BIBLIOTECAS ESCOLARES E TECNOLOGIAS DIGITAIS

uma análise bibliográfica

Bárbara Coelho Neves[1]

Universidade Federal da Bahia

barbaran@ufba.br

Denise Braga Sampaio[2]

Universidade Federal da Bahia

denisebs23@gmail.com

Quézia Rodrigues

queziaqeuzinha1@gmail.com

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Resumo                                                                                                               

Trata da biblioteca escolar dentro do âmbito das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC). Tem por questão orientadora como os estudos na área de Biblioteconomia compreendem o uso das tecnologias digitais pelas bibliotecas escolares, nos últimos dez anos. A partir deste questionamento, objetiva analisar as produções acadêmicas a respeitos das tecnologias digitais na biblioteca escolar, categorizando tais produções segundo suas especificidades, que foram amparados por pesquisa exploratória, bibliográfica, com levantamento na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e abordagem quanti-qualitativa dos dados. Os resultados mostram que ainda são poucas as produções que abordam sobre as interações entre a biblioteca escolar e as TDIC. Conclui-se, assim, que deve ser dada uma maior atenção a esse tema.

Palavras-chave: Biblioteca escolar - Brasil. Tecnologias para bibliotecas. Tecnologias de Informação e Comunicação - TIC.

SCHOOL LIBRARIES AND DIGITAL TECHNOLOGIES

a bibliographical analysis

Abstract

It deals with the school library within the scope of digital information and communication technologies (TDIC). Its guiding question is how studies in the area of Library Science understand the use of digital technologies by school libraries in the past ten years. From this questioning, it aims to analyze the academic productions regarding digital technologies in the school library, categorizing such productions according to their specificities, which were supported by exploratory, bibliographic research, with a survey at the Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations (BDTD) and approach quantitative and qualitative data. The results show that there are still few productions that address the interactions between the school library and TDIC. It is concluded, therefore, that more attention should be paid to this topic.

Keywords: School library - Brazil. Technologies for libraries. Information and Communication Technologies - ICT.

1  INTRODUÇÃO

As bibliotecas escolares (BE) vêm se modificando ao longo dos anos, principalmente com o advento das tecnologias de informação e comunicação (TIC). Essas, por sua vez, propiciam mudanças nas sociedades de ordem cultural, econômica, política, etc. Estas alterações no modelo da sociedade refletem diretamente no sistema educacional, logo impactam o modelo estrutural das bibliotecas escolares, o que impele essas instituições a se adequarem a tais mudanças. Oberg (2018, online) assevera que “[.] a medida que o atual ambiente educacional continua a evoluir, as bibliotecas escolares evoluirão para enfrentar os desafios de educar as gerações atuais e futuras”.

Apesar dessa evolução, para obter êxito e superar os obstáculos da atualidade, a biblioteca escolar não está sozinha: há instituições que lhe dão suporte nesse processo, sendo este apoio imprescindível para o seu progresso. Enredadas neste contexto, a International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA) e a International Association of School Librarianship (IASL) têm se preocupado com o desenvolvimento da biblioteca escolar, elaborando princípios e diretrizes que incluem recomendações pertinentes às Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC). Tais recomendações partem do entendimento que as tecnologias não somente refletem as práticas da Sociedade da Informação como preconizam a imersão dos sujeitos nesta sociedade, a partir de suas interações mediadas pelas tecnologias digitais.

Segundo o levantamento TIC Domicílios (LAVADO, 2018), aproximadamente setenta por cento da população brasileira tem acesso à Internet. Ao se pensar na interação significativa entre pessoas e dispositivos tecnológicos, deve-se também estar atento a “como” essa interação é feita. Neste sentido, as bibliotecas escolares podem ser espaços propícios não somente para promover tais interações como para problematizá-las, buscando entender as dinâmicas informacionais mediadas pelas tecnologias digitais e em que medida estas interações podem engajar sujeitos e promover aprendizados que sejam significativos.

Hodiernamente, se vive em uma sociedade em que as tecnologias da informação e da comunicação (TIC) operam em parte significativa da mediação e compartilhamento de informações em meio digital; entretanto, a Organização Mundial das Nações Unidas (ONU) assevera que uma parcela considerável da população mundial não possui acesso à Internet[3]. Neste sentido, a falta de acesso aos meios digitais, por onde transita boa parte das informações disponíveis, gera um novo tipo de desigualdade, uma espécie de fosso informacional (MARQUES, 2012) que inclui as pessoas nas categorias intituladas por Ramonet (1998) como “inforricos” e “infopobres”.

Situações adversas, como a atual pandemia do Covid-19[4] - que fez uma parcela significativa da população mundial entrar em quarentena -, acarretam impactos negativos em todas áreas da sociedade. A educação não ficou isenta, dado que os profissionais da área, bem como os próprios alunos, tiveram que se adaptar a este novo contexto, na perspectiva de suprir a carência das aulas presenciais por meio das TDIC. Como exemplo disto, o Congresso Virtual da UFBA[5] 2020 organizou palestras, momentos artísticos, apresentações de trabalhos etc. em ambiente virtual, por meio das mídias digitais, para um volume de inscritos nunca visto antes: cerca de 35 mil pessoas. Outra iniciativa: a do Governo de São Paulo em parceria com o Centro de Mídias da Educação de São Paulo (CMSP), que promoveu aulas ao vivo via YouTube e criou um aplicativo para facilitar o acesso dos alunos às atividades. Apesar das iniciativas citadas, deve-se destacar que, neste processo, nem todos os atores envolvidos (discentes e docentes especialmente, mas também se pode pensar nos bibliotecários das instituições) estão técnica, tecnológica, ambiental e/ou psicologicamente preparados para esta mudança não programada do ambiente analógico para o ambiente digital.

Conforme Demo (2000), ao se tratar de sociedade da informação, há uma ambivalência entre o acesso e utilização das TIC de forma acurada e constante, de um lado, e a total limitação do acesso, do outro. Um exemplo dessa desigualdade pode ser verificado em relação à realização do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) deste ano de 2020. Conforme matéria do Correio Braziliense (RIOS; PINHEIRO, 2020) do mês de abril, o vice-presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação, senador Izalci Lucas, afirmou que “Fazer uma prova agora vai prejudicar esses alunos. É preciso que o ministro tenha mais humildade. Outros países adotaram a mesma medida [de adiamento de exames e aulas]. Ninguém aqui quer suspender ou cancelar nada, apenas adiar.” Após a pressão popular e de parlamentares sensíveis à pauta, o ENEM foi adiado[6].

Levando em consideração as carências informacionais ora evidenciadas, a biblioteca escolar pode ser uma aliada para auxiliar essas pessoas incluídas na categoria de “infopobres” ou excluídos digitais: muitas delas não possuem um computador, ou até mesmo possuem, mas não sabem utilizá-lo da forma adequada; outras não possuem conexão com a Internet, ou possuem apenas o pacote de dados do celular que, a depender da operadora e da modalidade do pacote de dados, tem um limite de uso, conforme visto no relatório anual The Inclusive Internet Index 2019. Tendo sensibilidade para essa necessidade informacional do seu público, a biblioteca escolar pode fornecer orientações e capacitar essas pessoas para o uso das tecnologias digitais, propiciando assim a inclusão sociodigital e a formação de pensamento crítico para seus usuários.

Assim, é perceptível a urgência da inclusão digital, tanto para aprender como usar as tecnologias digitais, quanto para entender os perigos do uso inconsequente das redes e mídias sociais. Dessa forma, a melhor maneira de investir na inclusão digital é começar pela base de aprendizagem das pessoas, ou seja, nas escolas e, consequentemente, nas bibliotecas escolares, por intermédio de seus profissionais da informação, especialmente do bibliotecário.

Pensando-se no que foi exposto, o presente artigo questiona como as pesquisas da área de Biblioteconomia dos últimos dez anos compreendem o uso das tecnologias digitais no contexto das bibliotecas escolares. A partir desse questionamento, tem-se por objetivo analisar as produções acadêmicas a respeitos das TIC na biblioteca escolar, categorizando tais produções segundo suas especificidades. A partir do levantamento bibliográfico de textos disponíveis na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), se fez uma distinção entre os termos tecnologias, tecnologia digital e suas vertentes, para auxiliar a compreensão de quais tecnologias são o foco da pesquisa no âmbito da biblioteca escolar, assim como uma diferenciação entre diretrizes e políticas públicas, com a finalidade de auxiliar a análise dos dados coletados.

 

2  ASPECTOS METODOLÓGICOS

Para tratar da temática das tecnologias no âmbito da biblioteca escolar, esta pesquisa, de caráter exploratório, foi realizada por meio de levantamento feito na base de dados Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). O trabalho foi efetuado entre os dias 15 e 18 de maio de 2020. Na busca, foram usados os descritores “Biblioteca escolar * Diretriz * Tecnologia”. Em princípio, se percebeu que o assunto é pouco discutido. Conforme assevera Gil (2008, p. 27),

Pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis.

Assim, o estudo exploratório ajuda a conhecer melhor o tema, e a se familiarizar mais com a problemática da pesquisa, deixando o assunto mais compreensível e tornando possível a concepção de hipóteses. A estratégia de coleta e análise adotada foi a pesquisa bibliográfica, já que esta reúne os dados que podem servir como embasamento para a argumentação da pesquisa, sendo assim uma etapa fundamental para a redação de um artigo científico ou trabalho acadêmico. Conforme Pizzani, Silva, Bello e Hayashi (2012, p. 54), a pesquisa bibliográfica pode ser entendida como “[.] a revisão da literatura sobre as principais teorias que norteiam o trabalho científico. Essa revisão é o que chamamos de levantamento bibliográfico ou revisão bibliográfica, a qual pode ser realizada em livros, periódicos, artigos de jornais, sites da Internet entre outras fontes”.

A abordagem qualiquantitativa foi utilizada na recuperação e filtragem adequada das produções obtidas no levantamento de dados. Tal abordagem é resultado da soma de duas outras, a qualitativa e a quantitativa, assim permitindo a comparação e análise dos dados obtidos. A junção das duas abordagens propicia uma exploração mais apurada do referencial; de acordo com Miles, Huberman e Saldaña (2014), quando utilizadas em uma mesma pesquisa, as abordagens quantitativas e qualitativas são mais adequadas para que a subjetividade seja minimizada, ao mesmo tempo em que aproximam o pesquisador do objeto estudado e proporcionam maior credibilidade aos dados.

Figura 1 - Mapa metodológico da pesquisa.

Fonte: Elaborado pela autora.

Para melhor compreensão do esquema executado na elaboração da metodologia dessa pesquisa, foi desenvolvido um mapa metodológico com as fases realizadas no decorrer do trabalho. Elegeu-se a utilização do mapa metodológico por conta da facilidade na visualização das informações, que auxilia na compreensão das etapas do processo metodológico.

 

3  AS BIBLIOTECAS ESCOLARES

De acordo com a IFLA (1999), a biblioteca escolar é essencial a qualquer tipo de estratégia de longo prazo no que diz respeito ao letramento, alfabetização e escrita, à educação e informação e ao desenvolvimento econômico, social e cultural. Tendo em vista essa declaração, é razoável crer que a biblioteca é um órgão vital da escola, sendo de suma importância para ajudar os estudantes, desde a disseminação de informações para o desenvolvimento de competências de aprendizado até o incentivo à leitura e promoção de práticas leitoras. Sala e Militão (2017, p. 2) fazem a seguinte afirmação sobre a educação e a biblioteca:

Desde o período Colonial até os dias atuais, a trajetória educacional foi marcada por fortes acontecimentos que determinaram a história da educação nacional e, consequentemente, a história da biblioteca escolar, uma vez que, em nosso país, a história da biblioteca se confunde com a história da educação.

Apesar de todo o exposto, ainda existe uma estrutura cultural muito forte no Brasil de desinteresse quanto à leitura, que vai sendo perpetuada pelas gerações, provocando uma indiferença da população quanto às bibliotecas (CASTRO FILHO; PACAGNELLA, 2011). Isso faz com que muitos não saibam o valor real dessa instituição, conforme afirmam Castro Filho e Pacagnella (2011, p. 99),

No Brasil a biblioteca escolar sofre, constantemente, com o descaso, sucateamento do conhecimento e a inexistência ou a precária existência da própria biblioteca dentro das instituições de ensino. Livros, ou melhor, alguns livros empilhados num armário, em uma sala qualquer, estão sendo considerados como uma biblioteca pelos dirigentes das escolas. (CASTRO FILHO; PACAGNELLA, 2011, p. 99).

Diferentemente do cenário acima descrito, a biblioteca deve ser um organismo em crescimento, conforme teoriza Ranganathan (2009). Ela deve estar em contínua mudança e evolução, sempre se reinventando para acompanhar os avanços da sociedade e das suas tecnologias - especialmente a biblioteca escolar, que auxilia a escola na preparação de crianças e adolescentes para o futuro. Assim, a biblioteca é de suma importância para a escola, pois suas atividades são imprescindíveis para o desenvolvimento intelectual dos alunos.

De acordo com a International Association of School Librarianship (1993, online), a biblioteca escolar “[.] promove a alfabetização através do desenvolvimento e incentivo da leitura para instrução e recreação”. Para que a biblioteca escolar possa desempenhar de maneira adequada seu papel, é necessário o diálogo com os gestores da escola, a fim de que ela esteja inserida no plano pedagógico de forma organicamente integrada, com o apoio do corpo docente. A IFLA (2015, p.13) aponta que “Os serviços e programas fornecidos através da biblioteca escolar devem ser desenvolvidos de forma colaborativa por um bibliotecário escolar profissional, trabalhando em conjunto com o diretor [.]”.

A biblioteca escolar realiza a mediação entre o usuário e a informação. De acordo com Silva, Duarte e Silva (2017), “Mediar informação requer um olhar muito cauteloso por parte do bibliotecário, assim como exige um perfil proativo e inovador, principalmente com o advento das Tecnologias da informação e comunicação” uma vez que, conforme Capurro e Hjorland (2007, p. 155), “Devemos considerar os dois contextos básicos nos quais o termo informação é usado: o ato de moldar a mente e o ato de comunicar conhecimento”. Dessa forma, fica explícito que a sensibilidade do bibliotecário quanto às necessidades informacionais do aluno é imprescindível para que estas sejam atendidas. A mediação pode ser observada também durante as pesquisas escolares, já que o bibliotecário pode auxiliar os alunos na execução correta da pesquisa e ensinar a utilizarem métodos de busca apropriados, mostrando a esses estudantes técnicas que eles poderão carregar para a vida. Além disso, é preciso destacar que essas ações, bem como a própria constituição das bibliotecas escolares, devem ser amparadas por instrumentos e dispositivos legais: as políticas públicas, conforme se verifica adiante.

 

3.1  Políticas públicas

No Brasil, existem políticas públicas para a educação que estão diretamente ligadas com a biblioteca escolar; mas o que são políticas públicas? De acordo com Neves e Aguiar (2017, p. 75) “[.] é possível dizer que as políticas públicas podem ser vistas como um comportamento orientado para o alcance de objetivos específicos que resultam em decisões tomadas pelo governo”.

Em se tratando da biblioteca escolar, uma dessas políticas públicas é a lei nº 12.244/2010 (BRASIL, 2010), que dispõe sobre a universalização destas unidades de informação. A lei trata da obrigatoriedade de se constituir, nas escolas, bibliotecas escolares. Essa legislação, considerada um avanço, é resultado da organização dos profissionais da área em parceria com os Conselhos Federal e Regionais de Biblioteconomia (CFB/CRB), por meio de campanhas que demonstraram a importância das bibliotecas na educação. Tal dispositivo leva em consideração não apenas a necessidade de haver bibliotecas escolares em todas as escolas, mas que elas estejam adequadas para o uso dos alunos, o que fica explícito no Art. 1º da lei nº 12.244/2010 (BRASIL, 2010), que assegura: “As instituições de ensino públicas e privadas de todos os sistemas de ensino do País contarão com bibliotecas, nos termos desta Lei”.

Ao pregar o respeito à profissão de bibliotecário, a lei nº 12.244/2010 tornou indispensável a observação da lei nº 4.084/1962 (BRASIL, 1962), que regulamenta a profissão de bibliotecário, e da lei nº 7.504/1986 (BRASIL, 1986) que incluiu os cargos de técnico e a função de documentalista na regulamentação da profissão. Vale lembrar que a Lei nº 12.244/2010 foi promulgada no ano de 2010 e estabeleceu prazo de 10 anos para as escolas se adequarem aos requisitos nela previstos, ou seja, até o ano de 2020. Contudo, de acordo com Agência Câmara de Notícias (2018), 98 mil das 180 mil escolas brasileiras (o equivalente a 55%) não têm biblioteca escolar ou sala de leitura. Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e foram apresentados pelo coordenador-geral dos Programas do Livro do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)

Outra política pública destacável é a lei nº 13.696/2018 (BRASIL, 2018), que institui a Política Nacional de Leitura e Escrita. Tal dispositivo legal traz diversas diretrizes na perspectiva de estimular a leitura e a escrita. A lei busca

[.] Fomentar a formação de mediadores de leitura e fortalecer ações de estímulo à leitura, por meio da formação continuada em práticas de leitura para professores, bibliotecários e agentes de leitura, entre outros agentes educativos, culturais e sociais (BRASIL, 2018, Art. 2).

A lei nº 13.696/2018 ampara o bibliotecário escolar, no sentido de “[.] Promover a formação profissional no âmbito das cadeias criativa e produtiva do livro e mediadora da leitura, por meio de ações de qualificação e capacitação sistemáticas e contínuas” (BRASIL, 2018, art. 8º).         Além da capacitação profissional e entendimento de tais atividades desempenhadas pelas bibliotecas escolares, é necessário se pensar em outro fator, o orçamentário. Apesar de algumas leis instituírem metas e modelos, nem todas as bibliotecas recebem a quantia necessária para atender as exigências tanto da sociedade, quanto da própria instituição. Assim, é possível entender em parte os motivos de algumas bibliotecas ainda estarem desatualizadas. Apesar das políticas públicas, as mais diversas situações de descaso com a biblioteca podem ser verificadas em âmbito escolar (FILGUEIRA; SILVA; COSTA; SAMPAIO, 2017; SALA; MILITÃO, 2017). Uma alternativa é a aplicação consoante e convergente das políticas públicas com as diretrizes voltadas à biblioteca escolar.

 

3.2  Diretrizes para bibliotecas escolares

Segundo Ciavatta e Ramos (2012, p. 11), “Diretrizes são orientações para o pensamento e a ação”. Em termos gerais, diretrizes são um conjunto de sugestões para promover o melhor funcionamento de algo; contudo, diferentemente das políticas públicas, sua aplicação não é obrigatória, mas tem o intuito de ajudar as instituições a exercer determinadas ações. A International Federation of Library Associations and Institutions[7] (IFLA) e a International Association of School Librarianship[8] (IASL) são exemplos de organizações que elaboram diretrizes voltadas à biblioteconomia escolar, conforme ilustra o Quadro 1.

Quadro 1 - Diretrizes para bibliotecas escolares.

IFLA

IASL

A missão e as finalidades da biblioteca escolar devem ser definidas em termos que sejam consistentes com as expectativas das autoridades educativas nacionais, regionais e locais [.]

A biblioteca da escola funciona como um instrumento vital no processo educacional, não como uma entidade separada, isolada do programa total da escola, mas envolvida no processo de ensino e aprendizagem [.]

Deve ser posto em prática um plano para o desenvolvimento das três características necessárias para o sucesso de uma biblioteca escolar

A biblioteca da escola fornece uma ampla gama de recursos, impressos e não impressos, incluindo mídia eletrônica [.]

O acompanhamento e avaliação dos serviços e programas da biblioteca escolar [.] Devem ser realizados regularmente para garantir que ela dá resposta às alterações das necessidades da comunidade escolar.

Todas as bibliotecas escolares, da pré-escola ao ensino médio, precisam de espaço adequado para explorar a tecnologia disponível para a preparação, processamento e armazenamento de todos os materiais da biblioteca [.]

Os serviços e programas fornecidos através da biblioteca escolar devem ser desenvolvidos de forma colaborativa por um bibliotecário escolar profissional, trabalhando em conjunto com o diretor [.]

O estabelecimento da biblioteca escolar exige que todas as pessoas que a utilizam aprendam como ela pode ser usada de maneira eficaz e eficiente. Os administradores fornecem a liderança para esse uso. [.]

A legislação sobre bibliotecas escolares deve ser posta em prática, a nível das instâncias governamentais adequadas[.]

A biblioteca da escola pode fornecer materiais como fontes de informação para os pais e agências sociais usarem no atendimento às necessidades das crianças nos ambientes doméstico, pré-escolar, escolar e pós-escolar.

 Os serviços e programas da biblioteca escolar devem estar sob a direção de um bibliotecário [.]

Toda a equipa da biblioteca escolar deve contribuir para desenvolver coleções de recursos físicos e digitais consistentes com o currículo da escola [.]

[.] Para as sociedades e autoridades públicas que tentam promover a educação da criança, uma das realizações mensuráveis que podem ser observadas é o fornecimento de ferramentas para a educação. A sociedade que investe em bibliotecas escolares para seus filhos investe em seu próprio futuro.

As instalações, equipamentos, coleções e serviços da biblioteca escolar devem apoiar o ensino e as necessidades de aprendizagem dos alunos e professores [.]

Os bibliotecários das escolas devem cooperar com a equipe de bibliotecas públicas e outros centros de informações da comunidade para permitir o compartilhamento dos recursos de informação da comunidade. [.]

As atividades educativas fundamentais de um bibliotecário escolar devem incidir em: literacia e promoção da leitura; literacia dos media e da informação; ensino baseado em investigação; integração das tecnologias; e formação de professores [.]

A biblioteca da escola promove a alfabetização através do desenvolvimento e incentivo da leitura para instrução e recreação. As atividades de leitura, visualização e escuta estimulam e reforçam o interesse da criança pela leitura.

 A prática baseada em evidências deve orientar os serviços e programas da biblioteca escolar [.]

O estabelecimento de boas bibliotecas escolares pode demonstrar que as autoridades públicas estão cumprindo suas responsabilidades de implementar a educação que permitirá que as crianças se tornem membros úteis da sociedade global [.]

O uso da biblioteca escolar e o apoio aos seus serviços e programas devem ser melhorados através de uma comunicação planeada e sistemática com os utilizadores da biblioteca escolar [.]

* Este quadro foi produzido a partir das diretrizes da IFLA e da IASL. Os documentos completos e originais estão disponíveis em: https://www.ifla.org/files/assets/school‑libraries‑resource‑centers/publications/ifla‑school‑library‑guidelines‑pt.pdf, e https://iasl‑online.org/about/organization/sl_policy.html.

Fonte: Dados da pesquisa 2020.

As diretrizes acima estão de acordo com as politicas públicas brasileiras instituídas por leis federais relacionadas à biblioteca escolar, e evidenciadas nos achados da BDTD, conforme explicitado na seção metodológica deste artigo.

Há algumas diretrizes que estão em consonância com as políticas públicas já existentes, comprovando que estas sugestões são de cunho significativo; a exemplo da lei nº 4.084/1962 (BRASIL, 1962) e da recomendação 7 da IFLA, que apresenta o bibliotecário como principal ator da biblioteca escolar, ambas concordam que ele deve estar neste posto. Também há outras diretrizes que estão de acordo quando se trata da vistoria feita na biblioteca: como exemplo, temos a recomendação 3 no documento da IFLA, que diz: “O acompanhamento e avaliação dos serviços e programas da biblioteca escolar [.] Devem ser realizados regularmente para garantir que ela dá resposta às alterações das necessidades da comunidade escolar.” (IFLA, 2016, p. 12) Esse acompanhamento é executado pela “[.] Comissão de Fiscalização: determinar, coordenar, orientar e supervisionar” (CRB, online).

Entre tantas políticas públicas, é necessário destacar a política do livro e leitura, e também verificar se ela está em harmonia com a orientação da IASL sobre a biblioteca ser um espaço de incentivo e desenvolvimento da leitura. Há, ainda, concordância com o art. 2 da lei nº 12.244/2010 (BRASIL, 2010), que visa proporcionar para as bibliotecas escolares materiais impressos, não impressos e multimídias, nos moldes de uma das diretrizes da IASL exposta no quadro anterior. A IFLA traz ainda, na recomendação 13, uma sugestão muito importante para o bibliotecário, principalmente na atualidade, que é a integração das tecnologias na biblioteca escolar.

 

4  O PAPEL DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS NA BIBLIOTECA ESCOLAR

As tecnologias digitais são promissoras para auxiliar as bibliotecas escolares em suas atividades, otimizando o tempo de realização das tarefas técnicas, mas para compreender melhor a utilização dessas tecnologias é necessário conhecer sua definição. De acordo com Weaudit (2017), as TIC são um

Conjunto de recursos tecnológicos que é utilizado de maneira integrada em busca de um objetivo comum. Em outras palavras, essa é a área responsável por produzir e utilizar ferramentas modernas que facilitem a comunicação e contribuam para o alcance dos objetivos do negócio. Esses diversos recursos de hardware, software e telecomunicação proporcionam a automação e uma melhor comunicação em empresas, pesquisas científicas e também processos de ensino e aprendizagem. (WEAUDIT, 2017, n.p.)

Já as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) se diferenciam das TIC por conta da questão digital. Soares et al. (2015, p. 2) diz que as TDIC

[.] se integram em uma gama de bases tecnológicas que possibilitam a partir de equipamentos, programas e das mídias, a associação de diversos ambientes e indivíduos numa rede, facilitando a comunicação entre seus integrantes, ampliando as ações e possibilidades já garantidas pelos meios tecnológicos.

Assim, as bibliotecas escolares também podem usufruir das tecnologias digitais em suas funções e para benefício próprio: basta que os bibliotecários inseridos nessas instituições saibam como aplicá-las de forma adequada em suas atividades.

No entanto, conforme visto nos aspectos introdutórios desta pesquisa, nem todos estão adaptados às TIC na educação. Conforme Barreto (2009, p. 6), “Ser digitalmente fluente envolve não apenas saber como usar as ferramentas tecnológicas de navegação na Web, mas também saber como construir coisas significativas com estas ferramentas”. Dentro desse contexto o bibliotecário é extremamente necessário, pois, tendo a percepção da necessidade dos alunos em aprender a utilizar adequadamente as tecnologias digitais, esse profissional pode ofertar oficinas sobre o assunto, cursos gratuitos, e até mesmo se disponibilizar para ajudar os que possuem maior dificuldade, apoiando o corpo docente. O bibliotecário deve demonstrar a gestão, a importância desses espaços. Pois, de acordo com Balça e Fonseca (2012, p. 71-72),

O Director da escola, enquanto ‘líder educativo’, e elemento crucial na construção de enquadramento e ambiente para o desenvolvimento do curriculum, deve estar ciente da importância de um serviço eficaz de biblioteca escolar, encorajar a sua utilização e assegurar uma Equipa para a Biblioteca.

Posto isso, para os discentes, a mediação bibliotecária é de suma importância, uma vez que orienta o uso correto de suas aptidões em pesquisa, independente do suporte e dos canais utilizados. De acordo com Almeida Júnior (2009, p. 92), mediar informação é

[.] Toda interferência – realizada pelo profissional da informação –, direta ou indireta; consciente ou inconsciente; singular ou plural; individual ou coletiva; que propicia a apropriação de informação que satisfaça, plena ou parcialmente, uma necessidade informacional.

Essa mediação tem o potencial de desenvolver competências informacionais que possibilitam aos discentes uma visão acurada de que fontes podem ser mais pertinentes às suas pesquisas; portanto, interfere em suas escolhas, que se tornam mais conscientes. De acordo com Lins (2008, p. 3), “competência informacional é um conjunto de habilidades que abrangem o uso da informação de forma que possa ser recuperada e utilizada para tomada de decisão na vida social, no trabalho, nas pesquisas acadêmicas, entre outros.”

Assim, a competência informacional está intimamente ligada com a biblioteconomia escolar e o uso das tecnologias, já que tais competências, em relação a habilidades de pesquisa, possibilitam o aprendizado e a autonomia dos usuários. Como dito por Lins (2008, p. 2), “Essas habilidades se destacam pela capacidade de fazer de qualquer tipo de usuário um pesquisador independente e aprendiz por si só.” Dentro dessa ótica, os bibliotecários estão aptos a instruir e preparar os estudantes no campo das tecnologias digitais, incentivando a curiosidade dos mesmos, para que eles explorem o amplo conjunto de informação digital disponível, já que há uma série de habilidades que ainda estão sendo agregadas às competências informacionais. Como dito por Ward (2006, p. 398), “a noção de competência informacional não é estática e limitada, mas configura-se como um conceito dinâmico que continua a crescer para incorporar uma gama cada vez maior de habilidades necessárias aos indivíduos inseridos na era da informação”. Em outras palavras, a competência em informação não auxilia os estudantes somente em suas habilidades de pesquisa, mas no ímpeto para a aprendizagem ao longo da vida.

 

5  COLETA E ANÁLISE DE DADOS

Diante da grande quantidade de produções acadêmicas recuperadas na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) utilizando os descritores “Biblioteca escolar * Diretriz * Tecnologia”, foi indispensável realizar uma seleção posterior, empregando alguns critérios que auxiliassem no resgate de obras relevantes para a pesquisa. Para isso, adotou-se como filtro o período de 2010 até 2020, a área de conhecimento da ciência da informação e, apenas para o descritor “Biblioteca escolar”, foi utilizado mais um critério de pesquisa, buscando somente no campo do título.

Quadro 2 - Quantitativos de produções recuperadas por descritor na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) no ano de 2020.

Descritor

Total recuperado sem filtragem

Total recuperado com filtragem

Total recuperado com relevância

Biblioteca escolar * Tecnologia

6.360

303

2

Biblioteca escolar * Diretrizes

2.051

149

4

Biblioteca escolar

39.254

13

4

Biblioteca escolar * Diretrizes * Tecnologia

500

89

1

Total

48.165

554

11

* Para o descritor "Biblioteca escolar" foi necessário um filtro extra, por conta da alta quantidade de produções recuperadas. Assim, o quantitativo encontrado com esse descritor pós filtragem obteve uma quantidade inferior aos outros

Fonte: Dados da pesquisa 2020.

O Quadro 2 apresenta a quantidade de produções recuperadas com filtragem, sem filtragem e diretamente ligadas ao tema. Graças a esses números é possível estimar a repercussão e exploração que o tema da pesquisa tem obtido na última década, auxiliando também na análise de dados.

Embora se tenha recuperado um grande número de trabalhos na BDTD, muitos deles não discutiam propriamente o tema deste artigo (bibliotecas escolares, diretrizes e TIC). Tratavam apenas de assuntos próximos, mas não relevantes para nosso objetivo de analisar as produções acadêmicas sobre TIC na biblioteca escolar. Dessa forma, o quantitativo foi reduzido a onze produções, englobando as temáticas acima.

Após categorizar os documentos por assunto, revelaram-se três títulos relacionados a tecnologias: “Aprendizagem coletiva de bibliotecários e a competência de pesquisa dos docentes: o caso do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo e Ifes”; “Biblioteca escolar e laboratório de informática: espaços para diferentes letramentos” e “A/o bibliotecária(o)-documentalista ante as novas tecnologias e a flexibilização do trabalho no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG): 2009-2012”.

Observando o conteúdo desses trabalhos, é notável que, mesmo tendo como ponto de convergência o tema das tecnologias, eles possuem outras temáticas em comum, como competência informacional, parceria intersetorial, o fazer bibliotecário, etc. Assim, ficou confirmado o que foi exposto no referencial teórico, tal como o que foi dito na sugestão 13 da IFLA (2015): “As atividades educativas fundamentais de um bibliotecário escolar devem incidir em: literacia e promoção da leitura; literacia dos media e da informação; ensino baseado em investigação; integração das tecnologias; e formação de professores”.

 Para uma visualização mais eficiente da análise de dados, foi elaborada uma nuvem de tags com os termos dos títulos e palavras-chave das produções recuperadas.

Figura 2 - Nuvem de tags dos termos recorrentes nos achados da pesquisa.

Fonte: Elaborado pela autora (2020).

Em segundo lugar, a categorização referente a diretrizes traz os títulos “Um modelo de gestão para a biblioteca de três escolas estaduais da cidade do Rio de Janeiro”, “O programa de bibliotecas da rede municipal de educação de Belo Horizonte: caminhos para uma política de formação de leitores” e “O Programa Nacional Biblioteca da Escola - PNBE: da gestão ao leitor na educação infantil de Natal-RN”. Esses trabalhos estão intimamente relacionados ao Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), à formação de leitores, à mediação da leitura, ao estudo de caso e à formação dos docentes. Tendo isso em mente, é fácil relacionar essas produções com as políticas públicas citadas na seção 3.1 deste artigo, já que nela tratamos inclusive da lei nº 13.696/2018 (BRASIL, 2018) que institui a Política Nacional de Leitura e Escrita. Tais trabalhos também reforçam o valor da sugestão da IFLA citada acima, e de uma das recomendações da IASL (1993) que diz que “a biblioteca da escola promove a alfabetização através do desenvolvimento e incentivo da leitura para instrução e recreação”, assim explicitando a importância do incentivo a leitura nas bibliotecas escolares.

O último assunto que se classificou foi biblioteca escolar, sem nenhum outro descritor. Nesta busca foram encontrados os títulos “Colecionando livros, formando mestres: a Biblioteca Pedagógica da Escola Normal de São Paulo (1883)”, “O uso da biblioteca escolar na educação de jovens e adultos: um desafio na modalidade CESEC”, e “Biblioteca escolar: um espaço de aprendizagem”. Esses estudos estão relacionados à aprendizagem na biblioteca escolar, ao uso da biblioteca escolar na educação de jovens e adultos, e às funções da biblioteca ao longo do tempo. Em consonância com esses achados, o presente artigo traz referências históricas da biblioteca e seus feitos no decorrer das épocas, e também das suas contribuições nos dias atuais para o aperfeiçoamento da educação.

Assim, os trabalhos localizados no levantamento bibliográfico feito na BDTD foram de grande ajuda para nortear e respaldar a nossa argumentação, já que ficou explícito que eles corroboram o referencial teórico deste artigo. Deste modo, seguindo a linha das produções que estão sendo fomentadas na área de biblioteconomia escolar relacionadas com diretrizes e tecnologia, foi possível produzir uma linearidade na trajetória da pesquisa.

 

6  CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em resumo, este trabalho buscou analisar como a área de biblioteconomia e documentação compreende o uso das tecnologias digitais no âmbito da biblioteca escolar, utilizando se de pesquisas bibliográficas e levantamento de dados na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). Verificou-se que o objetivo da pesquisa, de analisar as produções acadêmicas a respeitos das TIC na biblioteca escolar, foi cumprido, tal como a categorização das produções de acordo com as políticas públicas e diretrizes elencadas no referencial teórico.

A utilização dos recursos tecnológicos se faz necessária para qualquer organização. Pensando dessa forma, a biblioteca escolar também deve se apropriar dela. Com mudanças simples e fáceis pode-se potencializar benefícios para a instituição, como, por exemplo, o desenvolvimento de redes sociais para biblioteca, tanto para divulgar o que nela está sendo feito quanto para tirar dúvidas.

Outra atitude que pode ser posta em prática, mesmo para bibliotecas com pouco ou nenhum investimento, é a criação de um site para a divulgação do catálogo e das novas aquisições, destaques de livros, informações importantes sobre a biblioteca. Entende-se que esses usos das tecnologias digitais não só podem atrair os usuários e agregar pontos positivos à imagem da instituição, como também deixar informada a comunidade acadêmica.

Desta forma, cremos que este trabalho traz contribuições importantes para a área de biblioteconomia escolar, assim como respostas para algumas questões relacionadas às TDIC na biblioteca escolar e diretrizes que podem auxiliar nesse aspecto.

Durante o processo de pesquisa foram encontradas algumas dificuldades, já que a priori a ideia era fazer uma pesquisa de campo, para embasar com mais firmeza nossa argumentação; porém, por motivos de força maior, se tornou inviável realizar tal abordagem. Contudo, esse inconveniente foi superado facilmente: substituímos a pesquisa de campo pelo levantamento de dados na BDTD, e assim obtivemos subsídios tanto para o prosseguimento da pesquisa quanto para sua finalização.

A partir desse estudo foi visualizado um leque de possibilidades para outras vertentes e novas investigações, sendo razoável acreditar em uma outra etapa, na qual seja realizada uma pesquisa de campo para verificar se o que foi dito neste trabalho está de acordo com a realidade das bibliotecas escolares. Em suma, a realização dessa pesquisa agregou muitos conhecimentos úteis para minha vida acadêmica, pessoal e futuramente profissional.

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[1] Doutorado em Educação pela Universidade Federal da Bahia. Professora Colaboradora do PPGCI da Universidade Federal da Bahia.

[2] Mestrado em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Pernambuco. Professora Assistente da Universidade Federal da Bahia.

[3] Segundo dados da ONU, 46,4% da população mundial não possui acesso à Internet. Nos países subdesenvolvidos, a taxa de conexão é de 20%. Apesar de tais dados, o levantamento revela, ainda, que aproximadamente 97% da população mundial possui celular e 93% a rede 3G ou superior (ESTUDOS. 2019).

[4] É uma doença infecciosa causada por um coronavírus, denominado Covid-19, recém-descoberto no ano 2019.

[5] Universidade Federal da Bahia.

[6] Segundo nota publicada pelo Inep em http://portal.inep.gov.br/artigo/‑/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/nota‑oficial‑adiamento‑do‑enem‑2020/21206. Acesso em 01 de jun. 2020

[7] Tradução em português: Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias

[8] Tradução em português: Associação Internacional de Biblioteconomia Escolar