação do conhecimento, competências e comportamento em informação, e recuperação da informação em meio digital (LabRecriE), atuante no projeto "Regime de informação da rede de atendimento à mulher em situação de violência do estado da Bahia". Fui pesquisadora de campo no projeto "Cartografia dos Desejos e Direitos: Mapeamento e Contagem da População em Situação de Rua na Cidade de Salvador, Bahia, Brasil". Atuei como extensionista voluntária no projeto Territórios de Vida, na rede de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) a partir da ênfase esquizoanlítica e esquizodramática, pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (MG), onde integrei o Grupo de Pesquisa Interdisciplinar sobre Combate às Opressões. Empenhada na construção de uma Psicologia política, de rua e de luta.