SENCIÊNCIA E EPISTEMOLOGIA:    

um estudo fenomenológico em vista à percepção do pesquisador epistemólogo

 

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Resumo

O desafio da epistemologia é compreender o que é o conhecimento científico e como o cientista chega a ele, do mesmo modo tudo que orbita este caráter, o que inclui a senciência, logo a relação epistemólogo e sua condição de ‘estar-no-mundo’ que podem ser suspensos, refletido e analisado. A senciência é capacidade dos seres humanos e alguns organismos mais simples de perceber e sentir as emoções, sentimentos e afetações positivas e negativas de forma consciente e impostar-se sobre os excedentes esta relação. O epistemólogo é um filósofo e um pesquisador acadêmico especialista em fazer reflexões, críticas, reduções e reavaliações das identidades estabelecida nas bases do fazer científico. Neste sentido, qual é o lugar da senciência na epistemologia quanto à percepção do pesquisador epistemólogo? O objetivo visualizar o papel da senciência na epistemologia. A justificativa versa em compreender a senciência na vida mental dos cientistas na construção do conhecimento científico, pois mesmo nas mentes lúcidas, há zonas obscuras. Adotou-se o método fenomenológico, é essencialmente de inclinação qualitativa e descritiva, logo trata das discrições de fenômenos da consciência, da experiência e vivências, ações e comportamentos. O lugar da senciência na epistemologia versa no descontentamento da percepção pueril/realista e professoral/cientista do pesquisador epistemólogo, uma vez que a senciência se figura para além da consciência de autoconsciência.

Palavras-chave: senciência; epistemologia; epistemólogo; fenomenologia; ciência da informação.

 

SENTIENCE AND EPISTEMOLOGY:

a phenomenological study considering the perception of the epistemological researcher

 

Abstract

The challenge of epistemology is to understand what scientific knowledge is and how the scientist reaches it, as well as everything that orbits this character, which includes sentience, therefore the epistemologist relationship and its condition of 'being-in-the- world' that can be suspended, reflected and analyzed. Sentience is the ability of human beings and some simpler organisms to perceive and feel positive and negative emotions, feelings and affects in a conscious way and impose this relationship on others. The epistemologist is a philosopher and academic researcher specialized in making reflections, criticisms, reductions and reevaluations of the identities established on the basis of scientific practice. In this sense, what is the place of sentience in epistemology in terms of the perception of the epistemological researcher? The objective is to visualize the role of sentience in epistemology. The justification is to understand sentience in the mental life of scientists in the construction of scientific knowledge, as even in lucid minds, there are dark areas. The phenomenological method was adopted, it is essentially qualitative and descriptive, therefore it deals with the descriptions of phenomena of consciousness, experience and experiences, actions and behaviors. The place of sentience in epistemology deals with the discontent of the puerile/realistic and professorial/scientist perception of the epistemological researcher, since sentience appears beyond the consciousness of self-awareness.

Keywords: sentience; epistemology; epistemologist; phenomenology; information science.

 

 

SENTENCIA Y EPISTEMOLOGÍA:

un estudio fenomenológico desde la perspectiva del investigador epistemológico

 

Resumen

El desafío de la epistemología es comprender qué es el conocimiento científico y cómo el científico llega a él, así como todo lo que orbita alrededor de ese personaje, que incluye la sintiencia, por ende la relación epistemológica y su condición de 'ser-en-el-mundo' que puede suspenderse, reflexionarse y analizarse. La sintiencia es la capacidad de los seres humanos y de algunos organismos más simples de percibir y sentir emociones, sentimientos y afectos positivos y negativos de forma consciente e imponer esta relación a los demás. El epistemólogo es un filósofo e investigador académico especializado en realizar reflexiones, críticas, reducciones y reevaluaciones de las identidades establecidas a partir de la práctica científica. En este sentido, ¿cuál es el lugar de la sintiencia en epistemología en términos de la percepción del investigador epistemológico? El objetivo es visualizar el papel de la sintiencia en la epistemología. La justificación es comprender la sintiencia en la vida mental de los científicos en la construcción del conocimiento científico, ya que incluso en las mentes lúcidas existen zonas oscuras. Se adoptó el método fenomenológico, es esencialmente cualitativo y descriptivo, por lo tanto se ocupa de las descripciones de fenómenos de conciencia, vivencias y vivencias, acciones y comportamientos. El lugar de la sintiencia en epistemología trata del descontento de la percepción infantil/realista y profesoral/científica del investigador epistemológico, ya que la sintiencia aparece más allá de la conciencia de la autoconciencia..

Palabras clave: sentiencia; epistemología; epistemólogo; fenomenología; ciencias de la información.

 

1  INTRODUÇÃO

O desafio da epistemologia é compreender o que é o conhecimento científico e como os cientistas chegam a ele, assim ela é por natureza uma redução fenomenológica. Neste sentido, tudo que orbita este caráter, o que inclui a senciência no âmbito da ideia do epistemólogo no ‘estar-no-mundo’, especialmente, passa a ser suspenso, refletido, analisado no fluxo da eidética[4].

A senciência pode ser figurada por dois prismas que se alternam, a) a capacidade dos seres humanos e alguns organismos mais simples de perceber e sentir as emoções (sentimentos e afetações) positivas e negativas de forma consciente a partir de estímulos intangíveis e tangíveis que lhes acontecem no ‘estar-no-mundo’; b) a capacidade de impostar-se sobre os excedentes desses estímulos quanto a percepção e a sensação em rede fenomenológica (Gonzalez; Moraes, 2011; Silva; Ataíde Júnior, 2020; Broom, 2023; Moroni; Felipe, 2003).

O epistemólogo é um filósofo e um pesquisador acadêmico, especialista em teoria do conhecimento, uma área considerada inóspita por muitos cientistas, mas que se dedica ao estudo da reflexão do conhecimento científico.

Ele é responsável por fazer reflexões, críticas, reduções e reavaliações das identidades estabelecida nas bases do fazer científico através do senso de desconfiança, pois Bachelard (1996) o epistemólogo capta os conceitos científicos em sínteses psicológicas e os concretiza e os reconfiguram em sínteses psicológicas progressivas, assim mostrando como um conceito dá origem a outro e como eles se relacionam.

Além da eidética sobre as questões mentais e problemas filosóficos, a utilidade da epistemologia versa sobre os problemas técnicas, tecnologia, métodos e teorias da ciência; propõe soluções claras para tais problemas; promove distinção ciência autêntica da pseudociência; promove movimento poli-epistemológico, desconfia de si como em todos os níveis; analisam as redes de interação e de causalidade que articulam os processos científicos aos processos globais do seu contexto no âmbito social, político, econômico, institucional, simbólico (Almeida, 2007).

Neste sentido, qual é o lugar da senciência na epistemologia? O objetivo trata em descrever o papel da senciência na epistemologia entre a consciência e inconsciência cientifica no âmbito poliepistemológico. Para Gómez (2000, p. 337), a dimensão poliepistemológico se alude ao fazer científico-epistemológico dos cientistas para a compressão da própria ciência, assim “[...] é desenvolver programas e estratégias de pesquisa articulando os modos de conhecimento específicos de cada estrato.”

A justificativa ocorre pela compressão da senciência na vida mental dos cientistas na construção do conhecimento científico, pois, para Bachelard (Bachelard, 1996, p. 10), ‘Mesmo na mente lúcida, há zonas obscuras, cavernas onde ainda vivem sombras. Mesmo no novo homem, permanecem vestígios do homem velho.’

Ao fazer aproximações entre a epistemologia e a senciente, Zubiri (1999), argumenta que a teoria da “inteligência senciente” é distinta da “questão epistemológica”, pois a teoria da inteligência antecede a questão epistemológica, mas toda teoria epistemológica pressupõe uma teoria da inteligência em sua explicação do que e como o homem pode saber.

A contribuição desta pesquisa para Ciência da Informação versa em duas perspectivas, o fortalecimento da interdisciplinaridade para área, que ocorre através da colaboração da psicologia como interface epistêmica da Ciência da Informação (Borko, 1968), e a formação do espírito científico do cientista da informação no âmbito da condição prévia e psicológica da produção do conhecimento da área (Bachelard 1996).

 

2 MÉTODO FENOMENOLÓGICO

A fenomenologia foi apresentada pela primeira vez pelo filósofo alemão Edmund Husserl, no século XX, em oposição aos métodos positivistas, e se estabeleceu na década de setenta com a derrocada do positivismo. Seu principal idealizador se baseou no filósofo Georg Wilhelm Friedrich Hegel, que, por sua vez, realizou pesquisas sobre a ciência da consciência.

Ao fazer oposição ao positivismo, esse método é essencialmente de inclinação qualitativa e descritiva, logo trata das discrições de fenômenos da consciência, da experiência e vivências, ações e comportamentos. Não existe um planejamento rígido, como a utilização de protocolos e técnicas de pesquisa estruturadas para coleta de dados e análises.

Contudo, ao destaca a natureza de um ‘método’ isso implica em ‘fazer’, logo se sugere ‘estratégias e/ou etapas’ ainda que somente metais. Essa associação é clara para Bachelard (1996, p. 77) para ele “A fenomenotécnica prolonga a fenomenologia. Um conceito torna-se científico na proporção em que se torna técnico, em que está acompanhado de uma técnica de realização. ’, assim, não há problema em tornar uma construção mental em construção técnica.

Ao debruçar sobre essências de entrevistas, narrativas e diálogos, observação, documentos, bibliografia e outras, essas se figuram técnicas, e são as mais utilizadas para coleta de dados do método.

Quanto às análises, a simples ênfase do afastamento do sujeito pesquisador do objeto de pesquisa, em que outros métodos se inclui como fundamental, o afastamento por si já é um protocolo de análises. Assim sendo, são plausíveis no método fenomenológico questões como: a criatividade do cientista quanto a busca, construção e análises do corpus, especialmente, se essência do método ocorre através da relação basilar ‘sujeito humano e sua existência’.

O método fenomenológico (figura 1 c) com vistas a consciência, da experiência e vivências, ações e comportamentos abarca as pesquisas acadêmicas que buscam estudar as experiências, vivências e existencialistas dos sujeitos pesquisadores nos fluxos dos modos de vida/cotidiano, nos espaços sociais culturais, de crenças e hábitos, raciais, sexuais, gênero e poder presentes no campo da ciência,

 

Figura 1 - Método Fenomenológico - modelo técnico de redução eidética

Fontes: Eldorado pelos autores (2024).

 

Nesta pesquisa, se adotou o modelo técnico de redução eidética dos dados do corpus que pode ocorrer tanto com dados estatísticos como teóricos na relação ‘sujeito humano e sua existência’, assim buscando as essências.

Na redução eidética há variação imaginativa livre dos pesquisadores no exercício da criatividade científica para redefinir as possibilidades de evidência de um fenômeno investigado, tomando como base os limites concretos dos relatos experienciais para que as significações atinjam estatuto de essências (Castro, Gomes, 2011; Santana; Melo; Santos, 2022).

O método fenomenológico (figura 1 c) no modelo técnico de redução eidética possibilita o retorno, questiona as certezas imediatas, desta maneira faz a conexão e desconexão do dado que já foi visto, produzindo novos insights e essências, a partir de cinco ter fatores relacionais:

a) Epoché (figura 1 a, ciclo amarelo), aborda a suspensão do mundo no tempo e no espaço pelo pesquisador, portanto se compreender a suspensão de juízo de valor do objeto de pesquisa que fora previamente discutido e/ou representado mentalmente, antes que o pesquisador faça aplicação do método fenomenológico (Marciano, 2006; Santana; Melo; Santos, 2022). Portanto, o Epoché significa ‘colocar entre parênteses’ essas discussões e representações, pois é a ação de não aceitar nem negar os preconceitos, crenças e afirmações sobre relações causais ou suposições, elas são postas em suspensão.

b) Noema (figura 1 a, círculo vermelho), versa na sensação do objeto de pesquisa (figura 1 b e c, esfera preta), que diz descrever ‘a senciência”; uma sensação tão marcante em nossa forma de visualizar a priori o mundo.

c) Noesis (figura 1 a, círculo laranja), diz acerca do ato de perceber desse objeto de pesquisa que é a posteriori, dessa forma deve-se transcende unto como as sensação e significações imediatas construídas, ou seja, esse lugar da ‘a senciência” na ciência e epistemologia.

d) a Eidética (figura 1 a, círculo verde), é a redução à ideia da noema, assim sendo remove-se os espectros ou camadas objeto de pesquisa para construir as significações antes não vistas (Marciano, 2006; Santana; Melo; Santos, 2022).

e) descrição das essências (figura 1 a círculo azul), o inédito sobre o objeto investigado e suas relações como o epistemólogo e a e epistemologia.

A coleta de dados teóricos desta pesquisa considerou artigos, comunicações, teses e dissertações que visualizam a ‘fenomenológico da senciência’ através de fenômenos como: sensação, percepção, consciência, memória, ações e comportamentos das experiências e vivencias no mundo do sujeito ou de ‘estar-no-mundo’.

A bibliografia e os discursos recolhidos fizeram parte do corpus, um conjunto de dados e informações confiáveis e bem apuradas, uma seleção intencional e conveniente necessária para responder à interrogação deste estudo (Wendhausen; Melo; Vieira 2018), e citadas na sessão ‘referências’.

Dessa forma, considerando o Epoché, Noema, Noesis, Eidética e descrição das essências, o método fenomenológico considerou algumas etapas na técnica de redução Eidética para alcançar o essencial, segundo Azevedo e Azevedo (2010).

1) Limpar as limitações do conhecimento (figura 1 b, círculo 1), por exemplo, a lógica do que a senciência é sinônimo de consciência, uma imagem fixa pois o pesquisador pueril e professoral é um “ser da imagem emerge a consciência como um produto direto da alma, do ser tomado em sua atualidade” (Bachelard, 1993, p. 2), pois para ele que fixar-se numa redução eidética, ele advoga o dinamismo das imagens.

2) evitar uma investigação baseada na natureza (figura 1 b, círculo 2), basear a pesquisa em um conjunto de dados (informações) que não tiveram sua credibilidade devidamente apuradas;

3) almejar a perspectiva do fenômeno enquanto acontecimento existencial (figura 1 b, círculo 3), isto é, busca uma compreensão da pesquisa por meio de sua complexidade e singularidade;

4) suspender os dados empíricos (figura 1 b, círculo 4), senso comum e científicos para busca através da racionalidade a essência mais pura possível, o ainda não visto;

5) atingir o transcendental (figura 1 b, círculo 5), descortinar os fatos que envolve senciência para atingir a essência das diversas compressões, do mesmo modo há a discrições delas;

6) buscar, em seguida, a pureza da verdade (figura 1 b, círculo 6), Husserl define a verdade como uma correspondência entre atos significativos e intuitivos, adequação do intelecto, a verdade entendida como adequação do intelecto dar-se-ia ou em contato imediato com a realidade ou em contato mediato (Capalbo, 2009).

7) Livra-se do factual e, mediante razão, alcançar o essencial (figura 1 b, círculo 7) (Azevedo, Azevedo, 2010; Santana; Melo; Santos, 2022).

 

3 A CONSCIÊNCIA DA SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO E DE ESTAR NO MUNDO

A senciência não é domino exclusivo de uma área ou abordagem, embora, o direito a tem situado como construto em suas pesquisas. Ela é um fenômeno abissal, pois ainda se localiza em profundezas de águas turvas, e por enquanto focar apenas uma área e abordagem para compreendê-lo pode ser problemático, e a inclinação interdisciplinar pode ser uma estratégia pertinente para visualizá-la.

Neste sentido, na inclinação interdisciplinar deste artigo foca teoricamente o construto sensação e percepção, estar no mundo e a consciência, e para isso se empreender forças da psicologia cognitiva e da psicanálise no campo da epistemologia, uma vez que a convergência interdisciplinar entre ambas diz respeito à importância dos aspectos conscientes e inconscientes na percepção (Raffaelli, 2002).

A inclinação interdisciplinar visualiza o sujeito humano como resultado das excitações internas e externas Chabet (2004), assim o ‘estar-no-mundo’ e saber disso. O sujeito humano é resultado na intersecção dos aspectos biológicos e sociais, e diferente das espécies mais simples, ele não traz conhecimento consigo quando nascem, porém, tem um potencial cognitivo considerável através da assimilação, acomodação nas bases da emoção, sentimentos e afetações. A assimilação versa na incorporar um novo objeto/ideia através de um estímulo a um esquema às estruturas já construídas e consolidada. Por sua vez, a acomodação é o ajuste deste estímulo, de uma ideia nova as ideias existentes nos esquemas às estruturas já construídas e consolidada (Davidoff, 2001).

Contudo, para esse aparelho cognitivo se alargar, é imperativo que ele experimente e vivencie em grupos para aprender e adquirirem conhecimento através estes estímulos que promoveram os básicos para sobrevivência, e conhecimentos complexos para resolver problemas, o que configura o sujeito humano é uma tábula rasa, ele está aprendendo o tempo todo, fenômeno que ocorre até sua memória não ser comprometida.

A abordagem cognitivista versa essencialmente nas excitações internas, os fenômenos que ocorrem dentro dos sujeitos através dos estímulos eternos, deste modo se foca as excitações internas, sendo estes tão importantes quanto os estímulos dos ambientes, que provocam prazer/gozo e desprazer/dor, e tanto os estímulos de gozo como a dor são vetores de aprendizagens. E tudo isso ocorre através dos processos básicos: sensação, percepção, atenção, memória; e especialmente, os processos superiores como: emoção, linguagem, pensamento, motivação e inteligência, aprendizagem, imaginação e criatividade (Atkinson et al., 2002; Mostafa; Lima; Murguia, 1992).

A senciência versa a priori sobre a sensação e percepção, mas ela se alarga para o processo psicológicos superiores, assim compreender estes dois construtos básicos é fundamental, especialmente, quanto a tríade emoções, sentimentos e afetos, sendo condições dos processos psicológicos superiores.

A sensação também marca a existência das espécies mais simples, ela diz acerca apenas dados colhidos através de estímulos do meio externo captados pela visão, audição, tato, olfato e paladar, que não necessariamente são submetidos a interpretação simbólica como naturalmente ocorre com espécie simples (Araújo, 2014). A percepção é um fenômeno de interpretação simbólica de dados colhidos através dos estímulos pelas vias das sensações, pois a percepção considera as experiências e vivências do sujeito cognoscente.

A afetividade é um espectro, o estado de base para emoções e sentimentos, é experiência individual que envolve memória espectral e consciência, que se origina de fora do sujeito, a partir de um estímulo externo do meio físico e social, afetando o sujeito e refletindo, principalmente, sobre as representações da realidade construídas por ele (Nelson; Rossato, 2013).

Os sentimentos, por sua vez, versam em memória mais duradora e recorrente, assim é consciente, e são experiências coletivas, como amor. Os sentimentos se destrinque das emoções, pois eles são mais duradouros e menos explosivos e não emergem por reações orgânicas das emoções. Muitas vezes imperceptíveis, os sentimentos são privados e relacionam-se com o interior.

A emoção, por sua vez, é uma expressão da vida afetiva que é acompanhada de reações intensas, breves e biológicas do organismo, seja de forma inesperada ou de forma aguardada. A emoção turva as representações da realidade, ela pode correr de forma inconsciente, uma vez que é um estado agudo e transitório (Atkinson et al., 2002).

Através da psicanálise, o inconsciente, a consciência e autoconsciência quanto ao prazer (gozo) e desprazer/(dor) promovidos por estímulos externos no campo da epistemologia, se tornam importante quanto à memória. O inconsciente é a instância psíquica onde estão os desejos profundos, as memórias reprimidas, os instintos e tudo aquilo que negamos a nós mesmos, diferente da consciência que versa no lugar onde estão situados pensamentos conhecidos, a razão e a lógica, e quanto à autoconsciência, essa diz acerca do conhecimento profundo sobre si mesmo (Almada; Mesquita, 2021; Davidoff, 2001; Atkinson et al., 2002).

Portanto, através destas, a psicanálise pode analisar o contexto social-acadêmico e o papel do pesquisador quanto aos interesses, intenções e comodidades que emergem dos valores na troca de forças entre eles pelas instâncias ego, ideal de ego e superego, assim no que diz acerca do retorno do pesquisador às suas forças psíquicas (Santana; Souza, 2019), especialmente do sentir e perceber.

 

4 CIÊNCIA, EPISTEMOLOGIA E PERCEPÇÃO

A ciência é o segundo excedente mais refinado da mente humana, uma vez que a tecnologia é o primeiro. Deste modo, ela é fruto do desenvolvimento da espécie, desde os tempos mais remotos que parte das primeiras noções de identificação dos elementos da vida terrestre, do uso de instrumentos rudimentares, da reconfiguração do fogo como instrumento de trabalho e da oralidade, essa última como a forma de retenção e transmissão.

Tanto a tecnologia, como a ciência às vezes são usadas de forma prosaica e perversa, pois, ao mesmo tempo que o sujeito humano cria algo em todo seu esplendor a partir de suas emoções, sentimentos e efetuações refletidas do mundo e de tudo que o cerca, ele usa essa mesma tríade para corrompê-lo, é uma idiossincrasia que compõe o espírito humano.

Investigar a dinâmica destes fatos, e como os cientistas empreendem conhecimentos, persistências e técnicas para chegar aos resultados dos excedentes das emoções, sentimentos e efetuações como da tríade que fragmenta o próprio conhecimento científico, é estar diante da episteme. Estas três questões implicam em reflexões epistemológicas, em especial no fluxo do tempo, pois, teoria do conhecimento é composto pela filosofia que estuda o conhecimento, reflete criticamente sobre o fazer por meio dos princípios, das hipóteses, tecnologia e técnicas e dos resultados da formação do conhecimento, da diferença entre ciência e senso comum, a validade do saber científico, dentre outras questões.

A epistemologia é um campo vasto, mas no caso das ciências sociais humanas e aplicadas, comumente se destaca quatro linhas epistemológicas contemporâneas, em que a senciência pode atravessá-las, pois para Bachelard a ciência é fruto da inteligência humana, então qualquer abordagem passa pelas flexões da vida mental dos cientistas, logo dos epistemólogos. As abordagens apresentam fragilidades e pontos fortes, isso quando elas são postas em suspensão por epistemólogos de escolas distintas, com também por historiadores epistemólogos (Tesser, 1994).

Destas linhas, destaca-se epistemologia Genética de Piaget, baseada essencialmente na inteligência, assim a construção dos conhecimentos que depende tanto das estruturas cognitivas dos sujeitos como da interação do com seu meio, sozinhos ou em conjunto (Tesser, 1994).

Por sua vez, na epistemologia Histórica de Bachelard, propõe que produção dos conhecimentos científicos sob todos os aspectos (lógico, ideológico, histórico) nascem e evoluem no fluxo das circunstâncias históricas. Portanto, o conhecimento é, por essência, uma obra temporal, pois o cientista como sujeitos é, em simultâneo, razão e imaginação, diurno na ciência e o homem noturno na poesia. Cada ciência deve produzir, a cada momento de sua história, suas próprias normas de verdade e os critérios de sua existência (Tesser, 1994).

Quanto a epistemologia Arqueológica de Foucault, o cientista tem em torno de si ‘história’, ele mesmo é uma historicidade, assim o conhecimento é produzido a partir de estado de suas emergências científicas e racionais, de todo um período do pensamento e da cultura.

Já a epistemologia Racionalista Crítica de Popper consiste na reflexão dos valores das teorias científicas através dos princípios que constituem a verificação e da falsificação. Para Popper, as leis e teorias científicas são e tem em seu interior fenômenos hipotéticas e conjecturais, pôs o sistema cientifico produz conhecimentos temporários e em constante modificação, nenhuma teoria científica pode ser encarada como verdade final, em permanente estado de risco, a falseabilidade, pois o cientista o homem é uma criatura sujeito a erros (Tesser, 1994).

Considerando o fluxo do tempo e as quatro linhas quanto às percepções todas elas têm o potencial de ser reproduzidos por espíritos distintos transcendidos ou não com o auxílio de e por imagens primeiras e fixas. Para Bachelard (1996) essas imagens, em geral, podem ser pitorescas e prosaicas, pois o sujeito humano se apega àquilo que foi conquistado com esforço. Na formação individual, o espírito científico passaria necessariamente pelos três estados seguintes, muito mais exatos e específicos:

 

[...] O estado concreto, em que o espírito se entretém com as primeiras imagens do fenômeno e se apoia numa literatura filosófica que exalta a Natureza, louvando curiosamente ao mesmo tempo a unidade do mundo e sua rica diversidade. [...] O estado concreto-abstrato, em que o espírito acrescenta à experiência física esquemas geométricos e se apoia numa filosofia da simplicidade. O espírito ainda está numa situação paradoxal: sente-se tanto mais seguro de sua abstração, quanto mais claramente essa abstração for representada por uma intuição sensível. [...] O estado abstrato, em que o espírito adota informações voluntariamente subtraídas à intuição do espaço real, voluntariamente desligadas da experiência imediata e até em polêmica declarada com a realidade primeira, sempre impura, sempre informe. (Bachelard, 1996, p. 1 1).

 

 

Neste sentido, analisar esses três momentos permite sufocar o espirito pueril/realista dentro do cientista, nos permite vê-lo rachar como ver algumas rachaduras sob a superfície, e como os anos é possível vê-lo se esfarelando. A curiosidade ingênua dele se ‘cinzenta’, e os assombros frente ao mínimo fenômeno instrumentado é extinguindo, em que colecionador de felicidades fugazes, de pensamento senso comum e de conhecimentos triviais enciclopédicos são desorganizando.

Isso ocorreria na medida que o espírito professoral/cientista germinava, fato que é também problemática, pois esse pode ser fatalmente ansioso, dogmatismo e de inclinação cientificista, imóvel na sua primeira abstração e experiências.

De tal modo, das rupturas entre o pueril/realista e professoral/cientista um epistemólogo emerge, um sujeito que é senciente em relação as luzes e a escurão atuais e suas implicações quando ocorre em demasia. Isso ocorre, por que o epistemólogo se lança se na profundidade do abismo do desconhecido do objeto científico com certeza de uma buscar de conhecer o inédito, o não visto, o ignorado, especialmente, o escondido, camuflado e o manipulado pelas mentes acadêmicas professoral e pueril (Bachelard, 1996).

Quando se buscam as condições psicológicas do epistemólogo no progresso da ciência através do fluxo epistêmico, e isso inclui as reflexões sobre as emoções, sentimento e afetos, ao fazer, segundo Bachelard (1996) logo se chega à convicção de que é em termos de barreiras, que é o problema do conhecimento científico deve ser colocado.

Para ele não se trata de ponderar barreiras externas, como a complexidade e a fugacidade dos fenômenos, e nem de incriminar a fragilidade das emoções, sentimento e afetos do espírito humano, pois é no cerne do próprio ato de conhecer que aparecem, por uma espécie de imperativo funcional, lentidões e conflitos. Assim, é na intersecção das emoções, sentimento e afetos que se mostra causas de estagnação e até de regressão, de tal modo detecta causas de inércia às quais se intitula de obstáculos epistemológicos.

Em suma, na mediada que as emoções, sentimento e afetos são vetores epistêmicos para construção de conhecimento, eles são obstáculos epistemológicos, pois eles se compreendem quaisquer entraves materiais e também mentais (Bachelard, 1996), especial, os mentais, subestimados, mas considerados importantes para Bachelard (1996).

E para desvendar as dinâmicas deles através da senciência é um caminho possível, uma vez que se insere na dimensão de consciente e inconsciente e retorno do si, em que o cientista se ver com seus próprios olhos, e suas ações cientificas.

 

5 SENCIÊNCIA

Originado do verbete latim sentire, o termo senciência, é frequentemente pronunciado na ficção científica, em produções que foca a ‘Inteligência Artificial’ quanto às máquinas, robôs e ciborgs através da ‘modelagem senciente’.

É também um termo filosófico usados na investigação sobre a natureza da consciência e o status ‘moral’ dos seres capazes de experimentar sensações. Atualmente, a senciência é interseccionada pela biologia e o direito, pois se visualiza ‘bem-estar animal’ no âmbito da dor, visualizando questões de éticas dos direitos de animais.

Epistemologicamente a senciência é um construto difícil de compreender, pois, os argumentos teóricos ainda são insipientes, especialmente, quando se foco o sujeito humano. No seu conceito mais básico, a senciência se figura ‘[...] a capacidade que um indivíduo possui de sentir emoções positivas e negativas e de manifestar sentimentos de forma consciente.’ (Dal Pont, 2022, p. 1).

Baseado em Broom (2007) em um conceito mais derivado, a Silva; Ataíde Júnior (2020, p. 158) figura a senciência como uma habilidade ‘[...] de avaliar as ações de outros em relação a si e a terceiros, de lembrar algumas de suas próprias ações e suas consequências, de avaliar riscos e de ter sentimentos e consciência [...].’

 

                                                     Figura 2 - Senciência

Fonte: Eldorado pelos autores (2024).

 

Em ambos os conceitos, a senciência se apresenta como um termo polissêmico, porém Broom (2023), argumenta já que existe um consenso entre a maioria dos cientistas, mas ele apresenta dimensões que envolve varia áreas científicas, que incluía a sensação, percepção, dor e prazer, sentimentos e consciência, que formam cadeia interligada e que se altera por aspectos de dimensão interna e externa.

Portanto, ela é ‘[...] prontidão do organismo em relação ao meio se funda na captação da informação disponível no ambiente [...]’ (Moroni; Gonzalez; Moraes, 2011, p. 351).

Essa cadeia interligada através do fluxo informacional, segundo Felipe (2003, p. 113) envolvi muitos pontos como:

 

1) uma sensibilidade para os eventos que afetam o próprio organismo; 2) uma consciência dessa afecção, ou, em outras palavras, uma espécie de percepção das próprias experiências afetivas, a qual vem acrescida, na maior parte dos seres sensíveis, daquilo que chamamos de 3) memória, a qual torna o ser apto para reter ou manter o registo das informações de experiências passadas, e de 4) imaginação ou capacidade para ordenar as experiências sensíveis, as imagens da memória e a recordação consciente das mesmas de modo a prevenir-se contra situações de risco no presente. Quando tal capacidade se apresenta ainda mais elevada, o indivíduo pode, ainda, apresentar outra habilidade, qual seja, a de 5) ordenar atos em relação não apenas ao presente mas também ao futuro, demonstrando, desse modo, que tem 6) consciência temporal de si, o que caracteriza sua preferência por estar vivo e não pelas situações nas quais arrisca-se a morrer. (Felipe. 2003, p. 113)

 

A citação de Felipe (2003) delimita e elucidada o sujeito em seu mundo, ou de ‘estar-no-mundo’ e saber disso em toda sua potencialidade. Para Silva e Ataíde Júnior (2020, p. 158), os ao ‘estar-no-mundo’, os sujeitos são:

 

Seres sencientes estão conscientes de como se sentem, onde e com quem estão e como são tratados. [...] Percebem o que está acontecendo com eles, aprendem com a experiência, reconhecem seu ambiente, têm consciência de suas relações, são capazes de distinguir e escolher entre objetos, animais e situações diferentes, assim como avaliam aquilo que é visto e sentido e elaboram estratégias concretas para lidar com isso. [...] (Silva; Ataíde Júnior, 2020, p. 158, grifo nosso).

 

Para Broom (2023) e Silva, Ataíde Júnior (2020), além de considerar como é aquele possui alguma habilidade de avaliar as ações e as cadeias fenomenológicas que versa em lembrar das consequências, avaliar riscos e benefícios, a senciência é uma chave para promoção do bem-estar-no-mundo’.

Assim, como outras respostas adaptativas de enfrentamento, incluindo mecanismos para lidar até mesmo com a patologia, que se refere a senciência corporal que versa na possibilidade de falar de uma fenomenológica dos estados e atividades corporais (Almada; Mesquita, 2021), com destaque para além da representação de objetos e outros sujeitos, mas de si, do papel do ambiente e os sujeitos na constituição do self, ou seja, do eu.

Diante destas argumentações, a senciência é um sistema operando, ela produz consciência, autoconsciência, é uma inteligência, pois sentir e pensar não se separa e a realidade que é nos dados é um ato do entender originário destes, pois, pensar faz parte do sentir e sentir faz parte do pensar (Tavares, 2017).

Para Zubiri, ao falar de ‘inteligência senciência’ ele faz referência a luz e ao intelecto, uma inteligência que torna visível a realidade das coisas, o meio claro no qual o sujeito conhece imediatamente das coisas. Esta apreensão é primordial porque nela se funda toda outra apreensão de realidade, ela nos instala no real. Na concepção de Zubiri, ou seja, na “inteligência senciente” o objeto primário é a realidade, sendo dada pelos sentidos na inteligência, que tem como ato formal a apreensão de realidade.

 

[...]toda la filosofía de la inteligencia zubiriana consiste en el intento de separar la inteligencia sentiente o aprehensión primordial de realidad de su ulterior momento lógico-lingüístico. La inteligencia sentiente tiene que ver con la aprehensión de una cosa en tanto que realidad, y ello es siempre previo y radical a todo razonamiento y cálculo, esto es, a una inteligencia pensante. (Hernáez, 1999, p. 61)[5].

 

 

Como construto mental, para avaliar e visualizar a senciência, comportamento, pois frente a dor e o prazer ele muda, modo que sujeito se move e permanece parado ou partir, adotar posturas defensivas, gritar, gemer, etc.

Há empreendimentos que se expressa por pesquisa no campo da senciência quanto as máquinas e animais, porém não se questiona se os humanos são seres sencientes, e como ela o reflete no seu cotidiano. Como sistema que envolve muitas dimensões, ligações e afetações mutuas como variáveis intervenientes, em tese a senciência consome muita energia para aperar o tempo todo. O que se revela também em teses que o sujeito humano é senciência em potencial, em que a dor e a emoção (e vice-versa) são os maiores vetores que faz esse sistema operar, e a dor, e a emoção são naturalmente eventuais, jamais serão cotidianos, um sistema biólogo não comportam por muito tempo estes dois fenômenos.

Há três elementos que compõe a senciência como sistema, o comportamento, o sistema nervoso central e o processo evolutivo. O comportamento, versa na experimentação do sujeito sentir dor e gozo, a tendência é repulsão e de atração, do mesmo modo tanto um sujeito humano como um animal mais simples, por exemplo, um cão que pode vivenciar a percepção do fogo de forma drástica e trágica, e passa evitar o foco, como também o sujeito humo. Porém, no sujeito humano se estabelece a memória e em seguida uma consciência, e no animal como reposta se estabelece o instinto e em seguida a memória, pois a memória é um processo cognitivo básico presente em humanos e animais mais simples, logo a senciência não é consciência, é uma memória construída, que pode ser em forma de um trauma.

Memória no fluxo da consciência e do instinto somente existe porque houve uma evolução e um sistema nervoso central que se constituiu, de tal modo a senciência só ocorre em seres com sistema nervoso central, e nunca em máquinas, pois, apesar de maquinas agir por estímulos, eles não são de dor e nem de prazer, são apenas estímulos algoritmos.

 Esse sistema nervoso central foi construído e aperfeiçoado como o tempo, do mesmo modo o comportamento do cão, é porque eles os ajudaram em sua sobrevivência, portanto, isso é algo evolutivo, com também no sujeito humano, mas com um elemento o valor simbólico e subjetivo, a memória e fator evolucionário.

Assim sendo, na maioria do tempo somos mais conscientes de que senciência, esse que talvez compete com o inconsciente, pois mesmo na dor como uma emoção e reposta pode ser redireciona e afogadas nas zonas obscuras metais.

 

6 ANALISES E DISCUSSÕES

Na ciência, a senciência pode ser visualizada no campo da dimensão histórico-epistêmica, teórico-epistêmica e técnico-epistêmica, como da intersecção destas três dimensões na visualização de que fora feito e será feito em uma determinada ciência.

Dessarte, a senciência se localiza essencialmente no campo poli-epistemológico de qualquer ciência, pois versa nos interesses em análises seu próprio fazer e direcionamento para futuro. Pois, o domínio poli-epistemológico se compreende o “[...] é desenvolver programas e estratégias de pesquisa articulando os modos de conhecimento específicos de cada estrato. ”, (Gómez, 2000, p. 337), e para a autora é dimensão do fazer científico-epistemológico para a compressão da própria ciência, sendo desafiador para qualquer ciência.

Porém, o termo senciência no âmbito fenomenológica requer mais empenho para compreendê-lo, especialmente, quando se trata da formação do novo espírito científico, uma perspectiva revolucionária na medida que transforma o modo como se analisava a ciência até então, o que inclui o fazer e postura do cientista, e as questões mentais, através de uma psicanálise do conhecimento cientifico. Essa que é:

 

Diferente da Psicanálise de Freud, do encontro a dois no divã, que investiga a neurose, a psicose e a perversão como possibilidades de constituição do sujeito, a Psicanálise do conhecimento científico faz referência ao retorno pela autocrítica à psique do pesquisador, tratando-se de um retorno fenomenológico, que significa o encontro de si mesmo. Retorno à distinção das abstrações nebulosas simbólicas, estéticas e epistemológicas, focando estas últimas na construção do conhecimento científico (Santana; Souza, 2019, p. 6).

 

Para Bachelard (1996), o espírito científico é instigado pela problematização, pelo questionamento, de um espírito inquieto, desconfiado que procura encontrar novos dados, mais precisos, dessa forma, no sujeito humano, esse espirito do epistemólogo é movido pelo espírito científico que precisa saber sempre mais para questionar e critica (Bachelard, 1996), então a senciência no ‘estar-no-mundo’ corresponde em alguma medida a esse espírito desbravando de mudança.

A inquietude é uma característica do novo espírito científico, que promove a constante reconfiguração do conhecimento científico adquirido, pois este não é eterno, e para isso a senciência deve ser acessada, pois, através as desconfianças das identidades ocorre (Bachelard 1996).

Assim, a promoção da senciência produz um pesquisador mais responsável quanto a produção do conhecimento cientifico; a relação cientificidade e cientificismo e ‘estar-no-mundo’, o presente e futuro, pois ele compreende com clareza sobre o espírito pueril/mundana e professoral no âmbito da moral, ética, empatia.

 

Figura 3 – Senciência na assimilação e acomodação da informação, nas noções psicológicas de consciência e comportamentos

Fonte: Eldorado pelos autores (2024).

 

Almada e Mesquita (2021) três dimensões acerca da senciência que se pode compreender o sujeito no ‘estar-no-mundo’, em que esse pode ser contexto acadêmico. Dessa forma, como demonstra a figura b, São: assimilação e acomodação da informação, noções psicológicas de consciência e comportamentos, em que a relações mútuas

Portanto, a senciência pode propiciar a disponibilidade direta para o controle global do comportamento, e nela inclui estar senciente sobre (i) de um objeto no ambiente, (ii) de um estado do corpo e, dentre outras coisas, (iii) de um estado mental (Almada e Mesquita, 2021). Neste logica, um objeto no ambiente pode ser o objeto de pesquisa, e suas relações de sensação e percepção dele inclusive do estado mental do cientista

A senciência engloba todas ou quase todas as noções psicológicas de consciência: (i) a introspecção pode ser analisada como a senciência de algum estado interno; (ii) a atenção focal ou quase focal, como um grau particularmente alto de senciência em relação a um objeto ou evento; (iii) a autoconsciência, como a senciência de si próprio; (iv) e do mesmo modo para o controle voluntário (v) a vigília, o estado em que se é capaz de lidar com o ambiente de maneira plena (Almada; Mesquita 2021). Nesse sentido, versa no que ocorre dentro do pesquisador quanto aos objetos e a percepção, e consciência sobre ele em termos de representação, discrição e dessecamentos.

Como base em Allen Newell (1990), para Almada e Mesquita (2021) na senciência há capacidade que um sujeito tem de agir conforme o acesso, assimilação e acomodação da informação na distinção entre senciência e consciência, assinalando para o fato que a primeira é uma noção funcional e a segunda não-funcional. Neste sentido, se refere à senciência de si e à senciência perceptiva; é, em outros termos, a (i) tomada de consciência global no momento presente, (ii) a atenção ao conjunto da percepção pessoal, corporal e emocional, interior. Neste sentido a na relação imediata e mediata do estímulo e os processos de assimilação e acomodação.

O pesquisador senciente consegue tomar consciência total que evolve o contexto científico, objeto, estado mental e a rede de fenômenos atuais e futuros, e com isso age de maneira plena no seu habitat acadêmico. Logo o epistemólogo é dotado de inteligência senciente, que segundo Zubiri (2011, p. 56):

 

[...] consiste em que o próprio inteligir não é senão um momento da impressão: o momento da formalidade de sua alteridade. Sentir algo real é formalmente estar sentindo intelectivamente. A intelecção não é intelecção do sensível, mas intelecção no próprio sentir. É claro, portanto, que o sentir é inteligir: é sentir intelectivo. (Zubiri, 2011, p. 56).

 

Assim, através da inteligência senciente, o espírito pueril/realista e o espírito professoral/cientista são contornados, em especial, no cientificismo e a cientificidade, onde reside o falso moralismo, a ética conveniente, a descriminação/preconceito, erros, obstáculos epistemológicos.

Dessa forma, ao se referir à senciência no campo poli-epistemológico de qualquer ciência com interesses em análises seu próprio fazer e direcionamento para futuro pode se destacar entre outras, o cientificismo e a cientificidade, faceta que se alternam se confundem, até mesmos para o cientista mais experientes, por vários motivos, por intenção perversa ou não, por distração e preguiça do ‘estar-no-mundo’.

O cientificismo é crença na superioridade da ciência, uma crença de que ela pode explicar tudo através de regras e protocolos imóveis, que pode fornecem um único e genuíno conhecimento e/ou verdade da realidade. De tal modo, a e nesse a senciência consegue descortinar esse exagero, logo é uma zona obscura sem desconsiderar a importância de uma teoria científica, que recai sobre a linguagem e termos, métodos, inclusive, sobre a percepção em termos da validação dos pares, sendo essa última citada uma das conduções mais humana do campo cientifico e epistemológico. O cientificismo é uma extensão da cientificidade, quando não há senciência, é quando os cientistas empregam toda suas comodidades, intenção e ações de poder e a rigidez dos métodos, avaliações, teoria do conhecimento, regras, protocolos e a linguagem.

A cientificidade versa no que é estabelecido pela ciência através regras e protocolos, do mesmo modo, inclui um método científico, que pode alargado para validação dos pares/vigilância, a epistemologia, em que a senciência pode se refere o quanto elemento, pois ela tem o potencial de equalizar as todas as dimensões que podem ser conduzidas de forma violenta ou negligente.

 

7 Considerações

O lugar da senciência na epistemologia versa no descontentamento da percepção pueril/realista e professoral/cientista do pesquisador epistemólogo, uma vez que a senciência se figura para além da consciência de autoconsciência.

Dessa forma, ao se referir à senciência no campo poli-epistemológico na ciência da informação pode se destacar em especial, o cientificismo e a cientificidade, facetas que se alternam se confundem no estatuto de ciência da área, essa muitas vezes encasulada por intenção perversa ou não, comodidades, por distração e preguiça do ‘estar-no-mundo’ de forma plena.

Através da inteligência senciente o pesquisador consegue tomar consciência total a partir dos estímulos positivos e negativos no fluxo da percepção que emergem do contexto científico, do objeto, e do estado mental e a rede de fenômenos atuais e futuros, e com isso age de maneira plena.

Na maioria do tempo os cientistas são conscientes e autoconscientes de que senciência, e pouco senciente, pois essa envolve as emoções a priori, e a posteriori as análises delas, e na pouco importância faz como que o cientista e afogado em zonas obscuras metais, ou na claridade em demais que o cego.

 

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[1] Mini currículo do Autor 1.

[2] Mini currículo do Autor 2.

[3] Mini currículo do Autor 3.

[4] Redução fenomenológica.

[5] toda a filosofía da inteligência zubiriana consiste no intento de separar a inteligência senciente ou apreensão primordial de realidade de seu ulterior momento lógico-lingüístico. A inteligência senciente tem a ver com a apreensão de uma coisa enquanto que realidade, e isso é sempre prévio e radical a todo raciocínio e cálculo, isto é, a uma inteligência pensante.