Os afetos nos artefatos da razão: caminhos críticos da verdade no Antropoceno

Autores

  • Fernanda do Valle Galvão Debetto Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil https://orcid.org/0000-0002-4156-027X
  • Vinícios Souza de Menezes Departamento de Biblioteconomia, Universidade Federal do Sergipe, Aracaju, SE, Brasil https://orcid.org/0000-0003-4511-4477
  • Gustavo Silva Saldanha Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil ; Departamento de Biblioteconomia, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil https://orcid.org/0000-0002-7679-8552

Palavras-chave:

Racionalidade, Afetividade, Verdade, Negacionismo, Antropoceno

Resumo

Trata-se de uma reflexão teórica sobre a noção de verdade objetiva associada ao artefato-linguagem “livro” (em sua ampla expressão histórica, para além do códice vegetal) como mediador determinista do conhecimento. O artigo focaliza o negacionismo científico no Antropoceno como um dos frutos do paradigma científico que contrapõe razão e afetividade, um problema ontológico da linguagem, de onde nasce a Ciência da Informação. O início do Antropoceno aqui se confunde com a máquina de reprodutibilidade da natureza encapsulada no livro, a partir do século XV. Como ciência social responsável pela organização, classificação e circulação dos saberes científicos oficializados, sua fundação - baseada no fetichismo da técnica como solução para o progresso - se mantém como um dos desafios a serem superados na contemporaneidade. Para o diálogo, parte-se da teoria trans-histórica de Lev Vygotsky, da noção de ruptura epistemológica em Bachelard e do conceito de tecnologia em Álvaro Vieira Pinto

Biografia do autor

Fernanda do Valle Galvão Debetto, Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Doutoranda e mestre pelo PPGCI IBICT-UFRJ. Especialista em Marketing e Design Digital (ESPM). Bacharel em Comunicação Social (UNESA). Bolsista de Doutorado do CNPq-Brasil. 

Vinícios Souza de Menezes, Departamento de Biblioteconomia, Universidade Federal do Sergipe, Aracaju, SE, Brasil

Doutor em Ciência da Informação (IBICT-UFRJ), Mestre em Ciência da Informação (UFBA), Bacharel em Biblioteconomia (UFBA). Professor do Departamento de Biblioteconomia da Universidade Federal do Sergipe (UFS).

Gustavo Silva Saldanha, Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, Rio de Janeiro, RJ, Brasil ; Departamento de Biblioteconomia, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Doutor em Ciência da Informação (IBICT-UFRJ). Mestre em Ciência da Informação (UFMG). Especialista em Filosofia Medieval (Faculdade de São Bento). Bacharel em Biblioteconomia (UFMG). Pesquisador do IBICT e Professor Adjunto da UNIRIO.

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Publicado

20/05/2022

Como citar

DEBETTO, F. do V. G.; MENEZES, V. S. de; SALDANHA, G. S. Os afetos nos artefatos da razão: caminhos críticos da verdade no Antropoceno. Liinc em Revista, [S. l.], v. 18, n. 1, p. e5946, 2022. Disponível em: https://revista.ibict.br/liinc/article/view/5946. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

Desafios das Ciências sociais no Antropoceno