O debate terminológico-conceitual em torno do uso dos termos competência em informação, competência informacional e letramento informacional na primeira década dos anos 2000 no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18617/liinc.v19i2.6576

Palavras-chave:

Information literacy, Conceito, Terminologia, Campo científico, Viés epistêmico

Resumo

O objetivo deste artigo é apresentar um recorte do debate em torno de três traduções de information literacy no campo da Biblioteconomia e da Ciência da Informação no Brasil, quais sejam, competência em informação, competência informacional e letramento informacional, na primeira década dos anos 2000. Nossa intenção é compreender quais elementos sustentam esse debate e como as noções de Pierre Bourdieu (1976) sobre o campo científico e as noções sobre vieses epistêmicos de Gustavo Caponi (2023) podem ser materializadas nos argumentos apresentados pelas autoras para justificar a escolha dos termos. Esta pesquisa possui natureza exploratório-descritiva; quanto aos fins e quanto aos meios, caracteriza-se por ser uma pesquisa de cunho bibliográfico e documental. Como procedimento de coleta, realizamos um levantamento sistemático sobre os três termos em questão nas seguintes bases de dados: Portal de Periódicos Capes; coleção BENANCIB; BRAPCI; BDTD; CTDC. Identificamos que a existência de diferentes posicionamentos epistêmicos em torno da proposição desses termos evidencia o fato de estes não serem vocábulos neutros, mas, sim, representarem determinado arranjo discursivo e metodológico cunhado por suas autorias. Essas autoras, por sua vez, situam-se histórica e culturalmente em condições determinadas, o que possibilita que elas tracem caminhos discursivos específicos de modo a imprimir em suas escolhas os fundamentos originados de suas experiências acadêmicas e profissionais. Concluímos que estudos dessa natureza são relevantes para a área, pois as apropriações terminológico-conceituais feitas com base nas autoras apresentadas não podem desconsiderar fatores como o habitus, as estratégias, o capital científico e os vieses epistêmicos envolvidos nas abordagens de cada autora

Biografia do Autor

  • Mariana de Souza Alves, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil

    Doutoranda em Ciência da Informação, UFPE (2019). Especialista em Literatura Infantojuvenil, FAFIRE-PE (2018). Mestra em Ciência da Informação, UFPE (2017).Graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Pernambuco (2014). Bibliotecária da Universidade Federal de Pernambuco, UFPE (2019). Bibliotecária do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Pernambuco, IFPE (2014). Mediadora de Leitura pelo CCLF/FUNCULTURA (2017). Formação em Contação de Histórias, Pronatec (2014) e Zumbaiar (2018). Coordenadora de projeto e cursos de Extensão no IFPE. Atuou na coordenação do Núcleo de Arte e Cultura, IFPE. É membro do GPEALE- Grupo De Pesquisa Em Alfabetização, Linguagem e Decolonialidade, da Universidade Federal de São João Del-Rei, sob coordenação da professora Maria do Socorro Alencar Nunes Macedo.Produções acadêmicas e área de atuação voltadas para as seguintes temáticas: Literacy. Letramento. Letramento informacional. Leitura, Literatura, Literatura Infantil, Bibliotecas comunitárias, Práticas informacionais e leitoras, Mediação da Leitura, Biblioteconomia, Negritude, Relações Étnico- Raciais, Inclusão e Direitos Humanos.ORCID ID= http://orcid.org/0000-0002-3452-9629 e-mail: mariana.souzaalves@ufpe.br

  • Maria do Socorro Alencar Nunes Macedo, Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de São João Del-Rei, São João Del-Rei, RJ, Brasil

    Professora Titular da Universidade Federal de São João del-rei. Doutora em educação pela UFMG. Pós- doutorado pela University of London, King's College, (2009), pela Goldsmits University of London (2019), pela UFSCAR, 2019-2020). Líder do (GPEALE) grupo de pesquisa Alfabetização, Linguaguem e Colonialidade. É pesquisadora da área alfabetização, letramento, internacionalização do ensino superior. Orientadora de mestrado e doutorado nos Programas de Pós-Graduação em Educação da UFSJ e da UFPE. Coordena projetos que investigam práticas escolares de alfabetização no contexto da pandemia em áreas urbanas e no campo. Pesquisa letramento acadêmico em contextos de internacionalização da universidade. Foi vice-presidente da ABALF 2014-2017. Bolsista produtividade do CNPq. Coordenadora do FORPRED SUDESTE 2021-2022. Membro do Comitê Científico da Anped 2021-2023. Coordenadora geral da ALFAREDE( Rede de Pesquisa em Alfabetização). Coordenadora Geral da Alfabetização de Adultos na DPAEJA/SECADI-MEC.

  • Marcos Galindo, Departamento de Ciência da Informação, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil

    Professor Titular do Departamento de Ciência da Informação (2022) da Universidade Federal de Pernambuco e do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação. Doutor em História pelo Departamento de Línguas e Cultura da América Latina da Leiden University ? Países Baixos (2004), mestre em História pela Universidade Federal de Pernambuco (1994) e bacharel em Biblioteconomia (1984), pela UFPE. É Coordenador científico do Laboratório de Tecnologia do Conhecimento - Liber onde desenvolve os projetos Rede Memorial de Pernambuco e Preservação da memória digital: um panorama brasileiro. Áreas de Interesse: Teoria da Informação, Memória e Uso de tecnologia em sistemas memoriais.

Referências

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Publicado

30/11/2023

Edição

Seção

Guerras Culturais: Informação, Política e Disputas Simbólicas

Como Citar

O debate terminológico-conceitual em torno do uso dos termos competência em informação, competência informacional e letramento informacional na primeira década dos anos 2000 no Brasil. Liinc em Revista, [S. l.], v. 19, n. 2, p. e6576, 2023. DOI: 10.18617/liinc.v19i2.6576. Disponível em: https://revista.ibict.br/liinc/article/view/6576. Acesso em: 18 abr. 2025.