“Afinidades eletivas” entre Paul Singer e Raymond Williams

educação-hegemonia cultural-socialismo autogestionáio

Claudio Nascimento[1]

Centro de Ação Comunitária

claudan@terra.com.br

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Resumo

Este ensaio traça ‘afinidades eletivas’ (Michael Löwy) entre as ideias de dois teóricos da autogestão: o brasileiro Paul Singer e o inglês Raymond Williams. Alguns eixos temáticos se destacam: ‘revolução longa’, ‘educação de adultos”, “socialismo”, “autogestão”, “saberes”, “estrutura de sentimento”, “educação popular”. Em Singer e Williams destaca-se a influência de Antonio Gramsci, com sua ideia de ‘hegemonia cultural’. Em conclusão, podemos ver que as ideias dos dois teóricos são fundamentais para uma política educativa no campo da pedagogia da autogestão/economia Solidária.

Palavras-chave: Socialismo; autogestão;  hegemonia; economia solidária; educação popular; comunidade.

 

“ELECTIVE AFFINITIES”BETWEEN PAUL SINGER AND RAYMON WILLIAMS

 education-cultural hegemony-self-managed socialismo

Abstract

This essay traces ‘elective affinities’ (Michael Löwy) between the ideas of two self-management theorists: the Brazilian Paul Singer and the English man Raymond Williams. Some thematic axes stand out: 'long revolution', 'adult education', 'socialism', 'self-management', 'knowledge', 'structure of feeling', 'popular education'. In Singer and Williams, the influence of Antonio Gramsci stands out, with his idea of ​​'cultural hegemony'. In conclusion, we can see that the ideas of the two theorists are fundamental for an educational policy in the field of pedagogy of self-management/Solidarity economy.

Keywords: Socialism; self-management;  hegemony;  solidary economy; popular education; community.

“AFINIDADES ELECTIVAS ENTRE PAUL SINGER Y RAYMOND WILLIAMS

 educación-hegemonía cultural-socialismo autogestionario

Resumen

Este ensayo rastrea las “afinidades electivas” (Michael Löwy) entre las ideas de dos teóricos de la autogestión: el brasileño Paul Singer y el inglés Raymond Williams. Se destacan algunos ejes temáticos: 'revolución larga', 'educación de adultos', 'socialismo', 'autogestión', 'saberes', 'estructura del sentir', 'educación popular'. En Singer y Williams destaca la influencia de Antonio Gramsci, con su idea de 'hegemonía cultural'. En conclusión, podemos ver que las ideas de los dos teóricos son fundamentales para una política educativa en el campo de la pedagogía de la autogestión/Economía Solidaria.

Palabras llave: Socialismo, autogestión, hegemonía, economía solidaria, educación popular, comunidad.

“A prática é o filtro dos princípios” (Paul Singer, Seminário Autogestão/Joinville. dez 2003)

1 Introdução

Esse ensaio tenta traçar ‘afinidades’ entre dois marxistas, um brasileiro Paul Singer, o outro inglês, Raymond Williams. As ‘afinidades’ ocorrem em torno de dois eixos temáticos que são fundamentais em suas ‘visões de mundo’. Um eixo como ‘estratégia política’:

- a concepção de socialismo-autogestão;

- a concepção de ‘Longa Revolução‘(‘revolução social’ x ‘revolução política’).

Outro eixo como ‘concepção da revolução cultural’:

- a visão de ‘processo educativo’;

- a concepção de ‘saberes’ e ‘conhecimentos’.

Estes eixos temáticos são interconectados, constituem uma ‘unidade dialética’. Outros eixos temáticos poderiam ser incorporados, por exemplo: papel da comunicação, visão de ‘comunidade”, visão ecológica e concepção de marxismo.

O ensaio só foi possível ser feito porque já elaboramos ensaios de forma mais sistemática sobre a obra dos dois pensadores, o que nos permitiu ter uma visão das possíveis ‘afinidades’.

 

2 Afinidades eletivas

Esse ensaio tenta traçar ‘afinidades’ entre dois marxistas, um brasileiro Paul Singer, o outro inglês, Raymond Williams. As ‘afinidades’ ocorrem em torno de dois eixos temáticos que são fundamentais em suas ‘visões de mundo’.

A ideia de ‘afinidades’ nos vem da obra de Michael Löwy (1988) sobre “Afinidades Eletivas”. Ao nos adentrarmos nas obras de Williams e Orlando Fals Borda, nos aventuramos a traçar afinidades entre estes pensadores e Paul Singer, de quem já tínhamos abordado suas ideias de forma sistemática. Enfim, o estudo das obras dos três nos chamou a atenção para várias afinidades.

A obra referida de Michael Löwy já nos tinha inspirado, ainda em 1988, quando após um giro pela América Central com um grupo de camponeses da Região Sul do Brasil, estivemos em Nicarágua e Cuba, e nos encantamos com as ideias e história de Carlos Fonseca Amador, líder da revolução sandinista, estudioso do pensamento de Sandino e fundador da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).

De imediato surgiu um sentimento de afinidades entre a história e ideias de Fonseca, Che Guevara e Mariátegui. Um pequeno ensaio tratou de dar conta destas afinidades: “Mariategui, ‘Che’ Guevara, Carlos Fonseca: fontes da revolução na América Latina. Foi publicado junto com um ensaio de Löwy sobre a experiência socialista cubana (Nascimento; Löwy, 1989). Gramsci, Walter Benjamin, Ernst Bloch e Rosa Luxemburgo faziam parte da ‘constelação político-intelectual’ ou ‘filões’ que traçamos nesse ensaio.

Em alguns ensaios, já tratamos das ‘afinidades’ entre Paul Singer e Orlando Fals Borda. Sobre Borda, temos um estudo mais sistemático, intitulado o ‘socialismo raizal’. “O.F. Borda: educação, território e comunidade” (Santos; Nascimento, 2018, p. 193). “Orlando Fals Borda: O socialismo Raizal” (Nascimento, 2022, p. 243).

Assim, no presente ensaio vamos tratar de afinidades entre Singer e o marxista inglês Williams. Também, em alguns ensaios já abordamos, de forma sumária, o pensamento do marxista inglês, e, de modo mais sistemático, em Raymond Williams: o princípio do Máximo de autogestão” (Nascimento, 2021, p. 141).

De início, é importante assinalar que Singer e Williams tiveram inspirações e influências distintas. Singer desde cedo se aprofundou na obra de Rosa Luxemburgo, que lhe acompanhou durante toda sua trajetória, inclusive sendo uma inspiração decisiva para suas ideias sobre economia solidária e mesmo sua concepção de educação e revolução cultural e social. Tal qual Rosa Luxemburgo, destacamos como inspiração para Singer o marxista italiano Antonio Gramsci, com sua ideia de ‘hegemonia cultural’, e, no campo da educação, Paulo Freire, com quem trabalhou junto no governo municipal do Partido dos Trabalhadores em São Paulo conduzido por Luiza Erundina (1988-1992).

Por sua vez, Williams se dedicou, desde cedo, à crítica literária, de onde extraiu muitos de seus conceitos. Reconhece a influência, nos anos 1960, das obras de Lucien Goldmann e sobretudo de Antonio Gramsci. Foi educador de adultos na “Associação Educacional de Trabalhadores”- WEA.

Através de caminhos distintos Singer e Williams construíram suas ideias sobre ‘revolução cultural’, pedagogia e socialismo autogestionário. De espaços diferentes, um no Brasil-América Latina, outro no Reino Unido, País de Gales e Inglaterra, viveram no mesmo período histórico, analisaram as mesmas experiências de construção do socialismo, sobretudo na União Soviética e na Iugoslávia. Ambos foram educadores no campo da ‘educação de adultos’. Através de viagens (Singer também com a experiência de exilado) participaram de uma ‘ecologia de troca de saberes’ em vários continentes. Ambos foram ‘acadêmicos’, militantes e presentes em ‘coletivos’ como Seminário de ‘O Capital” e Cebrap (Singer) e New Left Review (Williams).

Singer foi militante político, desde a Liga Socialista Independente (luxemburguista), o jornal Vanguarda Socialista, nos anos 60, a POLOP, nos anos 80, e o PT. Nestes espaços, esteve ao lado de pessoas como Michael Löwy e Mário Pedrosa. Por sua vez, Williams militou no Partido Trabalhista inglês, no Partido Comunista da Inglaterra,  em movimentos como “Manifest Day” em 1968, e em 1981 foi fundador da Society Socialist, no  CDN (pelo desarmamento nuclear)  e,  esteve ao lado de E.P.Thompson e Perry Anderson, entre outros.

Quando iniciei este ensaio, buscando na internet material mais recente sobre Raymond Williams, me deparei com o ensaio de Carla Beaute e o livro por ela citado Centelhas de transformações: Paulo Freire & Raymond Williams (2021). A segunda parte desse livro chama-se “Afinidades Eletivas”, no caso entre Freire e Williams. Mas, a obra traz poucas análises, traçando ‘afinidades’ entre Williams e Paulo Freire, com exceção de um ensaio que trata dos temas gênero e raça nos dois pensadores. Cada parte do livro trata de um dos dois pensadores, a 1ª parte sobre Paulo Freire e a 2ª parte sobre Williams, de forma isolada. O que os uniu foi o centenário de ambos em 2021.

Anos atrás, em ensaio sobre “os lugares e o papel da educação popular”, nos perguntávamos: “Qual o papel da educação popular na construção de uma contra-hegemonia, mais claramente, na construção de um Projeto Popular para o Brasil?”. (Nascimento, 2020, p. 337). Pensando esse nosso ensaio sobre afinidades entre Singer e Williams, podemos dar outro sentido à pergunta que nos fazíamos: “Qual o papel da educação popular e da cultura na construção do socialismo com base na autogestão social?”.

No ensaio acima citado, para responder a nossa pergunta, mais uma vez, partimos das ideias de Mariategui: “As ideias sobre o papel da educação popular no contexto atual, a partir de Mariategui, para quem a revolução social e a criação de uma nova ordem, qualitativamente superior à civilização burguesa, deixam claro que não era um assunto exclusivamente político e, implicava também uma dimensão ética e cultural” (Nascimento, 2020, p.347), grifos nosso. 

Trazendo esse tema para traçarmos afinidades entre Paul Singer, Raymond Williams, pensamos em alguns eixos temáticos:

- concepção de socialismo/autogestão/revolução social /comunidade.

- hegemonia cultural e papel da educação- popular.

- saberes: “além da vivência” e “estruturas de sentimentos”.

 

3 Concepção de socialismo/ educação popular/revolução cultural

Como secretário da SENAES (2003-2016), Paul Singer desenvolveu uma política pública de economia solidária que tinha uma base fundamental: o projeto educativo-pedagógico. Singer não se cansava de repetir o refrão, a consigna: “A economia solidaria é um ato pedagógico”.

Sua trajetória, desde a época do Movimento DROR, nos anos 50, em que Singer era responsável pela formação política no Movimento, teve a educação - popular como uma constante, era mesmo parte orgânica da sua ideia de socialismo. O que foi levado à economia solidária nos anos 90.

Em relação a Williams e a educação de adultos, John McLlroy em um ensaio, chamou-o de “O desconhecido Raymond Williams”, tratando da atividade de Williams no pós-guerra, quando foi professor de educação de adultos na “Workers’ Educational Association and Adult Education Centres” (McLlroy; Westwood, 1993).  

Voltando à perspectiva mariateguiana, destacamos as ideias de ‘revolução social’ e de ‘dimensão ética e cultural”. Nesse sentido, em Singer destacamos  que sua perspectiva de desenvolvimento estava estreitamente relacionada à democracia na economia e na autogestão.

E, nesta perspectiva, Singer compreendia que a transformação da realidade social se daria por um processo democrático e autogestionário que corresponderia a uma revolução social, contrapondo a revolução política (grifos nosso).

Singer entende a revolução política como um fenômeno que: “direciona a energia social para a conquista do poder governamental e estatal”, e, por sua vez, “a revolução social é um processo lento que duraria muito tempo para superar capitalismo como sistema econômico, tal como custou ao capitalismo superar as estruturas feudais” (Nascimento, 2020, p. 400).

Deste modo, segundo Singer, parte significativa da construção do socialismo tem de ser realizada ainda sob hegemonia do capitalismo, construindo uma contra hegemonia numa perspectiva socialista autogestionária (Nascimento, 2020, p. 406).

Nesses pontos, Singer se aproxima das ideias de Raymond Williams, de A Longa Revolução (2023). E, ambos de Gramsci com a ideia de ‘hegemonia cultural’. Também para o marxista inglês, “A curta revolução é, a ‘simples’ tomada dos aparatos do Estado. Por sua vez, em a Longa revolução, Williams parte de Gramsci para quem toda classe, antes de chegar ao poder, deve ter um projeto hegemônico: “Pode e deve existir uma ‘hegemonia política’ inclusive antes de chegar ao governo não se deve contar só com o poder a força material que decorre deste para exercer a direção e a hegemonia política” (Gramsci, 1981, nota 44).

Não por acaso surge o nome de Antonio Gramsci. A questão da revolução cultural e do processo educativo dos subalternos é ponto comum a Gramsci, Singer, Williams e Mariategui. Na verdade, trata-se de uma ‘Constelação Intelectual”. Por exemplo, a crítica argentina Beatriz Sarlo escreve sobre a fortuna de Williams em seu país, e, ao fazer referência a ideia de materialismo cultural do marxista inglês, aponta as afinidades: “Williams rompia assim uma armadilha  de ferro na qual nem mesmo o conceito gramsciano de hegemonia conseguia encontrar saídas. Podia-se ler Williams numa perspectiva gramsciana, o que o aproximava de um marxismo ‘conhecido’: mas também se podia ler Gramsci na perspectiva williamisiana, o que o libertava das versões leninistas” (Sarlo, 1991, p. 88) grifos nosso.

De certa forma cheguei à Williams atraído pela sua ideia de ‘materialismo cultural’, que ia de encontro às ideias de Mário Pedrosa sobre o papel das Artes e da Cultura na revolução social. Quando da realização da 1ª Conferência Nacional da Politica Nacional de Formação da CUT, contribui com um ensaio intitulado “Educação e Cultura. Instrumentos de transformação da classe trabalhadora? (publicado na revista da PNF-CUT, Forma & Conteúdo, edição especial, outubro de1999), tentamos responder à questão que nos foi posta mais uma vez. Recorremos precisamente a Williams e Gramsci, com um leve toque das ideias visionárias de Mariategui e Mário Pedrosa. Essa parte do ensaio tinha por título significativamente, “Com Gramsci, além de Gramsci - ‘o materialismo cultural’ de R. Williams”.

Esta transformação cultural para construção democrática chama-se hegemonia cultural. Tem por objetivo uma transformação radical, que podemos expressar com as palavras da sensibilidade agônica e socialista de Mário Pedrosa: “A crise atual é literalmente mundial. Para compreendê-la é preciso, primeiramente, que cada um se erga a uma consciência do mundo. A obra do mundo sobre o planeta está em pane. Consertá-la, salvá-la, só será possível desta vez pelos grandes meios: uma revolução de ordem total, global, universal e radical. Radical porque descerá às raízes das coisas; universal porque não poupará nenhum canto da terra; global porque não será somente política ou social, mas científica, ecológica, ética. Ela deverá ser a última, porque, se não ocorrer, significará a abertura da crise em toda a sua potencialidade destrutora, cujas transformações sociais, políticas, físicas, ecológicas em seu seio terminarão por levar a humanidade ao fundo do abismo” (Nascimento, 2021, p. 191) grifo nosso.

Prosseguimos com Mário Pedrosa: “A revolução política está a caminho; a revolução social se vai processando de qualquer modo. Nada poderá detê-la. Mas a revolução da sensibilidade, a revolução que irá alcançar o âmago do indivíduo, sua alma, não virá senão quando os homens tiverem novos olhos para olhar o mundo, novos sentidos para compreender suas tremendas transformações e intuição para superá-las. Esta será a grande revolução, a mais profunda e permanente...” (Nascimento, 2021, p. 191).

Fazendo breves parênteses na citação: estas ideias de Mário Pedrosa são do ensaio “Mundo, Homem, Arte em Crise”, de 1975, e revelam a visão antecipadora e de grande atualidade do crítico brasileiro, ao clamar por uma nova ‘estrutura de sentimento’, por uma ‘revolução cultural’.

Retomando nosso ensaio: “Para Gramsci, a formação de uma hegemonia é um processo de longa duração e, a transformação da estrutura social é precedida de uma revolução cultural. No campo do ‘materialismo cultural’ uma palavra fundamental é ‘estrutura de sentimento’. Na obra de Williams, “estrutura de sentimento” é um conceito chave, em oposição à ‘visão do mundo’ ou à ‘ideologia’. Williams fala de uma ‘longa revolução’, insistindo na ideia de ‘cultura vivida’ e numa reforma institucional educativa, da indústria cultural e da esfera pública.

“Semelhante à Gramsci, ele pensava que uma hegemonia necessitava construir instrumentos culturais, que se transformassem em tópicos, figuras semânticas, discursos, rituais. Também como Gramsci, negava-se a considerar a cultura um nível ‘secundário’: a recusa da clássica metáfora de ‘base’ e ‘superestrutura’, permitiu-lhe, por um lado, acentuar a sua ideia do continuum simbólico-prático, e, por outro lado, renovar a perspectiva de um ‘materialismo cultural’, fortemente interessado no impacto das instituições dos meios tecnológicos na produção do simbólico” (Sarlo, 1991).

Com estes horizontes, a formação significa um grande trabalho de educação política e cultural, tanto em seus conteúdos, sua metodologia e em seus objetivos ou intencionalidade política. Tudo isso aponta a longo prazo para a construção de uma hegemonia popular. Trata-se de uma ‘revolução cultural do cotidiano’, de gerar uma cultura democrática. O que está em jogo é uma nova maneira de viver: novas relações sociais, formas de trabalhar, pensar, sentir...” (Nascimento, 2020, p. 94-97).

Como diria Williams, uma ‘longa revolução cultural’ capaz de gerar ‘novas estruturas de sentimento’. Um longo processo com base numa democracia participativa-direta, que possa gerar novos sujeitos, novas instituições conselhistas, autogestionárias, uma nova cultura e um novo modo de vida, que conceba a cultura como ‘um modo de vida total’.

Vimos também em Paul Singer a presença da ideia de ‘revolução cultural’: A construção do socialismo, durante muito tempo, se realiza sob a hegemonia do capitalismo. A tradução dessa ideia gramsciana no ‘campo cultural’ permite a Williams construir seu conceito de “longa revolução”. Esta como uma estratégia radical que trata de como agir para inverter a hegemonia dominante do capitalismo. Isto é, uma contra-hegemonia. Ou a construção de um projeto hegemônico. E traz, necessariamente, para essa práxis a questão da educação popular.

No que diz respeito à “revolução curta” (política), Williams afirma: “ocorre quando os órgãos políticos centrais da sociedade capitalista perdem seu poder de reprodução social predominante (...) a condição necessária para o êxito da longa revolução é, sem dúvidas, uma revolução curta que eu definiria menos em termos de duração que em função da perda, por parte do Estado, de sua capacidade de reprodução predominante das relações sociais existentes” (Nascimento, 2021, p. 167). E define a ‘longa revolução” de forma original: estender a duração da ‘longa revolução’ não só para adiante, mais além da ‘revolução curta’, mas também para trás, antes desta porque a possibilidade de uma revolução curta na sociedade capitalista avançada requer um processo de preparação considerável, que não deve se limitar às ações imediatas necessárias para assegurar a tomada do poder em situação revolucionária. Enfim, a transformação revolucionaria exige uma ‘longa preparação” (Nascimento, 2021).

Em Singer e em Williams a ideia de “comunidade” tem papel estratégico na visão do socialismo. Tal como Singer, Williams articula o conceito de comunidade com o socialismo de base autogestionária. A ideia de comunidade em ambos leva à questão ‘ecológica”. Singer tratou do tema no ensaio sobre “O Desenvolvimento solidário nas comunidades pobres” e, mesmo em suas primeiras pesquisas sobre a ‘Agricultura na Bacia do Prata’, ele falava de “sociedades ecológicas”

Em outro ensaio, abordamos essa questão na obra de Williams: “Sua proposta autogestionária tem por eixo que a ação socialista deve ter por horizonte o princípio da ‘autogestão máxima’ na vida social e comunitária”. Neste sentido, aponta dois eixos para redefinição da democracia socialista:

1- um governo de esquerda no poder e a autogestão. Esta última significa, então, democracia do povo, socialismo comunitário e controle operário;

2- a sociedade contemporânea moderna e complexa exige como alternativa um tipo de socialismo, com base em um novo tipo de instituições comunais, cooperativas e coletivas, com a plena pratica democrática do debate livre, assembleias livres, candidaturas livres e decisões democráticas” (Nascimento, 2020, p.332).

Paul Singer, por sua vez, porta afinidades com a ideia de comunidade em O. Fals Borda. Abordamos essa questão no livro sobre Singer (Santos; Nascimento, 2018, p.185-188). Por exemplo, Singer definia a ideia pedagógica em relação aos “Agentes de desenvolvimento solidário” e a as comunidades. Para Singer, “A missão inicial dos agentes é levar à comunidade a consciência de que o desenvolvimento é possível pelo esforço conjunto da comunidade, amparado por crédito assistido e acompanhamento sistemático (incubação). E, define a pedagogia em questão: “Esta consciência é levada então ao conjunto da comunidade, o que deve desencadear um processo educativo ou de educação política, econômica e financeira de todos os membros. Trata-se de capacitação adquirida no enfrentamento dos problemas reais, à medida que eles vão se colocando”.

Sobre as organizações de base, dizia Paul Singer: “No decorrer do processo, instituições vão surgindo por meio das quais a comunidade se organiza para promover o seu desenvolvimento: assembleias de cidadãos, comissões para diferentes tarefas, empresas individuais, familiares, cooperativas e associações de diferentes naturezas. O poder público local poderia se associar ao processo e se fazer representar, quando necessário, em comitês mistos públicos e privados” (Nascimento, 2018, p.185-186).

É a mesma ideia de Williams sobre socialismo, com suas duas componentes: um poder local democrático e um movimento de autogestão nas comunidades, nas bases. Diríamos estar vendo a experiência atual do Banco Palmas no Ceará, uma experiência de autogestão comunal-territorial, trazendo a particularidade da moeda local, o ‘palmas’.

Complementado essa ideia de Raymond Williams (2023), na introdução à edição publicada na Espanha, encontramos o seguinte: “A preocupação sobre a comunidade e seu papel como articuladora da democracia direta radical voltam em Hacia el ano 2000. No capítulo sobre as culturas das nações, Williams outorga um lugar particular às comunidades e as instituições locais que estão em sua concepção da autogestão e do socialismo. Para Williams (2023, p. 34) o único tipo de socialismo atual é um socialismo com base em novos tipos de instituições comunitárias.

A ideia de ‘revolução cultural’ na obra de Williams  Longa revolução, se traduz em ‘três revoluções’: “A Longa revolução é uma revolução cultural a favor das condições de emancipação, contra a necessidade e o uso de atividades compensatórias. Ela inclui uma revolução democrática, uma revolução nas comunicações, e uma revolução nas ideias e sentimentos. A revolução cultural abrange, portanto, uma transformação em todo um modo de vida das sociedades capitalistas, inclusive a transformação no sistema de significados e valores criados por essas sociedades” (Martins; Neves, 2021, p. 196) grifos nossos.

É muito provável que Williams não tenha conhecido a obra de Mariategui. Mas sua ideia de ‘revolução cultural’ porta profundas ‘afinidades’ com a ideia de socialismo indo-americano do marxista peruano: “três instâncias definem a atualidade do projeto socialista de Mariátegui” (Nascimento, 2020, p.141):

1- a socialização dos meios de produção, implicando a abolição da propriedade privada dos recursos produtivos e sua substituição pela propriedade social;

2- a socialização do poder político, a participação dos cidadãos livres e iguais na formação coletiva de uma vontade política e no exercício direto da autoridade; enfim, a democracia direta;

3. A transformação do mundo das relações intersubjetivas no sentido da afirmação da solidariedade, (Nascimento. 2020, p.141).

 “A revolução socialista implica para Mariategui  um reencantamento do mundo’; o restabelecimento de uma relação harmoniosa dos homens entre si e dos homens com a natureza, superando as dicotomias do mundo atomizado característico da sociedade moderna. Mariategui foi buscar esta “estrutura de sentimento” (Williams) na cultura dos incas peruanos: um estilo particular de vida em que as relações entre os membros da comunidade se regem pela solidariedade, nas diversas esferas sociais: trabalho, festas; enfim, o ‘espirito comunista’ do indígena(Nascimento. 2020).

 

4 Estrutura de sentimentos e pedagogia da autogestão/trabalho associado

                                            “Ninguém ensina nada a ninguém, aprendemos juntos “

                                                                                                       (Singer/Freire)

Paul Singer entendia que a formação na economia solidária passava pelos princípios metodológicos da educação popular e que a efetividade desse ensino decorre da estreita conexão entre teoria e prática. Costumava afirmar que “a prática é o filtro dos princípios”.

Abordando esta relação teoria-prática, afirmava: “O ensino da autogestão dividido em duas partes: uma, a cargo de teóricos, investigadores ou veteranos da economia solidária; outra, a cargo de especialistas, investigadores ou veteranos da economia capitalista. Essa divisão levaria os empreendimentos solidários a adotarem procedimentos incompatíveis com seus princípios”. Nos dá o exemplo com o caso da contabilidade e das finanças em que se separa o ensino das finanças do da autogestão (Singer, 2004, p.18).

Sem dúvidas, devido à pouca experiência da formação técnica no campo da economia solidária, muitas vezes, se recorreu ao sistema “S” (Sebrae, Sesi, Sesc, Senai, Sescoop) para desenvolver a formação nos empreendimentos e redes, levando à distorção acima apontada por Singer. Ele, então, é muito claro nesse ponto, e assinala o campo das redes e cadeias produtivas como uma saída para o dilema: “o ensino da autogestão não tem porque ser dividido em uma parte própria, interna aos empreendimentos, e outra externa aos mesmos, porque o meio ambiente em que atuam os empreendimentos solidários pode ser composto inteiramente por outros empreendimentos solidários” (Singer, 2004).

Em muitas ocasiões Paul Singer afirmava a economia solidária como ‘um ato pedagógico’; “devemos a Paulo Freire esta formulação lapidar” “ninguém ensina nada a ninguém; aprendemos juntos”. Isso se aplica inteiramente à economia solidária, enquanto ato pedagógico (Singer, 2004). Ou, “A economia solidária é um ato pedagógico em si mesma... por isso a solidariedade é ensinada aos fracos e subalternos pela vida e pelas empreitadas em que se engajam... é vida que ensina aos mais fracos, aos socialmente e economicamente debilitados, o valor, na verdade, a imprescindibilidade da solidariedade...” (grifo nosso). Contudo, prossegue: “a economia solidária é um passo decisivo para além desse aprendizado pela vivência, pois ela a solidariedade não só como imposição da necessidade, mas como opção por outro modo de produção” (Singer, 2004. p 20) grifo nosso. Ou que, “A pedagogia da economia solidária, a criação de situações em que a solidariedade surge espontaneamente, como o fazem os jogos cooperativos. A economia solidária é produzida tanto por convicção intelectual como por afeto pelo próximo, com o qual se coopera”. (Singer, 2004, p. 16) grifo nosso. Aqui vemos a associação entre razão e emoção, que Williams também tratou na ideia de ‘cultura como coisa comum’, em “modos inteiros de vida”: Para Williams, uma nova concepção não poderia separar emoção e razão, defendendo que ‘o elemento central na nova concepção é a passagem da ‘produção para os meios de vida”! Assim, Singer nos fala da necessidade que vem pela vida, com liberdade que vem pela consciência e a cultura. E, nesse ponto, podemos articular essa visão com a de Williams sobre “Cultura como coisa comum”.

Como ensinou Jef Ulburghs (1980, p. 43): “É, de início, pelas mãos e pelo coração que se forja a autogestão”. E, “A autogestão se parece a um canteiro de construção onde os operários têm o direito de experimentar”. Ou que “O que é revolucionário não é o resultado, mas o processo para autogestão”.

Singer assinala uma “inclinação espontânea” dos subalternos para economia solidária, que vem também pela “educação que a luta de classes proporciona aos operários está embebida de valores solidários e igualitários, que estão na base do socialismo, enquanto projeto e utopia” (Singer, 2004, p.17) grifo nosso. Todavia, insiste que: “A partir dessa inclinação espontânea, a tarefa pedagógica impõe-se (...)”, pois, por terem sido subalternos e alienados da gestão do empreendimento, que agora lhes incumbe não só operar, mas dirigir, os trabalhadores não estão preparados para essa tarefa. Eles têm que ser ensinados e eles sabem disso” (Singer, 2004) grifo nosso. Tanto em Singer como em Williams, a experiência vivida requer um processo educativo popular, que, dentro do processo histórico é a base de uma ‘revolução cultural’.

A concepção pedagogia da autogestão que encontramos nas ideias de Singer vai de encontro com a ideia de Williams de “Revolução Longa” de “Revolução cultural”. Nesse aspecto as ideias de Williams de ‘estrutura de sentimento’ e “experiência” são muito ricas se articuladas e confrontadas com ‘visão de mundo’ e ‘ideologia’. O próprio Williams adverte que “O termo é difícil”!

As autoras da obra Cultura e transformação social: Gramsci, Thompson e Williams, ao estudarem o ‘materialismo cultural’, nos aportam uma ideia deste conceito: “Para melhor explicitá-lo, salientou que ele se refere ao pensamento tal como sentido e de sentimento tal como pensado, ou seja, a consciência prática de um tipo presente, numa continuidade viva e inter-relacionada. ‘Estrutura’ refere-se, pois, a uma experiência social em processo. ’Sentimento’ reporta-se aos significados e valores vividos ativamente, bem como as relações entre eles e as crenças formais ou sistemáticas” (Martins; Neves, 2021, p.185) grifo nosso. Não podemos deixar de lembrar a ideia de “Sentirpensante”, de Orlando Fals Borda.

Williams, em Marxismo e Literatura, tentou precisar o conceito. “O termo é difícil, mas ‘sentimento’ foi escolhido para enfatizar uma distinção em relação aos conceitos mais formais de ‘visão de mundo’ ou ‘ideologia’(...). Estamos interessados em significados e valores tal como vividos e sentidos ativamente, e as relações entre eles e as crenças formais ou sistemáticas são, na prática, variáveis (...). Uma definição alternativa seria estruturas de experiência (...). Estamos falando de elementos característicos de impulso, contenção e tom; para ser mais especifico, elementos afetivos de consciência e relações; não de sentimento; não de sentimento em contraposição a pensamento tal como sentido e de sentimento tal como pensado: uma consciência prática de um tipo presente, numa continuidade viva e inter-relacionada. Estamos, então, definindo esses elementos como uma ‘estrutura’: como um conjunto, com relações internas específicas, ao mesmo tempo, interrelacionadas e tensionadas.” (Martins; Neves, 2021). De certa forma, Williams relaciona ‘estrutura de sentimento’ com ‘estrutura de experiência”.

Podemos complementar recorrendo à obra de Maria Elisa Cevasca (2001), em busca de uma melhor definição do conceito “estrutura de sentimentos”. “(...) a estrutura de sentimento é fundamental para um analista da cultura interessado não só em formas estruturadas e consagradas mas especialmente na emergência do novo (...) A estrutura de sentimento é então uma resposta a mudanças determinadas na organização social, é a articulação do emergente , do que escapa a força acapachante da hegemonia...” (Cevasca, 2001, p.157-158).

Na bela introdução à edição espanhola de La larga revolucion”, podemos ler que “uma longa revolução cultural que seja capaz de gerar novas estruturas de sentimento que têm por objetivo a transformação social”(Williams, 2023, p. 29). Os autores remarcam que o conceito de Williams tem ‘parentesco’ com o de Karl Mannheim de “estrutura de conhecimento”, mas que, sua principal inspiração encontra-se em Gramsci (p. 31). E apoiam-se em Sean Mathews  para uma definição do conceito:

1- “em primeiro lugar, o termo facilita a consideração dos elementos emergentes na formações sociais;

2- em segundo lugar, evidencia a mudança nos novos sentimentos ou ideias que se expressam através de convenções e formas de expressão.

3- terceiramente, surge como uma ferramenta para compreender e julgar a cultura contemporânea.

4- e, por último, a estrutura de sentimento facilita o estudo das formações sociais, provendo significados - em uma ampla variedade de evidencias - para analisar as diferentes manifestações artísticas como um padrão estabelecido pelas classes dominantes”(Williams, 2023-p.32)

Enfim, “A estrutura de sentimento, nos serve como ferramenta analítica, mas também propositiva: é a hipótese cultural que vivem e experimentam as pessoas em sua vida cotidiana” (Williams, 2023).

Em obra que complementa A longa revolução, intitulada Hacia el Año 2000, Williams  antecipa muitas das ideias do ecosocialismo, e mesmo do “Bem Viver” andino: “Substituímos o conceito de ‘sociedade como produção’ pelo conceito mais amplo de um tipo de relações humanas dentro de um mundo físico: em um sentido pleno, uma forma de vida. Os movimentos tipo pacifismo, ecologismo, feminismos aportam uma nova visão centrada na superação da especialização e do contraste entre ‘emoção’ e ‘inteligência’.Ou que “A velha orientação centrada na matéria-prima para a produção é refutada, e em seu lugar surge uma nova orientação centrada na própria vida; uma orientação que aponta à sociedades autogeridas, autorrenováveis em que as pessoas cuidem antes de tudo umas das outras, em um mundo vivente”, inscrita na contracapa do livro Autogestão e modos de vida (Nascimento, 2021).

Pensando nestas ideias de Singer e Wiliams, vejamos as ideias de Peter Mayo, associando Paulo Freire com Gramsci, “Coerentemente com a ideia de uma ‘guerra de posição’ - isto é, de uma ofensiva cultural em todas as frentes - a obra de Gramsci expressa o conceito que os diversos locais de prática social possam ser transformados em espaços de aprendizagem dos adultos. Os seus escritos esparsos refletem efetivamente um esforço contínuo de empenho na atividade anti-hegemônica em todas as esferas da vida social (...). O campo da produção industrial torna-se um importante espaço de aprendizagem. Segundo Gramsci esta experiência educativa no local de trabalho deve ser apoiada pelos centros e círculos culturais” (Mayo, 2007, p. 60).

 

5 A modo de conclusão

Tomando como horizonte estratégico as ideias de Singer e Williams, de ‘longa revolução’, de ‘revolução social’, de ‘revolução cultural’ do cotidiano, deste nosso ensaio                                                                                            podemos extrair um elemento para referenciar a práxis da economia solidária no campo da educação.

Às vezes se fala de uma dicotomia entre ‘autogestão ideal’ e ‘autogestão real’. A primeira tem como referência um ‘tipo ‘ideal’, um ‘modelo’; a segunda trata da experiência empírica, do que ‘existe na realidade’, plena de problemas os mais diversos. As ideias de Singer, de ‘além da vivência’ e de Williams do ‘máximo de autogestão possível’, nos diz que a dicotomia é falsa, porta uma visão mecânica. Separa a ‘realidade’ da ‘possibilidade, contudo, o ‘real’ é composto pela ‘realidade’ e pelo ‘possível’. O que é contra a utopia não é a realidade, mas o ‘pragmatismo’. Com Ernst Bloch, já vimos que a “Utopia é concreta”!

Daniel Mothé (1980) tratou desse dilema na experiência da autogestão na França nos anos 60-70: de um lado os autogestionários com a ideia de que a autogestão só existiria com o socialismo, como ‘modo de produção’, que vem com um ‘dilúvio’; de outro lado, as experiências de autogestão, cooperativas, associações, e outros tipos no campo sindical. Mothé construiu a ideia de ‘autogestão gota à gota”, isto é, de “experimentação autogestionária”.

Portanto, as ‘experimentações’ devem construir instrumentos pedagógicos-metodológicos para superar seus problemas de diversos tipos, suas contradições, seus limites, construindo as possibilidades para “Além da vivência” (Singer) em busca do “máximo de autogestão possível’ (Williams), através de novas ‘estruturas de sentimento’ no cotidiano. Através de agentes de desenvolvimento solidário internos e/ou externos.

Toda experiência de autogestão traz em si elementos de ‘degeneração’, não há um desenvolvimento linear, há avanços e recuos no processo, que, como vimos em nossos dois autores, é de ‘longa duração’, age em um campo de grande complexidade. Não há certeza, é sempre uma ‘aposta ‘ nas possibilidades reais.

Essa é a condição para superar o ‘momento corporativo-econômico’, buscando ‘o momento de hegemonia” (como nos diz Gramsci), através da construção de redes solidárias, cadeias produtivas, alianças com outras forças políticas.

 

Referências

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[1] Educador popular com trajetória de participação e colaboração na Red Educación y Economía Social Solidaria, no Centro de Ação Comunitária (CEDAC), na Central Única dos Trabalhadores (CUT), no Instituto Cajamar na Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego.