ARTIGO
o diálogo entre às vivências cotidianas e as produções artísticas e culturais de diversas épocas
e contextos apresentados pela escola. Indo de encontro a essa reflexão, Fonseca (2020. p. 50)
destaca justamente a sua capacidade de criar ambientes verdadeiramente sociais, que
considerem o outro, ao ponderar que:
O cineclube pode ser considerado, assim, um espaço que propicia relações
pedagógicas interpessoais, no sentido de que ali se trocam conhecimentos
sobre os filmes e os temas que estes evidenciam, sobre o cinema e o mercado
cinematográfico etc., além de estabelecer relações sociais e levantar discussões
sobre os mais diferentes assuntos, trazendo à tona posicionamentos éticos, políticos,
culturais, críticos, entre outros, modificando pensamentos, alterando posições e
transformando aqueles que participam de suas sessões.
É nesse sentido, de acordo com Reina (2018), que o cineclube na escola se torna um
relevante mecanismo de reflexão que pode proporcionar uma ressignificação, por parte dos
alunos e professores, da realidade cultural, social e política. Assim, ao longo de suas sessões,
e integrando todo o sistema de significações proporcionados pela linguagem cinematográfica,
a prática cineclubista no cenário escolar oferece aos seus participantes novas possibilidades de
pensar e repensar a respeito das características, potencialidades e problemáticas presentes na
realidade posta, bem como da própria condição humana.
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Destaca-se ainda, como um dos fundamentos basilares das sessões cineclubistas, e que
devem estar presentes também nos cineclubes escolares, a ausência de hierarquizações ou
situações de dominação e exercício de poder entre os seus participantes. No espaço em que a
prática cineclubista se desenvolve, é necessário que haja a abertura para a livre expressão de
todos os seus integrantes, de forma igualitária, permitindo que os participantes possam
expressar as suas subjetividades com relação às suas leituras das obras cinematográficas e
pontos de vista a respeito da realidade que nos cerca. Nas palavras de Teixeira (2010, p. 115):
No cineclubismo há cuidado e zelo na discussão das obras cinematográficas, sem
reduzi-las a um aspecto ou outro, sem instrumentalizá-las. Também caracterizam a
história dos cineclubes uma abertura à participação, à colaboração e a troca entre
seus participantes, sem que haja hierarquias e formalismos que possam inibir ou
prejudicar a livre expressão e presença de seus participantes, fugindo à lógica da
competição, da banalidade e da superficialidade.
Para Reina (2022), é nesse contexto que o modelo de cineclube se constitui como uma
alternativa para a aplicação do cinema no espaço escolar, uma vez que transcende o uso das
obras cinematográficas apenas como um recurso pedagógico instrumental. Dessa forma, o
cineclube se apresenta como uma alternativa pedagógica que incentiva o diálogo, a análise
crítica e a compartilhamento de experiências entre os participantes. Além disso, conforme
Limeira (2015), a experiência crítica com o cinema, por meio da realização de cineclubes
escolares, bem como o ganho de outra dimensão pelos filmes, em que os alunos passam
LOGEION: Filosofia da informação, Rio de Janeiro, v. 11, ed. especial, p. 1-19, e-7391, nov. 2024.