A ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO NO DOMÍNIO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANIDADES NA PERSPECTIVA DE DOUGLAS JOHN FOSKETT E DEREK WILTON LANGRIDGE:
uma abordagem aos Estudos Culturais e inovações disruptivas

 

Marcos Luiz Cavalcanti de Miranda[1]

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

mlmiranda@unirio.br

Maria Luiza de Almeida Campos[2]

Universidade Federal Fluminense

Universidade Federal da Bahia

marialuizalmeida@gmail.com

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Resumo

Apresenta as contribuições de Derek Wilton Langridge e Douglas John Foskett para inovações disruptivas no âmbito da Organização do Conhecimento, com foco nos sistemas de organização do conhecimento nas Ciências Humanas e Sociais. A inovação disruptiva no domínio da Organização do Conhecimento provoca a quebra de paradigmas e modelos de organização e representação do conhecimento por meio de instrumentos inovadores para satisfazer as necessidades de usuários na recuperação de informação. Este trabalho tem como objetivo apresentar as contribuições de Derek Wilton Langridge e Douglas John Foskett para inovações disruptivas nos aspectos culturais da Organização do Conhecimento e sua influência nos Sistemas de Organização do Conhecimento por meio da análise de domínio e da análise de conteúdo. A abordagem metodológica utilizada nos permitiu evidenciar que Foskett e Langridge com suas obras seminais contribuíram para a teoria, a prática, o ensino e o desenvolvimento da Organização do Conhecimento enquanto um domínio de conhecimento bem como para a construção de esquemas de classificação especializados nas Ciências Humanas e Sociais que são a base dos Estudos Culturais.

Palavras-chave: Organização do Conhecimento. Sistemas de Organização do Conhecimento. Ciências Sociais. Humanidades. Douglas John Foskett. Derek Wilton Langridge. Estudos Culturais. Inovações Disruptivas.

THE KNOWLEDGE ORGANIZATION IN THE HUMANITIES AND SOCIAL SCIENCE DOMAINS  IN THE DOUGLAS JOHN FOSKETT’S AND DEREK WILTON LANGRIDGE’S PERSPECTIVES: an approach to Cultural Studies

Abstract

The article presents the contributions of Derek Wilton Langridge and Douglas John Foskett to disruptive innovations within the scope of Knowledge Organization, focusing on the knowledge organization systems of in the Humanities and Social Sciences. Disruptive innovations in Knowledge Organization breaks paradigms and models designed organization and representation schemes through innovative instruments aiming to satisfy the needs of users in the information retrieval process. This paper presents the contributions of Derek Wilton Langridge and Douglas John Foskett to disruptive innovations in the cultural aspects of the Knowledge Organization and their influence on Knowledge Organization Systems through content and domains analysis. The methodological approach allowed researchers to show that Foskett and Langridge's seminal works contributed to the theory, practice, teaching and development of Knowledge Organization as a domain as well as to the construction of specialized classification schemes in Human and Social Sciences that are the basis of Cultural Studies.

Keywords: Knowledge Organization. Knowledge Organization Systems. Humanties. Social Science. Douglas John Foskett. Derek Wilton Langridge. Cultural Studies. Disruptive Innovations.


1  INTRODUÇÃO

As pesquisas relativas às questões sociais, políticas, éticas, culturais, inovativas e tecnológicas na sociedade contemporânea, no que diz respeito à representação, armazenamento e disseminação do conhecimento produzido, têm sido cada vez mais presentes na agenda dos estudiosos do campo da Biblioteconomia e Ciência da Informação (BCI), especificamente aqueles que se dedicam ao domínio da Organização do Conhecimento (OC) visando a recuperação da informação com o objetivo de satisfazer as mais diversas necessidades dos usuários dos sistemas de recuperação da informação (SRI) com vistas ao desempenho de suas atividades pessoais e profissionais.

Na virada do século XX para o século XXI percebemos que os pesquisadores na BCI têm promovido o desenvolvimento do domínio da OC por meio de diversas abordagens de Estudos Culturais, com foco na inovação social, cultural e tecnológica, transformando ideias e conhecimento em processos, produtos e serviços que garantam a avaliação e otimização de sistemas de organização do conhecimento e da informação nos mais variados ambientes e unidades de informação, tais como arquivos, bibliotecas, centros de informação, centros de documentação e museus. As abordagens socioculturais no campo da OC possibilitam um aprofundamento epistêmico por meio de uma visão teórico-crítico-reflexiva e inovações incrementais, radicais ou disruptivas sob um ponto de vista ético relacionado à representação de diferentes culturas em contextos diversos, colaborando para a construção de sistemas de organização do conhecimento (SOC) mais representativos.

Na concepção de Jorente & Nakano, os processos de inovação são de interesse da BCI como ciência do humano, considerando que determinam o estabelecimento de novos hábitos, identificados como indicadores socioculturais relevantes para a compreensão da história das culturas: “A construção dos hábitos parte de um primeiro contato com as inovações e da prática decorrente dos relacionamentos que se estabelecem entre os indivíduos e essas inovações” (JORENTE; NAKANO, 2012, p. 38). Segundo os mesmos autores, os processos de inovação podem ocorrer por continuidade e/ou descontinuidade, tradição e ruptura. Assim, observa-se de um lado a inovação contínua, baseada nas memórias e tradições estabelecidas, sem a quebra de paradigma, e que aos poucos produz melhorias nessas mesmas condições; de outro lado, vê-se a inovação disruptiva, originária de rupturas daquilo que estava estabelecido e habituado, quebrando paradigmas.

No âmbito da OC, a inovação disruptiva provoca a quebra de paradigmas e modelos de organização e representação do conhecimento por meio de instrumentos inovadores, que visam satisfazer as necessidades de informação dos usuários no mercado informacional em diferentes contextos e domínios de conhecimento, especificamente no das Ciências Humanas e Sociais. Neste contexto, o presente artigo tem o intuito de apresentar as contribuições de Douglas John Foskett (DJF) e Derek Wilton Langridge (DWL) na apresentação de inovações disruptivas no âmbito da OC por meio dos estudos culturais. O campo dos Estudos Culturais surgiu na década de 1970, correspondendo à “virada cultural” que desestabilizou as fronteiras de áreas mais antigas como a História, a Sociologia e a Literatura, entre outras, reconfigurando a estrutura disciplinar das Humanidades e das Ciências Sociais, num processo ainda hoje em curso (BAPTISTA, 2009), que também pode ser considerado como uma inovação disruptiva.

 O objetivo geral do presente artigo é estabelecer correlações entre as contribuições de DJF e DWL nos aspectos culturais da OC e sua influência nos SOC. Nesse sentido, buscou-se: (a) realizar levantamento da vida e da obra desses dois autores fundacionais da OC; (b) identificar os indícios que caracterizam a influência desses autores sobre os SOC; (c) verificar as contribuições de DJF e DWL publicadas na literatura especializada, sobretudo aquelas que envolvem a representação de aspectos culturais das Ciências Humanas e Sociais nos SOC.

 

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A revisão de literatura para esta pesquisa foi realizada de modo a caracterizar um referencial teórico sobre os Estudos Culturais e sobre a OC que permitisse construir um quadro comparativo das contribuições de DJF e DWL para a área, esboçando um panorama sobre as temáticas mais representativas tratadas por esses autores.

A fundamentação teórico-metodológica da pesquisa repousa na Análise de Domínio de Hjørland e Albrechtsen (1995) para a busca dos antecedentes históricos, filosóficos e epistemológicos da OC, os quais foram utilizados como arcabouço para a configuração e a análise espaço-temporal do cenário internacional, tanto aquele anterior e durante as atividades de DJF e DWL, como posterior, para atestar a influência de suas contribuições para a OC. Ainda apoiados nos pressupostos teóricos da Análise de Domínio, consideramos o CRG como comunidade discursiva da OC, considerando a atuação de DJF e DWL e suas respectivas influências no domínio da OC.

Para Hjørland e Albrechtsen (1995) o trabalho das comunidades e seu papel na sociedade se refletem na OC, nas estruturas e padrões de cooperação, nos sistemas de informação e nos critérios de relevância e enquanto tal devem ser levados em consideração nos estudos da BCI. De acordo com estes teóricos, é necessário identificar e compreender a comunidade discursiva que constitui o domínio a ser estudado em qualquer área, disciplina, instituição ou organização. Neste sentido, segundo Swales (1990) a comunidade discursiva é um grupo de indivíduos que possui objetivos comuns, mecanismos participatórios, troca de informações, usa vocabulário comum, com alto nível de especialização terminológica e alto nível geral de perícia nos assuntos referentes a seu domínio de conhecimento.

 

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para alcançar os objetivos propostos realizou-se um levantamento biobibliográfico acerca da vida e da obra de DJF e de DWL, incluindo os comentadores de suas contribuições para a OC, a fim de estabelecer as correlações entre suas contribuições e os aspectos culturais da OC e sua influência nos SOC.

A pesquisa, caracterizada como descritiva, apresenta caráter exploratório e abordagem quanti-qualitativa. A busca foi realizada na base de dados Scopus, relevante para a BCI. Com base na questão de pesquisa, foram elaboradas estratégias de busca utilizando parênteses, operadores booleanos (AND, OR) e aspas duplas (“ ”) para indicar palavras compostas. Os campos utilizados para a busca incluíram: autor, título, resumo e palavras-chave. Em seguida os resultados foram organizados em planilha Excel.

Durante a busca foram utilizadas as seguintes palavras-chave nos idiomas português, espanhol e inglês: Estudos Culturais, Estudios Culturales, Cultural Studies, Ciências Sociais, Ciencias Sociales, Social Sciences, Ciências Humanas, Human Sciences, Humanidades, Humanities, Organização do Conhecimento, Organización del Conocimiento, Knowledge Organization, Sistemas de Organização do Conhecimento, Knowldedge Organization Systems, Sistemas de Organización del Conocimiento, Douglas John Foskett, Derek Wilton Langridge, Classification Research Group, Britsh Classification Research Group.

Os aspectos relacionados à metodologia quantitativa, incluindo a importância das práticas associadas à análise de citação, foram baseados em Grácio (2016), que alerta para seu uso condicionado ao estudo dos domínios e de sua estrutura intelectual, envolvendo a comunicação científica, a frente de pesquisa e sua aplicação como indicadores de similaridade ou proximidade temática. Neste contexto, buscou-se identificar citações nas obras de DJF e DWL a fim de evidenciar, pela análise de conteúdo, as influências epistemológicas e teórico-metodológicas que sofreram, bem como os autores por eles influenciados. Grácio enfatiza que a lista de referências em um trabalho científico reflete uma relação dialógica entre pares, indicando o processo de construção do conhecimento e a existência de uma “vizinhança teórica e ou metodológica entre os citados”, fatores importantes na aplicação da metodologia (GRÁCIO, 2016, p. 83).

Adotou-se também a técnica da análise de conteúdo (BARDIN, 2011) para contextualizar os indicadores referentes à produção e à colaboração relacionada aos tipos de autoria de DJF e DWL. O procedimento envolveu pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados obtidos e interpretação.

A pesquisa documental, por sua vez, foi feita nas atas das reuniões do CRG, buscando-se localizar as contribuições de DJF e DWL para os Estudos Culturais na OC, através da identificação de trabalhos voltados para a construção de SOC em Ciências Humanas e Sociais visando a recuperação da informação.

 

4 REVISÃO DE LITERATURA

            Nesta seção apresentam-se os resultados da revisão e análise da literatura acerca da OC e dos Estudos Culturais e suas Inovações Disruptivas.

 

4.1 A ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO

            A necessidade de organizar o conhecimento humano de forma a atender a diferentes demandas no momento da recuperação da informação ocorre desde os primórdios. Ao caracterizar as bases conceituais e históricas da OC, assim como seu impacto nos processos, produtos e instrumentos de organização da informação busca-se evidenciar como a articulação de conceitos, métodos, técnicas e instrumentos de representação do conteúdo dos documentos afetam a recuperação da informação.

            Para Dahlberg (1993), desde a Biblioteca da Alexandria a atividade de OC sempre coube a filósofos e bibliotecários e a partir do final do século XX a cientistas da informação. Foi nesse período recente que o campo se ampliou e profissionais como linguistas, lógicos, terminólogos, cientistas da computação, psicólogos, dentre outros, têm se preocupado com esta atividade. Em outro texto, Dahlberg (2008) defende que, a partir de sua fundamentação teórico-científica, a OC é uma nova disciplina científica baseada no conceito proposicional de ciência e que, dentro do sistema universal de ciências, pode ser considerada um subcampo da Ciência das Ciências.

Hjørland considera dois sentidos para a OC: em sentido restrito, como a organização da informação em registros bibliográficos e em sentido amplo como a “organização social do trabalho mental, ou seja, de como o conhecimento é socialmente organizado e como a realidade é socialmente organizada” (HJØRLAND; HARTEL, 2003, p. 169). Enquanto área associada à classificação e à indexação de documentos, a OC sofre influência de teorias fundamentais no âmbito da documentação, mas também é influenciada por diferentes paradigmas relacionados às teorias do conhecimento (HJØRLAND, 2013, p. 174). Parece correto reconhecer, portanto, dois tipos de organização do conhecimento: a organização intelectual do conhecimento, envolvendo conceitos, sistemas conceituais e teorias; e a organização social do conhecimento, em profissões, negócios e nas disciplinas acadêmicas, utilizadas como arcabouço em sistemas sociais de organização do conhecimento. Em ambos os casos a OC está sempre atrelada a uma teoria do conhecimento, ou seja, exige habilidade crítica para lidar com as diferentes teorias e seu impacto ideológico nos esquemas de classificação (HJØRLAND, 2013, p. 171).

 

4.2 ESTUDOS CULTURAIS E A ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO

Desde a década de 1970 o campo dos Estudos Culturais funcionou como agente na reconfiguração da estrutura disciplinar das Humanidades e das Ciências Sociais. A partir dos anos 1980, incluindo estudos sobre Afrodescendentes; Feminismo; Sexualidade; Religião; Estudos Étnicos e Etnográficos; Estudos Raciais; Estudos de Gênero; Estudos do Movimento LGBTQIA+; Estudos Comunicacionais; Antropológicos; Pós-coloniais; Práticas de Consumo; Novos Dispositivos Tecnológicos; Práticas Tecnológicas, entre outras temáticas, o campo alcançou grande desenvolvimento e passou a discutir os novos grupos sociais de produtores, criadores e divulgadores culturais; os consumos culturais, como os hábitos de leitura, a frequência ao teatro, cinema, concertos, museus, bibliotecas, exposições de arte; o acesso à Internet; os estilos de vida; as preferências culturais; as subculturas urbana e suburbana; as identidades étnicas; e as indústrias culturais como moda, turismo, publicidade, cinema, televisão, rádio, imprensa escrita, novas mídias (MARTINS, 2010).

Richard Hoggart é reconhecido como o fundador do campo a partir da publicação, em 1957, de sua obra The Uses of Literacy: aspects of working-class life with special references to publications and entertainments. Raymond Williams, outro pioneiro do campo, defendeu a ideia de que as noções culturais, assim como as suas formas e práticas, solidificam visões e atitudes que exprimem regimes e estruturas de percepção e sensibilidade (WILLIAMS, 1958). Edward Thompson e Stuart Hall, por sua vez, permaneceram numa dimensão cosmopolita, oferecendo perspectivas sobre a diversidade cultural. Já Clifford Geertz, antropólogo baseado em Princeton, publicou, em 1973, The Interpretation of Cultures, obra em que as classes populares aparecem como sujeitos de resistência, mobilizando recursos que se opõem à dominação e rejeitando a ordem do consumo.

No universo da OC os Estudos Culturais foram protagonizados por membros do CRG, constituído por autores fundacionais na área como Alan Gilchrist, Anthony Charles Foskett, Barbara Kyle, Bernard Ira Palmer, Brian Campbell Vickery, Derek Austin, Derek Wilton Langridge, Douglas John Foskett, Eric Coates, Jack Mills, Jack Wells, Jason Farradane, Jean Aitchson, Pauline Atherton Cochrane e Robert Fairthorne. Entre estes, DJF e DWL parecem ter propiciado, em suas obras seminais, uma maior aplicação dos Estudos Culturais à OC.

Os estudos culturais revelam, no âmbito da OC, uma perspectiva aprofundada através de inovações disruptivas relacionadas à representação de diferentes culturas em diferentes contextos, buscando o respeito à ética e à pluralidade cultural nos SOC. Segundo Lee (2015) questões éticas surgem a partir das tentativas de adaptação de esquemas de classificação genéricos e padronizados a ambientes locais e culturas regionais ou minoritárias. O autor defende que antes de aprofundar as discussões sobre o desenho de um modelo de classificação culturalmente sensível e a prestação de serviços de informação ética, é fundamental esclarecer como a cultura é definida. Para obter uma compreensão mais profunda de como os estudiosos veem o conceito de cultura, Lee revisou, comparou e agregou discussões sobre cultura de dois corpora da literatura: Organização do Conhecimento e Antropologia, percebendo diferentes famílias de definições sobre cultura: a) cultura como nacionalidade ou região geográfica; b) cultura como contexto; c) cultura como fenômeno coletivo; e d) cultura como parte humana do ambiente humano. Com base nessa revisão, propôs uma definição funcional de cultura para a pesquisa em OC. Essa definição aponta para áreas de pesquisa futura sobre cultura, ética e organização do conhecimento.

Hofstede (1994), Steinwachs (1999) e ainda López-Huertas (2008; 2013) definiram cultura ao longo de fronteiras nacionais ou geográficas. Para esses autores, a cultura nacional é considerada uma das camadas da cultura à qual as pessoas costumam se referir quando realizam atividades interculturais ou promovem a cooperação entre as nações. Tennis (2013), por sua vez, enfatizou a importância de uma OC culturalmente sensível. Tanto Steinwachs (1999) quanto Olson (2000) percebem a cultura nacional como uma categoria discutível, uma vez que as fronteiras nacionais nem sempre correspondem às fronteiras das sociedades. Como consequência, caracterizar cultura como decorrência da nacionalidade é, muitas vezes, a única forma viável de coleta de dados.

 

4.3 INOVAÇÕES DISRUPTIVAS E A ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO

A literatura faz referência a três tipos de inovação: inovação incremental, inovação radical e inovação disruptiva. A inovação incremental promove pequenas melhorias ou atualizações nos produtos, serviços, processos ou métodos existentes. Já a inovação radical promove mudanças drásticas nas características ou custos de um produto, serviço ou processo, transformando-os radicalmente. O conceito de inovação disruptiva, cunhado por Christensen (1997) a partir do conceito de “destruição criativa” de Schumpeter (1939), ao contrário, revela um conceito em que uma tecnologia, produto ou serviço é transformado ou substituído por uma solução inovadora superior.

Depois da Segunda Guerra Mundial, durante a Conferência da Royal Society realizada em 1948, os estudiosos constataram o problema da ineficácia dos esquemas de classificação gerais como instrumentos de representação da informação especializada, já que os mesmos comprometiam de maneira significativa a recuperação da informação em bibliotecas e serviços de informação especializados (VICKERY, 1998). Naquele período, partindo da premissa de que os esquemas de classificação gerais não davam conta da representação e organização do conhecimento especializado, o British Classification Research Group (CRG) desempenhou papel fundamental na criação de inovações disruptivas que oferecessem solução para o problema. DJF e DWL, com suas respectivas obras Classification and Indexing in the Social Sciences (1963) e Classification and Indexing in the Humanities (1976), contribuíram de forma significativa para consolidar a natureza diferenciada da produção, representação e uso do conhecimento no domínio das Ciências Humanas e Sociais. A obra de Brian Campbell Vickery, Classification and Indexing in Science (1958), completa a trilogia dedicada à organização e representação do conhecimento publicada naquele período.

Os membros do Classification Research Group, mas especificamente DJF e DWL, de maneira consciente, viam na teoria de Shialy Ramamrita Ranganathan, a oportunidade de quebrar paradigmas na classificação, indexação e recuperação da informação geral e especializada. Ranganathan havia cursado o mestrado em Biblioteconomia na University College of London, sob a orientação do Prof. Berick Sayers, estabelecendo inúmeros princípios para o avanço científico no âmbito da OC, com expressivos reflexos no aperfeiçoamento das teorias e das práticas de representação e recuperação da informação, suscitando os ideais democráticos no pensamento científico na OC.

 

5 ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

 

O Classification Research Group (CRG), talvez a mais importante das instituições internacionais no âmbito da pesquisa sobre classificação, foi fundado no Reino Unido em 1952, permanecendo formalmente ativo até 1968, embora ocorressem encontros informais até 1990 (BROUGHTON, 2011). O trabalho, as discussões, experiências, descobertas e a influência do CRG foram bem relatadas por seus membros e por outros pesquisadores durante cinco décadas. Muito pouco foi dito, no entanto, sobre sua história. O CRG contribuiu de maneira relevante para a OC no desenvolvimento da teoria da classificação bibliográfica, desenvolvendo técnicas e instrumentos inspirados por S. R. Ranganathan, especialmente no que diz respeito à análise de facetas como um método primário de projetar esquemas de classificação gerais e especializados. O CRG atuou num cenário de intensas atividades políticas e científicas na Grã-Bretanha e sua influência tem sido pouco explorada no próprio contexto britânico, que naquele período era impulsionado por figuras como J. D. Bernal, Joseph Needham e outros revolucionários pesquisadores atuantes a partir de ideais socialistas e comunistas.

Uma leitura dos relatórios (Boletins) produzidos pelo CRG indica que o Grupo atuou ativamente na elaboração de vários esquemas de classificação para diversas organizações em áreas como Segurança e Saúde Ocupacional (Genebra), Divisão de Pesquisa e Controle da Allen and Hanbury Limited e a Bibliografia Industrial do Diamante (CRG, 1962). O trabalho teórico do Grupo envolveu o estudo da Análise Facetada, dos Operadores Relacionais e da Teoria dos Níveis Integrativos (MCILWAINE, I.; BROUGHTON, 2000). Phyllis Richmond considerou que as contribuições do CRG foram essenciais para bibliotecários e cientistas da informação:

 

As contribuições do CRG foram únicas e preencheram a lacuna entre a teoria e a prática no âmbito da Biblioteconomia e Ciência da Informação. Como exemplos, registram-se a produção de formatos viáveis para uso com computadores, a aplicação da teoria geral dos sistemas, que se relaciona com o reconhecimento de padrões, a elaboração de sistemas lógicos, originais e bem estruturados, aplicáveis às necessidades de informação de diversas comunidades às quais o CRG servia, sempre preenchendo as lacunas entre os sistemas de classificação universal e sistemas altamente especializados (RICHMOND, 1988, p. 247).

 

A Profª Drª Vanda Broughton da University College of London que por um período foi membro do CRG e trabalhou em vários projetos com o Prof. Jack Mills, destaca que as ações do CRG “não estão bem documentadas, e é uma caça ao tesouro rastrear qualquer registro e que em algum lugar estão as atas das suas reuniões, mas não sabemos onde elas estão agora”.

“Quando eu era pesquisadora no norte de Londres, eu tinha o arquivo completo em meu escritório, mas não sabemos o que aconteceu com ele depois de meados da década de 1980 – quando acho que Jack Mills se aposentou” (Broughton (2022).

Acredita-se que o conjunto de Atas do CRG foi enviado para Aberystwyth, para a Library School ou para a National Library of Wales, não se sabe ao certo, mas até agora não foi possível obter uma resposta sobre isso.

 

5.1 DJF e DWL: análise biobliográfica, influenciadores e comentadores

 

A atuação de DJF e DWL no CRG pode ser medida pelo número de citações aos seus nomes nas Atas das reuniões do Grupo. As citações ao nome desses autores foram avaliadas a partir do exame dos boletins do CRG entre 1961 e 1985.

 

5.1.1 Vida e obra de Douglas John Foskett

Douglas John Foskett (DJF) nasceu em Londres em 27 de junho de 1918 e faleceu em 7 de maio de 2004, tendo trabalhado na Biblioteca do Instituto de Educação da Universidade de Londres, onde desenvolveu e implementou o esquema de classificação especializado em Educação para organizar as coleções da biblioteca (WORLD, 1993). DJF foi um dos membros fundadores do CRG e membro ativo da British Library Association. Por cinco anos participou do Comitê Consultivo Internacional de Bibliotecas, Documentação e Arquivos da Unesco. Também foi professor visitante no MIT, em Gana, Ibadan; no Brasil (no IBBD, atual IBICT) e na Islândia (WORLD, 1993). Ele ainda um dos primeiros a demonstrar preocupação com os aspectos culturais da OC por meio da teoria dos níveis integrativos.

Os textos de Foskett apontam para a necessidade de uma maior atenção por parte dos profissionais da informação para a natureza, produção, organização e uso do conhecimento no universo das Ciências Sociais em bibliotecas e serviços de informação. Para atender tal necessidade DJF produziu esquemas de classificação especializados em Ciências Sociais, de modo a garantir a representação do conhecimento em assuntos específicos que cada vez mais surgiam nas disciplinas que constituíam as Ciências Sociais. O pensamento do autor está presente em um conjunto de obras, entre as quais se destacam: (a) Classification and integrative levels (1960); (b) Classification and Indexing in Social Sciences (1963); e (c) Science, Humanism and Libraries (1964).

Na obra Classification and integrative levels (1960), DJF afirma que a maioria dos sistemas de organização do conhecimento existentes naquela época baseava-se em disciplinas. No entanto, como a pesquisa se tornava cada vez mais multidisciplinar, os estudiosos precisavam de ferramentas para explorar as relações entre os fenômenos em todo o espectro do conhecimento. Os esquemas de classificação existentes então concentrava-se na relação de dependência mantida entre um determinado fenômeno e aqueles em níveis integrativos mais baixos dos quais depende sua existência. Esta relação foi descrita pela primeira vez por DJF no contexto do trabalho do CRG para um esquema não disciplinar.

Na obra Classification and Indexing in Social Sciences (1963) DJF afirma que os esquemas de classificação de bibliotecas e índices tradicionais são destinados para uso em todos os campos do conhecimento e que cada um foi construído com a mesma base, sem referência às diferenças entre campos de assunto e à natureza dos dados a serem organizados. Demonstrando as técnicas modernas de classificação e indexação capazes de organizar a literatura que trata do indivíduo em seu relacionamento com outros indivíduos, o autor destaca instrumentos e formas de representação do conhecimento e recuperação da informação tais como o catálogo alfabético, o catálogo alfabético-classificado, o catálogo classificado, o índice baseado em máquina, o PRECIS, o Tesauro e o termo de entrada.

Escrito por Stein Rokkan, então Presidente do Comitê Internacional de Documentação em Ciências Sociais da Unesco, o prefácio dessa obra argumenta que desde o final da década de 1940 ocorria uma verdadeira “explosão de informações”. Para controlar a crescente literatura mundial nas Ciências Sociais, o Comitê dispendia valiosos recursos por meio de suas bibliografias anuais. Na sequência o Comitê decidiu investir na elaboração de esquemas de classificação lógicos, coerentes e eficientes para solucionar o problema, mas essa era uma tarefa gigantesca, uma tarefa para talvez várias gerações à frente. Muitas dificuldades eram óbvias: a imprecisão dos vocabulários das ciências sociais, a proliferação de terminologias especializadas, o mercado cultural e os contrastes ideológicos nas abordagens básicas da pesquisa em Ciências Sociais. O Comitê cooperou por vários anos com Barbara Kyle, da Social Sciences Documentation, visando o desenvolvimento de um esquema de classificação que unificasse a literatura das Ciências Sociais.

A obra Science, Humanism and Libraries (1964) é uma coletânea de dezessete artigos e papers produzidos por DJF entre 1951 e 1962. O tema principal dos ensaios é o problema da comunicação de informações especializadas. A discussão sobre as “duas culturas” (Ciência e Humanismo) fornece o tema do primeiro e do último artigos, nos quais o autor sustenta que não existe uma divisão fundamental entre ciência e humanismo.

 

5.1.2 Vida e obra de Derek Wilton Langridge

Derek Wilton Langridge (DWL) nasceu em 1925 e faleceu no ano 2000. Foi Conferencista Titular da School of Librarianship da Polytechnic of North London e membro do CRG. Contribuiu significativamente com estudos relativos à OC em seus aspectos epistemológicos, filosóficos, educacionais e profissionais. Suas obras destacavam a relevância da reflexão sobre a prática da classificação enquanto processo, operação, atividade, instrumento e domínio de conhecimento. No âmbito das bibliotecas e serviços de informação suas obras evidenciavam a necessidade de que os profissionais da informação atentassem para a natureza do conhecimento produzido. Devido à sua formação em Letras e sua paixão por Jazz, além de seu foco na educação, Langridge dedicou-se especificamente à classificação e à indexação na área de Humanidades e Ciências Humanas.

Dentre as obras mais importantes de Langridge destacam-se aquelas cujos conteúdos se direcionam particularmente para a OC: (a) The Universe of knowledge (1969); (b) Approach to classification for students of librarianship (1973); e (c) Classification and indexing in the Humanities (1976).

A obra The Universe of knowledge (1969) representa uma síntese da atuação do autor como professor na University of Maryland, ao longo dos anos 1960. Sob a forma de ensaios produzidos por membros de um seminário realizado naquela universidade em 1967, o conteúdo da obra identifica os principais tópicos considerados por DWL como necessários para o ensino de organização de representação do conhecimento. As temáticas abordadas são: o desenvolvimento de classes individuais do conhecimento; disciplinas fundamentais e seus métodos; fundamentos do conhecimento; tipos de conhecimento; e integração do conhecimento. Nesta obra o autor afirma que “universo do conhecimento” é o nome dado ao estudo do conhecimento sob vários pontos de vista. Em sua perspectiva, o estudo do Universo do Conhecimento é fator preponderante para todo e qualquer profissional que queira enveredar pela área de OC.

Na obra Approach to classification: for students of librarianship (1973), DWL apresenta cinco capítulos encadeados de forma sistemática visando atender às necessidades de estudantes de Biblioteconomia. Descrevendo o papel da classificação nas atividades humanas, o autor evidencia a complexidade do conteúdo temático dos documentos e conclui que “no sentido fundamental, não há substituto para a classificação” LANGRIDGE, 1973, p. 76).

Na obra Classification and indexing in the Humanities (1976), DWL apresenta um tratado sobre a aplicação dos princípios da teoria da classificação facetada aos assuntos das Ciências Humanas, discutindo o valor da classificação, especialmente para a bibliografia. Definindo “Humanidades” como um domínio do conhecimento e discutindo as características específicas que definem os contornos e os limites de cada disciplina que constitui o domínio das Ciências Humanas, o autor enfatiza o que deve ser considerado para a classificação dos assuntos nessas áreas, reforçando a necessidade dos profissionais da informação dominarem aspectos do universo de conhecimento.

 

5.2 Fosket e Langridge: análise de citação a partir de autores contemporâneos

 

Considerou-se que DJF e DWL foram citados tomando por base os seguintes indicadores: (a) autor de um tema/tópico dentro de um artigo de um boletim do CRG; (b) citação ao nome no corpo do texto; (c) “Minute” são comentários ou notas de membros do CRG sobre o tema do Boletim; (d) nota de rodapé; (e) indicação de bibliografia de DJF e DWL por outros membros do CRG; (f) indicação de bibliografia pelos próprios DJF e DWL.

No total foram encontradas 120 referências aos nomes de DJF e DWL, além de terem sido registradas também nas buscas conjuntas, a exemplo de: “Foskett and Langridge”.

Dos 1.870 autores mapeados, dez apresentaram citações em comum: Bierger Hjorland, Ingertraut Dahlberg, Douglas John Foskett, Shyali Ramamrita Ranganathan, Rick Szortak, Brian Campbel Vickery, Claire Beghtol, Jack Mills, Vanda Broughton, Claudio Gnoli. Os dois autores que citaram um maior número de vezes conjuntamente foram Gnoli e Szostak, conforme tabela a seguir.

 

Tabela 1 – Análise de Cocitação

Fonte: Miranda & Campos, 2022.

 

Após o processamento por análise de cocitação considerando os autores citados como unidade de aferição em um grupo de 274 registros de documentos, verificou-se três grupos de autores citantes. Nesse caso a principal seção do documento usada na análise foi a seção de Referências. Cabe observar que DJF recebeu mais citações conjuntas por outros autores do que Hjørland, Soergel, Szostak, Broughton e Gnoli, pesquisadores ainda em atividade. Acima de DJF em número de cocitações somente foram observados Vickery e Ranganathan, indicando a permanência do universo teórico-metodológico de DJF num patamar acima da média dos demais pesquisadores listados. É importante frisar que um conjunto composto por um número maior de autores nos permitiria obter maior alcance na identificação da cobertura da influência do autor.

 

 

 

 

 

 

Tabela 2 – Análise de Cocitação

Fonte: Miranda & Campos, 2022.

 

Quando citados juntamente com outros estudiosos, seus pares, os autores citados juntos geralmente pertencem ao núcleo teórico mais representativo da temática, como Shialy Ramamrita Ranganathan e Brian Campbel Vickery. Em companhia dos “clássicos” geralmente estão seus críticos e estudiosos mais conhecidos na atualidade, Birger Hjørland, Claudio Gnoli e Rick Szostak.

 

6 CONCLUSÕES

Foi possível vislumbrar três momentos no percurso da presente pesquisa: a pré-história da OC, antes do CRG; o período histórico em que DJF e DWL viveram e o período posterior à suas respectivas mortes. Ambos, como membros fundadores do CRG, colaboraram ativamente para o trabalho do Grupo em sua defesa da “necessidade de uma classificação facetada como base para todos os métodos de recuperação da informação” (INTERNATIONAL..., 1958), um princípio que foi endossado por J. H. Shera e S. R. Ranganathan na Conferência de Dorking, em 1957 (FOSKETT, 1971, p. x). Os resultados indicaram também que DJF e DWL contribuíram de modo decisivo para a disseminação de ideias inovadoras no campo da OC, como o uso da classificação facetada, a construção de esquemas de classificação especializados em Ciências Humanas e Sociais e os níveis integrativos do universo do conhecimento, demonstrando a verdadeira integração da comunidade discursiva do CRG no que se refere à aplicação e disseminação das novas propostas teórico-metodológicas para os estudos de OC.

Neste sentido, o conjunto da vida acadêmica, profissional e de pesquisa de DJF e DWL marcou a contribuição de ambos no estudo e na divulgação dos conceitos teóricos de Ranganathan (1945, 1950, 1951 e 1967). Colocando em evidência a prática da análise de facetas, os dois autores desenvolveram esquemas de classificação especializados no domínio das Ciências Humanas e Sociais, o que para a época significou um momento de ruptura com a teoria clássica da classificação e um investimento na construção de modernos esquemas de classificação especializados, promovendo assim inovações disruptivas no domínio da OC.

Com suas obras seminais, DJF e DWL contribuíram para a consolidação da teoria, da prática, do ensino e do amadurecimento da OC enquanto domínio especializado do saber, bem como para a construção de esquemas de classificação especializados nas Ciências Humanas e Sociais. Os artigos dedicados à construção de esquemas especializados de classificação evidenciam a visão compartilhada por DJF, DWL e pelo CRG no que tange à classificação facetada. Tal postura permitiu a introdução de uma série de inovações disruptivas, representando uma mudança de paradigma na elaboração de sistemas de organização do conhecimento utilizados até os dias de hoje.

 


 

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[1] Professor Associado – PPGB/UNIRIO; Doutor em Ciência da Informação – PPGCI IBICT UFRJ.

[2] Professora Associada – PPGCI/UFF e UFBA; Doutora em Ciência da Informação – PPGCI IBICT UFRJ.