Criando convergência para o desenvolvimento: a inclusão digital

Luiz Fernando Furlan

Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

As Metas do Milênio foram lançadas durante a Cúpula do Milênio, que é considerada a maior reunião de dirigentes mundiais de todos os tempos. Com ação prospectiva até 2015, têm como objetivo fundamental constituir as condições mínimas necessárias para o desenvolvimento sustentável global. Entre elas, figura a inclusão social, utilizando-se como um de seus instrumentos a inclusão digital como meio para promover a sociedade da informação e do conhecimento. Consta ainda desse documento a importância da capacitação dos profissionais que pensarão e negociarão as novas formas para conquistar acesso a mercados e a tecnologias, abrindo o sistema comercial e financeiro não só para grandes países e empresas, mas também para a concorrência verdadeiramente livre de todos. Somam-se a isso o apoio a programas de geração de novas oportunidades de absorção e recrutamento de jovens nas pequenas e médias empresas, o apoio a programas de parceiras para a inclusão digital da população menos favorecida, os programas de formação e disseminação das novas tecnologias, em especial, da informação, as doações de equipamentos novos ou usados a escolas, bibliotecas, instituições voltadas a programas que contemplem o empreendedorismo e auto-sustentação, assim como as ações que promovam a inserção da comunidade na cadeia produtiva, por meio de financiamento direto de suas atividades, com a disponibilização alternativa da política de microcrédito.

Partindo dessa referência, as múltiplas iniciativas de inclusão digital em um país de dimensões continentais como o Brasil devem ser consideradas, antes de tudo, uma ação positiva para a eliminação da exclusão digital, sendo, portanto, meio e suporte para a inclusão social e o desenvolvimento sustentável. Esses empreendimentos não devem ser interpretados tão-somente como eventual ausência de um planejamento governamental centralizado. Estudos e indicadores na área mostram que mais de 50% de nossa juventude desconhecem não apenas o potencial da sociedade digital, baseada em tecnologia e conectada em rede, mas, o que é mais grave, o próprio uso do computador como instrumento para a apropriação da informação e criação do conhecimento.

Nesse contexto, o fosso entre aqueles “incluídos digitalmente” e os chamados “analfabetos digitais” tenderá a aumentar e comprometer o aprendizado e até mesmo os hábitos de pensar e de pesquisar. No meio empresarial, essa situação é igualmente dramática e reflete as diferenças regionais existentes, dado que estados mais desenvolvidos já oferecem múltiplas opções de inclusão digital aos seus cidadãos e empresários, em especial ao segmento de micro e pequenas empresas.

No âmbito internacional, as tecnologias de informação e o uso intensivo da informação e do conhecimento em todos os modos de produção tornaram-se a grande riqueza das nações. Os que são detentores desse saber criam mais, inovam mais, tornando-se exportadores de um novo tipo de produto, a economia do conhecimento. Analistas econômicos apontam que países até então referência de problemas sociais, como a ¥ndia, Coréia do Sul e até mesmo a China, após investimentos na economia do conhecimento estão em processo de inserção acelerada entre aqueles países considerados detentores das tecnologias portadoras de futuro e as em franco processo de desenvolvimento. Consoante esse escopo, os EUA sobressaem como o país dessa nova economia.

A iniciativa do governo federal em promover a convergência de esforços nas diversas ações de inclusão digital vem respeitando a especificidade de cada modelo existente, uma vez que são distintos tanto seus focos de atuação quando suas demandas.

Essa ação não deve ser considerada privativa do Estado,mas sim de toda a sociedade. O desenvolvimento das tecnologias de informação e a ampliação das redes de comunicação tornam-se imperativas, assim como as ferramentas para a educação por meios digitais.

Considero que esta iniciativa do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) em promover a criação de uma revista de natureza eletrônica abordando a inclusão digital no sentido amplo constitui uma ação para a qual todos devemos contribuir, pois assim estaremos promovendo maior intercâmbio de idéias e sugestões, ampliando a difusão do conhecimento sobre a sua diversidade.