TENDÊNCIAS INOVADORAS DA GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

Emeide Nóbrega Duarte[1]

Universidade Federal da Paraíba

emeide@hotmail.com

Rayan Aramís de Brito Feitoza[2]

Universidade Federal da Paraíba

rayanbritof@gmail.com

Ana Raquel Pereira de Lima[3]

Universidade Federal da Paraíba

anaraquelpl96@gmail.com

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Resumo

Analisa a produção científica sobre Gestão da Informação e do Conhecimento veiculadas aos anais do Grupo de Trabalho 4 do Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação e no periódico Perspectivas em Gestão & Conhecimento nos anos de 2018 e 2019, com o propósito de comparar os resultados e tomar conhecimento sobre as tendências inovadoras do tema estudado. Metodologicamente, quanto à natureza, esta pesquisa caracteriza-se como exploratória, descritiva, de abordagem quantitativa e qualitativa e um estudo do tipo documental realizado no ambiente da web. Para organização dos dados, adota o método de análise de conteúdo. Ao identificar as unidades de contexto e as unidades de registro dos indicadores relevantes nos textos da produção científica analisada e pela comparação entre estes resultados, conclui que as tendências para abordagens inovadoras são focadas no compartilhamento do conhecimento, na aprendizagem organizacional, na cultura organizacional e nos relacionamentos em rede.

Palavras-chave: Gestão da Informação. Gestão do Conhecimento. Ciência da Informação. Inovação em Gestão da Informação e do Conhecimento.

innovative trends in information and knowledge management in the scientific production of information science

Abstract

Analyzes the scientific production on Information and Knowledge Management published in the annals of Working Group 4 of the National Research Meeting in Information Science and in the journal Perspectives in Management & Knowledge in the years 2018 and 2019, with the purpose of comparing the results and learn about the innovative trends of the studied topic. Methodologically, as for nature, this research is characterized as exploratory, descriptive, with a quantitative and qualitative approach and a documentary type study carried out in the web environment. To organize the data, it adopts the content analysis method. By identifying the context units and units of record of the relevant indicators in the texts of the analyzed scientific production and by comparing these results, he concludes that the trends for innovative approaches are focused on knowledge sharing, organizational learning, organizational culture and network relationships.

Keywords: Information Management. Knowledge Management. Information Science. Innovation in information and knowledge management.

1  INTRODUÇÃO

A produção de conhecimento científico de uma área é formada e ocasionada por pesquisadores inseridos em um domínio e formam a comunidade discursiva que estuda, analisa, planeja e executa investigações sobre determinados fenômenos. Entendida como sinônimo de produtividade, a produção científica se dá por um conjunto sistêmico de publicações após um período de estudos em vários contextos, como: o acadêmico, o tecnológico, o científico e o social (ALVES, 2018; 2019).

Conforme Paiva e Ramalho (2017) os estudos desta natureza, de produtividade ou de produção científica, além de ser como um imporante indicador para revelar as tendências de qualquer área de conhecimento, é no âmbito da Ciência da Informação que esses tipos de pesquisa podem descortinar a natureza, prévias futuras e os rumos de uma disciplima, área, domínio, ciência ou campo científico.

Nesse sentido, este estudo apresenta a subárea Gestão da Informação e do Conhecimento (GIC) da Ciência da Informação (ARAÚJO, 2014) como tema central a ser abordado, levando em consideração a produção de conhecimento no escopo do campo científico informacional no Brasil. A gestão da informação e do conhecimento pode ser compreendida como uma dinâmica integrada de dois tipos de gestão, a da informação e a do conhecimento.

A gestão da informação busca identificar, selecionar, prospectar, organizar, representar e disseminar as informações em diferentes ambientes, das mais simples organizações aos mais complexos ambientes. Enquanto que a gestão do conhecimento busca estimular uma cultura de colaboração entre pessoas, potencializando a criação de um ambiente (físico ou virtual) favorável ao compartilhamento e criação do conhecimento em múltiplos ambientes organizacionais, entre outros espaços.

Com essa dinâmica, os modos de lidar com informação e com o conhecimento têm chamado a atenção de diversos pesquisadores do contexto gerencial do campo da Ciência da Informação. Isso porque são insumos capazes de proporcionar produtos e serviços inovadores, seja qual for o negócio ou objetivo a ser alcançado.

As redes, as fontes de informação e conhecimento, a internet das coisas, a big data, a inteligência artificial, a gestão de dados, a curadoria de dados, a indústria 4.0 são elementos cruciais aos processos de gestão da informação e do conhecimento e que têm contríbuido com a prática de colaborar, compartilhar e criar conhecimento, bem como gerenciar, organizar e disseminar informações em organizações de diversos segmentos na sociedade.

Nesse sentido, percebemos que discussões que visam compreender a necessidade do mercado de trabalho em que os profissionais da informação estão inseridos precisam levar em considerações desde a formação, os estudos, as pesquisas e produção de conhecimento. A partir dessa perspectiva, buscamos desvendar como vêm sendo desenvolvidas as pesquisas de gestão da informação e do conhecimento no contexto de tendências inovadoras.

Levando em consideração esses aspectos, a questão central que norteou nossa pesquisa foi: Quais as tendências inovadoras na produção científica sobre Gestão da Informação e do Conhecimento na Ciência da Informação no Brasil? Para responder essa questão, foram levadas em considerações dois veículos de comunicação científica e um recorte temporal necessário para a viabilização do estudo: os documentos científicos produzidos no Grupo de Trabalho 4 (GT – 4) do Encontro Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação (ENANCIB) e no periódico Perspectivas em Gestão & Conhecimento (PG&C) nos anos de 2018 e 2019.

O objetivo geral desta pesquisa, no intuito de alcançar respostas ao nosso questionamento, foi analisar a produção científica sobre Gestão da Informação e do Conhecimento veiculadas aos anais do GT – 4 do ENANCIB e no periódico PG&C nos anos de 2018 e 2019, com o propósito de comparar os resultados e tomar conhecimento sobre as tendências inovadoras do tema estudado.

Os objetivos específicos que possibilitaram a operacionalização desta pesquisa, são: Identificar a produção científica veiculada nos anais do ENANCIB e na PG&C sobre Gestão da Informação e do Conhecimento no período de 2018 a 2019; Selecionar as tendências de inovação nos trabalhos da produção científica do Grupo de Trabalho – 4 do ENANCIB e da PG&G; Comparar os resultados entre as tendências inovadoras abordadas nos trabalhos dos dois veículos de comunicação científica sobre Gestão da Informação e do Conhecimento.

Em pesquisa anterior, Duarte et al. (2020) apresentam a consolidação da disciplina gestão da informação e do conhecimento nos cursos de mestrado e doutorado dos programas de pós-graduação em Ciência da Informação do Brasil, cujo conteúdo disciplinar incluem diversas abordagens teóricas e emergentes no contexto da GIC.

Nessa perspectiva, realizar um levantamento da produção de conhecimento científico sobre gestão da informação e do conhecimento em artigos científicos da área de Ciência da Informação se torna imprescindível para a nossa compreensão e identificação de indicadores inovadores por meio das influências intelectuais da subárea.

Compreendemos que a produção de conhecimento tem sido crescente e aponta indicadores de inovação pelo fato de que existem conteúdos emergentes sendo ofertados no âmbito do espaço de criação, discussão e desenvolvimento dessa temática, ou seja, na Pós-Graduação.

Este estudo apresenta resultados parciais de pesquisa de Iniciação Científica (IC) PVE10658-2019 da Pró – Reitoria de Pesquisa (PROPESQ) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), fomentado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), intitulado “Tendências inovadoras das abordagens sobre Gestão da Informação e do Conhecimento nos cursos pós-graduação em Ciência da Informação no Brasil”.

 

2  GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO EM UMA PERSPECTIVA INOVADORA

Informação e conhecimento são recursos valiosos e que fazem parte das rotinas de diversos setores da sociedade. No campo das organizações, emergem no final do século XX a atenção e importância para esses fenômenos que passaram a serem vistos como chaves principais no processo de tomada de decisão e de inovação.

É por meio das habilidades de gestão da informação e da geração de conhecimento de decisores, excutivos, empresários e colaboradores que as organizações tendem a garantir sua sobrevivência ao tomarem decisões acertadas, proporcionando produtos e serviços inovadores (MENDONÇA; VARVAKIS, 2018).

Ao se referir sobre a eficácia da informação nas organizações, Calazans (2006) ratifica a necessidade de administrá-lo e gerenciá-lo. Assim, as funções necessárias de coleta, filtragem, organização, classificação e disseminação e disponibilização do fenônemo informacional, potencializam e faz acontecer a gestão da informação.

A gestão da informação pode ser compreendida como uma prática organizacional que visa a coleta, filtragem, análise, organização, armazenagem e disseminação no ambiente corporativo, além de mapear fluxos de informação formais e identificar as necessidades de informações de clientes, usuários, fornecedores, entre outros (VALENTIM, 2004).

É a partir de mapeamento de fluxos de informações formais que a gestão da informação pode oferecer o sucesso às organizações ou setores que a praticam. Para Araújo et al. (2018) mapear esses fluxos é visualizar ou monitorar o caminho que a informação percorre a partir de canais e dos sujeitos que produzem, movimentam, armazenam e distribuem essas informações.

As práticas de Gestão da Informação e de Gestão do Conhecimento não são excludentes, elas se apresentam como elementos integrados e indissociáveis. Nesse sentido, Souza, Dias e Nassif (2011, p. 61) compreendem que a Gestão da Informação corresponde a um componente da Gestão do Conhecimento e tem por base a gestão de conteúdos que constituem os arcabouços informacionais das diversas organizações, de forma que as pessoas devem estar preparadas para interagirem com sua equipe de trabalho.

Fazendo referência ao conhecimento enquanto fenômeno gerenciável, destacamos que no campo da administração das organizações, de maneira geral, esse é considerado um ativo intangível de valor inestimável e quando socialmente compartilhado pelo grupo, de forma presencial ou por meio virtual, é capaz de fazer entender e vencer as contingências ambientais. Nesse sentido, as organizações, independente do ramo de atividade, buscam novo conhecimento, visando aprimorar e inovar seus produtos e serviços para superar seus concorrentes. Para manter essa chama acesa e inovadora, ascende a Gestão do Conhecimento, associada ao capital intelectual, segundo o qual informações e ideias são recursos ou investimentos que precisam ser protegidos e usados com sabedoria.

Enquanto que a gestão da informação está relacionada aos fluxos formais e busca gerenciar todo o processo informacional, desde sua produção à disseminação e uso em diversos ambientes, a gestão do conhecimento relaciona-se a promoção de um ambiente favorável para que as pessoas sintam-se convidadas a compartilhar seus conhecimentos e interagir umas com as outras, passando de uma etapa individual para grupal, a partir de uma dinâmica de fluxos informais e redes. Nesse contexto, é o conhecimento individual que potencializa a função desse tipo de gestão por meio da transformação ou conversão de conhecimento tácito em conhecimento explícito.

A dinâmica dessa conversão de conhecimentos tácitos em explícitos foi abordada por uma dimensão epistemológica de Nonaka e Tackeuchi (1997) ao contribuírem com a teoria da criação do conhecimento organizacional. O conhecimento tácito é individual, difícil de comunicar e subjetivo, porquanto reside no interior da mente do sujeito e o conhecimento explícito é formal e sistemático, ou seja, possível de ser transmitido para os indivíduos e aos grupos, pois tem em sua forma, a facilidade de codificação, disseminação, transferência, uso e reuso.

A teoria de Nonaka e Tackechi (1997) tem um papel fundamental na evolução teórica e prática da gestão do conhecimento que pode ser entendida como o processo sistemático de identificação, criação, renovação e aplicação dos conhecimentos que são estratégicos na vida de uma organização (PACHECO, 2002) e que deve apoiar a geração de novos conhecimentos, propiciando o estabelecimento de vantagens competitivas; e, aumentar a competitividade da organização por meio da valorização de seus bens intangíveis (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

Cianconi (2003) aponta que o que vem sendo considerado como Gestão do Conhecimento é a busca por codificar e explicitar o conhecimento tácito, de promover o aprendizado permanente e contínuo dos indivíduos nas organizações. Nessa perspectiva, o gerenciamento do conhecimento se dá por um conjunto de estratégias para criar, adquirir, compartilhar e utilizar ativos de conhecimento, bem como estabelecer fluxos que garantam a informação necessária no tempo e no formato adequados, com o objetivo de auxiliar na geração de ideias, soluções dos problemas e tomada de decisão (VALENTIM, 2004).

Segundo Barbosa (2008, p. 14), enquanto a Gestão da Informação focaliza a informação ou o conhecimento registrado, a Gestão do Conhecimento destaca o conhecimento pessoal, muitas vezes tácito, e que, para ser efetivamente utilizado antes precisa ser descoberto e socializado/compartilhado.

Nesse sentido, a gestão do conhecimento é viabilizada a partir de interações entre as pessoas, em um ambiente inovador, com uma cultura favorável. Entendemos que, no contexto desta pesquisa, o compartilhamento de conhecimento nas organizações está relacionado a gestão do conhecimento e sua difusão torna-se cada vez mais imprescindível, pois não adianta dispor de conhecimentos se não é compartilhado. Davenport (2002, p. 115) define compartilhamento como o ato voluntário de colocar o conhecimento à disposição de outros.

O compartilhamento faz parte da lógica e do processo da Gestão do Conhecimento por meio de práticas, estratégias, facilitadores e capacitadores utilizadas nas organizações ou em diferentes ambientes, possibilitando a criação do conhecimento e levando à inovação contínua que, por sua vez, leva a vantagens competitivas, além da percepção das pessoas de que há um sentido de pertencimento (TEIXEIRA; OLIVEIRA, 2012; FERNANDES et al., 2015; TELLES, MOZZATO, 2020).

Importante compreender que a GIC é o eixo central desta pesquisa por ser um leque que abrande a cultura da inovação em gestão da informação, do compartilhamento de conhecimentos tácitos e explícitos e, das tecnologias da informação e comunicação inovadoras. Isso pode ser compreendido a partir da pesquisa de Alvares, et al. (2020) que a natureza interdisciplinar da Gestão do Conhecimento apresenta o meio tecnológico/computacional como um dos paradigmas, o que viabiliza a necessidade e emergência do uso das tecnologias de informação e comunicação, sobretudo para o compartilhamento e disseminação do conhecimento.

As tecnologias, bem como a comunicação e gestão da informação, também são apresentadas por Álvares, Baptista e Araújo Júnior (2010) como elementos que facilitam o compartilhamento de informações e conhecimentos por meio da confiança mútua das pessoas que se sentem a colaborar com a inovação.

Carvalho e Lima (2013), refletindo sobre o sucesso dos processos de inovação, afirmam que a implementação de práticas inovadoras depende da ação combinatória de diferentes tipos de conhecimentos que estão dispersos pelas unidades das organizações, nas redes, nas pessoas. Nesse sentido, os autores relatam que as empresas ou as organizações necessitam da cooperação entre áreas relacionadas às investigações, ao desenvolvimento, produção, e serviços que estejam numa dinâmica de compartilhamento de dados, de informações e de conhecimentos.

A cooperação, o compartilhamento, a colaboração entre agentes e sujeitos organizacionais tornam-se cada vez mais uma ação de influências positivas no sucesso empresarial ou institucional. Nesse sentido, “[...] as organizações e agentes que cooperam introduzem maior número de inovações do que os que não cooperam e o grau de inovação aumenta com a variedade de parceiros que se comunicam entre si.” (CARVALHO; LIMA, 2013, p. 11).

Falar de inovação nas organizações é refletir e compreender que existem quatro importantes aspectos, a saber: o clima e a cultura organizacional, a capacidade e habilidade de gerenciamento, ter o controle e a estrutura da organização, desenvolvimentos de processos e novos produtos (KNOX, 2002 apud MACHADO; LEHMANN; ARAUJO, 2008). Silveira (2005) compreende a que o real desafio na gestão de construção de ambientes informacionais em ambientes cooperativos é compartilhar significados, ou seja, conhecimentos para provê materiais brutos, a informação para inovação.

A inovação imbricada na gestão da informação e do conhecimento na Ciência da Informação pôde ser analisada e prospectada por Duarte (2012) ao abordar a Gestão da informação e do conhecimento nas organizações, ora representadas pelos relatos de pesquisas selecionados entre os apresentados durante o XII ENANCIB e inferir que existe uma interface entre os indicadores abordados nas dimensões da gestão da inovação (TERRA, 2012), permitindo aferir o rumo à gestão da inovação nas organizações.

De acordo com Duarte (2012) as dez dimensões da Gestão da Inovação para a transformação organizacional apresentadas por Terra et al. (2012) são, basicamente, construídas sob os pilares dos elementos da Gestão da Informação e do Conhecimento, como sugere o esquema das abordagens por dimensões, conforme o Quadro 1.

Quadro 1 – Dimensões e Focos da Gestão da Inovação na visão de Terra et al. (2012).

Dimensões da Gestão da

Inovação

Focos

Estratégia e objetivos de

inovação

Necessidades dos clientes e não clientes. Redes sociais como fonte de informações sobre os clientes. Inovação em processos. Pesquisas baseadas na sociologia e na antropologia. Foco nos canais de comunicação dos produtos.

Modelo organizacional e

governança para inovação

Estruturas flexíveis. Aproveitamento das competências e experiências das pessoas. Equipes multidisciplinares. Políticas de propriedade intelectual. Adotar ferramentas de GC. Instâncias de governança. Iniciativas de inteligência e prospecção.

Recursos Financeiros

Gerenciar riscos. Compra de tecnologias e informações de mercado. Explorar as competências e os conhecimentos. Percepção aguçada. Proatividade. Prevê recursos para atividades de pesquisa e desenvolvimento de competências.

Pessoas

Estímulo à criatividade individual e coletiva. Criar ambientes para conversas. Motivação para aprender. Realização pessoal. Foco nas competências. Ouvir mais atentamente. Integração de pessoas de fora da organização: encontros com clientes e não clientes.

GC e infraestrutura tecnológica

Visão integrada. Aprender a aprender. Acesso à informação. Uso de redes sociais para GC. Storytelling como ferramenta de GC. Combinação de conhecimentos. Ferramentas on-line. Comunidades de prática.

Gestão de ideias, insights e conceitos

Base para geração, desenvolvimento e avaliação de idéias. Inteligência competitiva. Descobrir todas as informações sobre o mercado, dos usuários, dos não usuários, dos concorrentes e dos não concorrentes. Enriquecer as informações pelas interpretações. Necessário sensemaking (gerar, coletar, apresentar e compreender as informações).

Processos e estruturas para a implementação

A gestão dos projetos. Tipos de estruturas. Integração de funções. Decisão para aprovar ou abandonar idéias e projetos: desapego emocional para abandonar uma boa idéia e ter coragem e transparência de tomar decisões de projetos por meritocracia.

Mensuração e recompensas

Definir resultados. Contribuições individuais e coletivas. Estabelecer métricas de gerenciamento e indicadores de processos: conhecimentos, redes, demandas, clusters, risco e dinâmicas de sistemas. Reconhecimento e recompensas. Estimular o orgulho, confiança.

Cultura organizacional

Estímulo ao trabalho em equipe e ao compartilhamento de informações e conhecimentos. Espaços de trabalho abertos, humanísticos, ecológicos e não hierárquicos que facilitem a comunicação em todos os sentidos. Pensamento sistêmico para criação de conhecimento. Os líderes devem comunicar sua visão de futuro, questionar o status quo e compartilhar suas informações e conhecimentos. Estimular o fluxo livre de informações e à socialização.

Colaboração interna e externa

Diálogos colaborativos, desenvolvimento de confiança, experiências compartilhadas. Liderança empática, comunicação clara, amplo acesso à informação. Estruturas físicas e layouts criativos e arejados permitem a troca de informações. Ambientes com espaços para cafés, livros, jornais e outros. Foco na colaboração, no relacionamento em redes. Governança, propriedade intelectual e redes de inovação.

Fonte: Duarte (2012, p. 9, grifo da autora) baseado em Terra (2012).

É possível observar as 10 dimensões da gestão da inovação e os seus focos grifados nos indicadores que foram elaborados por Duarte (2012). Destacam-se as necessidades de clientes, redes sociais, canais de comunicação, competências, ferramentas de gestão do conhecimento, aprendizado, aprender a aprender, acesso à informação, redes sociais para a gestão do conhecimento, inteligência competitiva, usuários e não usuários, concorrentes e não concorrentes, sensemaking, tomar decisões, conhecimentos, redes, compartilhamento de informações e conhecimentos, criação de conhecimento, fluxo livre de informações, experiências compartilhadas, relacionamentos em redes e redes de inovação.

Nessa perspectiva, os focos destacados no Quadro 1 têm aproximações e estão no contexto da gestão da informação e gestão do conhecimento que, juntas, protagonizam uma subárea da Ciência da Informação (ARAÚJO, 2014) e têm como fundamento a função social de cooperar com a sociedade a partir de ações de inovações, levando em consideração as dimensões de Terra (2012).

 

3  PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Quanto à natureza, esta pesquisa caracteriza-se como exploratória, descritiva, de abordagem quantitativa e qualitativa e um estudo do tipo documental realizado no ambiente da web. Considerando os elementos introdutórios, especificamente os objetivos almejados, esta pesquisa tem como universo, a produção científica veiculada nos anais do ENANCIB e no periódico PG&C no período 2018 a 2019.

O ENANCIB é considerado o maior evento científico da Ciência da Informação no Brasil, pois reúne pesquisadores renomados e discentes dos programas de Pós-graduação em Ciência da Informação de diversas instituições do país. Os trabalhos apresentados neste evento científico são publicados no documento Anais do ENANCIB, que abrange o material produzido no âmbito acadêmico com a participação de pesquisadores, docentes e discentes. O primeiro evento ocorreu em 1994 e já se tornou um acontecimento certo no calendário da área.

No ENANCIB se trabalha por tema de interesse (ANCIB, 2020). Os grupos de trabalhos (GT’S) são divididos em recortes que fundamentam a Ciência da Informação. Os GT’s se encontram divididos atualmente em 11 (onze) grupos: GT1 - Estudos históricos e epistemológicos da informação; GT2 - Organização e representação do conhecimento; GT3 - Mediação, circulação e apropriação da informação; GT4 - Gestão da informação e do conhecimento nas organizações; GT5 - Política e economia da informação; GT6 - Informação, educação e trabalho; GT7 – Produção e comunicação da informação em ciência, tecnologia & inovação GT8 - Informação e tecnologia; GT9 - Museu, patrimônio e informação; GT10 - Informação e memória; GT11 - Informação & Saúde (ENANCIB, 2020). No entanto, independente dos grupos de trabalhos existentes, a cada edição do ENANCIB é adotado um tema norteador para cada evento.

A PG&C é uma revista eletrônica, pertencente a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) com a cooperação técnico-científica do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, foi fundada em Junho de 2011, e dispõe de diversas publicações. A revista possui classificação de Qualis B1, e tem por objetivo publicar trabalhos originais e inéditos relacionados com as temáticas da Gestão e Conhecimento, sob abordagens que priorizem diálogos inter/pluri/multi/transdisciplinares e representem contribuição para o desenvolvimento de novos conhecimentos para aplicação nos diversos setores e organizações da sociedade (PG&C, 2011).

Esses canais de comunicação científica foram escolhidos, estrategicamente, por constituírem fontes que representam à produção mais relevante sobre a subárea Gestão da Informação e do Conhecimento na área da Ciência da Informação.

Para facilitar a identificação das dimensões da gestão da inovação, foi considerada a classificação de Terra (2012) que reconhece, entre outras, a gestão de ideias, a cultura organizacional, a colaboração interna e externa, as pessoas, processos e estruturas para implementação, gestão do conhecimento e a infraestrutura tecnológica (DUARTE, 2012).

O primeiro momento da pesquisa iniciou a partir de reuniões com a equipe, momento em que foram organizadas as atividades de pesquisa para estabelecer suas abordagens e métodos para melhorar o fluxo do trabalho. Com a busca no ambiente da web, foram feitas seleções de trabalhos/pesquisas sobre GI e GC para realizarmos uma revisão de literatura, durante os meses de agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro de 2019.

Foram selecionadas, nos meses de novembro e dezembro de 2019 e janeiro e fevereiro de 2020, as produções científicas veiculadas nos anais do ENANCIB e no periódico/revista PG&C sobre GI e GC no período de 2018 e 2019. Em decorrência, houve o levantamento das tendências inovadoras abordadas na produção científica mencionada.

Para seleção dos trabalhos que abordavam especificamento sobre GIC, consideramos os indicadores que incidiram nos títulos, nos resumos ou nas palavras-chave, tais como: Gestão da informação, Gestão do conhecimento, Gestão da informação e do conhecimento; Compartilhamento de conhecimento, Cultura informacional; Memória organizacional, Redes sociais, Competência em informação, Aprendizagem organizacional e Inteligência organizacional. Os Indicadores para seleção das abordagens inovadoras foram complementados por termos, como: gestão da Inovação, inovação e gestão de ideias.

Para organização e análise dos dados foi adotado o método de análise de conteúdo, de acordo com Bardin (2011). A autora mencionada recomenda três fases para realização da análise de conteúdo: a pré-análise; exploração do material; tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação dos resultados.

A apresentação dos resultados seguirá a ordem do delineamento dos objetivos específicos, tais como: identificaçao da produção científica veiculada nos anais do ENANCIB e na PG&C sobre Gestão da Informação e do Conhecimento no período de 2018 a 2019; seleção as tendências de inovação nos trabalhos da produção científica do Grupo de Trabalho – 4 do ENANCIB e da PG&G; comparação dos resultados entre as tendências inovadoras abordadas nos trabalhos dos dois veículos de comunicação científica sobre Gestão da Informação e do Conhecimento.

 

4  ANÁLISE DOS DADOS: RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram identificados 78 artigos publicados na PG&C referentes aos dois anos de coleta e 156 trabalhos publicados nos Anais do ENANCIB, totalizando a produção de 234 resultados de pesquisa. Entre essas produções, foram identificados 32 artigos sobre a temática de interesse na PG&C e 27 nos Anais do ENANCIB durante o período temporal estabelecido e levando em consideração as dimensões de inovação elaboradas por Terra (2012), conforme Tabela 1.

Tabela 1- Produção científica analisada.

Títulos das produções analisadas

Período

Freqüência absoluta

Frequência relativa (%)

 

Perspectivas em Gestão & Conhecimento

2018

18

30,5%

 

Perspectivas em Gestão & Conhecimento

2019

14

23,7%

 

Anais do ENANCIB

2018

13

22,1%

 

Anais do ENANCIB

2019

14

23,7%

 

Total

 

59

100,0%

 

Fonte: Dados da pesquisa (2020).

Os resultados obtidos referentes a escolha pelas fontes para desenvolver esta pesquisa demonstram coerência com as propostas dos documentos analisados, considerando as intenções declaradas. O GT4 do ENANCIB denominado Gestão da informação e do conhecimento tem como ementa a abordagem desse tema e suas subáreas e a PG&C está explícita e implicitamente relacionada majoritariamente com a temática em estudo.

O panorama apresentado na Tabela 1 registra que prevalece em 54,2% a produção na PG&C em GIC, e no GT4 do ENANCIB 45,8%, nesse período analisado. É importante considerar que os Anais são específicos de um evento em uma área, portanto mais restritivo e, o periódico, é de alcance amplo no que concerne as suas abordagens.

 

4.1  TENDÊNCIAS INOVADORAS IDENTIFICADAS NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA VEICULADA NOS ANAIS DO ENANCIB

Ao analisar a produção cientifica produzida nos Anais do ENANCIB, especificamente no GT4 referente aos anos de 2018 e 2019 em busca de indicadores de inovação na abordagem da GIC, nos deparamos com 27 (45,8%) dos trabalhos que contemplam essas intenções. Ao ler cada trabalho e destacar as unidades de contexto pertinentes, dispomos no Quadro 2 as categorias e seus respectivos indicadores que sugerem tendência inovadora.

Quadro 2 – Tendências inovadoras selecionadas nos trabalhos do ENANCIB.

Categorias

Indicadores

Frequência absoluta (quant.)

Compartilhamento

Compartilhamento do conhecimento. Compartilhamento da informação. Construção e compartilhamento de conhecimento. Compartilhamento de informações e conhecimentos. Valorização das pessoas no processo de compartilhamento do conhecimento. Compartilhamento de conhecimento organizacional.

Tecnologias no compartilhamento de conhecimento organizacional.

16

Aprendizagem

Aprendizagem. Aprendizado com o ambiente. Aprendizado contínuo. Ambiente de aprendizagem e compartilhamento de conhecimento. Processo de aprendizagem. Aprendizagem e espaços de colaboração física ou virtual. Aprendizagem coletiva.

10

Relacionamentos e redes sociais

Relacionamento. Relacionamento da organização- cliente. Gestão de relacionamento. O relacionamento com o cliente. Redes sociais. Redes sociais mediadas tecnologicamente. Conhecimento de fora da empresa.

8

Cultura

Cultura. Aprendizagem e espaços de colaboração física ou virtual. Aprendizagem coletiva. Cultura e valores organizacionais. Cultura de inovação. Valorização do conhecimento. Cultura organizacional.

6

Processos do conhecimento

Processos do conhecimento. Mapear um processo. Sistematização do conhecimento. Monitoramento de informações. Produção de conhecimento. Sistematização do conhecimento.

5

Competências

Identificar e mapear a competência em informação. Competência em informação. Gestão por competências.

4

Fluxos

Organogramas mais flexíveis. Fluxos de informação.

4

Educação corporativa

Educação a distância. Educação corporativa.

4

Desenvolvimento de pessoas

Motivação. Trabalho em equipe. Desenvolvimento de pessoas

3

Ferramentas

Uso de ferramentas para uma eficaz gestão da informação. Plataformas colaborativas no âmbito da gestão do conhecimento. Brainstorming.

3

Fonte: Dados da pesquisa (2020).

Ao abordar o compartilhamento como categoria mais pontuada, os autores destacam a valorização das pessoas no processo de compartilhamento do conhecimento, compartilhamento de conhecimento organizacional e ainda exaltam o uso das tecnologias para dar suporte ao compartilhamento de conhecimento organizacional entre pessoas.

A Aprendizagem foi apontada como um elemento intrínseco e básico com os indicadores de aprendizado contínuo ao criar um ambiente apropriado para o compartilhamento de conhecimento. Recomenda um processo de aprendizagem que proporcione espaços de colaboração física ou virtual de forma coletiva.

Os relacionamentos em redes sociais podem ser feitos por meio da gestão do relacionamento da organização-cliente por meio das redes sociais mediadas por ferramentas tecnológicas aproximando-os em busca do conhecimento de fora da empresa.

Visualizam uma cultura organizacional de inovação com foco no conhecimento e nos valores organizacionais. Entre os processos do conhecimento sugerem o monitoramento de informações, mapeamento do processo pela sistematização e produção de conhecimento.

Em relação às competências são mencionadas a competência em informação e a adoção da gestão por competências assim como, a identificação e mapeamento das competências em informação. Sugerem fluxos de informação facilitados com adoção de organogramas mais flexíveis.

A educação corporativa deve ser aliada a educação a distância com motivação ao trabalho em equipe para desenvolver as pessoas. Uso de ferramentas para uma eficaz gestão da informação e plataformas colaborativas no âmbito da gestão do conhecimento. Surge o Brainstorming como possibilidade de levantar ideias para promover as tomadas de decisões mais satisfatórias e de forma democrática.

 

4.2  TENDÊNCIAS INOVADORAS IDENTIFICADAS NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA VEICULADA NO PERIÓDICO PG&C

Ao analisar a produção cientifica produzida no Periódico Perspectivas em Gestão & Conhecimento, especificamente referente aos anos de 2018 e 2019 em busca de indicadores de inovação na abordagem da GIC, nos deparamos com 32 (54,2%) dos trabalhos que contemplam essas intenções. Ao ler cada trabalho e destacar as unidades de contexto pertinentes, dispomos no Quadro 3 as categorias e seus respectivos indicadores que sugerem tendência inovadora.

Quadro 3 – Tendências inovadoras selecionadas dos artigos da Revista PG&C.

Categorias

Indicadores

Frequência absoluta (quant.)

Compartilhamento

Compartilhamento do conhecimento. Partilha de conhecimento.

6

Cultura organizacional

Cultura. Cultura organizacional. Gestão intercultural do conhecimento.

6

Processos do conhecimento

Eco-processos. Mentoring. Benchmarking. Coaching. Gestão de acervos.

5

Aprendizagem organizacional

Aprendizado. Aprendizagem organizacional.

4

Memória organizacional

Memória das organizações. Memória corporativa para mapear processos. Memória organizacional e auditoria do conhecimento. Preservação da

memória das organizações.

4

Relacionamentos em redes

Rede social. Rede de colaboração científica. Redes interorganizacionais.

3

Educação corporativa

Educação corporativa.

3

Competência

Competência em informação

2

Auditoria do conhecimento

Auditoria do conhecimento

1

Fonte: Dados da pesquisa (2020).

O Quadro 3 registra que as propostas de Compartilhar conhecimentos pela partilha e a Cultura organizacional foram elementos mais evidenciados pelos autores nos artigos analisados do periódico Perspectivas em gestão & conhecimento. A expressão gestão intercultural do conhecimento aparece como indicador original e sugestivo da necessidade atenta para os aspectos culturais no ambiente das organizações.

Em relação aos processos do conhecimento, apresentam o eco-processo, o Mentorin, o Benchmarking, o Coaching e a Gestão de acervos como indicadores relevantes facilitadores a gestão do conhecimento.

A aprendizagem organizacional e a preservação da memória organizacional são destacadas como indicadores igualmente essenciais para o mapeamento de processos e para promoção da auditoria do conhecimento no ambiente corporativo.

Os relacionamentos em redes se destacam não só como indicadores promotores da colaboração científica, mas inclusive como necessárias a promoção de redes entre as organizações para fortalecer a colaboração para a sustentabilidade. No mesmo patamar de incidência visualizam a necessidade de educação corporativa.

Entre os destaques de categorias incidentes na produção científica enfatizam a necessidade da competência em informação e a promoção da auditoria do conhecimento em um ambiente de organização voltado para o conhecimento.

 

4.3  COMPARAÇÃO ENTRE AS TENDÊNCIAS INOVADORAS ABORDADAS NOS TRABALHOS/PESQUISAS

A partir dos resultados constatados na produção científica analisada, foi feito um cotejamento entre os resultados observados nos Anais do ENANCIB e no periódico Perspectivas em Gestão & Conhecimento e, na Tabela 2 confirmamos estes resultados, como categorias indicadoras de inovações na Gestão da Informação e do Conhecimento.

Tabela 2 – Comparação entre indicadores das tendências inovadoras encontradas nos artigos do ENANCIB e na Revista PG&C.

Categorias

ENANCIB

PG&C

Frequência absoluta

Frequência relativa (%)

Compartilhamento

16

6

22

21,3%

Aprendizagem

10

6

16

15,5%

Cultura

6

6

12

11,7%

Relacionamentos em redes

8

3

11

10,7%

Processos do conhecimento

5

5

10

9,7%

Valorização das pessoas

7

1

8

7,8%

Educação corporativa

4

3

7

6,8%

Uso de ferramentas

6

1

7

6,8%

Competências

4

2

6

5,8%

Desenvolvimento de pessoas

3

1

4

3,9%

Total de incidências

69

34

103

100.0%

Fonte: Dados da pesquisa (2020).

As tendências inovadoras no concernentes a Gestão da Informação e do Conhecimento são abordagens centradas nas pessoas, na valorização das pessoas no processo de compartilhamento do conhecimento organizacional, nas tecnologias que possibilitem o compartilhamento de conhecimento organizacional em 21,3% de destaques.

A promoção da aprendizagem (15,5%) nos espaços de colaboração física ou virtual de forma coletiva e contínua com criação de ambientes adequados para que isso aconteça espontaneamente, de forma que crie uma Cultura de inovação (11,7%), baseada na valorização do conhecimento.

A categoria relacionamentos em redes pontuou em 10,7% como elemento possível por meio de redes sociais mediadas tecnologicamente, sejam estas, rede social de forma geral à rede de colaboração científica, atingindo o patamar de firmar redes interorganizacionais.

Os processos do conhecimento (9,7%) foram destacados como elementos propiciadores da Gestão, portanto imprescindíveis para acontecer nas organizações do conhecimento. Processos como mapear, sistematizar, monitorar e produzir conhecimento surgem como elementos básicos. O eco-processo apresentado, na perspectiva de manter a sustentabilidade na organização, o Mentorin para aconselhamento e orientação aos colaboradores, o coaching para transformar pessoas e o Benchmarking, como ferramenta de gestão que objetiva aprimorar processos, produtos e serviços.

A valorização das pessoas (7,8%) está implicitamente relacionada a todas as categorias pontuadas, como um indicador primordial para que tudo aconteça no âmbito da gestão da informação e do conhecimento. Entre os demais indicadores, destacam-se a educação corporativa (6,8%), competências (5,8%), desenvolvimento de pessoas (3,9%) e o uso de ferramentas (6,8%) com vistas a promover a aproximação das pessoas.

Ao comparar os resultados obtidos na produção científica veiculada nos Anais do ENANCIB com a produção científica do periódico Perspectivas em Gestão & Conhecimento em relação às abordagens inovadores sobre gestão da informação e do conhecimento, constatamos a tendência uníssona e bilateral na área, para o compartilhamento do conhecimento, a aprendizagem organizacional, a cultura organizacional e o relacionamentos em redes, confirmando o que Terra (2012) destaca como dimensões da inovação.

 

5  CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este projeto inicialmente previa a comparação entre as tendências inovadoras sobre as abordagens de GIC no âmbito das disciplinas dos cursos dos Programas de Pós-Graduação em Ciência da Informação com as abordagens inovadoras apresentadas na produção científica analisada. Considerando as mudanças ocorridas no percurso de desenvolvimento da pesquisa e a necessidade de avançar no estudo e aprofundar na etapa posterior, apresentamos as conclusões por objetivos específicos obtidas nesta etapa.

Ao selecionar a produção científica veiculada nos anais do ENANCIB e na PG&C sobre GIC no período de 2018 a 2019 foi constatado que entre os totais da produção de 234 resultados de pesquisa, 59 abordavam sobre inovação em GIC.

Na análise da produção científica do ENANCIB quanto às tendências inovadoras, as abordagens indicam caminhos para o incentivo ao compartilhamento do conhecimento, aprendizagem organizacional, relacionamentos em redes, a cultura organizacional, os processos de conhecimento, competências, fluxos de informação, a educação corporativa, o trabalho em equipe e o uso de ferramentas.

A produção científica veiculada no periódico “Perspectivas em Gestão & Conhecimento” sobre as tendências inovadoras indicam em ordem de prioridade, o incentivo ao compartilhamento de conhecimento, a cultura organizacional, processo do conhecimento, aprendizagem organizacional, a memória organizacional, os relacionamentos em redes, a educação corporativa, competência e a auditoria do conhecimento.

Ao comparar os resultados entre as tendências inovadoras abordadas nos trabalhos do ENANCIB e PG&C, percebemos que os indicadores acentuadamente se concentram em compartilhar conhecimento, incentivo a aprendizagem organizacional, na cultura organizacional e nos relacionamentos em rede.

Além das tendências inovadoras mais destacadas, outros indicadores são abordados nos trabalhos/pesquisas sobre GIC, despontam preocupações com a memória da organização, a auditoria do conhecimento e, entre os processos, contatamos o uso do mentoring, benchmarking, o coaching e eco-processos.

No âmbito da produção científica analisada, as tendências inovadoras se canalizam para a intensificação do compartilhamento do conhecimento, da aprendizagem organizacional, da cultura organizacional, dos relacionamentos em redes e dos processos do conhecimento. Enquanto que, em outra pesquisa, os temas recorrentes sobre GIC nos Programas de Pós-Graduação em Ciência da Informação no Brasil (DUARTE et al., 2020) se referem a competência informacional, inteligência organizacional, cultura informacional, gerenciamento estratégico da informação, fluxo da informação, comportamento organizacional, aprendizagem organizacional e conhecimento organizacional.

A Checagem e comparação das tendências inovadoras da produção analisada neste trabalho com os conteúdos abordados nas disciplinas relacionadas com Gestão da Informação e Gestão do Conhecimento dos programas de pós-graduação em Ciência da Informação constitui objetivo da próxima etapa desta pesquisa que buscará propor novas abordagens de ensino e pesquisa nos cursos de pós-graduação.

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[1] Doutora em Administração pela Universidade Federal da Paraíba. Mestre em Biblioteconomia pela Universidade Federal da Paraíba.

[2] Doutorando e mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba. Bacharel em Arquivologia.

[3] Graduanda em Biblioteconomia pela Universidade Federal da Paraíba.