EDUCAÇÃO E ARQUIVOS

 interlocuções em eventos científicos

Fernanda de Matos Tostes Sabino[1]

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

fernanda.de.matos.tostes@gmail.com

 

Priscila Ribeiro Gomes[2]

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

priscila.gomes@unirio.br

 

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Resumo

Este artigo é resultado do desenvolvimento de pesquisa relacionada ao Programa de Iniciação Científica da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, que culminou na escrita de trabalho de conclusão do curso de Arquivologia.  O objetivo deste estudo voltou-se à realização de um levantamento acerca da produção bibliográfica em torno das interlocuções que envolvem os campos da Arquivologia e Educação, a partir de dois eventos:  Congresso Nacional de Arquivologia (CNA) e a Reunião de Ensino e Pesquisa em Arquivologia (REPARQ), ambos eventos desde a data de criação. Além de apresentar um breve histórico sobre os eventos, a pesquisa também possibilitará aos interessados nos diálogos entre Arquivos e Educação identificar as possibilidades dos temas apresentadas nos eventos. Para atingir os objetivos propostos foram utilizados os métodos de pesquisa bibliográfico e documental acerca das produções do CNA e Reparq, que serviram como base para uma posterior análise comparativa.

Palavras-chave: arquivos; educação; arquivos escolares; eventos científicos.

EDUCATION AND ARCHIVES

 interlocutions in scientific events

Abstract

This article is the result of the development of research related to the Scientific Initiation Program at the Federal University of the State of Rio de Janeiro, which culminated in the writing of a final paper for the Archivology course. The aim of this study was to carry out a survey about the bibliographic production around the dialogues that involve the fields of Archival Science and Education, based on two events: National Congress of Archival Science (CNA) and the Meeting of Teaching and Research in Archival Science, (REPARQ), both events since the creation date. In addition to presenting a brief history of the events, the research will also enable those interested in the dialogues between Archives an Education to identify the possibilities of the themes presented at the events. To achieve the proposed objectives, bibliographic and documentary research methods were used about the productions of CNA and Reparq, which served as a basis for a later comparative analysis.

Keywords: archives; education; school archives; scientific events.

1  INTRODUÇÃO

 A escolha do tema deste estudo surgiu a partir da participação em projeto de iniciação científica intitulado “Arquivo e Escola: reflexões sobre as contribuições da educação patrimonial na tessitura do conhecimento” que tinha entre seus objetivos, enfatizar a importância dos arquivos escolares como fonte de informação, através do funcionamento das instituições educacionais, de modo a possibilitar a compreensão dos fenômenos educativos, buscando conduzir a uma reflexão sobre as possibilidades de ensino e aprendizagem com o uso do patrimônio, inclusive a partir do patrimônio documental.

Devido a relevância e singularidade dos arquivos escolares, buscamos refletir sobre a seguinte problemática: As produções bibliográficas sobre a temática são significativas, levando em consideração a importância das interlocuções que envolvem os campos da Arquivologia e Educação? Para isso foi feito um recorte elegendo dois eventos desde sua criação: Reunião de Ensino e Pesquisa em Arquivologia (Reparq) e Congresso Nacional de Arquivologia (CNA).

Além disso, no contexto atual os arquivos escolares vêm ganhando relevância como importante fonte de consulta para pesquisas realizadas no campo da história da educação. Segundo Vidal (2005):

Os arquivos escolares têm emergido nos últimos dez anos como temática recorrente no campo da história da educação. Relatos de experiências de organização de acervos institucionais, narrativas sobre as potencialidades da documentação escolar para a percepção da cultura escolar pretérita (e presente), publicação de inventários e guias de arquivo, elaboração de manuais e reprodução de documentos (digitados ou digitalizados) vêm mobilizando investigadores da área, renovando as práticas da pesquisa e suscitando o uso de um novo arsenal teórico-metodológico (VIDAL, 2005, p.71).

Este estudo visou  enfatizar o valor dos arquivos escolares como  fonte de pesquisa para a história da educação, e dessa forma incentivar a preservação dos documentos de  caráter jurídico-administrativo, e  também dos documentos oriundos das práticas pedagógicas, que revelam pistas do cotidiano escolar. Percebe-se que estudos levando em conta a finalidade dos arquivos escolares, principamente no campo arquivístico, ainda é muito carente. Gomes e Monteiro (2016) afirmam  que:

A literatura encontrada que trata do uso dos arquivos nos processos educacionais ainda se mostra bastante tímida, tendo em vista as possibilidades de utilização dos arquivos nesses processos, tanto no que diz respeito à necessidade de preservação dos arquivos escolares, que são fundamentais para a melhoria dos currículos escolares e das metodologias utilizadas nas práticas de ensino, quanto atuando como fontes externas às escolas, às quais professores e alunos possam recorrer para atender às suas demandas. As instituições de ensino precisam envidar esforços para essa preservação, que viabilizará a possibilidade de acesso futuro a essas informações, contribuindo para o exercício da cidadania (2016, p. 66-67).

2 A METODOLOGIA

Pensar o percurso metodológico coloca-nos diante das ideias PÉREZ (2009 apud GOMES, 2011), pois adotamos uma perspectiva dialógica na qual as tradicionais fronteiras entre investigação e formação sejam rompidas ao se conceber que a investigação consiste em uma prática de formação. Formação esta, que só será possível a partir do momento em que tivermos a sensibilidade de compartilhar os nossos saberes com outros, acreditando que estes também têm muito a contribuir na tessitura do conhecimento (GOMES, 2011).

Assim sendo, esta pesquisa é de aspecto exploratório e teve como finalidade realizar uma análise quantitativa em torno das produções sobre as interlocuções entre Arquivologia e Educação nas edições do CNA e da REPARQ, conforme mencionado anteriormente, compreendendo estudos que levem em conta a pluralidade de diálogos. Para esse fim, foram utilizados como fonte de pesquisa bibliográfica, os anais dos congressos, além da programação oficial e do caderno de resumos de algumas edições.

Em um segundo momento, buscou-se associar as possibilidades do arquivo enquanto prática alternativa no processo pedagógico, propondo segundo Vidal (2005) um alargamento da noção de documentos arquivísticos na temática educação patrimonial, de modo a contribuir através de uma interação dialógica para um (re)pensar acerca produção de conhecimento. E por último, uma análise e avaliação das reflexões/resultados obtidos com a pesquisa.

3 ARQUIVOS ESCOLARES

De acordo com Bonato (2005 apud MEDEIROS, 2003, p.196) o arquivo escolar é um conjunto de documentos produzidos em decorrência das atividades específicas relacionadas ao funcionamento da instituição educativa, independente de qual seja o suporte ou informação ou a natureza dos documentos.

Já para Mogarro (2005), os documentos que compõem o arquivo escolar são importantes fontes de informação que constituem instrumentos fundamentais para a história da escola e para construção da memória educativa. Mogarro (2005) afirma ainda que os arquivos escolares além de sua função primária de servirem como prova de direito de pessoas ou da administração também possuem uma atribuição informativa, os quais são documentos de onde podem ser coletados dados como por exemplo sobre evasão escolar, número de vagas ofertadas por ano, repetência e etc.

Logo, partindo da premissa de que os documentos de arquivo são o reflexo do seu  produtor, visto que representam as atividades desenvolvidas por uma determinada instituição, os arquivos escolares, por essência, retratam as práticas administrativas e pedagógicas da trajetória da instituição escolar desde a sua fundação através dos documentos produzidos pelos atores educativos e pela própria escola. Dessa forma, sendo parte fundamental da construção da memória escolar e de sua identidade histórica, representando seu patrimônio documental. Para Mogarro (2005, p.105):

Os fundos arquivísticos [de uma escola] são constituídos por documentos específicos, produzidos quotidianamente no contexto das práticas administrativas e pedagógicas; são produtos da sistemática “escrituração” da escola e revelam relações sociais que foram sendo desenvolvidas pelos actores    educativos. A instituição escolar constitui o universo de uma cultura própria e sedimentada historicamente, sendo também a produtora dos traços/documentos dessa cultura. Esses documentos configuram, na sua diversidade variedade, o patrimônio educativo de cada instituição – o espaço físico (edifício e zona envolvente) corporiza esse universo; os espólios arquivístico, museológico e bibliográfico integram os documentos, portadores de informações valiosas e que trazem, do passado até o presente, aspectos da vida da escola e que tornam  possível escrever o itinerário da instituição.

Desse modo, os arquivos escolares dispõem de informações valiosas que colaboram para a difusão do conhecimento, para a Memória Social e para a pesquisa histórica, científica ou tecnológica de um País, sendo uma importante fonte de pesquisa. Pode-se compreender a importância desses arquivos quando Vidal (2004, p.11 apud BARLETTA, 2005, p. 107) fala que:

Tomados em sua materialidade, esses objetos permitem não apenas a percepção dos conteúdos ensinados, a partir de uma análise dos enunciados e das respostas; mas o entendimento do conjunto de fazeres ativados no interior da escola. Assume destaque, por exemplo, a maneira como o espaço gráfico da  página de exercício, do caderno ou da prova é organizado; utilizando-se de formulas indicativas de início ou encerramento de atividades ou dia letivo; definindo uma hierarquia de saberes.[...] Esses objetos culturais e muitos outros, individuais e coletivos necessários ao funcionamento da aula trazem as marcas da modelação das práticas escolares, quando observados na sua regularidade. Mas portam índices das subversões cotidianas a esse arsenal modelar, quando percebidos em sua diferença, possibilitando localizar vestígios de como os usuários lidam inventivamente com a profusão material da escola e das mudanças, às vezes imperceptíveis, que impetram nessas mesmas práticas escolares. O concurso de outras fontes como fotografia, autobiografias, história oral e de vida, para citar algumas, pode ainda aumentar a compreensão desses “fazeres com” e da constituição de corporiedades nos sujeitos da escola.

O arquivo escolar também reflete a história da sociedade, uma vez que através desse acervo pode-se entender o comportamento da comunidade aonde está inserida de acordo com as disciplinas ensinadas. A variação das matérias incluídas e excluídas do currículo escolar retrata as mudanças sócio-econômicas do País e da orientação política dos governos que se sucederam no decorrer da história. Por exemplo, na época do Império na grade curricular das escolas havia disciplinas como corte e costura para as meninas e geometria para os meninos. Durante a Ditadura Militar era obrigatório, tanto nas escolas particulares quanto nas públicas, o ensino das matérias Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política Brasileira, que entraram no lugar de Filosofia e Sociologia. Ao longo do tempo, muitas matérias já foram inseridas e retiradas do currículo escolar ou até mesmo reformuladas, como: Educação religiosa, noções de lavoura e horticultura, marcenaria e economia, costura e economia doméstica, puericultura, estudos sociais e outras, sendo modificadas de acordo com o contexto político, econômico e social.

Quando se fala em educar com patrimônio, em especial, através dos arquivos, pressupomos que ainda é muito tímida a produção bibliográfica, o que demonstra a  importância desta pesquisa, de modo a contribuir para estimular reflexões sobre o assunto.

O arquivo apresenta-se enquanto um instrumento potencializador das práticas educativas. Neste sentido corroboro ao pensamento de Gomes (2011) ao refletir sobre à noção de patrimônio, bem como a relevância do arquivo enquanto instrumento educativo,  pois volta-se para a discussão acerca da elaboração de políticas públicas dirigidas a este  assunto. Nesta perspectiva, a efetivação de políticas públicas para o atendimento de medidas que se proponham a pensar em parcerias entre o arquivo e a escola é essencial  para se repensar esta realidade, a fim de discutir práticas educativas alternativas quem possam contribuir para o processo de formação do sujeito.

Visando as possibilidades de ensino e aprendizagem com o uso do patrimônio Horta, Grunberg e Monteiro (1999, p.6), definem Educação Patrimonial como:

[...] um processo permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo. A partir da experiência e do contato direto com as evidências e manifestações da cultura, em todos os seus múltiplos aspectos, sentidos e significados, o trabalho da Educação Patrimonial busca levar as crianças e os adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto destes bens, e propiciando a geração  e a produção de novos conhecimentos, num processo contínuo de criação cultural.

Logo, a educação patrimonial, apresenta-se como uma alternativa voltada para experiências com o uso do patrimônio, seja material ou imaterial. O trabalho que envolve  a educação patrimonial requer ações contínuas e não apenas pontuais. Por isso, configura- se como um processo que requer metodologia e etapas de trabalho levando em consideração os diferentes públicos. Nesse sentido, reiteramos a relevância do arquivo, enquanto patrimônio cultural, e enfatizamos a urgência de medidas que se proponham a pensar em parcerias entre o arquivo e a escola, a fim de discutir práticas educativas alternativas que possam contribuir para o processo de formação do sujeito.

4 CONGRESSO NACIONAL DE ARQUIVOLOGIA - CNA

O Congresso Nacional de Arquivologia (CNA) é um dos Eventos Científicos mais importantes da área de Arquivologia, que vem sendo realizado a cada dois anos desde 2004. É um evento no qual participam profissionais de diversas áreas do conhecimento, possibilitando o debate e a discussão de problemas enfrentados pela área e suas possíveis soluções. Até o ano de 2022 foram realizadas 9 edições do evento, tendo sido cancelada a edição de 2020 em virtude da pandemia de COVID-19.

No decorrer do CNA, além de haver apresentações de uma diversidade de trabalhos científicos oriundos de diferentes regiões do País, também ocorrem reuniões plenárias e eventos paralelos. As apresentações do evento são divididas em eixos temáticos que estão direta e/ou indiretamente relacionados ao tema da edição do evento e após são realizados debates, possibilitando reflexões de diferentes pontos de vista arquivístico e até de outras áreas do conhecimento.

O CNA foi criado com a proposta de refletir sobre o campo da Arquivologia através da participação da comunidade arquivística formada por profissionais e discentes por meio do intercâmbio de ideias e experiências no meio profissional e acadêmico (pesquisas). O CNA colabora substancialmente para a discussão de classe com o debate de novas ideias e diferentes visões que resultam no surgimento de novos conceitos e novos conhecimentos, contribuindo até mesmo para o desenvolvimento de novas políticas e novas leis. Além disso, o CNA possibilita a atualização dos profissionais participantes, uma vez que explora novas tendências e ideias da área de Arquivologia, por meio da abordagem de temas contemporâneos. 

O I CNA aconteceu em 2004 na Universidade de Brasília organizado pela Associação Brasiliense de Arquivologia (ABArq) e o tema foi: Os Arquivos do século XXI: políticas e práticas de acesso às informações. Foram apresentados 75 trabalhos (comunicações) e aconteceram 13 mesas redondas e 13 sessões plenárias temáticas para debates e discussões reflexivas acerca da temática principal do evento.

A segunda edição do CNA aconteceu em Porto Alegre em 2006, tendo como tema: Os desafios do arquivista na sociedade do conhecimento. O evento foi organizado pela Associação dos Arquivistas do Estado do Rio Grande do Sul em parceria com o Arquivo Público do Estado do Rio grande do Sul (APERS), com o curso de Arquivologia/Departamento de Documentação da Universidade Federal de Santa Maria e o Departamento de Biblioteconomia e Documentação da Universidade do Rio Grande do Sul, com o Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho, com a Assembleia Legislativa  do Rio Grande do Sul, com o Ministério Público do Rio Grande do Sul e com o Tribunal de Justiça do Estado. Foram apresentados 33 trabalhos (30 comunicações livres e 3 pôsteres). Além de palestras, sessões plenárias e eventos paralelos. Além disso, na segunda edição do CNA surgiu a Executiva Nacional de Associações Regionais de Arquivologia (ENARA), com a responsabilidade de organizar o CNA em conjunto com as associações regionais do Estado sede do Congresso.

O III CNA foi realizado em outubro de 2008 na cidade do Rio de Janeiro, tendo como temática a “Arquivologia e suas múltiplas interfaces”. Foi organizado pelo ENARA e pela Associação dos Arquivistas do Estado do Rio de Janeiro (AAERJ). No decorrer do evento ocorreram 45 apresentações de trabalhos, palestras, 3 sessões plenárias e 5 eventos paralelos (IV Reunião de Arquivos Judiciais, I Encontro Nacional de Arquivos Médicos, I Encontro Nacional de Documentação do Setor Energético, V Encontro de Paleografia e Diplomática e o II Encontro de Arquivos do Poder Legislativo).

O IV CNA aconteceu na cidade de Vitória – Espírito Santo em outubro de 2010, foi organizado pela Associação de Arquivistas do Estado do Espírito Santo e teve como tema: “A gestão dos documentos arquivísticos e o impacto das novas tecnologias de Informação e Comunicação”.  Foram apresentadas 87 comunicações e foram realizados 3 sessões plenárias e 11 encontros paralelos. 

O V CNA aconteceu na cidade de Salvador -Bahia e reuniu 18 eventos paralelos, 10 sessões plenárias e sua programação foi constituída por 9 sessões de comunicações livres, que concentraram a apresentação de 134 trabalhos. Foi organizado pela Associação dos Arquivistas da Bahia e o tema do evento foi: “Arquivologia e Internet: Conexões para o futuro”.

O VI CNA ocorreu na cidade de Santa Maria no Rio Grande do Sul em outubro de 2014 com o tema: “Arquivologia: sustentabilidade e inovação” e foi organizado pela Associação dos Arquivistas do Rio Grande do Sul (AARS). Foram apresentados 85 trabalhos (58 comunicações orais e 27 pôsteres). Em 2014 a ENARA foi extinta, sendo substituída pelo Fórum Nacional das Associações de Arquivologia no Brasil (FNarq). Segundo o site da Fnarq, a entidade foi criada como um fórum permanente, de abrangência Nacional, com o objetivo de dar voz às demandas da Arquivologia no Brasil. Além disso, busca promover aproximação entre as associações regionais existentes.

O VII CNA foi realizado na cidade de Fortaleza - Ceará em outubro de 2016 com o tema: “Arquivologia: da interdisciplinaridade à interoperabilidade” e organizado pela Associação dos Arquivistas do Ceará. Foram apresentados 58 artigos e 11 resumos expandidos.

O VIII CNA aconteceu na cidade de João Pessoa - Pernambuco em outubro de 2018 com o tema: “Ética, responsabilidade social e políticas de acessibilidade para a Arquivologia”. Foram aprovados 85 trabalhos distribuídos nas seguintes modalidades 16 banners para estudantes de graduação, 25 relatos de experiência e 44 trabalhos acadêmicos divididos nos oito eixos definidos pela Comissão Científica.

O IX CNA foi realizado recentemente na cidade de Florianópolis - Santa Catarina em abril de 2022, com o tema: “A transformação digital e o papel social do arquivista”. Foram apresentados 67 trabalhos nas modalidades artigos completos e resumo expandido. Aconteceram 05 sessões plenárias e 7 eventos paralelos.

 

4.1 MAPEAMENTO DOS TRABALHOS QUE FAZEM REFERÊNCIA AO TEMA ARQUIVOS E EDUCAÇÃO NO CNA

 

Através do levantamento feito por meio da coleta de dados nos anais na programação do CNA[3], apurou-se que foram apresentados 669 trabalhos. Constatou-se que destes 669 (trabalhos, por meio de averiguação dos seus títulos e resumos, verificou-se que somente 10 trabalhos fazem referência a temática arquivos e educação como pode ser observado no gráfico a seguir.

No primeiro CNA dos 75 trabalhos apresentados, somente 2 trabalhos eram relacionados ao tema Arquivos e Educação. Os artigos encontrados foram: “A Função Educativa das Instituições Arquivísticas Públicas” e “Museu Pedagógico: A Intervenção Acadêmica como ação de preservação de fontes para a História da Educação do Sudoeste da Bahia”.

O trabalho “A Função Educativa das Instituições Arquivísticas Públicas” aborda a relação que existe entre a função educativa dos arquivos públicos e as instituições escolares como importantes colaboradores para a construção do conhecimento e para a formação do cidadão. O texto fala ainda sobre o emprego da documentação sob guarda dos arquivos como recurso em práticas pedagógicas com alunos do Ensino Médio.

 

Gráfico 1 Mapeamento dos trabalhos apresentados no CNA relacionados ao tema Arquivos e Educação

                 Fonte: Dados de Pesquisa.

O trabalho “Museu Pedagógico: A Intervenção Acadêmica como Ação de Preservação de Fontes para a História da Educação do Sudoeste da Bahia” relata uma medida de intervenção que à época estava sendo realizada em arquivos de escolas extintas e que estava sob a guarda da Diretoria Regional de Educação e Cultura da Região (DIREC-20), conforme os objetivos fins do Museu pedagógico: de rastreamento, catalogação, preservação e musealização de qualquer tipo de documento (escrito, sonoro, fílmicos ou fotográficos), considerados importantes para a história da educação do município de Vitória da Conquista e região Sudoeste do Estado da Bahia.

No II e III CNA não foi encontrado nenhum trabalho relacionado ao tema arquivos e educação.

No IV CNA dos 87 trabalhos apresentados apenas três faziam referência ao tema arquivos e educação. Os artigos encontrados foram: “A aplicação da normalização arquivística no tratamento e recuperação das informações em arquivos históricos escolares”, “A preservação de Arquivos Escolares diante da ausência de políticas públicas arquivísticas: o caso do Colégio Liceu Paraibano” e “Diagnóstico do arquivo da escola pública estadual Dr. Fernando Moura Cunha Lima na cidade de João Pessoa/PB”.

O artigo “A aplicação da normalização arquivística no tratamento e recuperação das informações em arquivos históricos escolares” retrata as características singulares dos arquivos históricos escolares e a importância deles como fonte de pesquisa para os estudos sobre as instituições escolares no Brasil. Faz uma reflexão sobre a imprescindibilidade de tratamento arquivístico da massa documental permanente armazenada nos arquivos das instituições de ensino, sejam elas públicas ou privadas, destacando a diversidade de tipologias documentais que compõem esses acervos, que disponibilizam não só informações administrativas de caráter probatório, mas também uma variedade de registros sobre as práticas pedagógicas e o cotidiano escolar. Além disso, salienta que a descrição desses arquivos possibilitaria uma recuperação eficiente desses documentos, inclusive por outros sistemas, assim estendendo as possibilidades de cooperação entre arquivos. 

O artigo “A preservação de arquivos escolares diante da ausência de Políticas Públicas Arquivísticas” destaca a potencialidade dos arquivos escolares como fonte de informação sobre os docentes, discentes e funcionários, políticas educacionais e comportamento social. Todavia, nota-se uma escassez de diretrizes e parâmetros específicos na organização e preservação desses acervos documentais. O estudo buscou analisar a existência ou não de políticas públicas direcionadas para os arquivos escolares.

O estudo “Diagnóstico do arquivo da escola pública estadual Dr. Fernando Moura Cunha Lima na cidade de João Pessoa/PB” se propôs a realizar um diagnóstico da situação técnica e de conservação do arquivo da Escola Estadual Dr. Fernando Moura Cunha Lima. Essa análise foi feita fundamentada na abordagem comparativa com as proposituras teóricas voltadas para o tratamento e a preservação de arquivos escolares. Para esse fim, foi utilizada como técnica metodológica o preenchimento de fichas diagnósticas elaboradas, especificamente para essa finalidade. A análise dos dados coletados foi realizada de acordo com procedimentos quantitativos e qualitativos. Os resultados indicaram diversas falhas em relação à conservação. Mostraram também a falta de uma política interna voltada para a gestão documental, sobretudo em uma escola que é considerada modelo.  

No V CNA dos 134 trabalhos presentes nos anais do evento, somente três estavam relacionados ao tema arquivo e educação. São eles: “Arquivo e escola: a contribuição da internet na difusão das práticas educativas”, “Acesso e uso da informação em arquivos sob as perspectivas de difusão cultural e ações educativas” e por último “Arquivo digital escolar (ARQDESC) arquitetura de um sistema informatizado para o arquivo da escola José Lins do Rêgo”.

O artigo “Arquivo e escola: a contribuição da internet na difusão das práticas educativa compartilha experiências do projeto de extensão Ensinar e Aprender nos/com Arquivos: (re)vendo as práticas pedagógicas”, que inclusive é um dos projetos que deram origem a essa pesquisa como já foi mencionado anteriormente, realiza uma reflexão sobre o que está sendo discutido na esfera das instituições Arquivo e Escola, considerando esses espaços essenciais para a organização do conhecimento. Para a realização da pesquisa foi escolhido o Centro de Memória do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro, que tem aproximadamente 130 anos de existência e cujo material retrata sua cultura escolar. Seu acervo acondiciona uma diversidade de documentos que contém informações importantes ainda desconhecidas por muitos.

O artigo “O trabalho Acesso e uso da informação em arquivos sob a perspectiva dos serviços de difusão cultural e ações educativas” buscou mostrar a importância do arquivo como ferramenta sóciopedagógica no uso da informação para a construção do conhecimento, assim como já acontece com as Bibliotecas e Museus. Dessa forma o artigo analisa os serviços complementares dos arquivos permanentes que conjecturem o acesso e uso de sua documentação, como é o caso da Difusão Cultural (DF) e Ações Educativas (AC).

 O artigo “Arquivo Digital Escolar (ARQDESC) Arquitetura de um sistema informatizado para o arquivo da Escola José Lins do Rêgo fala sobre o projeto de pesquisa apresentado como componente curricular da disciplina Projeto de Pesquisa em Arquivologia. A pesquisa apresenta a proposta de implantação de um software, que facilite o acesso à informação dos alunos, agilizando o trabalho da secretaria e dos professores no preenchimento das cadernetas e históricos escolares e o trabalho do arquivista que irá alimentar o sistema com as informações contidas no arquivo permanente da escola. Dessa forma, os históricos, certificados e declarações serão produzidos no sistema, viabilizando a impressão dos mesmos quando necessário.

No VI CNA das 58 comunicações orais e 27 pôsteres apresentados, num total de 85 trabalhos, somente 1 artigo fazia referência ao tema arquivos e educação. O trabalho Educação Patrimonial: arquivo, memória e cidadania fala sobre a inserção da educação patrimonial como prática pedagógica, possibilitando que o aluno se reconheça e se envolva no processo de ensino e aprendizado.  O artigo fez um levantamento bibliográfico dos trabalhos já publicados que abordassem experiências de preservação de uma memória coletiva visando à educação e à formação de cidadãos, utilizando os arquivos como ferramenta nas práticas escolares.

No VII CNA também não houve a ocorrência de nenhum artigo voltado para o tema educação e arquivos.

No VIII CNA dos 68 trabalhos apresentados apenas um guardava relação com o tema arquivos e educação.  O artigo “Ações Educativas em Arquivos: Relato de experiência em oficinas socioeducativas na rede municipal de ensino em Santarém”, Pará fala sobre o projeto de extensão “A conservação e Preservação da Memória Institucional”, que apresenta a atuação do Arquivo Central da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), em ações socioeducativas, com foco em escolas da rede municipal. As temáticas abordadas buscaram trabalhar através de ações educativas e atividades práticas, a conscientização sobre o cuidado da conservação com os livros reutilizáveis disponibilizados pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), buscando a maior durabilidade e usabilidade destes pelos alunos.

No IX CNA também não foi encontrado nenhum trabalho sobre a temática arquivos e Educação.

 

5 REUNIÃO DE ENSINO E PESQUISA EM ARQUIVOLOGIA - REPARQ

Outro evento de destaque no campo é a Reunião de Ensino e Pesquisa em Arquivologia, que foi criada por iniciativa do Fórum Nacional de Ensino e Pesquisa em Arquivologia (FEPARQ) com a finalidade de reunir representantes da área, como os coordenadores de todos os cursos de graduação de Arquivologia do Brasil, docentes, discentes, pesquisadores e profissionais que tenham como objeto de estudo temáticas arquivísticas, com o propósito de ampliar os debates acadêmicos e científicos, possibilitando o intercâmbio de experiências sobre o ensino e pesquisa em Arquivologia.

Em um primeiro momento foi acordado que as reuniões ocorreriam anualmente e seriam organizadas pelas universidades que oferecem cursos de graduação em Arquivologia, mas a partir do II REPARQ foi decidido que o evento seria realizado a cada dois anos. Do mesmo modo que o CNA os trabalhos são divididos e apresentados por eixos temáticos e depois são realizados alguns debates.

A I REPARQ aconteceu em junho de 2010 na Universidade de Brasília e reuniu todos os coordenadores dos Cursos de Arquivologia do País. Cada um dos coordenadores fez uma apresentação e após foram realizados debates. Essa I Reunião teve como resultado deliberações, recomendações específicas e uma moção.

A II REPARQ aconteceu em novembro de 2011 na cidade do Rio de Janeiro, reunindo docentes, alunos de graduação e pós-graduação e pesquisadores do campo arquivístico e foi organizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO), e teve como tema - Novas dimensões da Pesquisa e do Ensino da Arquivologia no Brasil. Foram apresentadas 20 comunicações.

A III REPARQ foi realizada em outubro de 2013 na cidade de Salvador e foi organizada pelo Instituto de Ciência e Informação da Universidade Federal da Bahia. O evento teve apresentação de 31 comunicações e teve como tema: Perfil, evolução e perspectivas do ensino e da pesquisa no Brasil.

A IV REPARQ ocorreu em agosto de 2015 na cidade de João Pessoa em Pernambuco. Teve como instituições organizadoras e realizadoras as coordenações dos cursos de graduação em Arquivologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Teve como tema -Pesquisa e Ensino da Arquivologia no Brasil: o Estado da arte, e contou com 26 trabalhos.

A V REPARQ foi realizada em Belo Horizonte em novembro de 2017. O evento foi organizado pela Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O tema foi: Ensino e Pesquisa em Arquivologia: cenários prospectivos, e foram apresentados 37 trabalhos.

A VI REPARQ aconteceu em setembro de 2019 na cidade de Belém no Pará. O evento foi coordenado e organizado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), com apoio da Fundação Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP) e CAPES. A temática foi “A pesquisa e o ensino em Arquivologia: perceptivas na era digital”, com um total de 31 trabalhos.

A VII da REPARQ foi realizada em junho de 2022 pela segunda vez na Universidade Federal do Rio de Janeiro com o tema “Arquivos, Democracia e Justiça Social. As apresentações foram feitas em simpósios temáticos em duas modalidades: presencial e online. Foi a edição com maior número de trabalhos apresentados, total de 192.

 

5.1 MAPEAMENTO DOS TRABALHOS QUE FAZEM REFERÊNCIA AO TEMA ARQUIVOS E EDUCAÇÃO NA REPARQ

 

Através do levantamento feito por meio da coleta de dados nos anais na programação da REPARQ[4], apurou-se que foram apresentados 337 trabalhos. Constatou-se que destes 337 trabalhos, por meio de averiguação dos seus títulos e resumos, verificou-se que somente 30 trabalhos fazem referência a temática arquivos e educação como pode ser observado no gráfico a seguir.

Gráfico 2 – Mapeamento dos trabalhos apresentados na REPARQ relacionados ao tema Arquivos e Educação

 

          Fonte: Dados de Pesquisa.

Na II REPARQ dos 20 trabalhos apresentados havia um referente ao tema arquivos e educação. O artigo encontrado foi “Arquivologia e Pedagogia Arquivística: Bases para uma habilitação que ensine o arquivista a educar”. O trabalho buscou conceituar Pedagogia Arquivística e proporcionar embasamento para os cursos de Arquivologia que tiverem interesse em incorporar em seus currículos disciplinas de capacitação para a função arquivística de educar. A pesquisa conclui que há uma escassez de literatura nacional sobre educação nos arquivos, além da carência de uma formação que englobe Pedagogia Arquivística e também a inexistência de eventos na área sobre essa temática.

Nas III, IV e a V REPARQ não identificamos trabalho pertinente ao tema arquivos e educação.

Na VI REPARQ dos 31 trabalhos apresentados, somente 1 artigo mantinha relação com o tema arquivos e educação. O trabalho “Arquivo e Educação: Diálogos e Possibilidades” retrata um estudo realizado no contexto do Programa de Pós-graduação em Gestão de Documentos e Arquivos, da UNIRIO, estabelecendo interlocuções entre os campos da Arquivologia e Educação, denotando as alternativas de estudos que atravessam as duas áreas do conhecimento. Dessa forma, o trabalho dá ênfase aos arquivos escolares como importante fonte de pesquisa que precisa ser explorado pela Arquivologia, dado que os estudos sobre o tema são escassos e grande parte dessas reflexões sobre a temática é procedente do campo da Pedagogia. Portanto, o artigo argumenta a necessidade de uma aproximação entre as duas áreas.

Na sétima edição da REPARQ ocorreram dois simpósios temáticos que estavam relacionados ao tema arquivos e Educação. São eles: “A pedagogia na Arquivologia e nos arquivos”, coordenado pelas professoras: Eliete Correia dos Santos e Maria Meriane Vieira Rocha e “Arquivos, acervos e universos educativos, coordenado pelos professores: Priscila Ribeiro Gomes e Ramsés Nunes e Silva.  A submissão das propostas ocorreu, inicialmente, por meio de resumo expandido. Desse modo, os dois simpósios totalizaram 28 resumos[5].

 

6 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Ao realizar o levamento dos trabalhos apresentados tanto no CNA quanto na REPARQ, verificou-se que a incidência do tema Arquivos e Educação é muito exígua, não chegando a 10% do total dos trabalhos apresentados nos eventos. No entanto, apesar de poucos artigos abordarem a temática Arquivos e Educação, numa perspectiva voltada para a relevância do documento nas práticas pedagógicas, observou-se que outros estudos do campo da Arquivologia eram realizados em Arquivos de Instituições Educacionais (principalmente universitários) e/ou com base nos acervos sob custódia dessas Instituições. 

 Além disso, cabe ressaltar que a maior parte das pesquisas é feita sobre ou com documentos de arquivos universitários. Já os arquivos escolares são bem menos utilizados, mesmo sendo de grande importância para a memória das escolas, para a memória do bairro onde ela está localizada e para a história da educação. Assim sendo, relacionamos os trabalhos, dividimos em categorias e classificamos de acordo com os temas dos artigos conforme o quadro 3 que pode ser observado no Quadro 3.

 

A partir dos dados coletados percebeu-se que os trabalhos que abordam a temática arquivos e Educação representam apenas 3,97% do total de trabalhos apresentados no CNA e no REPARQ. Já os artigos que de alguma forma fazem menção a arquivos de instituições educacionais representam uma parcela maior de 15,5%.

 

 

 

 

Quadro 3 –  Classificação do trabalhos apresentados no CNA e no REPARQ que faziam referência a instituições educativas

Classificação dos trabalhos apresentados no CNA e no REPARQ que faziam referência a Instituições Educativas

Quantitativo de Trabalhos

Trabalhos relacionados a temática Arquivos e Educação

40

Trabalhos que tiveram como objeto de estudo as práticas de gestão documental de documentos e/ou acervo arquivístico universitário.

43

Trabalhos que tiveram como objeto de estudo as práticas para preservação, difusão e/ou acesso de documentos e/ou acervo arquivístico universitário.

36

Trabalhos que tiveram como objeto de estudos as práticas de ações educativas realizadas por instituições arquivísticas.

1

Pesquisas realizadas em um arquivo e/ou centro de documentação universitário.

17

Pesquisas realizadas no arquivo de uma instituição de ensino

5

Trabalhos que tiveram como objeto de estudo práticas pedagógicas na universidade

13

Pesquisas realizadas no arquivo de uma instituição de ensino em saúde.

4

Pesquisas que utilizaram documentos produzidos pela universidade e/ou do acervo/arquivo universitário para realizar a pesquisa

35

Pesquisas que utilizaram documentos produzidos por uma Instituição de Ensino e/ou do acervo/arquivo da Instituição Educativa para realizar a pesquisa.

2

TOTAL

156

Fonte: Dados de Pesquisa.

Outra informação que se verificou é que dentre os artigos que se referiam ao tema Arquivos e Educação e dos trabalhos que fazem alusão aos arquivos de instituições educacionais, apenas 4 falavam sobre o acervo de escolas, sendo a maior parte dos trabalhos realizados em arquivos universitários. Acredita-se que isso aconteça em função da existência de poucos atos normativos sobre a organização, preservação e acesso dos arquivos das escolas de educação básica e ensino médio. Percebeu-se a partir dso trabalhos que a maior parte das escolas não cumpre com seu dever de preservação do arquivo, desconsiderando seu valor informativo e histórico no decorrer do tempo esses arquivos vão se perdendo em função de mudança da direção da escola, de mudança de espaço, falta de gestão arquivística, infestação de insetos e até mesmo enchentes. Além disso, os arquivos escolares são de responsabilidade da instituição educativa e somente são recolhidos pela secretaria de educação ou pelo arquivo estadual ou municipal caso a escola seja extinta, seja ela pública ou privada. E consequentemente a dificuldade de acesso e a perda desses arquivos em função da falta de gestão pode ocasionar sua desvalorização.

 

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo  buscou contribuir para dar visibilidade ao tema e dessa forma colaborar para a produção de novas pesquisas, uma vez que apresentou um levantamento de literaturas sobre as interlocuções entre Arquivos e Educação nos eventos especificados, sendo, portanto, um material importante para os interessados na temática, além de proporcionar um acesso mais rápido aos assuntos relacionados ao tema.

A partir dos resultados obtidos, ficou clara a relevância dos arquivos escolares não apenas para as funções jurídico-administrativas, mas também para pesquisas voltadas para a historiografia educacional. Ficou evidente também o quanto ainda  carecemos de discussões sobre a preservação dos arquivos escolares, de modo a reforçar o manancial de informações que encontramos nesses acervos que, inclusive, quando bem organizadas, podem servir para a prática da educação patrimonial.s

Os arquivos educacionais são muito importantes para a história da educação, pois os documentos produzidos pelas instituições educacionais possibilitam compreender as relações pedagógicas, as relações sociais dentro do ambiente escolar e os processos de ensino-aprendizagem de uma escola em diferentes períodos históricos.

Logo, os arquivos escolares podem ser utilizados como uma importante ferramenta de ensino em sala de aula em diversas disciplinas e até mesmo em atividades extracurriculares como forma de estudar a história local, e elementos da cultura escolar em diferentes períodos, fortalecendo-os como instrumento para construção da cidadania, destacando que além de objeto de investigação  científica, eles também exercem  uma importante função social.

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO DOS ARQUIVISTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Anais do II Congresso Nacional de Arquivologia, 2006. Página da apresentação. Disponível em: https://www.aargs.com.br/IICNA. Acesso em: 15 de nov. 2020.

ASSOCIAÇÃO DOS ARQUIVISTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.

AARS disponibiliza anais do II CNA, 2021. Disponível em:  https://www.aargs.com.br/aars-disponibiliza-os-anais-do-ii-cna/. Acesso em: 15 de nov. 2020.

COMISSÃO ORGANIZADORA DO CONGRESSO NACIONAL DE ARQUIVOLOGIA. I Congresso Nacional de Arquivologia, 2004. Página da apresentação. Disponível em: https://tecnoblog.net/247956/referencia-site-abnt-artigos/. Acesso em: 15 de nov. 2020.

CONGRESSO NACIONAL DE ARQUIVOLOGIA, 3., 2008, Rio de Janeiro. Anais [...]. Rio de Janeiro: Associação dos Arquivistas do Estado do Rio de Janeiro, 2008. 839 p. Tema: Arquivologia e suas múltiplas interfaces. Disponível em: http://www.aaerj.org.br/wp-content/uploads/2012/08/Anais-III-CNA.pdf. Acesso em: 15 de nov. 2020.

CONGRESSO NACIONAL DE ARQUIVOLOGIA, 4., 2010, Vitória. Anais [...]. Vitória: Associação dos Arquivistas do Estado do Espírito Santo, 2010. 1.997 p. Tema: A gestão de documentos arquivísticos e o impacto das novas tecnologias de informação e comunicação. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1nsJ_swVnZzBlIWAJLVXLy8bzjb9TiWln/view. Acesso em: 15 de nov. 2020.

CONGRESSO NACIONAL DE ARQUIVOLOGIA, 5., 2012, Salvador. Anais [...]. Salvador: Associação de Arquivistas da Bahia, 2012. 1.982 p. Tema: Arquivologia e Internet: Conexões para o Futuro. Disponível em: https://www.arquivista.net/AnaisEventos/cna2012/AnaisVCNA2012.pdf. Acesso em: 15 de nov. 2020.

CONGRESSO NACIONAL DE ARQUIVOLOGIA, 6., 2014, Santa Maria. Anais [...]. Santa Maria: Associação dos Arquivistas do Rio Grande do Sul, 2014. 1.277 p. Tema: Arquivologia, sustentabilidade e inovação. Disponível em: https://www.slideshare.net/dfloresbr/arquivologia-sustentabilidade-e-inovao-vi-congresso-nacional-de-arquivologia-anais-do-vi-cna-2014. Acesso em: Acesso em: 15 de nov. 2020.

FÓRUM NACIONAL DE ENSINO E PESQUISA EM ARQUIVOLOGIA (FEPARQ). Histórico, c2020. REPARQ. Disponível em: https://feparq.org/hist%C3%B3rico-3. Acesso em: Acesso em: 15 de nov. 2020.

FÓRUM NACIONAL DAS ASSOCIAÇÕES DE ARQUIVOLOGIA DO BRASIL (FENARQ). CNAS, c2021. Edições anteriores. Disponível em: https://fnarq.com.br/cnas/. Acesso em: Acesso em: 17 de mar.2021.

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GOMES, Priscila Ribeiro; MONTEIRO, Magno.  Arquivo e Escola: buscando ações extensionistas como possibilidade de aproximação. Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016, p. 61 - 80. 

HORTA, Maria de Lourdes Parreiras; GRÜNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane Queiroz. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional / Museu Imperial, 1999.

MOGARRO, M. J. Arquivos e educação: a construção da memória educativa. In: Revista Brasileira de História da Educação, São Paulo, n. 10, jul./dez.2005, p. 75-99.

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REUNIÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM ARQUIVOLOGIA, 4., 2015, João Pessoa. Anais [...]. João Pessoa: Editora da UFPB, 2015. 794 p. Tema: Pesquisa e Ensino da Arquivologia no Brasil: o estado da arte. Disponível em: http://www.editora.ufpb.br/sistema/press5/index.php/UFPB/catalog/download/96/24/435-1?inline=1. Acesso em: Acesso em: 15 de nov. 2020.

REUNIÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM ARQUIVOLOGIA, 5., 2017, Belo Horizonte. Anais [...]. Belo Horizonte: Escola de Ciência da Informação, 2017. 728 p. Tema: Ensino e pesquisa em Arquivologia: cenários prospectivos. Disponível em: http://vreparq.eci.ufmg.br/wp-content/uploads/2018/10/Ensino-e-pesquisa-em-arquivologia-cenarios-prospectivos.pdf. Acesso em: Acesso em: 15 de nov. 2020.

REUNIÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM ARQUIVOLOGIA, 6., 2019, Belém do Pará. Anais [...]. Belém do Pará: Editora da UFPA, 2019. 324 p. Tema: A pesquisa e o Ensino em Arquivologia: perspectivas na era digital. Disponível em: https://img1.wsimg.com/blobby/go/3fad2ac5-e41c-45fb-8a0c-3e53f062ad49/downloads/A%20PESQUISA%20E%20O%20ENSINO%20EM%20ARQUIVOLOGIA_PERSPECT.pdf?ver=1601511421117. Acesso em: Acesso em: 15 de nov. 2020.



[1]Bacharel em Arquivologia pela da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

[2]Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).  Professora Associada do Departamento de Arquivologia (UNIRIO).

 

[3] Para realizar o levantamento de dados utilizou-se as informações disponíveis sobre todas as edições no site do Fórum Nacional das Associações de Arquivologia do Brasil - FNArq (https://fnarq.com.br/cnas/). Para coleta de dados do I CNA coletou-se dados no site do evento na parte de trabalhos aprovados. No II CNA coletou-se dados no site do evento na parte de programação, eventos e palestras. Do III ao VI CNA foram coletados dados nas versões digitais dos Anais do Evento. Para o VII e VIII CNA’s foram utilizadas as publicações no site da Revista Analisando em Ciência da Informação (RACIn) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). E do IX CNA utilizou-se somente a programação geral disponível no site da FNArq. Cabe ressaltar que mesmo não tendo acesso a todos os Anais, foi possível acessar os trabalhos publicados em todas as edições do evento, exceto pela IX edição que foi realizado muito recentemente.

[4] Para o levantamento de dados utilizou-se as informações sobre todas as edições disponíveis no site do Fórum Nacional de Ensino e Pesquisa em Arquivologia – FEPARQ (https://feparq.org/in%C3%ADcio).  No caso da I REPARQ não foram encontrados os Anais com os primeiros trabalhos, pelo que se pôde entender foi uma reunião entre todos os coordenadores dos cursos de Arquivologia do Brasil. Na segunda REPARQ foram coletados dados da parte de trabalhos aprovados no site do Evento. Da III a VI REPARQ coletou-se dados das versões digitais dos anais do Evento. E na VII REPARQ como foi realizado muito recentemente os dados coletados foram os disponíveis na programação geral do evento. Mesmo não tendo acesso a todos os anais, foi possível acessar os trabalhos apresentados em todas as edições do evento, com exceção da VII edição que foi realizada em Junho de 2022.

[5] Os resumos listados não se referem à publicação nos anais, apenas à aprovação disponível na plataforma even3.