Do colonialismo histórico ao colonialismo de dados

reflexões sobre a relação entre Big Data e o sujeito

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21728/logeion.2023v10n1.p75-90

Palavras-chave:

Colonialismo de Dados, Vigilância Automatizada, Oligopólios Digitais, Assimetria de Poder, Impactos Sociais

Resumo

A proposta central deste trabalho é refletir como a relação entre os grandes dados (big data) e o sujeito contemporâneo, explorando o conceito de Colonialismo de Dados. O estudo busca analisar as semelhanças entre as relações de dados na sociedade atual e o colonialismo histórico, examinando as implicações sociais, políticas e econômicas dessa dinâmica. Os autores argumentam que o colonialismo de dados envolve a extração e o gerenciamento universal de dados das pessoas, resultando em uma nova ordem social baseada no rastreamento constante. Tem como objetivo analisar como o colonialismo de dados envolve a extração de recursos, representados pelos dados pessoais das pessoas, que são coletados, armazenados e utilizados por empresas para diversos fins econômicos. Esse fenômeno é sustentado por uma ideologia que promove a coleta e o uso de dados como algo benéfico e necessário, criando um ambiente onde os indivíduos são incentivados a compartilhar seus dados sem compreender completamente as implicações. Além disso, o artigo discute o papel do capitalismo nas relações de dados, destacando como o capitalismo afirma a identidade do "eu" como um ponto de referência único, mas também elementos essenciais da continuidade e transformação do self ao instalar vigilância automatizada no espaço do self. O estudo também aborda a importância da identidade pessoal como um elemento essencial, enfatizando a necessidade de abandonar a reivindicação de uma universalidade absoluta que caracteriza o colonialismo de dados.

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Biografia do autor

Fabiano Couto Corrêa da Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Docente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) desde 2018, onde realiza atividades de ensino, pesquisa, extensão e gestão. Atua nos cursos de graduação de Biblioteconomia presencial e à distância, e na linha de pesquisa Informaçao e Ciência do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCIN), orientando pesquisas sobre Gestão de Dados Científicos, Produção Científica, Aprendizagem Colaborativa e Ciência Aberta. Foi professor da Universidade Federal do Rio Grande (2008-2018), onde coordenou o Curso de Biblioteconomia e foi editor da Revista Biblos. Graduado em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2002), mestre em Ciência da Informação com bolsa CAPES pela Universidade Federal de Santa Catarina (2008) e doutor com bolsa CNPq em Información y documentación en la Sociedad del Conocimiento (2017) pela Universitat de Barcelona (Sobresaliente Cum Laude). Foi coordenador do serviço de atendimento da Biblioteca Central da Universidade de Satna Cruz do Sul (2003-2008). Exerce cargos administrativos de impacto social e acadêmico, incluindo a liderança de grupos de pesquisa, além de consultorias ad-hoc para a CAPES, CNPq e IBICT. Membro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação (ANCIB). É consellheiro e gestor da Biblioteca e projetos de incentivo à leitura junto ao Instituto Misturaí, uma Organização da Sociedade eCivil (OSC) sem fins lucrativos.

Thalia da Silva Pires, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Graduanda em Biblioteconomia pela Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (FABICO) na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Faz parte do Programa de Extensão, Farol: Conexões da Informação do Departamento de Ciências da Informação (DCI) UFRGS, como bolsista. Foi bolsista de Iniciação Científica no projeto de Interação Acadêmica ICBS/PESQUISA DETECÇÃO VÍRUS SARS-COV-2. Atualmente é auxiliar de biblioteca na rede La Salle de ensino.

Lucas George Wendt, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - PPGCIN da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Também sou especialista em Comunicação Institucional pela Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul - Fadergs (2021); bacharel em Biblioteconomia pela Universidade de Caxias de Sul - UCS (2021); e bacharel em Jornalismo pela Universidade do Vale do Taquari - Univates (2017). Atuo nos seguintes grupos de pesquisa DataLab: Laboratório de Dados, Métricas Institucionais e Reprodutibilidade Científica (CNPq/UFRGS); Grupo de pesquisa História Evolutiva dos Vertebrados (CNPq/UFRGS); LabCI: Laboratório Aberto Contexto e Informação (CNPq/Unir) e no Necit: Núcleo de Estudos em Ciência, Inovação e Tecnologia (CNPq/UFRGS). Sou secretário eleito para a diretoria da Rede Brasileira de Jornalistas e Comunicadores de Ciência - RedeComCiência (Gestão 2023/2024). Profissionalmente ocupo o cargo de assessor de imprensa na Univates. Tenho interesse em comunicação e em ciência, em especial nos seguintes temas: comunicação científica, estudos métricos da informação, história da ciência, paleontologia, divulgação científica. E-mail: lucas.george.wendt@gmail.com.

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Publicado

30/08/2023

Como citar

SILVA, F. C. C. da; PIRES, T. da S.; GEORGE WENDT, L. Do colonialismo histórico ao colonialismo de dados: reflexões sobre a relação entre Big Data e o sujeito. Logeion: Filosofia da Informação, Rio de Janeiro, RJ, v. 10, n. 1, p. 75–90, 2023. DOI: 10.21728/logeion.2023v10n1.p75-90. Disponível em: https://revista.ibict.br/fiinf/article/view/6481. Acesso em: 28 abr. 2024.

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