ARTIGO
projeto emancipatório da modernidade, estabelecendo como critério de emancipação os
consensos motivados racionalmente no entendimento intersubjetivo da ação comunicativa.
[...] o interesse emancipatório seria a consciência crítica, a autorreflexão do interesse
prático, que, no intuito de promover a interação entre os homens, acabou implicando
no cerceamento da liberdade individual e na reificação das relações sociais [...] o
interesse prático, ele também visa a interação, mas uma interação que seja ditada
não pela normatividade, mas pela racionalidade (Aragão, 1997, p.57).
No âmbito educacional, a proposta habermasiana desafia a influência ideológica da
racionalidade sistêmica, promovendo uma ação educativa que mede as formas de
racionalidade, possibilitando o reconhecimento intersubjetivo das pretensões de validade
presentes na prática comunicativa do mundo da vida. A educação, nessa perspectiva, assume
um papel relevante na formação de indivíduos comunicativamente competentes, promovendo
a reflexão crítica e a busca coletiva da verdade e dos valores. “Tratar-se-ia da afirmação do
modelo de relação intersubjetiva, produzido em uma tipologia de sujeitos ideais, capazes de
falar e agir racionalmente com vistas à comunicação” (Silva, 2020, p. 42).
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Contudo, para que a educação seja verdadeiramente emancipatória, é necessário
reconhecer a necessidade de uma práxis educativa que promova a competência comunicativa
dos sujeitos, permitindo-lhes participar ativamente na sociedade “[...] mostrando que todo o
nosso conhecimento já se encontra sempre referido a um horizonte prévio de compreensão e
de interpretação intersubjetivo no seio da linguagem comum presente no mundo da vida [...]”
(Mühl, 2011, p. 1048). Isso implica em superar as formas distorcidas de comunicação e
promover a emancipação através de processos de aprendizagem que permitam a reflexão
crítica e a busca coletiva da verdade e dos valores.
Em síntese, a abordagem de Habermas nos desafia a repensar a racionalidade e a
educação em uma perspectiva dialógica, orientada para o entendimento mútuo e o consenso.
Ao reconhecer a importância da competência comunicativa na formação de sujeitos
emancipados, sua teoria oferece um caminho para uma práxis educativa que promova a
reflexão crítica e a busca coletiva da verdade e dos valores, contribuindo para a construção de
uma sociedade mais justa e inclusiva.
Ao fundamentar na interação comunicativa do mundo da vida a constituição da
realidade social, Habermas procura resgatar um núcleo sadio e racional da
humanidade que garante a resistência contra a colonização e a manutenção da
possibilidade de emancipação (Mühl, 2011, p. 1043).
A reflexão sobre a aplicabilidade da teoria da ação comunicativa de Habermas no
contexto educacional é fundamental para compreender como essa abordagem pode contribuir
para a emancipação social dos grupos marginalizados. Embora inicialmente desenvolvida
LOGEION: Filosofia da informação, Rio de Janeiro, v. 11, ed. especial, p. 1-16, e-7382, nov. 2024.