APRESENTAÇÃO
v.7 n. 2 Mar./Ago. 2021
A revista P2P&Inovação do grupo de pesquisa Produção colaborativa e economia solidária do IBICT segue o seu trabalho de divulgação das ciências socialmente aplicadas, particularmente com uma perspectiva crítica. Completamos o nosso sétimo ano de vida com alegria.
Neste número destacam-se quatro eixos de investigação: Educação e aprendizagem, Saúde, Inovação e Meio ambiente. São temas que estão na ordem do dia, especialmente quando estamos no meio de uma crise sanitária global que entre nós se transforma em uma tragédia.
A Saúde é um tema óbvio no meio da pandemia da Covid-19. Contudo, são abordagens críticas e inovadoras. Há uma importante observação do conhecimento como fator preditivo do desenvolvimento. Apresenta-se a atenção básica como parte da agenda do Sistema Único de Saúde. Por fim, um artigo inovador sobre diagnóstico com uso de máquina.
Inovação é assunto convergente com um dos dois principais focos da nossa revista. Discute-se os conceitos dos ambientes de inovação e a avaliação da inovação do ponto de vista ecológico. No cenário internacional de profunda crítica de devastação ambiental como causa do aquecimento global, há um interessante artigo sobre governança de usinas hidroelétricas.
Finalmente, há um grupo de artigos sobre Educação e aprendizagem. Inicia-se com um artigo original sobre avaliação dos objetos de aprendizagem no ensino à distância. Há um artigo sobre a avaliação da aprendizagem das novas gerações. Apresenta-se a aprendizagem no trabalho em organizações não governamentais.
Estão publicados três artigos sobre aspectos da Educação. Um deles aborda as múltiplas relações entre Arquivologia e Educação. Outro aborda a divulgação científica nas mídias contemporâneas. Um terceiro aborda o marketing em bibliotecas públicas.
Devemos destacar que, provavelmente, todos os artigos que estamos publicando foram produzidos durante a pandemia da Covid-19. Isto é mais uma pequena demonstração da resistência daqueles que trabalham com pesquisa e ensino de pós graduação no Brasil. Cabe aqui mencionar as condições adversas de trabalho, agravadas por cortes profundos no gasto público com educação, ciência e tecnologia.
Afirmar o valor da ciência e da tecnologia no século XXI tornou-se algo relevante em meio a uma onda de anti-cientificismo. A pandemia de Covid-19 abriu as portas do inferno obscurantista, que refuta uma a uma todas as evidências para controlar a pandemia e cuidar dos doentes. Chegamos ao absurdo de ver emergir uma mobilização social em defesa de medicamentos sem eficácia comprovada e de combate as vacinas.
É hora de resistir. O Sistema Único de Saúde sobreviveu aos cortes de gastos públicos e tem sido capaz de dar respostas efetivas a pandemia, apesar de toda a desorganização imposta pela coordenação federal. Nossa empobrecida estrutura de pesquisa e inovação tem colaborado nos estudos multicêntricos internacionais para desenvolvimento de conhecimento, vacina e medicamentos.
A pandemia da Covid-19 teve entre seus efeitos o fechamento das escolas e o desenvolvimento acelerado e caótico do ensino através da Internet em todos os níveis. Esta realidade requer ampliação e revisão dos processos e métodos de ensino e aprendizagem. É uma agenda que se impõe, especialmente quando quase toda a população está interconectada através de celulares.
Por último, cabe falar dos limites ambientais da produção e da economia. A devastação da Amazônia é simbólica deste mundo em desequilíbrio, em que há uma destruição intensiva dos recursos naturais. A sustentabilidade socioambiental é a nova divisa entre humanismo e barbárie.
Um outro mundo é possível. É algo que não vamos cansar de repetir. Desistir não faz parte do nosso vocabulário. Queremos um mundo socialmente justo. Um mundo sem liberdade não pode ser justo. A nossa esperança é maior do que os medos.
Rio de Janeiro, 10 de março de 2021
Clóvis Ricardo Montenegro de Lima
Editor