A SOCIEDADE AMORFA

passividade informacional em tempos de hiperconexão

 

Fabiano Corrêa da Silva Couto

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

fabianocc@gmail.com

 

Marilia Martins Bandeira

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

mariliamartinsbandeira@gmail.com

 

Enrique Muriel-Torrado

Universidade Federal de Santa Catarina

enrique.muriel@ufsc.brr

 

Gabriel Goldmeier

Colégio Estadual Florinda Tubino Sampaio

gabrielgol@hotmail.com

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Resumo

Problematizando a saturação informacional, este estudo aborda suas implicações na formação da consciência crítica em tempos de hiperconexão: a caracterização de uma "Sociedade Amorfa". A pesquisa analisa como o acesso ilimitado à informação pode levar a uma interação passiva e superficial com o conteúdo, em vez de promover um despertar e aprofundar do pensamento crítico. Discute-se o papel dos algoritmos em criar "câmaras de eco", restringindo a exposição a perspectivas diversas e promovendo a reafirmação de crenças preexistentes. A importância da educação midiática é ressaltada como um meio de capacitar os indivíduos a interpretarem e questionar criticamente o conteúdo da mídia. O ensaio conclui que a verdadeira sabedoria na era da informação não reside na quantidade de informações consumidas, mas na qualidade do engajamento com elas. A proposição do termo "Sociedade Amorfa" é central para a tese do ensaio, enfatizando como a moderna sociedade digital pode moldar passivamente a consciência e as opiniões das pessoas, sem um aprofundamento crítico ou diversificado das informações consumidas.

Palavras-chave: sociedade amorfa; passividade informacional; hiperconexão; educação midiática; consciência crítica.

THE AMORPHOUS SOCIETY

informational passivity in times of hyperconnection

Abstract

By problematizing information saturation, this study addresses its implications for the formation of critical consciousness in times of hyperconnection: the characterization of an "Amorphous Society". The research analyzes how unlimited access to information can lead to a passive and superficial interaction with the content, instead of promoting an awakening and deepening of critical thinking. It discusses the role of algorithms in creating "echo chambers", restricting exposure to diverse perspectives and promoting the reaffirmation of pre-existing beliefs. The importance of media education is highlighted as a means of empowering individuals to critically interpret and question media content. The rehearsal concludes that true wisdom in the information age lies not in the quantity of information consumed, but in the quality of engagement with it. The proposition of the term "Amorphous Society" is central to the rehearsal thesis, emphasizing how the modern digital society can passively shape people's consciousness and opinions, without a critical or diversified deepening of the information consumed.

Keywords: amorphous society; informational passivity; hyperconnection; media education; critical awareness.

 

LA SOCIEDAD AMORFA

pasividad informativa en tiempos de hiperconectividad

Resumen

Este estudio, que problematiza la saturación informativa, aborda sus implicaciones para la formación de la conciencia crítica en tiempos de hiperconectividad: la caracterización de una "Sociedad Amorfa". La investigación analiza cómo el acceso ilimitado a la información puede conducir a una interacción pasiva y superficial con el contenido, en lugar de promover el despertar y la profundización del pensamiento crítico. Se discute el papel de los algoritmos en la creación de "cámaras de eco", restringiendo la exposición a diversas perspectivas y promoviendo la reafirmación de creencias preexistentes. Se destaca la importancia de la alfabetización mediática como medio para empoderar a las personas a interpretar y cuestionar críticamente el contenido mediático. El ensayo concluye que la verdadera sabiduría en la era de la información no reside en la cantidad de información consumida, sino en la calidad de la interacción con ella. La propuesta del término "Sociedad Amorfa" es central para la tesis del ensayo, ya que enfatiza cómo la sociedad digital moderna puede moldear pasivamente la conciencia y las opiniones de las personas, sin una profundización crítica ni diversificada de la información consumida.

Palabras clave: sociedad amorfa;  pasividad informativa; hiperconectividad; alfabetización mediática; conciencia crítica.

 

1    INTRODUÇÃO

A Revolução Digital trouxe consigo a promessa de uma era de esclarecimento, em que o acesso democratizado à informação levaria a sociedades mais informadas e críticas. No entanto, em meio à avalanche de informações que os indivíduos enfrentam diariamente, surge a pergunta: estamos verdadeiramente assimilando e refletindo sobre o que consumimos?

A promessa da Revolução Digital, frequentemente, é comparada às aspirações do Iluminismo, período histórico que defendeu o uso da razão e do conhecimento como meios de superar o obscurantismo e promover a liberdade e autonomia do indivíduo. Contudo, essa promessa, hoje em dia, parece mais complexa do que as otimistas projeções iniciais poderiam antecipar.

A digitalização transformou o acesso à informação, permitindo que bibliotecas inteiras estejam disponíveis a um clique. Instituições como Bibliotecas Nacionais, museus e arquivos, grandes ou pequenos, oferecem parte ou até a totalidade de seus acervos online, acessíveis a qualquer pessoa interessada. Pela primeira vez na história, a humanidade possui a capacidade de acessar, ler, compartilhar e disseminar informações de forma quase instantânea, superando fronteiras geográficas, culturais e sociais.

No entanto, essa democratização do acesso à informação não garantiu, por si só, a capacidade crítica de discernimento. A quantidade avassaladora de informações tem o potencial paradoxal de nos submergir, ao invés de nos iluminar. A inundação diária de dados, muitas vezes conflitantes e não verificados, pode causar uma paralisia cognitiva. Em vez de nutrirmos um pensamento crítico e reflexivo, podemos nos encontrar navegando superficialmente por uma infinidade de conteúdos, sem realmente mergulhar nem assimilar profundamente em nenhum deles.

Além disso, os algoritmos que direcionam nossa experiência online são projetados para maximizar o engajamento e o nosso tempo na plataforma, frequentemente nos mostrando mais do que já concordamos e acreditamos, em vez de nos desafiar com perspectivas diferentes. Esse fenômeno, conhecido como "câmaras de eco", pode resultar em um estreitamento de nossa visão de mundo, em vez de expandi-la. Trata-se de um fenômeno que ocorre principalmente em ambientes digitais, onde os usuários são expostos principalmente a opiniões e informações que reforçam suas próprias crenças. Este fenômeno é exacerbado pelos algoritmos de redes sociais e plataformas online que filtram e personalizam o conteúdo com base nas preferências e comportamentos anteriores dos usuários. Como resultado, os usuários tendem a interagir em comunidades online homogêneas, onde a diversidade de opiniões é limitada e as crenças preexistentes são reforçadas. A câmara de eco cria um ciclo de reafirmação que pode contribuir para a polarização e a disseminação de desinformação (Oliveira; Medeiros, Mattos; 2022).

Por outro lado, a Revolução Digital também oferece ferramentas para uma participação cidadã mais ativa, colaboração aberta, e a possibilidade de desafiar narrativas dominantes. Sites como a Wikipedia, movimentos de software livre e iniciativas de dados abertos exemplificam o potencial democrático da era digital.

A questão central, portanto, não é se a Revolução Digital pode conduzir a uma era de esclarecimento, mas como os indivíduos, comunidades e sociedades podem navegar e moldar essa revolução de maneira significativa e crítica. A tecnologia, por si só, não determina o resultado: somos nós, seres humanos, em nossas ações, escolhas e interações, que devemos tentar resistir aos bilionários esforços das multinacionais que promovem um “capitalismo de vigilância que se alimenta de todo aspecto de toda a experiência humana” (Zuboff, 2020, p.20), para ver se assim conseguimos entre todos, que esta era digital se torne verdadeiramente esclarecedora.

O "fenômeno digital" e suas implicações para a sociedade atual se tornaram tópicos de grande importância e debate. Este fenômeno, que permeia praticamente todos os aspectos de nossas vidas, desde como nos comunicamos até como aprendemos, oferece tanto oportunidades quanto desafios significativos.

Primeiramente, o impacto do digital na educação é um campo fértil para análise crítica. Conforme Petry e Casagrande (2019) sugere, é essencial refletir sobre as consequências deste fenômeno para a educação e o ensino. A incorporação de tecnologias digitais no ambiente educacional tem o potencial de melhorar o acesso ao conhecimento, personalizar a aprendizagem e fomentar habilidades críticas. No entanto, também há preocupações legítimas sobre a qualidade e profundidade dessa educação, especialmente quando se considera a passividade que pode surgir do consumo superficial de informações (Recuero, 2008; Anecleto, 2018).

Além disso, a cibercultura e o mal-estar associado a ela merecem atenção. Como Alcântara (2021) destaca, as formações discursivas em nossa sociedade, especialmente na esfera digital, influenciam fortemente a posição do sujeito em sua relação com o mundo. Isso levanta questões sobre a erosão da privacidade, a disseminação de desinformação e a qualidade da democracia na era das redes sociais digitais, como apontado em estudos sobre democracia e comunicação nas redes sociais (Oliveira, 2021; Recuero, 2008; Waldman, 2023; Anecleto, 2018).

É fundamental considerar as implicações sociais das tecnologias modernas, conforme discutido por Malaggi (2021). O impacto da tecnologia na formação social e na estrutura do trabalho, bem como nas dinâmicas de poder e controle, são aspectos essenciais a serem analisados. Desse modo, o "fenômeno digital" não é apenas uma questão de avanço tecnológico, mas também um fenômeno complexo que afeta profundamente as estruturas sociais, a educação, a cultura e a política. Uma abordagem crítica e reflexiva é necessária para compreender plenamente tanto seus benefícios quanto suas possíveis armadilhas.

Por último, não devemos esquecer que, como supracitado, aquelas empresas que perseguem o capitalismo de vigilância, se aproveitam da nossa necessidade de participação na internet para nos seguir, analisar, vender as predições realizadas sobre nosso comportamento futuro e até procurar modificá-lo (Zuboff, 2020), como demonstrou o próprio Facebook no seu experimento de contágio de emoções dos usuários uma década atrás (Kramer, Guillory, Hancock, 2014).

Neste ensaio, propomos a análise de um fenômeno emergente na era da informação: a concepção de uma "Sociedade Amorfa". A evolução da sociedade da informação, caracterizada por um fluxo incessante e onipresente de dados, tem moldado novas formas de interação social, comunicação e identidade cultural. Este estudo busca cunhar o termo "Sociedade Amorfa" para descrever esta nova realidade, onde as estruturas tradicionais e as normas sociais se tornam cada vez mais fluidas e menos definidas. Através de uma abordagem interdisciplinar, que engloba perspectivas e estudos de mídia, este trabalho visa explorar como a saturação informacional e a hiperconectividade estão reconfigurando os contornos da sociedade contemporânea, levando a uma forma de organização social que desafia as categorizações clássicas e apresenta características distintamente amorfas.

 

2    INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE SOCIEDADE AMORFA

A evolução das sociedades ao longo do tempo revela um trajeto marcado por transformações estruturais, culturais e tecnológicas que refletem a complexidade da condição humana. Desde as sociedades tribais (pré-história até cerca de 3000 a.C.), baseadas em laços familiares e dependência de recursos naturais, passando pelas sociedades agrárias (cerca de 3000 a.C. - século XVIII) e feudais (cerca de século V - século XV), onde a hierarquia e a posse de terra eram centrais (Giddens, 2009), até a Revolução Industrial (século XVIII - século XX) que trouxe consigo a urbanização e a produção em massa, cada estágio apresenta características distintivas que marcam o desenvolvimento social.

Na transição para a sociedade pós-industrial (meados do século XX - presente), observa-se um deslocamento da economia baseada na indústria para uma focada em serviços e informação (BELL, 1973). Este período é seguido pela sociedade de consumo (segunda metade do século XX - presente), onde o marketing e a publicidade moldam identidades e estilos de vida (Bauman, 2007). Bauman (2001) descreve a modernidade líquida como um período de transitoriedade e incerteza, onde as relações e estruturas sociais são fluidas e temporárias. Enquanto a "Sociedade Líquida" de Bauman enfoca a fluidez e a constante mudança nas relações e instituições sociais, a "Sociedade Amorfa" vai além, destacando a passividade e superficialidade na interação com a informação em tempos de hiperconexão. A "Sociedade Amorfa" complementa a noção de Bauman ao enfatizar como a sociedade líquida levou a uma inundação de informações digitais que pode levar a uma falta de forma e estrutura na compreensão e engajamento crítico dos indivíduos. Com a chegada da sociedade da informação (final do século XX - presente), a tecnologia digital e a internet revolucionam as formas de comunicação e interação social (Castells, 1996). Nesta nova era, Byung-Chul Han introduz conceitos como a sociedade do desempenho (século XXI - presente) e do cansaço (século XXI - presente), que destacam a pressão pela produtividade individual e suas consequências de esgotamento (Han, 2015). Além disso, Han aborda a sociedade da transparência (século XXI - presente), onde a exposição contínua e a perda de privacidade são normativas (Han, 2017). Por fim, propõe-se a sociedade amorfa (futuro próximo), caracterizada pela desconexão social e fragmentação das relações interpessoais, refletindo um individualismo extremo e uma erosão das normas comuns. Cada um desses estágios ilustra a evolução e as nuances da vida social, oferecendo um panorama abrangente das dinâmicas humanas através dos tempos.

Em um mundo onde a superabundância de dados e informações se tornou a norma, surge a necessidade de uma nova nomenclatura para descrever a dinâmica social contemporânea. Neste estudo, propomos o termo "Sociedade Amorfa" como um meio de capturar a essência desta nova realidade. A "Sociedade Amorfa" é caracterizada pela maneira como os indivíduos interagem com o dilúvio de informações – não através de um processo ativo e crítico, mas de forma passiva e superficial. Este termo, portanto, serve não apenas como uma descrição, mas também como um convite à reflexão sobre o impacto dessa passividade na nossa compreensão do mundo.

A origem etimológica da palavra "amorfo" refere-se àquilo que não tem uma forma definida, estrutura clara ou identidade distinta. Assim, uma Sociedade Amorfa é uma comunidade que, apesar de estar imersa em uma riqueza de informações sem precedentes, luta para moldar, interpretar e compreender de forma significativa essa abundância de dados.

Ao considerar as definições específicas de "sociedade" e "comunidade", é importante distinguir entre os dois conceitos. Uma sociedade é entendida como uma rede mais ampla de relações sociais, abrangendo uma variedade de grupos e interesses, e é frequentemente associada a uma estrutura mais complexa e diversificada. Por outro lado, uma comunidade tende a ser vista como um grupo mais coeso de pessoas que interagem entre si, compartilhando interesses comuns e um senso de pertencimento, muitas vezes dentro de um contexto territorial ou social específico (Kühle, 2014).

Na era da informação, somos constantemente bombardeados por uma torrente incessante de notícias, publicações, memes, vídeos, fotos, posts, tweets e outras formas de conteúdo digital. A cada momento, um novo pedaço de informação solicita nossa atenção, prometendo ser mais relevante, mais chocante ou mais interessante do que o anterior. Contudo, essa superabundância pode ter um efeito paralisante, impedindo-nos de processar a informação de maneira crítica e reflexiva. Este estado de exaustão mental não só diminui nossa capacidade de focar, como também pode levar à tomada de decisões apressadas. Em vez de ponderar cuidadosamente e avaliar a informação, podemos nos pegar aceitando-a acriticamente ou, alternativamente, evitando-a completamente, devido à sensação de sobrecarga (Segata et al., 2023).

Essa passividade informacional pode ser comparada à maneira como consumimos comida em um buffet all-you-can-eat[1]. Diante de uma vasta quantidade de opções, podemos nos sentir tentados a experimentar um pouco de tudo, mas sem realmente saborear, digerir ou apreciar qualquer prato em profundidade. Da mesma forma, na Sociedade Amorfa, consumimos informações em porções rápidas e descomprometidas, raramente nos aprofundando em um tópico ou questionando sua veracidade e relevância.

A consequência disso é um entendimento superficial e efêmero dos assuntos. Em vez de desenvolver opiniões bem fundamentadas, formamos impressões passageiras. Em vez de engajar em debates substanciais, recorremos a clichês e retóricas vazias. Seguimos influenciadores de opinião, às vezes sem conhecimento numa determinada matéria, para adotar sem crítica nem critério o seu ponto de vista desse assunto. A superficialidade torna-se a norma, e a profundidade, um luxo raro.

Isso é preocupante, pois uma sociedade que não reflete criticamente sobre a informação que consome é suscetível a manipulações, desinformação e polarização. Em uma era em que a verdade é frequentemente relativa e contestada, a capacidade de discernir, questionar e pensar profundamente é mais importante do que nunca.

O fenômeno da "Sociedade Amorfa" ou "Sociedade Sem Forma" no contexto da hiperconexão e da saturação de informações levantou preocupações sobre a assimilação passiva de informações e suas implicações para a consciência crítica. Kellner e Share, (2008), enfatizam a importância da educação midiática para equipar os indivíduos com as habilidades para interpretar e questionar criticamente o conteúdo da mídia, incluindo o reconhecimento de preconceitos, a distinção entre fato e ficção e a compreensão das técnicas de mídia. Isso se alinha com a noção de que a alfabetização midiática é fundamental para navegar na vasta quantidade de informações disponíveis e promover o envolvimento crítico com o conteúdo da mídia (Kellner; Share, 2008).

A adição da ideia de “letramento racional” de Steven Pinker (2021) complementa essa visão, destacando a importância de desenvolver habilidades de raciocínio lógico e crítico para entender melhor o mundo ao nosso redor. Pinker argumenta que o pensamento racional é essencial para avaliar evidências, tomar decisões informadas e resistir à desinformação. Em uma era em que a verdade é frequentemente relativa e contestada, a capacidade de discernir, questionar e pensar profundamente é mais importante do que nunca (Pinker, 2021).

A Sociedade Amorfa, portanto, não é apenas um fenômeno da era digital, mas um desafio real para manutenção das democracias, educação emancipatória e engajamento cívico. É um lembrete de que, mesmo na era da informação, a verdadeira sabedoria não reside na quantidade de informação que consumimos ou armazenamos, mas na qualidade de nosso engajamento com ela.

A modernidade trouxe consigo uma peculiar transformação no modo como nos comunicamos e consumimos informações. Em particular, a era digital favoreceu o surgimento de plataformas que restringem e condensam nossas expressões em limites estreitos de caracteres, como é o caso do "X" (antigo Twitter). Esta plataforma, que originalmente permitia mensagens de apenas 140 caracteres (e posteriormente expandiu para 280), simboliza de forma icônica a tendência contemporânea de favorecer brevidade sobre profundidade.

Ao analisar a dinâmica de uma "Sociedade Amorfa" no contexto do "X", observamos uma ironia perturbadora. Uma plataforma concebida para compartilhar pensamentos rápidos e atualizações breves tornou-se uma das principais fontes de notícias, debates e discursos públicos para milhões de pessoas. No entanto, com espaço tão limitado para expressão, quão profundo ou reflexivo pode ser esse discurso?

A restrição de caracteres favorece a simplificação, e muitas vezes a simplificação leva à superficialidade. Pensamentos complexos são reduzidos a slogans; argumentos são comprimidos em gotas de sabedoria; e nuances são muitas vezes sacrificadas em prol da concisão. Em tal ambiente, a infâmia de "fake news" ou desinformação pode prosperar, pois a verdadeira complexidade de um assunto raramente pode ser capturada ou refutada em tão poucas palavras. Além da superficialidade, também se introduz a ambiguidade. George Orwell, em suas obras "1984" e "A Política e a Língua Inglesa", discute como a linguagem simplificada pode ser usada como uma ferramenta de controle, reduzindo a capacidade crítica dos indivíduos e promovendo a propaganda (Orwell, 1949; 1968). Victor Klemperer, em "LTI – A Linguagem do Terceiro Reich", analisa como a linguagem nazista manipulava e distorcia a realidade para servir aos propósitos do regime, mostrando que a forma como nos comunicamos pode influenciar profundamente a forma como pensamos (Klemperer, 2000).

Além disso, a natureza efêmera do "X" – onde os tweets vêm e vão em um fluxo constante – encoraja o consumo passivo e acrítico de informações. A torrente de tweets cria um efeito de "correnteza" informacional, onde o conteúdo é rapidamente substituído e esquecido, dificultando a reflexão e o engajamento profundo.

A comparação entre a Sociedade Amorfa e a dinâmica do "X" ressalta o paradoxo da nossa era: nunca tivemos acesso a tanta informação, mas raramente nos permitimos o tempo ou espaço para processá-la adequadamente. Enquanto as plataformas de mídia social como o "X" têm o potencial de conectar e informar como nunca antes, elas também podem, inadvertidamente, perpetuar a superficialidade e a passividade que definem a Sociedade Amorfa.

Nesse sentido, é fundamental questionar e reavaliar a maneira como consumimos informações em plataformas de caracteres limitados, reconhecendo os benefícios, mas também as limitações inerentes a essa forma de comunicação.

 

3    A PARADOXAL DESCONEXÃO NA HIPERCONEXÃO

Com o advento das redes sociais e a facilidade de acesso à informação, esperava-se um aumento na conexão interpessoal e na compreensão do mundo. No entanto, argumentamos que essa hiperconexão resultou em uma paradoxal desconexão. Os diálogos tornaram-se repletos de referências passageiras, enquanto a profundidade e a reflexão são frequentemente negligenciadas. Autores como Morozov (2011) e Turkle (2012) alertaram para os perigos da superficialidade nas interações digitais, destacando que, em vez de fomentar uma compreensão mais profunda, as redes sociais muitas vezes incentivam a comunicação rápida e superficial.

Durante eventos como a "Primavera Árabe", muitos valorizaram o potencial das redes sociais para mobilizar e conectar indivíduos em prol de causas comuns (Howard; Hussain, 2013). No entanto, Morozov (2011) argumenta que essa mesma tecnologia pode ser usada para manipular e controlar, criando uma falsa sensação de participação e engajamento. Turkle (2012) também enfatiza que, embora estejamos constantemente conectados, a qualidade dessas conexões é muitas vezes frágil e insatisfatória, levando a um sentimento de isolamento em meio à hiperconexão.

Na era digital, as promessas das redes sociais e da conectividade online pintavam um retrato otimista de uma sociedade global interconectada. Em teoria, a facilidade de acesso à informação e a possibilidade de comunicação instantânea deveriam fomentar um entendimento mais profundo entre as pessoas e permitir uma troca rica de ideias, trazendo culturas e comunidades mais próximas. No entanto, o que observamos na prática foi uma reviravolta surpreendente e paradoxal.

A hiperconexão, ao invés de aprofundar nossos laços, parece ter diluído a substância de nossas interações. Com uma vasta quantidade de informações à nossa disposição e uma variedade quase infinita de estímulos digitais competindo por nossa atenção, muitos de nós caímos na armadilha de navegar superficialmente pelo vasto oceano da informação. Consequentemente, em vez de mergulhar profundamente em tópicos e dialogar de maneira significativa, nós nos acostumamos a consumir e compartilhar fragmentos de informação em um ritmo frenético, muitas vezes sem parar para refletir sobre seu contexto ou veracidade. Além disso, o paradoxo da hiperconexão que leva à desconexão é destacado por Abad e Rios (2022), que discutem as implicações sociais da hiperconexão, em que os indivíduos navegam superficialmente por grandes quantidades de informações, levando a diálogos fragmentados e à falta de profundidade e reflexão. Essa desconexão paradoxal na era da hiperconexão ressalta a necessidade de reflexão crítica e profundidade nas interações digitais (Abad; Ríos, 2022).

Este fenômeno pode ser ilustrado pelo conceito de "scrolling" — a ação de deslizar rapidamente pelo feed de notícias de uma rede social, consumindo informações de maneira apressada e muitas vezes superficial. Tal comportamento, alimentado pela constante busca por novos estímulos, pode nos desconectar do mundo real e de interações mais significativas. Por exemplo, no caso de Tik Tok, cerca de 24% das visualizações de vídeos são interrompidas rapidamente (antes de assistir a 20% da duração total), e 40% terminam antes de alcançar 50% do vídeo (Zannettou et al., 2024).

Os diálogos, nesse cenário de hiperconexão, correm o risco de se tornarem efêmeros e fragmentados. A profundidade e a reflexão, qualidades essenciais para a compreensão genuína e para a formação de laços interpessoais sólidos, são frequentemente ofuscadas por memes, tendências passageiras e discussões polarizadas. Em vez de usar a tecnologia como uma ferramenta para aprofundar nosso entendimento mútuo, corremos o risco de nos tornarmos prisioneiros de uma torrente constante de superficialidade.

Portanto, a paradoxal desconexão na hiperconexão é um lembrete contundente de que, embora a tecnologia possa oferecer ferramentas inovadoras para a comunicação e a disseminação de informações, cabe a nós determinarmos como essas ferramentas são utilizadas. Em um mundo onde a quantidade de conexões pode facilmente ofuscar sua qualidade, é imperativo buscar profundidade, autenticidade e reflexão em nossas interações digitais.

 

4    IMPLICAÇÕES COGNITIVAS DA SATURAÇÃO INFORMACIONAL

A exposição constante a um vasto volume de informações não garante necessariamente o aprimoramento das capacidades cognitivas ou críticas. Pesquisas indicam que a sobrecarga de informação pode causar fadiga cognitiva, comprometendo a habilidade de concentração, reflexão e formulação de opiniões fundamentadas dos indivíduos. Estudos realizados por Eppler e Mengis (2004) e complementados por Hui, Fok e Chi (2013) revelaram como o excesso de informações pode deteriorar o desempenho cognitivo e a eficiência na tomada de decisões, levando a um estado de exaustão mental. Da mesma forma, Junco e Cotten (2012) observaram a redução da capacidade cognitiva e a influência negativa no pensamento crítico devido à sobrecarga informacional. Estas pesquisas sublinham a necessidade de gerir de forma eficiente o volume de informações ao qual estamos expostos, visando preservar a saúde cognitiva e a qualidade das decisões tomadas.

No contexto atual, dominado pela tecnologia, onde o acesso à informação é quase ilimitado, poder-se-ia supor uma evolução na inteligência e no pensamento crítico. No entanto, a realidade é mais complexa, caracterizada por uma saturação de dados que desafia nossas capacidades cognitivas. Diariamente, somos inundados por um fluxo incessante de notícias, atualizações e conteúdos através de diversas plataformas digitais, demandando constantemente nossa atenção. Longe de ser benéfica, essa enxurrada informativa pode ser prejudicial, limitando nossa eficácia em processar informações de maneira significativa.

O cérebro humano, apesar de sua notável adaptabilidade, tem um limite de processamento. A sobrecarga informacional pode levar a uma "fadiga cognitiva", diminuindo nossa eficiência em tarefas que requerem foco, análise e reflexão. Steven Pinker (2021) e Yuval Noah Harari (2015) argumentam que o DNA humano, pouco alterado desde a época dos caçadores-coletores, não está totalmente adaptado para lidar com a avalanche de informações modernas. Essa disparidade entre nossa biologia ancestral e o ambiente informacional contemporâneo pode nos fazer tomar decisões precipitadas ou aceitar informações sem crítica, impactando negativamente nossa capacidade de retenção de memória a longo prazo e, consequentemente, nosso acervo de conhecimento.

Diante deste cenário, a capacidade de filtrar, avaliar e assimilar criticamente as informações disponíveis torna-se indispensável. Em um mundo onde a informação é abundante, a verdadeira sabedoria reside não na quantidade de dados acessados, mas na habilidade de navegar seletivamente por este vasto mar de informações, priorizando a qualidade e a relevância do que é assimilado. Como Harari (2018) afirma, "em um mundo inundado de informações irrelevantes, clareza é poder". Além disso, é crucial que os produtores de conteúdo também assumam a responsabilidade de gerar informações de qualidade, contribuindo para um ambiente informacional mais saudável e sustentável.

Estudos demonstraram que a sobrecarga de informações pode levar à fadiga cognitiva, reduzindo a capacidade do indivíduo de se concentrar, refletir e formar opiniões bem fundamentadas (Herbig, Kramer; 1994). Quando os indivíduos estão sobrecarregados de informações, sua capacidade cognitiva fica tensa, levando à diminuição da eficiência em tarefas que exigem concentração, análise e reflexão crítica (Watanabe; Funahashi, 2014). Essa exaustão cognitiva não só diminui a capacidade de concentração, mas também leva a uma tomada de decisão precipitada, já que os indivíduos podem aceitar informações sem crítica ou evitá-las completamente devido à sensação de sobrecarga (Huang et al., 2022). Além disso, a sobrecarga de informações pode levar a confusões não intencionais e decisões ruins, pois a capacidade de processamento do sistema é excedida, resultando em tensão cognitiva (Bettis-Outland, 2012). Na profissão médica, lidar com a sobrecarga de informações é vital, pois fatores como falta de tempo para pesquisar e preocupações com o relacionamento com os pacientes podem afetar negativamente o uso do vasto conhecimento (Kumar; Maskara, 2015).

Portanto, no cenário atual, a capacidade de filtrar, avaliar e assimilar informações de forma crítica é mais valiosa do que nunca, pois a qualidade, a relevância e a forma como os indivíduos interagem com as informações são cruciais para navegar nesse mar de dados. Dessa forma, as implicações da sobrecarga cognitiva devido à informação e à capacidade de filtrar, avaliar e assimilar criticamente as informações são mais valiosas do que nunca, pois a qualidade, a relevância e a forma como os indivíduos interagem com as informações são fundamentais para navegar nesse mar de dados.

 

5    A NECESSIDADE DE EDUCAÇÃO MIDIÁTICA

Para combater a passividade informacional, é importante promover a educação midiática. Isso capacita os indivíduos a discernir, analisar e refletir criticamente sobre o conteúdo que consomem, permitindo uma verdadeira autonomia intelectual no mundo digital.

Na era do acesso quase ilimitado à informação, os desafios não se encontram apenas na quantidade de dados disponíveis, mas, sobretudo, em discernir sua qualidade, intenção e veracidade. A quantidade de informação disponível, juntamente com a velocidade e facilidade com que é disseminada, pode se tornar um terreno fértil para desinformação, vieses e manipulações. Assim, o cenário atual exige uma habilidade aguçada de discernimento. É aqui que a educação midiática entra como um componente fundamental.

A educação midiática visa equipar os indivíduos com as ferramentas necessárias para navegar, compreender, analisar e avaliar criticamente os meios de comunicação. Ao contrário da simples alfabetização, que se concentra na habilidade de ler e escrever, a educação midiática é um conjunto mais amplo de competências que permite aos indivíduos interpretarem e questionar o conteúdo midiático que consomem.

No contexto da desinformação e das crises sistêmicas, Saad (2021) reflete sobre as ontologias jornalísticas e os desafios da desinformação, enfatizando o papel do jornalismo na abordagem das complexidades da era digital. Isso ressalta a importância do engajamento crítico da mídia e a necessidade de vozes informadas e autênticas no espaço digital Saad (2021). Spinelli (2021), contribui para a discussão ao enfatizar o papel da alfabetização midiática na promoção da cidadania, do consumo e da educação, ressaltando a necessidade da alfabetização midiática para desenvolver habilidades críticas e reflexivas no envolvimento com o conteúdo da mídia, promovendo, assim, interações informadas e autênticas no domínio digital (Spinelli, 2021). Desse modo, para navegar efetivamente no ambiente de mídia atual e lidar com a desinformação, os cidadãos precisam ser educados sobre como consumir e interagir com a mídia. Isso envolve o desenvolvimento de habilidades críticas e reflexivas, que permitem às pessoas analisarem e avaliarem o conteúdo da mídia de forma mais eficaz. A alfabetização midiática, portanto, é vista como essencial para promover interações informadas e autênticas no domínio digital, contribuindo para uma cidadania mais consciente e responsável.

 

Quadro 1 - Aspectos da educação midiática

Aspectos da Educação Midiática

Descrição

Reconhecimento de Viéses e Agendas Ocultas

Ensina a identificar influências em conteúdos midiáticos, como interesses comerciais e políticos, para uma interpretação mais crítica.

Distinguir Fato de Ficção

Capacita na avaliação de fontes e verificação de informações, essencial para discernir entre verdade e fake news.

Compreensão de Técnicas Midiáticas

Instrui sobre como a mídia usa técnicas para influenciar emoções e respostas, promovendo um consumo mais consciente.

Promoção da Autonomia Digital

Encoraja não só o consumo crítico de mídia, mas também a criação de conteúdo de forma ética e responsável.

Letramento Racional

Desenvolve habilidades de raciocínio lógico e crítico, essenciais para avaliar evidências, tomar decisões informadas e resistir à desinformação.

Fonte: Elaborado pelos autores (2023)

 

Essas referências apoiam coletivamente a investigação do fenômeno "Sociedade Amorfa" e suas implicações na era digital, enfatizando a necessidade de educação midiática, reflexão crítica e profundidade nas interações digitais para enfrentar os desafios da saturação de informações e da hiperconexão.

Em suma, à medida que nos aprofundamos no século XXI, a necessidade de uma população midiaticamente educada se torna mais premente. Não se trata apenas de um combate a desinformação, mas de garantir que cada indivíduo possa exercer plenamente sua autonomia intelectual e cidadania no vasto e complexo mundo digital. Em um cenário inundado por informações, onde todos têm uma voz, a educação midiática pode contribuir para que essas vozes sejam informadas, críticas e autênticas.

Embora não seja a solução para todos os desafios, a educação midiática representa um passo essencial que precisamos dar como sociedade para construir um ambiente digital mais crítico, responsável e inclusivo.

 

6    CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo, ao explorar a dinâmica e propor a inclusão do termo "Sociedade Amorfa" como um novo conceito, oferece uma lente para compreender as dinâmicas sociais e culturais contemporâneas em contextos conectados diversos. A análise revelou que, apesar do acesso sem precedentes à informação, muitos indivíduos se encontram imersos em uma interação passiva e superficial com o conteúdo digital. Este comportamento, exacerbado pelas opiniões e informações que reforçam as próprias crenças e visões de mundo criadas pelos algoritmos, limita a exposição a perspectivas diversas e reforça crenças preexistentes, comprometendo a formação de uma consciência crítica.

A educação midiática emerge como um apoio essencial, capacitando os indivíduos a discernir, analisar e questionar o conteúdo midiático, promovendo uma autonomia intelectual e cidadania ativa no complexo mundo digital.

A era da Sociedade da Informação, impulsionada pela revolução digital, trouxe avanços notáveis, mas também desafios significativos. A facilidade de acesso à informação não garantiu automaticamente uma maior profundidade ou qualidade na interação com essa informação. Muitos se veem consumindo conteúdo de maneira passiva, sem questionar sua origem ou intenção. Este fenômeno de "passividade informacional" é preocupante, pois indica uma desconexão entre o acesso à informação e a habilidade de processá-la de maneira significativa.

No entanto, essa tendência não é inalterável. Ao reconhecer os desafios da Sociedade da Informação, podemos adotar estratégias proativas para enfrentá-los. A educação midiática é uma dessas estratégias, fornecendo as habilidades necessárias para uma interação mais consciente e crítica com as informações. Além disso, a promoção do pensamento crítico é essencial, incentivando as pessoas a questionarem, buscar múltiplas fontes e engajar-se em debates significativos.

Para não nos perdermos nesse cenário, devemos direcionar nossos esforços para promover uma compreensão mais profunda e crítica das tecnologias emergentes, especialmente as Inteligências Artificiais (IAs). A inteligência artificial já desempenha um papel significativo na curadoria e disseminação de informações, e seu impacto só tende a crescer. Portanto, é essencial que as pessoas compreendam o funcionamento dessas tecnologias e estejam cientes de seus vieses e limitações. A regulação das IAs é igualmente essencial para garantir que essas ferramentas sejam usadas de maneira ética e transparente, protegendo a privacidade dos indivíduos e prevenindo a manipulação de informações.

Yuval Noah Harari destaca a importância de estarmos vigilantes e proativos: "As coisas para os humanos estão melhores do que nunca, mas ainda estão muito ruins e podem ficar muito piores" (Harari, 2018). Isso nos lembra que, embora tenhamos alcançado progressos significativos, não podemos nos acomodar. Devemos continuamente buscar maneiras de melhorar nossa interação com a informação e com as tecnologias que a mediam.

Para transformar a passividade informacional em uma interação ativa e crítica, é necessário investir em educação midiática e em letramento racional, promovendo habilidades de pensamento crítico e autonomia digital. Além disso, é fundamental que políticas de regulação e transparência das tecnologias digitais sejam implementadas para garantir um ambiente informacional saudável e sustentável. Dessa forma, podemos evitar a formação de uma Sociedade Amorfa e garantir que a diversidade de pensamentos e opiniões continue a ser um pilar essencial para o crescimento e desenvolvimento coletivo.

Em suma, a trajetória da Sociedade da Informação é uma jornada em andamento. Os avanços são claros, mas os desafios são igualmente evidentes. Ao reconhecer e enfrentar esses desafios com as ferramentas e mentalidades corretas, podemos transformar a passividade informacional em uma interação ativa e crítica. Assim, podemos cumprir a verdadeira promessa da era da informação, onde a sabedoria não se mede pela quantidade de informação consumida, mas pela qualidade do nosso engajamento com ela, evitando a formação de uma Sociedade Amorfa, onde a diversidade de pensamentos e opiniões é essencial para o crescimento e desenvolvimento coletivo.

 

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[1] *tudo o que você pode comer (tradução livre)

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