A NORMALIZAÇÃO COMO PRÁTICA EXTENSIONISTA: experiências no projeto “DESCOMPLICA TCC: NORMAS, ESTRATÉGIAS E DICAS PARA ELABORAÇÃO DE TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO”[1]
Alzira Karla Araújo da Silva[2]
Jobson Louis Santos de Almeida
Antônia Lucineide F. de Lima
Vanessa Alves Santana
Elaine Cristina de Brito Moreira
Jefferson Ferreira Lopes
Klebson Felismino Bernardo
Joana Ferreira de Araújo
Marcos Ferreira da Silva
Luiz Felipe da Silva Candido
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Resumo
A extensão universitária é uma ação que leva o conhecimento aprendido no contexto acadêmico para a comunidade e promove uma interlocução entre teoria e prática. O Descomplica TCC é um projeto de extensão do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba que orienta discentes e docentes de instituições de ensino, quanto ao planejamento, a estrutura e a normalização de trabalhos acadêmicos. Assim, o artigo apresenta um relato das atividades concernentes à preparação da equipe, marketing em redes e mídias sociais e oficinas ministradas na segunda edição do projeto em 2018. Os resultados contribuem para compartilhar essa experiência de sucesso no campo da extensão e da normalização, assim como colaborar para a percepção da normalização enquanto campo a ser explorado pela Biblioteconomia em sua seara social e educacional.
Palavras-chave: Normalização. Extensão Universitária. Biblioteconomia – Educação.
STANDARDIZATION AS EXTENSIONIST PRACTICE: Experiences in the project "DESCOMPLICA TCC: NORMS, STRATEGIES AND TIPS FOR PREPARATION OF COMPLETION OF COURSE WORK”
Abstract
The university extension is na action that leads to knowledge learned in the academic contexto for the community and promotes na interlocution between theory and practice.The Descomplica TCC is an extension project of the Departament of Information Science of the Federal University o Paraíba that guides students and professors of educational institutions, as to the planning, structure and standardization of academic works. Thus, the article presents an account of the activities concerning the preparation of the team, marketing in networks and social media and workshops minister in the second edition of the project at 2018. The results contribute to sharing this experience of success in the field of extension and standardization, as well as collaborating for the perception of standardization as a field to be explored by librationship in its social and educational fields.
Keywords:Standardisation.
University extension. Bibliotheconomia – Education.
1 INTRODUÇÃO
A extensão, em especial, constitui uma ação que leva o conhecimento aprendido no contexto acadêmico para a sociedade e promove uma interlocução entre teoria e prática.
A normalização, neste processo, é um campo a ser explorado pela Biblioteconomia em sua seara social e ação extensionista, podendo colaborar no compartilhamento de conhecimentos essenciais para uma escrita científica assertiva e padronizada conforme as normas orientadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
No tocante a normalização, observa-se empiricamente, a partir de práticas de ensino na disciplina Metodologia do Trabalho Científico, na participação em bancas de trabalhos de conclusão de curso ou até mesmo na leitura de artigos científicos, que essas produções, muitas vezes, pecam em erros e distorções das normas da ABNT. Soma-se a isso a consulta as normas em versões desatualizadas, gerando confusão e até aversão ao seu uso.
As oficinas foram planejadas por módulos e desenvolvidas de forma dinâmica e com linguagem descomplicada, fazendo uso de exemplos e atividades práticas, interação dialogada, quiz, e plantão de dúvidas individualizado. Vem colaborando, portanto, com a qualidade e a padronização dos trabalhos acadêmicos, e com a competência na escrita desses textos.
As ações do Descomplica TCC promove a melhor aplicação das normas da ABNT, minimizando e desmistificando a dificuldade em aplicá-las, além de colaborar na motivação para o seu uso adequado e eficiente.
Na segunda edição em 2018, o projeto congregou uma equipe de discentes e docentes do Curso de Biblioteconomia da UFPB e um colaborador formado em Pedagogia. Estes desempenharam um papel importante de agentes educacionais pautado no cunho social da extensão, da normalização e da Biblioteconomia.
Diante do exposto, o artigo relata a experiência de sucesso no Descomplica TCC quanto às atividades realizadas em 2018, concernentes à preparação da equipe, marketing em redes e mídias sociais e oficinas ministradas. O compartilhamento dessa experiência desperta a normalização enquanto campo a ser explorado pela Biblioteconomia em sua seara extensionista e social.
2 O BIBLIOTECÁRIO COMO AGENTE EDUCACIONAL
O bibliotecário é agente responsável pela mediação entre o usuário e a informação e cumpre papel fundamental enquanto orienta para a solução de problemas e a capacitação de processos normativos, a partir do uso de práticas pedagógicas. Nessa perspectiva, o bibliotecário, em seu papel de agente educacional media, também, o aprendizado.
Segundo Sousa (2014, p. 53), "educador é aquele que tem o domínio da didática para fornecer conteúdos e estimular o aluno ao processo de descoberta, de modo a desenvolver suas competências, baseadas em suas próprias experiências". Desse modo, com as práticas desenvolvidas durante sua atuação, o bibliotecário torna-se capaz de executar, com mais eficiência, sua função no processo de mediação do aprendizado.
Roe (1999) citado por Dudziak (2001) ressalta que há intencionalidade nesse processo quando o bibliotecário educador direciona a interação e o aprendizado; há reciprocidade quando ambos aprendem; ocorre significado quando a experiência é significativa para ambos e; acontece a transcendência quando a experiência ultrapassa a aprendizagem e contribui para a vida do aprendiz.
O bibliotecário, em especial o que desempenha suas funções no serviço de referência, desenvolve esse papel de educador e mediador, visto que mantém o contato mais próximo com os usuários. Entre suas atividades, está a orientação ao uso das normas para trabalhos acadêmicos.
No contexto das instituições de ensino, a elaboração de trabalhos acadêmicos tem sido uma exigência e uma atividade frequente, “[...] uma vez que essa produção é tida como um dos indicadores de competência dos departamentos no ambiente da instituição universitária” (ANJOS; CALIXTO; MARTINS, 2012, p.12).
A aplicação das normas da ABNT também tem sido igualmente exigida para aferir qualidade e padronização aos documentos, uma vez que “[...] objetivam facilitar a comunicação, a circulação e o intercâmbio de ideias em nível nacional e internacional” (ANJOS; CALIXTO; MARTINS, 2012, p.15). Mas, além disso, facilita a transferência da informação científica, uma vez que, por meio dela, pode-se identificar melhor um documento. (ANJOS; CALIXTO, MARTINS, 2012). Assim, “É preciso valorizar o trabalho de normalização e as normas técnicas, que ajudam a definir e estruturar ética e esteticamente os trabalhos acadêmicos. [...]” (SANTOS; SAMPAIO, 2014, p. 164).
A dificuldade de interação entre bibliotecário e professor, o desconhecimento do professor de que o bibliotecário também é um educador e o acesso aos trabalhos acadêmicos apenas no final do curso, são barreiras enfrentadas pelo bibliotecário no exercício de seu papel de educador e no processo de orientação das normas acadêmicas (ANJOS; CALIXTO; MARTINS, 2012). Contudo, não se pode esquecer que “[...] o bibliotecário atua fundamentalmente na área da educação [...]”. (MILANESI, 1993, p. 107).
Pasquarelli (1993) enfatiza que os cursos de Biblioteconomia apesar de possibilitarem o conhecimento básico para o desempenho da profissão, não desenvolvem a capacitação didática. O problema ocorre no exercício da profissão quando o bibliotecário encontra-se frente ao usuário e necessita oferecer programas de treinamentos, a exemplo dos programas de normalização de trabalhos acadêmicos.
Anjos, Calixto e Martins (2012) ponderam que o contato do bibliotecário com o corpo discente ocorre quando o aluno já concluiu sua pesquisa, de modo que a orientação quanto ao uso das normas se torna mais árdua e os erros mais difíceis de serem corrigidos. De acordo com os autores, os erros mais comuns são: a falta de identificar a fonte consultada, diferenciar Sumário, Índice e Lista e Anexo de Apêndice, a ausência da ficha catalográfica e o desconhecimento das técnicas de citação das fontes. Na visão dos autores, os professores de Metodologia do Trabalho Científico parecem contribuir para esta realidade, quando ensinam regras já desatualizadas. Faz-se necessário orientar a partir das normas e não de livros de normalização, aferindo conhecimento aos padrões da ABNT.
A normalização, portanto, afere padronização e qualidade a escrita científica. No âmbito acadêmico, essa atividade, de acordo com Santos e Sampaio (2014), organiza e facilita o acesso ao conteúdo abordado nos trabalhos e o bibliotecário é o profissional que a realiza.
3 A NORMALIZAÇÃO E A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO
Na contemporaneidade, com os avanços tecnológicos, observa-se a produção de documentos/informação em larga escala, bem como a disseminação imediata em amplitude global. Torna-se necessário, portanto, criar mecanismos normativos de abrangência internacional que auxiliarão serviços e produtos a alcançarem a máxima de sua utilização, apresentando padrões de qualidade (MELO et. al., 2012).
A adoção de práticas normativas, de modo geral, representa uma forma de controle estabelecida para garantir segurança e comodidade no uso de produtos, serviços e processos. Sem as normas, provavelmente, adentraríamos a um contexto conflitivo, inserido em uma “sociedade do caos”. Portanto, a normalização visa a uniformidade impedindo a dispersão. (ANNA, 2017, p. 61).
Existem vários órgãos, utilizados no âmbito mundial e habilitados para a padronização desses produtos e serviços, tais como a Association Française de Normalisation (AFNOR), American Psychological Association (APA), Vancouver e Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), entre outros.
No Brasil, a entidade devotada à normalização é a ABNT, que existe desde 1955 e, pautada nas diretrizes da Organização Internacional de Normalização (ISO), vem promovendo a melhoria da qualidade em vários campos, dentre os quais se destaca a documentação com a qualidade formal das publicações, facilitando a comunicação, a circulação e o intercâmbio de ideias (RODRIGUES; LIMA; GARCIA, 1998).
A ABNT é o órgão no Brasil cuja missão é
Prover a sociedade brasileira de conhecimento sistematizado, por meio de documentos normativos, que permita a produção, a comercialização e o uso de bens e serviços de forma competitiva e sustentável nos mercados interno e externo, contribuindo para o desenvolvimento científico e tecnológico, proteção do meio ambiente e defesa do consumidor. (ABNT, 2018b).
A normalização traz inúmeros benefícios, a exemplo da padronização, qualidade, segurança, confiabilidade e eficiência de produtos e serviços; proporciona um consenso internacional e das dimensões padronizadas (ABNT, 2018a). Conforme salientam Santos e Sampaio (2014, p. 154):
O uso das normas gera como consequência, credibilidade, segurança, economia e facilidade de intercâmbio, atualmente conhecido como intercambialidade, servindo de solução para problemas em diversas áreas do conhecimento e também do comércio, da indústria, de serviços, e nas produções técnico-científicas, dando qualidade aos diversos produtos.
As empresas, os inovadores, os clientes, os governos, o comércio internacional, os países em desenvolvimento, os consumidores, qualquer pessoa e mesmo o planeta se beneficia com as normas (ABNT, 2018b). “Normas, como muitos dizem, não são leis, portanto, não são obrigatórias, mas funcionam como diretrizes que ajudam no momento da recuperação e da troca de informações, por esse motivo, mesmo não sendo obrigatório o seu uso, a padronização é necessária”. (SANTOS; SAMPAIO, 2014, p. 152).
No meio acadêmico as normas facilitam a busca de informações e, consequentemente, a intercambialidade dos documentos e da informação no processo de comunicação científica (SANTOS; SAMPAIO, 2014). As normas de trabalhos acadêmicos promovem um padrão de formatação, de uso de fontes, de citações e referências, etc, que contribuem para a qualidade do documento; características imprescindíveis para uma produção textual e científica. Afinal, “as normas documentárias existem para facilitar a transferência da comunicação científica” (ANJOS; CALIXTO; MARTINS, 2012, p. 13). Contudo, os benefícios de sua utilização não se limitam a esses aspectos, uma vez que:
A normalização bibliográfica objetiva muito mais do que a padronização da sua estrutura, ela possibilita que o aluno apresente o resultado da sua pesquisa com clareza de ideias e o prepara para refletir, pois escrever não é copiar, escrever é exercer a cidadania por meio do registro de suas interlocuções com o conhecimento. (SILVA; MENDES, 2014, p. 12).
É preciso cuidar do conteúdo das comunicações científicas, mas também atentar à qualidade de apresentação formal propiciada pela normalização (RODRIGUES; LIMA; GARCIA, 1998). Esse processo e cuidado ocorre nas instituições de ensino onde são produzidas.
A Universidade, fundamentada no conhecimento e com ênfase crescente na pesquisa e na produção científica, “utiliza as normas técnicas em seus diversos âmbitos, nas disciplinas curriculares, na pesquisa, nos laboratórios, aplicadas na padronização de toda uma gama de documentos [...], permitindo, também, padronizar as peculiaridades das diferentes áreas do conhecimento” (CRESPO; RODRIGUES, 2011).
Diante do exposto, compreende-se a normalização como “[...] o processo de formular e aplicar normas para acesso sistemático a uma atividade típica do meio universitário: a redação do trabalho científico” (RODRIGUES; LIMA; GARCIA, 1998, p. 153). Afere padrões de qualidade que, agregados ao conteúdo da comunicação científica geram novos conhecimentos e produtos, colaborando para o desenvolvimento social. É a normalização documentária, portanto, que viabiliza a recuperação da informação, uma vez que a falta dela omite dados importantes das pesquisas, e muitas vezes impossibilitam localizar informações e identificar pesquisas em desenvolvimento (MEADOWS, 1999).
4 DESCOMPLICA TCC: PREPARAÇÃO DA EQUIPE, MARKETING DIGITAL E OFICINAS
O projeto de extensão Descomplica TCC em 2018 contemplou um público superior a 1300 participantes em 38 oficinas ministradas a 6 (seis) instituições, sendo 5 (cinco) de ensino superior (UFPB, IESP, IFPB-JP, UNINASSAU, FACULDADE SENAI) e uma de ensino técnico (IFPB-Santa Rita), contemplando 5 (cinco) cidades da Paraíba (João Pessoa, Cabedelo, Santa Rita, Guarabira e Campina Grande).
As atividades desenvolvidas incluíram as seguintes ações:
Para preparação da equipe a coordenação do projeto elaborou um cronograma de atividades incluindo workshops e reuniões semanais de estudo das normas da ABNT.
Os workshops tiveram como conteúdo a temática Marketing Pessoal e E-Relacionamento, Oratória e Inteligência Emocional, contribuindo para um melhor preparo e desempenho da equipe frente ao público. Nas reuniões, por sua vez, s normas da ABNT para trabalhos acadêmicos e a Norma de Tabulação do IBGE eram estudadas e discutidas, as dúvidas esclarecidas em grupo, aplicados simulados e realizados ensaios com o conteúdo das oficinas.
Paralelo ao estudo das normas, a equipe realizava leituras sobre normalização, escrita científica, o papel do bibliotecário como agente educador, livros de metodologia do trabalho científico.
Paralelo à fase de preparação da equipe, o marketing digital do projeto para as redes sociais (Instagram, Facebook) e site (Wix.com), assim como a elaboração de folder, release, banner, cartaz, vídeo, informativos, logomarca, certificado, crachás e pastas foram desenvolvidos de acordo com as habilidades, aptidões tecnológicas, de escrita e designer da coordenação e dos membros da equipe.
O empenho nas ações de marketing digital, por meio das mídias digitais, possibilitou ao projeto alcançar instituições e pessoas que ultrapassaram as barreiras geográficas, promovendo atendimento online e a oferta de oficinas em outras cidades da Paraíba. Ampliou, assim, o processo de interação e comunicação entre a equipe e o público real e potencial.
A seguir apresentam-se alguns dos materiais de marketing desenvolvidos e a identidade visual que foi fortalecida nesse processo de comunicação e marketing.
Figura 1 – Cartaz de uma oficina do Descomplica TCC |
Figura 2 – Logo do Descomplica TCC |
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Fonte: Descomplica TCC, 2018. |
Fonte: Descomplica TCC, 2018.
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Ressalta-se que a identidade visual representada na logomarca apresenta um visual clean, com letras que facilitam a leitura, cores sólidas e a inserção do slogan “Complicar pra quê?” que reflete a missão de descomplicar a elaboração e a normalização de trabalhos de conclusão de curso. Esse conjunto colabora para a visão de um trabalho sério e comprometido.
Outra estratégia de marketing foi a criação de um avatar para os membros da equipe que passou a ser utilizado nos slides das oficinas no momento de apresentação da equipe e de passagem de mudança de ministrador e de conteúdo. O avatar dinamizou a apresentação da imagem da equipe ao público, por meio de uma representação jovem e atraente.
Figura 3 – Avatar da Equipe Docente e Discente do Descomplica TCC
Fonte: Descomplica TCC, 2018.
A equipe do Descomplica TCC também desenvolveu a visão e os valores do projeto, que complementaram a missão definida em 2017. Essa atividade fortaleceu o sentido de pertencimento e o compromisso dos membros em todas as ações do projeto. Ampliou a noção de onde estamos, onde queremos chegar e qual a imagem que se espera firmar com o desenvolvimento desta ação extensionista. A missão, visão e valores foram registrados em um banner que é usado nas oficinas.
Figura 4 – Banner Descomplica TCC – Edição 2018
Fonte: Descomplica TCC, 2018.
Para o planejamento e ministração das oficinas os slides foram elaborados pela coordenação do projeto, com a colaboração dos membros da equipe, especialmente os docentes, e revisão por todas e organizados por módulos temáticos de acordo as normas da ABNT para trabalhos acadêmicos e com o conteúdo sobre planejamento, estrutura e normalização. Os slides eram disponibilizados no site do projeto para download dos participantes.
As oficinas foram realizadas de acordo com a demanda da instituição de ensino e os slides é personalizado com os exemplos relacionados à área do público. Para ministrá-las sempre dois membros da equipe são designados, por afinidade e disponibilidade, sendo um docente e um discente e o conteúdo dividido previamente entre ambos, a fim de manter uma relação dialógica e de ensino aprendizagem também entre a equipe.
Figura 5 – Oficinas Descomplica TCC |
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Fonte: Descomplica TCC, 2018.
Cada oficina tem dinâmicas integrativas próprias de acordo com o tema abordado, a exemplo da atividade prática de elaboração de roteiro de projeto. Ao final, a equipe faz um quiz com perguntas sobre o conteúdo ministrado, gerando uma finalização dialógica e um feedback sobre o conteúdo assimilado.
Também é realizado um Plantão de Dúvidas, presencial ou online e aplicado um questionário, no qual se identificam dificuldades no uso das normas, sugestões para próximas oficinas e avaliação da mesma.
O Plantão de Dúvidas possibilita um diálogo personalizado e quando ocorre online permite, ainda, o atendimento de quem ainda não participou, presencialmente, de uma das oficinas do Descomplica TCC.
Figura 6 – Plantão de Dúvida Presencial e Online
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Fonte: Descomplica TCC, 2018.
Os resultados das atividades do projeto se mostraram positivos, com alto grau de satisfação dos participantes com relação à equipe, material utilizado e dinâmica das oficinas, conforme relatos obtidos nos questionários.
O público considerou como excelente e eficaz a atuação do Descomplica TCC, além de terem considerado uma iniciativa capaz de influenciar positivamente numa melhora da qualidade normativa dos trabalhos acadêmicos, descomplicando, de fato, o seu desenvolvimento, por meio das dicas e estratégias apresentadas.
Diante das atividades desenvolvidas e da operacionalização das oficinas nas instituições de ensino, percebeu-se que o projeto contribuiu para a formação teórica e prática dos discentes; oportunizou um diferencial competitivo no mercado de trabalho e; possibilitou a incursão de valores sociais e de colaboração ao valorizar o papel educacional e de orientação das normas.
Considerando que o projeto se propôs a descomplicar as normas da ABNT e a escrita científica de trabalhos acadêmicos, perceberam-se com as oficinas, as respostas dos questionários e os depoimentos recebidos, a gratidão dos participantes a projetos como o Descomplica TCC que compartilha os conhecimentos sobre as normas, buscando dialogar e entender as dúvidas, os medos, as dificuldades, usando uma linguagem dinâmica e descomplicada para que os público possa, concretamente, planejar, desenvolver e normalizar seus trabalhos acadêmicos, compreendendo que as normas são para serem consultadas, que o trabalho pode ser realizado sem sofrimentos se houver planejamento, acompanhamento e dedicação e que as normas e os livros de metodologia são aliados para um trabalho consistente e padronizado.
Essa contribuição do projeto com a sociedade acadêmica pode ser visualizada nos depoimentos dos participantes das oficinas nas redes sociais do Descomplica TCC, em especial no Facebook, quando registram no espaço de avaliações da página a importância das oficinas e a colaboração para o desenvolvimento desses trabalhos. Consequentemente, contribui para a compreensão da pesquisa, da escrita, da padronização dos trabalhos e auxilia os discentes de diversos campos do conhecimento e instituições de ensino, a descomplicarem seus trabalhos e finalizarem seus cursos com a elaboração dos trabalhos de conclusão de curso.
Figura 7 – Avaliações no Facebook sobre as oficinas do Descomplica TCC
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Fonte: Descomplica TCC, 2018.
Os elogios recebidos ao projeto tecem considerações acerca da atuação que vem influenciando de maneira positiva numa melhora normativa por meio da ação de descomplicar as normas e a escrita científica e cujos participantes das oficinas indicaram a utilização das dicas aprendidas para uso em sua escrita científica.
Soma-se a esta avaliação, os depoimentos dos membros da equipe quando foram estimulados a escreverem uma frase sobre o que significou a participação no projeto em sua vivência acadêmica e profissional. Entre os depoimentos destacam-se o estimulo à docência, a descoberta de habilidades e gostos por determinadas atividades, o aprendizado do trabalho em equipe e o conhecimento mais sólido na consulta e no uso das normas da ABNT para trabalhos acadêmicos e na escrita científica.
Figura 8 – Depoimentos de membros do Descomplica TCC sobre a participação no projeto
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Fonte: Descomplica TCC, 2018. |
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Destaca-se nessa descoberta de talentos e aptidões para a extensão e o ensino, as atividades extras de normalização de trabalhos que os discentes do projeto passaram a desenvolver. Isto reflete que a prática em extensão contribui também para o empreendedorismo e para a inserção do discente no mercado de trabalho, ainda enquanto aluno de graduação, ganhando experiência e prática na atividade de normalizar. Esta atividade congrega em mais uma colaboração do projeto para a sociedade em termos de somar em conhecimento e experiência em normalização aos discentes e docentes que integram o projeto.
A atuação de discentes do curso de graduação em Biblioteconomia nas ações do projeto Descomplica TCC pôde contribuir para o processo de ensino-aprendizagem, despertando para a prática do ensino, motivando-os a desempenhar o papel de agente educacional em sua área.
Ademais, os discentes participantes do projeto que já desenvolviam atividades de assessoria nesta área puderam vivenciar novas experiências e adquirir novos conhecimentos, não apenas sobre as normas como também sobre relações interpessoais e práticas de marketing digital, e-relacionamento, oratória, dentre outras. Estes docentes também relataram sobre a visibilidade e a notoriedade que o projeto proporcionou, gerando um sentimento de segurança em seus serviços nas assessorias de trabalhos acadêmicos.
Destaca-se que nos docentes colaboradores formados em Biblioteconomia, asseverou a importância de seu papel enquanto agente educador e nos discentes proporcionou experiências extra sala de aula, vivenciando sua profissão ainda enquanto acadêmicos e reconhecendo a importância da sociedade em sua jornada rumo ao mercado de trabalho. Já para o docente colaborador com formação em outra área, a experiência contribuiu na compreensão mais clara e precisa do uso das normas da ABNT para organização e elaboração de trabalhos científicos, necessários durante a jornada docente e de pesquisador. Além disso, colaborou para a descoberta e o aprimoramento de habilidades e capacidades cognitivas e sociais.
Vale ressaltar, por fim, que a agregação de valor por meio das orientações de planejamento, estrutura e normatização, somam-se a incursão de valores humanos e éticos, inferindo um diferencial competitivo no mercado de trabalho, destacando a responsabilidade social e a valorização do perfil educacional de bibliotecários na orientação normativa, imbuindo virtudes e desejos de futuros promotores educacionais em todos os envolvidos – membros da equipe e participantes das oficinas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A extensão universitária é uma importante ferramenta para a formação de profissionais mais humanizados, pois realiza uma ponte entre o conhecimento científico e a realidade de mundo, tornando os discentes futuros profissionais de valores humanos e éticos, que se preocupam, fundamentalmente, com a democratização da informação e do conhecimento, visando, principalmente, contribuir para o desenvolvimento social da sociedade em que se inserem.
Pode-se concluir que a extensão, em especial relacionada à normalização de trabalhos acadêmicos, foi de suma importância para a formação e o crescimento profissional e humano, pois traçou um caminho que levou a equipe e os participantes das oficinas a vivenciarem, com maior proximidade, a realidade da comunidade acadêmica quanto às necessidades acerca da escrita científica e da normalização de trabalhos, influenciando os discentes e os docentes a se tornarem profissionais competentes, humanos e de princípios éticos e morais.
O Descomplica TCC, por meio das atividades desenvolvidas, ofertou a equipe envolvida uma variedade de atividades capazes de colaborar, positivamente, para uma formação acadêmica e profissional com o foco no papel social e tendo aspectos educacionais como pilares para a contribuição na sociedade, além de ter trabalhado aspectos sociais, afetivos e cognitivos que puderam modificar a visão da atuação profissional com o foco na necessidade de aprendizagem do outro.
O Descomplica TCC pôde colaborar para o padrão normativo e a escrita científica desses acadêmicos, descomplicando as normas da ABNT para trabalhos acadêmicos e, certamente, auxiliando que esses discentes concluam seus cursos, desenvolvendo trabalhos de conclusão de forma mais consciente e compreendendo a importância da pesquisa, da escrita, da normalização e facilitando esse momento tão temido por muitos, mas, certamente, auxiliado pelas oficinas e pelos slides que eram enviados para que pudessem consultar e utilizar durante a elaboração dos trabalhos.
Os participantes das oficinas puderam compreender, entre outras questões, aspectos sobre planejamento, normalização, escrita científica, direitos autorais e plágio, oratória, até aspectos motivacionais e relacionados ao momento da apresentação e arguição de seus trabalhos, alcançando desde o momento em que começam a pensar sobre o que escrever até o momento da defesa de seu trabalho. Estas etapas quando bem acompanhadas e orientadas podem fazer toda a diferença para a qualidade do texto escrito. As oficinas, assim, alcançaram a finalidade de auxiliar e contribuir na elaboração de trabalhos seguros e virtuosos por meio do uso das Normas da ABNT. Pôde, ainda, contribuir para futuras publicações, tendo em vista que, espera-se, que o trabalho esteja com melhor qualidade após as orientações.
Ressalta-se que a experiência extensionista oportunizou uma interação entre a comunidade acadêmica e a sociedade por meio do compartilhamento de conhecimentos apreendidos no âmbito da Universidade, proporcionando troca de informações e experiências e, por conseguinte, colaborando para a democratização do conhecimento adquirido no contexto universitário.
Ao destacar o papel social e de democratização do saber latente nas ações de extensão, considera-lhe como a oportunidade de retribuir e agradecer a sociedade o investimento, buscando, por meio desse projeto, mudar ou causar impactos positivos sobremaneira no aspecto educacional.
Sob outra esfera, observa-se que muitos discentes concluem sua graduação sem a participação em projetos de ensino, pesquisa e extensão, de modo que participar da extensão faz o discente perceber que sua atuação nesta atividade pode contribuir nos aspectos que dizem respeito, em especial, à formação acadêmica e profissional e, principalmente, no desenvolvimento cidadão, atribuindo-lhe a responsabilidade social diante da profissão.
Diante deste contexto, espera-se maior participação de acadêmicos em projetos de extensão, aumentando a produção e, subsequente compartilhamento de conhecimento, redescobrindo-se, inspirando outros acadêmicos e transformando o meio ao seu redor. Na mesma medida espera-se alcançar cada vez mais participantes e instituições para outras edições do Descomplica TCC, valorizando a importância da pesquisa, da escrita e da normalização nos trabalhos acadêmicos.
Que projetos de extensão como o “Descomplica TCC” possam ser referência na orientação descomplicada do planejamento ao uso das normas da ABNT em trabalhos acadêmicos e perpetue por meio de suas ações, os valores estabelecidos no projeto, quais sejam: despertar o encantamento pela normalização, desde os membros da equipe até os participantes das oficinas; ser eficiente e eficaz no uso das normas da ABNT para trabalhos acadêmicos; desenvolver responsabilidade, confiabilidade e dinamicidade na orientação do planejamento, estrutura e escrita científica de trabalhos; apresentar coerência, coesão e fidedignidade nos conteúdos apresentados nas oficinas sobre normalização; promover o melhor desempenho entre os discentes na construção do TCC; inspirar a produção científica no meio acadêmico.
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