YOUTUBE COMO FONTE DE INFORMAÇÃO NA PROMOÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA PARA BIBLIOTECAS ESCOLARES

Clarice do Carmo Siqueira[1]

Universidade Federal de Goiás

clarice.carmo.s@gmail.com

 

Erinaldo Dias Valério[2]

Universidade Federal de Pernambuco

erinaldo.dias@ufpe.br

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Resumo

O YouTube é um dos sites mais acessados do mundo, a plataforma conta com diversas ferramentas de interatividade e compartilhamento de informações, heranças do surgimento da Web 2.0. O ciberespaço permitiu com que questões sociais ganhassem mais visibilidade, assim como, as relações étnico-raciais, um dos principais assuntos discutidos neste trabalho. Nesta perspectiva, a seguinte pesquisa se propôs a investigar o YouTube como ferramenta no auxílio aos/as estudantes enquanto fonte de informação para uma educação antirracista. Tendo em vista que, a educação é um dos caminhos para combater mazelas sociais, como o racismo, o estudo tem como objetivo geral analisar a plataforma YouTube como fonte de informação educacional na promoção de uma educação antirracista nas bibliotecas escolares. Estabelece como metodologia, uma pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa e de natureza básica. Entende que a biblioteca escolar pode ser um espaço que promova a diversidade e uma educação mais democrática. Com isso, a plataforma YouTube, a partir de seus vídeos, é uma fonte informacional que pode auxiliar bibliotecárias/os neste sentido. Indica o levantamento de 9 canais apresentados pelo Fundo Vozes Negras do YouTube, como fonte de informação antirracista para bibliotecas escolares. Defende, a importância da utilização destes canais em ambiente escolar, por meio da amostra de vídeos definida no corpo deste trabalho. Conclui que os conteúdos aqui apresentados, mostram que as reflexões sociais, em espaços de destaque como o YouTube, são importantes para a reconstrução de uma identidade negra positiva, negada a população negra ao longo da história.

Palavras-chave: relações étnico-raciais; YouTube - vozes negras; biblioteca escolar; fontes de informação.

YOUTUBE AS A SOURCE OF INFORMATION IN PROMOTING ANTI-RACIST EDUCATION FOR SCHOOL LIBRARIES

Abstract

YouTube is one of the most accessed websites in the world, the platform has several interactivity and information sharing tools, legacies of the emergence of Web 2.0. Cyberspace has allowed social issues to gain more visibility, as well as ethnic-racial relations, one of the main topics discussed in this work. From this perspective, the following research proposed to investigate YouTube as a tool to help students as a source of information for anti-racist education. Bearing in mind that education is one of the ways to combat social ills, such as racism, the study's general objective is to analyze the YouTube platform as a source of educational information in promoting anti-racist education in school libraries. It establishes as a methodology, a bibliographical research with a qualitative approach and of a basic nature. Understands that the school library can be a space that promotes diversity and a more democratic education. Therefore, the YouTube platform, based on its videos, is an informational source that can assist librarians in this regard. It indicates the survey of 9 channels presented by the Fundo Vozes Negras do YouTube, as a source of anti-racist information for school libraries. It defends the importance of using these channels in a school environment, through the sample of videos defined in the body of this work. It concludes that the content presented here shows that social reflections, in prominent spaces such as YouTube, are important for the reconstruction of a positive black identity, denied to the black population throughout history.

Keywords: ethnic-racial relations; YouTube - black voices; school library; information sources.

 

1 INTRODUÇÃO

As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) trouxeram grandes transformações para a sociedade. Com isso, as informações se adequaram a este novo espaço, o qual possibilita ter acesso ao conhecimento em diferentes formatos e ferramentas. Sendo assim, as TIC utilizam a interatividade para ajudar no processo cognitivo pela combinação de diversos meios de informação (Oliveira, 2016).

Desse modo, o YouTube é uma plataforma gratuita de vídeos sobre os mais diversos temas, dispõe inclusive de conteúdos educacionais que podem ser utilizados como fonte de informação, tanto por alunos/as, quanto por professoras/es para levantamento de discussões em sala de aula, assim como pode ser utilizado como um material de apoio pedagógico. É uma rede social virtual utilizada não só para o entretenimento, mas também em pesquisas e como fonte de informação educacional. Neste sentido pode auxiliar no combate ao racismo dentro das escolas, por meio da biblioteca escolar e da/o bibliotecária/o no auxílio e divulgação das informações, uma vez que, existe um déficit quanto aos materiais que tratam sobre a temática nos acervos.

Dessa forma, levando em consideração as condições da maioria das bibliotecas escolares no Brasil, no que se diz a falta de investimentos financeiros e carência de materiais que discutam sobre o racismo nas escolas, o YouTube pode assumir um papel importante contribuindo com conteúdos que retratem sobre a temática do racismo, representatividade e valorização da cultura afro-brasileira. Portanto, a presente pesquisa se propõe a responder o seguinte questionamento: como a mídia social Youtube pode auxiliar estudantes, atuando como ferramenta para uma educação antirracista? Para tentar responder a esta questão, o objetivo da pesquisa foi analisar a plataforma YouTube como fonte de informação educacional na promoção de uma educação antirracista nas bibliotecas escolares.

Posto isso, a estrutura do artigo está dividida em 5 seções, na primeira apresentamos os aspectos introdutórios da pesquisa, na seção se encarregara de discutir, por meio da revisão de literatura, o youtube como fonte de informação e o papel das bibliotecas escolares na promoção de uma educação antirracista. Na seção 3, estão os procedimentos metodológicos adotados, pois, se trata de uma pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa e de natureza básica. Já na seção 4, está a coleta e análise de canais do YouTube com o intuito de serem utilizados como fontes informacionais dentro do ambiente escolar. E por fim, a seção 5, reflete sobre as considerações finais da pesquisa.

 

2  O YOUTUBE COMO FONTE DE INFORMAÇÃO PARA UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA EM BIBLIOTECAS ESCOLARES

A partir do desenvolvimento da internet surgiu-se também a necessidade de se obter informações de maneira mais rápida e fácil, porém, a vasta quantidade de dados na Web que podem ser encontrados, dificulta a assertividade da recuperação deles. Por essa razão, as fontes de informação são ferramentas que podem auxiliar durante este processo de busca e consequentemente na construção do conhecimento. Conforme Trainotti Filho e Trainotti afirmam (2018), o conhecimento é o principal propósito que move a humanidade, sua construção é desenvolvida através de etapas ao longo da vida.

Desta forma, as fontes de informação colaboram e se fazem necessárias no que se diz a qualidade das informações obtidas. Sendo assim, Trainotti Filho e Trainotti (2018) argumentam que as fontes de informação possuem importância fundamental na geração de novos conhecimentos, pois permitem aos indivíduos encontrarem, analisarem e assimilarem as informações, tudo isso levando em consideração o tempo para essa recuperação. 

Consequentemente, Tomaél, Alcará e Silva (2008) apontam que avaliar a qualidade das fontes de informação é primordial, principalmente, na indicação de materiais para a comunidade a qual o serviço está sendo prestado. Ainda nesse sentido as autoras destacam que, ao indicar os itens, o profissional da informação precisa utilizar critérios de qualidade para analisar as fontes de acordo com os interesses e necessidades do usuário. 

Com isso, levando em consideração as grandes transformações do ciberespaço nos últimos anos, as/os profissionais da informação devem estar atentos aos comportamentos e anseios informacionais de seu público-alvo. Sendo assim, se faz necessário cada vez mais a inserção de bibliotecárias/os e bibliotecas em ambientes virtuais, na intenção de adequá-los às necessidades das/os usuárias/os e trabalhando na divulgação do conhecimento.

O YouTube foi criado em 2005 pelos ex-funcionários Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim, do site PayPal, em 2006 foi comprado pela Google por 1,65 bilhões de dólares (Burgess; Green, 2009). É uma plataforma online que tem como objetivo o compartilhamento de vídeos, os quais abordam os mais variados tipos de conteúdo, desde o entretenimento até a educação. Ao longo dos anos o YouTube se transformou e se adaptou às mudanças sociais, de acordo com o site Cloudflare (2021) o YouTube é o oitavo maior site e a terceira maior rede social virtual do mundo.

Somando a esta compreensão, Silva e Aquino (2014) afirmam que a divulgação na internet a respeito da informação étnico-racial, contribui para indivíduas/os a possibilidade de mudar comportamentos e ter mais consciência do lugar onde vive, de seus direitos e deveres. Portanto, a biblioteca escolar existindo com a finalidade de ser um local de valorização a diversidade, precisa ter a responsabilidade através de seus serviços, compartilhar fontes de informação antirracistas, visto que este processo contribuirá na promoção de uma educação e construção de uma sociedade mais democrática.

Posto isso, Cutrim (2018) expõe que os vídeos os quais retratam a temática racial no YouTube são um espaço de compartilhamento de experiências, problematização, visibilidade e denúncia. A autora dá continuidade ao pensamento tratando da importância de compreender o ambiente virtual como palco para discussões ao denunciar assuntos muitas vezes ignorados socialmente, tornando o mesmo um problema social, através de narrativas de pessoas reais dando maior visibilidade ao conteúdo.

Assim, a/o profissional da informação precisa se manter atualizada/o as rápidas transformações que ocorrem na internet, principalmente no caso da biblioteca escolar, onde a maioria das/os usuárias/os pertencem ao público jovem, os quais cada vez mais estão conectadas/os e inteiradas/os às novas redes. Para Silva e Aquino (2014), as/os bibliotecárias/os em conjunto com os docentes e discentes necessitam elaborar materiais sobre fontes de informação na web, alinhadas aos movimentos sociais, com o intuito de retificar as desigualdades e exclusão de grupos socialmente descriminalizados. Por este motivo a curadoria de conteúdos educacionais envolvendo profissionais da área, promovem não somente uma educação plural, como também uma sociedade mais democrática e diversa. A próxima seção apresenta os procedimentos metodológicos adotados para a realização da pesquisa.

 

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a pesquisa aqui apresentada foram empregados alguns procedimentos para que fosse possível o seu desenvolvimento, dentre eles a pesquisa bibliográfica, com a análise de materiais bibliográficos em formatos diversos, como livros, teses, dissertações, artigos científicos etc. O outro procedimento utilizado foi o levantamento de perfis, através de uma pesquisa na plataforma YouTube. A seguinte pesquisa possui natureza básica que de acordo com Prodanov e Freitas (2013) objetiva gerar novos conhecimentos para o desenvolvimento da ciência abrangendo fatos e interesses sociais.

Objetivo do estudo foi de analisar o Youtube como fonte de informação educacional na promoção de uma educação antirracista para bibliotecas escolares. Isso se dará, como foi citado anteriormente, pela junção de pesquisas bibliográficas e uma análise dentro da plataforma YouTube. O instrumento de análise, o qual foi utilizado, tratou-se de um protocolo de análise, criado com base no protocolo Likoski, desenvolvido por Ramos (2017). Quanto a abordagem a pesquisa teve um caráter qualitativo, conforme Prodanov e Freitas (2013) a pesquisa qualitativa é definida como fonte primária para informações, interpretação e atribuição de conceitos, ou seja, o autor faz a leitura dos materiais, analisa a coleta de dados e os interpreta.

Posto isto, para a pesquisa foram utilizados os canais selecionados pelo YouTube para o “Fundo Vozes Negras do YouTube”. Os critérios de verificação foram baseados no “Protocolo de Likoski”, idealizado por Ramos (2017), porém com adaptações voltadas para o objetivo central deste trabalho. Desse modo, se fez necessário a criação de um protocolo próprio, a fim de melhor descrever os canais e analisá-los na perspectiva de serem fontes de informação étnico-raciais. Com isso, o mesmo foi nomeado de “Protocolo Vozes Negras” para dar visibilidade ao projeto “Fundo Vozes Negra” que está sendo analisado neste trabalho. Os tópicos para a aplicação deste protocolo no levantamento dos canais foram: autoria (nome da/o criadora/or e descrição da/o criadora/or), total de vídeos no canal, data de criação, conteúdo da capa do vídeo e principais temas, que apresentam assuntos de fácil entendimento, com vídeos apropriados para o ambiente educacional, focando em abordagens sobre o racismo. Dito isso, a próxima seção apresenta a coleta e análise dos dados para conclusão da pesquisa, contendo mais informações sobre o desenvolvimento e aplicação da investigação dos canais selecionados e analisados.

 

4 COLETA E ANÁLISE DE DADOS

Os canais foram organizados em ordem alfabética e em categorias temáticas para uma melhor análise neste trabalho. As categorias temáticas analíticas atribuídas para cada um dos canais foram: Humor/comédia, Reflexões sociais, Representatividade negra, Esporte, Viagens/curiosidades, Estudos sobre ciência, Dança e Música. Os critérios de inclusão dos canais para análise neste artigo foram os que abordassem em seus vídeos informações educacionais acerca das relações étnico-raciais, notadamente sobre a categoria Reflexões sociais (9 canais). Portanto, foram descartados aqueles que apresentavam em seus conteúdos informações não condizentes com o tema e objetivos aqui propostos, pois, a intenção foi de elencar os perfis do “Fundo Vozes Negras” como materiais educativos. Portanto, os canais selecionados e a categoria que cumpre com o objetivo da presente pesquisa estão organizados e distribuídos no quadro 1 – categoria: reflexões sociais.

 

Quadro 1 – Categoria – Reflexões Sociais

CANAL 1 – AD JUNIOR

Identificação do canal

Nome do canal

Periodicidade de postagens

Geralmente tem periodicidade de vídeos semanais.

Link de acesso

https://www.youtube.com/c/ADJUNIOR1

Total de visualizações

3.040.070 visualizações

Conteúdo

Total de vídeos

227

Data de criação

1 de out. de 2014

Título preciso

Os títulos dos vídeos possuem uma linguagem de fácil entendimento.

Conteúdo da capa do vídeo

Capas chamativas e bem elaboradas de acordo com os assuntos abordados no vídeo.

Autoria

Nome da/o criadora/or

Adilson dos Santos Júnior

Descrição da/o criadora/or

AD Júnior é formado em comunicação social e literatura inglesa na Alemanha e Estados Unidos, consultor de marketing digital, apresentador e produtor de conteúdo.

Principais temas

Reflexões sociais, Racismo, denúncias, identidade negra, relações étnico-raciais, entretenimento, comportamentos sociais, cultura, representatividade e política. 

CANAL 2 – Guardei no Armário

Identificação do canal

Nome do canal

Periodicidade de postagens

Sem frequência definida

Link de acesso

https://www.youtube.com/c/GuardeiNoArmarioOficial

Total de visualizações

1.816.628 visualizações

Conteúdo

Total de vídeos

262

Data de criação

11 de set. de 2015

Título preciso

Os títulos dos vídeos possuem uma linguagem de fácil entendimento.

Conteúdo da capa do vídeo

Capas chamativas e bem elaboradas de acordo com os assuntos abordados no vídeo.

Autoria

Nome da/o criador/a

Samuel Gomes

Descrição da/o criadora/or

Samuel Gomes possui formação em design gráfico e atua no mercado publicitário, militante das causas negra e LGBTQIA+, palestrante, professor, criador de conteúdo e escritor do livro “Guardei no armário”. Alguns de seus vídeos apresentam intérpretes de LIBRAS.

Principais temas

Reflexões sociais acerca de raça, gênero e sexualidade, racismo, LGBTfobia, entretenimento, denúncias, representatividade e identidade negra.

CANAL 3 – Muro Pequeno

Identificação do canal

Nome do canal

Periodicidade de postagens

Sem frequência definida

Link de acesso

https://www.youtube.com/c/MuroPequeno

Total de visualizações

4.207.462 visualizações

Conteúdo

Total de vídeos

180

Data de criação

13 de out. de 2015

Título preciso

Os títulos dos vídeos possuem uma linguagem de fácil entendimento.

Conteúdo da capa do vídeo

Capas chamativas de acordo com os assuntos abordados no vídeo.

Autoria

Nome da/o criadora/or

Murilo Araújo

Descrição da/o criadora/or

Murilo Araújo possui graduação em jornalismo e mestrado pela Universidade Federal de Viçosa, doutorando pela UFRJ, militante das causas negra e LGBTQIA+. Possui um quadro intitulado potências negras o qual traz várias personalidades negras falando sobre as suas pluralidades.

Principais temas

Reflexões sociais acerca de raça, gênero e sexualidade, racismo, LGBTfobia, cultura negra, personalidades negras, entretenimento, denúncias, representatividade, identidade negra e entretenimento.

CANAL 4 – Neggata

Identificação do canal

Nome do canal

Periodicidade de postagens

Sem frequência definida

Link de acesso

https://www.youtube.com/c/neggata

Total de visualizações

2.212.163 visualizações

Conteúdo

Total de vídeos

86

Data de criação

26 de nov. de 2014

Título preciso

Os títulos dos vídeos possuem uma linguagem de fácil entendimento.

Conteúdo da capa do vídeo

Capas chamativas de acordo com os assuntos abordados no vídeo.

Autoria

Nome do/a criadora/or

Lorena Monique

Descrição da/o criadora/or

Comunicadora, cientista social pela Universidade de Brasília e criadora de conteúdo.

Principais temas

Reflexões sociais, racismo, empoderamento feminino, feminismo negro, cultura, música, personalidades negras, denúncias, representatividade, identidade negra, entrevistas e entretenimento.

CANAL 5 – PhCôrtes

Identificação do canal

Nome do canal

Periodicidade de postagens

Vídeos postados semanalmente

Link de acesso

https://www.youtube.com/c/Phcortesmotta1

Total de visualizações

827.422 visualizações

Conteúdo

Total de vídeos

309

Data de criação

5 de out. de 2011

Título preciso

Os títulos dos vídeos possuem uma linguagem de fácil entendimento.

Conteúdo da capa do vídeo

Capas chamativas e bem elaboradas de acordo com os assuntos abordados no vídeo.

Autoria

Nome da/o criadora/or

Pedro Henrique Cortes

Descrição da/o criadora/or

Pedro Henrique Cortes é criador de conteúdo, em seu canal traz sempre discussões pautadas em questões raciais, resgatando e valorizando personalidades e heróis/heroínas negros/as.

Principais temas

Reflexões sociais, gênero, racismo, denúncias, representatividade, resgate a heróis/heroínas negros/as, cultura e entretenimento. Possui um quadro intitulado “Meus heróis brasileiros” o qual discorre sobre a história de pessoas negras importantes para a luta da população negra.

CANAL 6 – Papo de Preta

Identificação do canal

Nome do canal

Periodicidade de postagens

Geralmente três vídeos por semana

Link de acesso

https://www.youtube.com/c/PapodePreta

Total de visualizações

8.160.411 visualizações

Conteúdo

Total de vídeos

554

Data de criação

27 de set. de 2015

Título preciso

Os títulos dos vídeos possuem uma linguagem de fácil entendimento.

Conteúdo da capa do vídeo

Capas chamativas de acordo com os assuntos abordados no vídeo.

Autoria

Nome da/o criadora/or

Natália Romualdo e Maristela Rosa 

Descrição da/o criadora/or

Ambas jornalistas, em seu canal apresentam conteúdos relacionados a questões sociais, beleza, negritude e cultura.

Principais temas

Reflexões sociais, racismo, empoderamento feminino, beleza, feminismo negro, cultura, personalidades negras, denúncias, representatividade, identidade negra e entretenimento.

CANAL 7 – Soul Vaidosa

Identificação do canal

Nome do canal

Periodicidade de postagens

Geralmente 4 vídeos por mês

Link de acesso

https://www.youtube.com/c/SoulVaidosa

Total de visualizações

1.999.413 visualizações

Conteúdo

Total de vídeos

454

Data de criação

25 de abr. de 2013

Título preciso

Os títulos dos vídeos possuem uma linguagem de fácil entendimento.

Conteúdo da capa do vídeo

Capas chamativas de acordo com os assuntos abordados no vídeo.

Autoria

Nome da/o criadora/or

Alexandra Ravelli

Descrição da/o criadora/or

Criadora de conteúdo, formação em musicoterapia, apresentadora e colunista.

Principais temas

Reflexões sociais, autocuidado, empoderamento feminino, autoestima da mulher negra, cuidados com cabelos, beleza, feminismo negro e sexualidade.

CANAL 8 – Spartakus

Identificação do canal

Nome do canal

Periodicidade de postagens

Vídeos semanais

Link de acesso

https://www.youtube.com/c/spartakus

Total de visualizações

7.845.590 visualizações

                                           Conteúdo

Total de vídeos

142

Data de criação

13 de out. de 2007

Título preciso

Os títulos dos vídeos possuem uma linguagem de fácil entendimento.

Conteúdo da capa do vídeo

Capas chamativas e bem elaboradas de acordo com os assuntos abordados no vídeo.

Autoria

Nome da/o criadora/or

Spartakus Santiago

Descrição da/o criadora/or

Spartakus Santiago é apresentador da MTV Brasil e criador de conteúdo, é formado em comunicação na Universidade Federal Fluminense. O principal foco do seu canal é a cultura Pop, porém sempre trata em seus vídeos assuntos ligados ao racismo e LGBTfobia.

Principais temas

Reflexões sociais acerca de raça, gênero e sexualidade, racismo, LGBTfobia, cultura, música, denúncias, representatividade, identidade negra, e entretenimento.

CANAL 9 – Thelminha

Identificação do canal

Nome do canal

Periodicidade de postagens

Geralmente 4 vídeos por mês

Link de acesso

https://www.youtube.com/c/Thelminha

Total de visualizações

8.640.314 visualizações

                                           Conteúdo

Total de vídeos

137

Data de criação

25 de nov. de 2010

Título preciso

Os títulos dos vídeos possuem uma linguagem de fácil entendimento.

Conteúdo da capa do vídeo

Capas chamativas de acordo com os assuntos abordados no vídeo.

Autoria

Nome da/o criadora/or

Thelma Assis

Descrição da/o criadora/or

Médica, criadora de conteúdo e ex participante e ganhadora do Reality Show Big Brother Brasil.

Principais temas

Reflexões sociais, personalidades negras, discussões políticas, entrevistas e entretenimento.

Fonte: Elaborado pelas pessoas autoras (2022).

Para a categoria Reflexões Sociais foram selecionados 9 canais, todos eles discutem sobre questões sociais, por meio de denúncias raciais (principalmente de acontecimentos na Web), entrevistas com personalidades negras, análise de conteúdos artísticos de artistas negras/os, discussões políticas etc. Sendo assim, a presença destes perfis ultrapassa os limites de serem somente vídeos informativos, pois, contam com a representatividade e sentimento de identificação para com as/os autoras/es dos canais, tornando possível ampliar o alcance destes conteúdos para as/os usuárias/os da plataforma. Com isso, Silva (2019) aponta o YouTube como fonte para pesquisas, instrumento pedagógico e de formação para a superação de temas como o racismo. Colaborando com este entendimento, Cutrim (2018, p. 26) discorre que o compartilhamento das informações em locais midiáticos como a internet, proporciona o compartilhamento do conhecimento, expandindo discussões e assim, gerando novas maneiras de reflexões políticas, culturais e sociais.

Quanto à linguagem, é de fácil entendimento, contribuindo para uma melhor compreensão dos temas tratados nos vídeos. No que se diz a diversidade das/os criadoras/es, a maioria possui formação acadêmica em variadas áreas como comunicação social, design gráfico, ciência social, musicoterapia e medicina. Outro fator necessário a ser citado, são questões como o resgate de personalidades negras importantes para a história da população negra, a partir de informações acerca da vida e contribuições de heroínas e heróis negras/os brasileiras/os para o país. Posto isto, Vieira e Valério (2020) destacam a relevância da ancestralidade para a formação pessoal e inserção na vida social. Os 9 canais juntos, totalizam o número de 2.351 vídeos, até o momento da pesquisa. No entanto, por se tratar de um artigo e pela extensão do trabalho, os vídeos não serão analisados.

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O período escolar é fundamental para a formação da identidade das/os sujeitas/os. Levando em consideração que o racismo estrutural ainda é muito presente na cultura brasileira, este momento é percebido e vivenciado de forma diferente para crianças e jovens negras/os. Isso se dá, muitas vezes, por meio de tratamentos diferenciados por parte do próprio corpo docente, o qual reproduz falas e pensamentos racistas, reforçando a imagem negativa criada em torno desse grupo desde o período escravocrata. Por este motivo a escola e a biblioteca escolar, precisam ser espaços que promovam ações antirracistas, visto que, a população negra teve sua história apagada e silenciada durante todo esse período. 

Neste sentido, se faz necessário discussões acerca do tema no âmbito educacional, a fim de reverter este problema. Outro fator a ser destacado, é a representatividade, uma vez que, as escolas ainda carecem de materiais informacionais que retratam a história da população negra, além de livros escritos por escritoras/es negras/os e personalidades importantes para este grupo. Isso se dá pela manutenção do preconceito e discriminação racial no ambiente escolar, por meio do racismo estrutural. Sendo assim, o Brasil é um país racista que ainda defende ideologias do mito da democracia racial, isso impede com que estes materiais sejam incluídos nas escolas, reforçando ainda mais a necessidade de bibliotecárias/os no combate ao racismo nestes espaços, para a formação de indivíduas/os antirracistas.

Sendo assim, respondendo à pergunta central do trabalho, as redes sociais virtuais dão espaço e visibilidade para reflexões acerca de problemas sociais como o racismo. Por este motivo o YouTube é uma fonte de informação que pode ser pode ser utilizada em sala de aula, como um suporte para promover uma educação antirracista. Deste modo, o YouTube é uma plataforma que conta com ferramentas de compartilhamento e interatividade, permitindo com que pessoas se conectem e compartilhem suas experiências.

Desta forma, quanto ao objetivo apresentado pela pesquisa, percebeu-se que, é de suma importância a mediação de bibliotecárias/os na análise da qualidade dos conteúdos, para que seja possível a utilização do mesmo, no âmbito educacional, colaborando como instrumento de apoio pedagógico. Sendo assim, é necessário que a escola e a biblioteca realizem um trabalho em conjunto, com o intuito de reforçar que a biblioteca escolar é um espaço democrático e inclusivo. Neste sentido, o YouTube promove conteúdos importantes para a criação de uma identidade positiva negra. Os vídeos retratam debates importantes sobre as relações étnico-raciais, além de dar protagonismo às pessoas negras, as quais podem desempenhar um papel de representatividade muito significativo na vida dos estudantes negras/os.

Desta maneira, após a análise é possível afirmar que os canais aqui apresentados, possuem vídeos que podem ser utilizados como fontes de informação educacional, pois, trazem abordagens necessárias em seus conteúdos, promovendo uma educação antirracista dentro da escola.

 

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Lei n. 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Diário Oficial da União,  Brasília, seção 1, 11 mar. 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm. Acesso em: 17 out. 2021.

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[1] Graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Goiás.

[2] Professor do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).