EMPREENDEDORISMO FEMININO E ECONOMIA SOLIDÁRIA

histórias de vida de um grupo solidário em uma região no Sul do país

Helen Mara Rodrigues Alves Pioli[1]

Universidade Federal do Rio Grande

piolihellen@hotmail.com

Giovanna Gomes Cure[2]

Universidade Federal do Rio Grande

giovanna.cure@hotmail.com

Carla Milena Gonçalves Fernandes[3]

Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto

carlamilenafernandes2018@gmail.com

Cristiane Gularte Quintana[4]

Universidade Federal do Rio Grande

cristianequintana@hotmail.com

 

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Resumo

O empreendedorismo tem se firmado como uma opção crescente de carreira para as mulheres. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi analisar como as histórias de vida interferem no empreendedorismo feminino solidário, no município de Rio Grande localizado no Estado do Rio Grande do Sul. Tal análise no intuito de compreender os desafios que as mulheres de um grupo solidário, possuem para empreender ao longo de sua história. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva, em que a coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas presenciais, mantendo os protocolos necessários devido a pandemia Covid-19. Os principais resultados encontrados a partir das histórias de vida das mulheres retratam: falta de dinheiro para dar início a produção, dificuldade de locomoção, insegurança pelo medo de não dar certo, falta de local adequado para trabalhar, busca pela renda para o sustento familiar e por independência financeira, principalmente independência do conjugue. Ainda com relação aos desafios, destaca-se a falta de equilíbrio entre trabalho e a vida pessoal dessas mulheres, que ocasionam desgastes e problemas de saúde. Como considerações tem-se os pontos positivos percebidos ao longo da jornada no empreendimento solidário: a relação de igualdade entre as entrevistadas, o reconhecimento pelo seu trabalho, ampliação da rede de relacionamento e apoio incondicional da cooperativa.

Palavras-chave: empreendedorismo feminino; empreendedorismo solidário; histórias de vidas; pandemia Covid-19.

 

 

 

 

 

 

 

FEMALE ENTREPRENEURSHIP AND SOLIDARITY ECONOMY

life stories of a solidarity group in a region in the south of the country

Abstract

Entrepreneurship has established itself as a growing career option for women. In this sense, the objective of this study was to analyze how life stories interfere with supportive female entrepreneurship, in the municipality of Rio Grande located in the State of Rio Grande do Sul. This analysis aims to understand the challenges that women in a supportive group, have to undertake throughout their history. This is a qualitative, descriptive research, in which data collection was carried out through face-to-face interviews, maintaining the necessary protocols due to the Covid-19 pandemic. The main results found from the women's life stories portray: lack of money to start production, difficulty in moving around, insecurity due to fear of not working out, lack of suitable place to work, search for income to support the family and for financial independence, especially independence from the spouse. Still regarding the challenges, the lack of balance between work and personal life of these women stands out, which causes exhaustion and health problems. As considerations, there are the positive points perceived throughout the journey in the solidarity enterprise: the equal relationship between the interviewees, recognition for their work, expansion of the relationship network and unconditional support from the cooperative.

Keywords: female entrepreneurship; solidarity entrepreneurship; life stories; Covid-19 pandemic.

EMPRENDIMIENTO FEMENINO Y ECONOMÍA SOLIDARIA

historias de vida de un grupo solidario en una región del sur del país

 

Resumen

El emprendimiento se ha consolidado como una opción profesional cada vez mayor para las mujeres. En este sentido, el objetivo de este estudio fue analizar cómo las historias de vida interfieren en el emprendimiento femenino solidario, en el municipio de Rio Grande ubicado en el Estado de Rio Grande do Sul. Este análisis tiene como objetivo comprender los desafíos que enfrentan las mujeres de un grupo solidario. , han tenido que emprender a lo largo de su historia. Se trata de una investigación cualitativa, descriptiva, en la que la recolección de datos se realizó mediante entrevistas cara a cara, manteniendo los protocolos necesarios debido a la pandemia de Covid-19. Los principales resultados encontrados a partir de las historias de vida de las mujeres retratan: falta de dinero para iniciar la producción, dificultad para desplazarse, inseguridad por miedo a no trabajar, falta de un lugar adecuado para trabajar, búsqueda de ingresos para mantener a la familia y de independencia financiera. , especialmente la independencia del cónyuge. Aún en cuanto a los desafíos, se destaca la falta de equilibrio entre la vida laboral y personal de estas mujeres, lo que provoca agotamiento y problemas de salud. Como consideraciones, están los puntos positivos percibidos a lo largo del recorrido en la empresa solidaria: la relación igualitaria entre los entrevistados, el reconocimiento por su trabajo, la ampliación de la red de relaciones y el apoyo incondicional de la cooperativa.

Palabras clave: emprendimiento feminino; emprendimiento solidário; historias de vida; pandemia Covid-19.

1  INTRODUÇÃO

Empreender é a capacidade de reinventar os meios para atender as necessidades da sociedade e proporcionar a transformação econômica, social e ambiental (Amorim; Batista, 2012; Betanho; Lopes; Lopes, 2020). O empreendedorismo refere-se ao ato de assumir os devidos riscos calculados para manter o negócio, em que o empreendedor precisa possuir habilidades, informações, conhecimentos, competências e envolver pessoas e ideias para prosperar nos serviços, bem como no desenvolvimento de produtos (Borges, 2020).

De acordo com a pesquisa sobre empreendedorismo no Brasil realizada em 2019 pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2020), o país atingiu uma taxa do Empreendedorismo inicial de 23,3%, considerada o maior patamar desde os últimos 20 anos. Estima-se que 53,4 milhões de brasileiros estão à frente de alguma atividade empreendedora, envolvidos na criação de um novo empreendimento, ou na realização de esforços para manterem um empreendimento já estabelecido. O ato de empreender é uma tarefa para qualquer indivíduo, tanto para homens quanto para mulheres, independente da classe social ou profissão. A pessoa que empreende precisa apresentar desejo pelo empreendimento, utilizar-se de criatividade, inovação, motivação e acima de tudo assumir riscos calculados (Amorim; Batista, 2012).

As mulheres têm optado por empreender em razão da flexibilidade e da autonomia que a atividade proporciona para que elas conciliem suas atividades pessoais com a geração de renda, na busca, assim, de unificar as demandas familiares com o trabalho (Teixeira; Bomfim, 2016). Nessa perspectiva, por possuírem grandes responsabilidades domésticas, as mulheres procuram no empreendedorismo a flexibilização de horário, para conseguirem conciliar o trabalho com as rotinas do lar, na tentativa de evitar conflitos familiares.

Adicionalmente, a economia solidária é vista como uma alternativa de autogestão e trabalho coletivo, que permite a geração de trabalho e renda de maneira concentrada e igualitária (Betanho; Lopes; Lopes, 2020). Assim, a economia é baseada na organização, no respeito do consumo sustentável e na conscientização, que buscam a participação dos consumidores, por meio da qualidade de vida e do desenvolvimento na atividade econômica.

Em adição, a economia solidária é a maneira diferente de produzir, vender, comprar e trocar, os trabalhadores possuem os meios de produção, tomam decisões sobre os negócios, e dividem o trabalho e os resultados das atividades desenvolvidas. Assim, a maneira com que as mulheres possuem criatividade para lidar com as adversidades cotidianas tem feito com que elas ganhem mais espaço na economia solidária (Brasil, 2015; Duarte; Souza Neto, 2018).

Neste sentido, o problema de pesquisa fundamenta-se na seguinte questão: Como as histórias de vida interferem no empreendedorismo feminino solidário? Para responder à questão de pesquisa, o objetivo deste estudo foi analisar como as histórias de vida interferem no empreendedorismo feminino solidário, no município de Rio Grande localizado no extremo sul gaúcho.

Um dos elementos que justificam o presente estudo diz respeito ao contexto pandêmico que modificou todo o cenário mundial, em que o empreendedorismo se tornou uma opção de sustento para muitas mulheres que ficaram desempregadas. Neste ínterim, a contribuição esperada é promover em instituições como universidades públicas, privadas e organizações de incentivo ao empreendedorismo, como o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas) a compreender como auxiliar, bem como assessorar as mulheres para o empreendedorismo solidário.

 

2  ECONOMIA SOLIDÁRIA E O EMPREENDEDORISMO

Na busca pela igualdade, por meio da democratização e da participação ativa de seus membros, surgiu a Economia Solidária (Carvalho et al., 2020). A Economia Solidária é um desenvolvimento para pessoas, construída para população através dos valores da solidariedade, da democracia, da cooperação, da preservação e dos direitos humanos e prioriza o desenvolvimento sem relação com as grandes empresas (Nogueira, 2018). Segundo Duarte e Neto (2018), na economia solidária os objetivos são comuns, as ações são conjuntas e os benefícios são coletivos. Assim, pode-se dizer que é um sistema de cooperação que atende às necessidades dos trabalhadores e o desenvolvimento integral do indivíduo por meio coletivo.

O desenvolvimento das atividades solidárias e a criação de cooperativas se dá, por meio da capacitação de pessoas que residem em comunidades carentes, implicando na possibilidade de inserir na comunidade, o empreendimento solidário para atender demandas reprimidas ou não percebidas pelo mercado (Nogueira, 2018). O empreendedorismo solidário é um exemplo da consequência da crise social, econômica e política, o crescimento do desemprego oportuniza o surgimento de formas alternativas de empregos, trata-se de um empreendimento desenvolvido em comunidades carentes, podendo ser praticado de maneira individual ou coletiva (Duarte; Souza Neto, 2018).

Além disso, o empreendedorismo solidário transforma não apenas vidas, mas também o espaço urbano em que as intervenções são realizadas. No Brasil, esses empreendimentos, começaram a surgir como uma espécie de resposta das classes mais baixas aos imprevistos da vida (Carvalho et al., 2020). Borges (2020) diz que não podemos confundir empreendedorismo econômico solidário com uma Organização Não Governamental (ONG) e nem com uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), os empreendimentos têm características que os diferem como visar o lucro, não depender de patrocínio ou doações para se manter, assim como o retorno autossustentável.

Ademais, o empreendedorismo é uma opção adotada por diversas mulheres e quando praticado em coletivo cria uma rede de solidariedade, e se transforma em uma maneira que muitas mulheres encontraram para trabalhar e solucionar seus problemas diários, ou seja, passa a ser uma alternativa fundamental para promover e fortalecer o desenvolvimento social, econômico e cultural (Duarte; Souza Neto, 2018). Conforme os autores, o modo com que as mulheres lidam com a criatividade para superar as adversidades cotidianas, tem feito com que elas ganhem mais espaço na economia solidaria.

 

2.1 EMPREENDEDORISMO FEMININO NA PANDEMIA COVID-19

As mudanças nas políticas públicas e a redução do número de empregos em momentos economicamente desfavoráveis fazem com que surjam novos empreendimentos de forma involuntária, os quais vão em busca da motivação de recursos e rendimentos (Cebola; Proença, 2018). Os momentos de dificuldades econômicas direcionam as pessoas ao empreendedorismo, ou seja, são aquelas que conseguiram identificar novas oportunidades para começarem seus negócios, pois esses momentos tornam-se propícios para mudança através de ações criativas e inovadoras (Fialho et al., 2018).

O empreendedorismo é considerado um dos motores do crescimento econômico, contribuindo com a geração de emprego, a competitividade e a inovação do setor (Cebola; Proença, 2018). O empreendedorismo tem se tornado a opção de carreira mais frequente entre as mulheres (Bandeira; Amorim; Oliveira, 2020). A busca por independência financeira é uma das principais motivações para empreender (Santos et al., 2020).

Segundo Bandeira, Amorim e Oliveira (2020), a carreira empreendedora tornou-se uma opção de desenvolvimento profissional, pessoal e de independência. Os principais motivos de aberturas de negócios estão relacionados à oportunidade de trabalho, ao desejo por autonomia e atuação de seus valores pessoais, independente do sexo do empreendedor (Bandeira; Amorim; Oliveira, 2020). A motivação pessoal, o gosto pela inovação e autonomia com o negócio, a influência familiar, especialmente quando há negócio familiar, são motivos que levam empreendedores a abrirem seu próprio negócio (Fialho et al., 2018).

O empreendedorismo feminino está em evidência, o número de mulheres que estão iniciando no mercado empreendedor está aumentando nesta área ainda dominada por homens (Teixeira et al., 2021). Em sua pesquisa, Amorim e Batista (2012) mostram que há ascensão no número de mulheres no empreendedorismo e que elas encontram nele um caminho para sobrevivência. Matte et al. (2019) constataram que as principais características empreendedoras sobre realização estão relacionadas a vontade de atingir objetivos desafiadores, a busca por fazer algo sempre melhor e de maneira mais eficiente, e a procura pela excelência e pelo sucesso, a fim de que obtenham o reconhecimento por seus feitos.

A vontade de criar, começar algo novo, fazer a diferença, obter independência financeira, ter uma perspectiva de melhorar, de crescer através do seu próprio negócio, ser incentivado e ter vontade de empreender são as ações encontradas na pesquisa de Fialho et al. (2018). Segundo Santos et al. (2020) a independência financeira, o crescimento pessoal e a oferta de serviço de qualidade aos clientes são elementos de inspiração para os empreendedores entrevistados em sua pesquisa.

De acordo com Amorim e Batista (2012), a necessidade gera a obrigação e a insatisfação, as quais, levam a inovação, e essas são as razões e as motivações do empreendedorismo feminino. A busca de reconhecimento, liberdade, inovação, superação, qualidade de vida, desenvolvimento pessoal, descontentamento com trabalho, preocupação com o futuro e continuidade dos negócios familiares, também são motivos que levam as mulheres a empreender (Santos et al., 2020). Para Cebola e Proença (2018), os fatores de decisão para empreender são o desejo de independência, a autonomia, o controle da própria vida, o desenvolvimento de novas competências, a aprendizagem, a realização pessoal e o reconhecimento.

Durante a pandemia da Covid-19 o Brasil perdeu quase 10 milhões de empreendedores, destacando que a taxa do empreendedorismo estabelecido teve uma variação entre o ano de 2019 e 2020 de uma queda de 46%, sendo que as mulheres empreendedoras estão entre os que tiveram maior impacto, representando um montante 62% desses empreendimentos (SEBRAE/GEM, 2021). O aumento do desemprego se tornou principal motivo para empreender, ou seja, 82% dos empreendedores são motivados por “ganhar a vida porque o emprego está escasso” (SEBRAE/GEM, 2021).

Além de empreender as mulheres têm a jornada dupla com as tarefas de casa, ser mãe e esposa. E para conciliar as tarefas, elas acabam empreendendo em sua própria residência, o que ficou ainda mais agravado durante a pandemia (Amorim; Batista, 2012). Um dos principais conflitos que as empreendedoras enfrentam é a dificuldade de encontrar o equilíbrio entre o trabalho e família, já que passam boa parte de seu dia envolvidas com os negócios. Os principais problemas encontrados durante suas atividades de empreender, conforme a pesquisa de Alperstedt, Ferreira e Serafim (2014) são: pessoais e familiares; financeiros; dificuldades de gestão; falta de credibilidade; dificuldade de mercado; e conseguir conciliar os diversos papéis que a mulher empreendedora possui.

Em busca de superação e resolução de problemas, a pandemia do Covid-19 favoreceu o despertar de novos empreendedores, sejam eles por necessidade, oportunidade ou solidariedade, quem em comum possuem como características a criatividade e a inovação (Guimarães et al., 2021). Momentos de dificuldades podem abalar a confiança do empreendedor durante o cenário de crise, são nesses momentos que surgem as oportunidades para inovação, criação de produtos, serviço ou negócio (Fialho et al., 2018).

Segundo Pandolf e Santos (2021), a pandemia da Covid-19 trouxe mudanças para as empreendedoras fazendo com que elas precisassem se reinventar, adaptar e procurar novas formas de dar continuidade aos seus empreendimentos, ao tempo em que vivenciavam momentos de instabilidades, incertezas, e de medo ocasionado pelo período pandêmico.  

Segundo a pesquisa anual do Instituto Rede da Mulheres Empreendedoras (IRME), em 2021, durante a pandemia da Covid-19, o desemprego e a falta de renda potencializaram o empreendedorismo feminino, uma vez que segundo a pesquisa, 26% das mulheres consultadas abriram seus negócios durante a pandemia. Adiciona-se que 72% das mulheres são totalmente ou parcialmente independentes financeiras, 40% começou ou passou a utilizar os recursos como rede sociais durante a pandemia, e 45% já realizaram algum curso ou formação para empreendedores. Além disso, com a pandemia Covid-19 houve um aumento do desemprego, que fez surgir grupos de mulheres que buscaram no empreendedorismo alternativas de trabalho e renda durante a pandemia (IRME, 2021).

 

2.2 ESTUDOS ANTERIORES SOBRE HISTÓRIAS DE VIDA DE MULHERES NO EMPREENDEDORISMO

Os autores Ferreira e Nogueira (2013), relataram em sua pesquisa a importância da trajetória de vida nos relatos das empreendedoras entrevistadas, ao ressaltarem que o empreendedorismo passa a fazer parte da vida das pessoas. O empreendedorismo é visto como ação de um indivíduo com características especificas responsáveis pelo sucesso, capaz de utilizar suas aptidões para realizar atividades em conjunto com outras pessoas. O empreendedorismo afeta a trajetória de vida do indivíduo, modificando sua rotina profissional e pessoal/familiar, ao levar os problemas da empresa para casa e vice-versa (Ferreira; Nogueira, 2013).

Outro ponto de grande dificuldade para as mulheres ressaltado no estudo de Alperstedt, Ferreira e Serafim (2014), está pautado na conciliação dos múltiplos papéis que lhe são atribuídos, como: o de mãe, esposa e empresária. Dessa forma, percebe-se como essencial a existência de uma rede de apoio familiar. Porém, em alguns casos apesar do apoio da família, os pesquisadores salientaram que as mulheres entrevistadas ainda relatam que são consumidas pelo sentimento de culpa por acreditarem que dedicação ao trabalho pode prejudicar o convívio com seus filhos (Alperstedt; Ferreira; Serafim, 2014).

Nos estudos de Costa e Moreira (2018), sobre a trajetória de vida de mulheres empreendedoras e o uso das práticas gerenciais. Em relação ao preconceito por ser mulher, de acordo com Costa e Moreira (2018), apenas as entrevistadas que atuam em segmentos dominados por homens relataram ter passado por preconceito, já as empreendedoras que desenvolvem atividades em ramo de atuação predominantemente feminino, alegam não passar por este tipo de problema. Já com referência as práticas gerenciais de seus empreendimentos, uma menor parcela das entrevistadas, alegam administrar sozinhas os seus negócios, enquanto outras contam com o auxílio dos maridos (Costa; Moreira, 2018).

As entrevistadas no estudo de Paris et al. (2020), manifestaram o desejo da igualdade de gênero e como principais características das mulheres empreendedoras encontradas na pesquisa pode-se citar: a dedicação, a persistência, a criatividade, a segurança, a coragem, ato de reinventar-se, a proativa, a resiliência e a comunicação. Como desafio para essas mulheres, os pesquisadores encontraram a dificuldade de conseguir capital de giro, o contato com fornecedores, a organização e a resistências por parte de alguns funcionários. Os fatores motivacionais que levam as mulheres a empreender foram: fonte de renda, oportunidade do negócio próprio, flexibilidade de horário e a possibilidade de poder conciliar trabalho e família (Paris et al., 2020).

Em seu estudo Lacerda (2020) constatou que analisando os fatos e as incertezas da pandemia da Covid-19, todas as mulheres empreendedoras entrevistas foram afetadas pela falta de planejamento financeiro. O fator decisivo, que fez com que as mulheres entrevistadas passassem pela pandemia e a crise, foram a resiliência e a persistência. Em relação ao fato das empreendedoras serem mulheres lindando com seus negócios, foi constatado que dependendo do segmento de atuação, existe uma diferenciação de tratamento entre homens e mulheres.

 

 

3  METODOLOGIA

A metodologia desse estudo foi constituída para analisar como as histórias de vida interferem no empreendedorismo feminino solidário, no município de Rio Grande/RS, em um contexto pandêmico.

Além disso, foram realizadas entrevistas presencialmente. Comenta-se que buscou-se manter os protocolos necessários durante a pandemia, respeitando o distanciamento social, a utilização de máscaras e em obediência ao regulamento de higienização previsto pelas autoridades sanitárias.

Quanto a caracterização dos sujeitos de pesquisa, refere-se a um grupo de mulheres que são apoiadas pelo Núcleo de Desenvolvimento Social e Econômico de uma Universidade Pública Federal. A população corresponde ao total de 28 (vinte e oito) mulheres que estão divididas em 4 setores, sendo todas moradoras da mesma cidade. Sobre os setores, atividades e produtos produzidos pelas mulheres estão dispostos no Quadro 1:

Quadro 1- Setor, atividades e produtos.

Setor

Atividade

Produto

Reciclagem

Seleção e Triagem de Resíduos

Material Triado

Feitura de Papel Reciclado

Cadernos, blocos, risque e rabisque

Artesanal

Costura

Confecção de uniforme, camisetas, costuras em geral

Artesanato

Produtos artesanais

Gastronomia

Alimentícia

Doces e salgados

Pesca

Pescar Artesanal

Pescado

Fonte: Elaborado pelas autoras.

A partir das informações propiciadas no Quadro 1, comenta-se ainda que no setor de reciclagem há a presença de 14 mulheres; no setor de artesanato 9 mulheres; no setor de gastronomia 4 mulheres; e no setor de pesca 1 mulher.

Com relação a geração de dados, esta foi constituída por entrevistas individuais. Para Bardin (2016), a entrevista não é só uma simples conversa, ela tem um propósito direto que é extrair informações dos entrevistados por meio de interrogatórios. As entrevistas foram feitas de forma individuais e de modo presencial, sendo estas gravadas e transcritas na íntegra. Foi utilizado como instrumento de coleta um roteiro de entrevista dividido em 2 partes: Parte 1: perfil das empreendedoras; Parte 2: perguntas específicas sobre o tema, com questões abertas, adaptadas de Dandolini (2018).

Após a transcrição das entrevistas, os dados foram tratados por meio da análise de conteúdo seguindo os preceitos de Bardin (2016), que consiste em um método que pode ser considerado como um conjunto de técnicas de análise das comunicações que procura obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos a condições de produção/recepção.

 

4  ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Nesta etapa procurou-se analisar e interpretar os dados provenientes das entrevistas individuais. As entrevistas foram agendadas e realizadas no período de dezembro 2021 a janeiro de 2022, conforme a disponibilidade dos entrevistados, sendo gravadas em meio eletrônico. As entrevistas aconteceram de modo presencial e tiveram uma durabilidade média de 25 minutos. Antes do início das entrevistas, os participantes foram informados sobre o caráter confidencial da pesquisa, e receberam uma contextualização sobre o conceito de empreendedorismo segundo Dornelles (2016).

Do total de empreendedoras envolvidas no empreendimento solidário foi possível entrevistar 10 participantes. Dessas, com 03 participantes o contato para marcações ocorreu da forma esperada, com agendamento através de conversa individual com contato pessoal das participantes com dia e horário marcado para entrevista. Com o restante das mulheres da cooperativa, o contato ocorreu através de uma das participantes que combinou com as demais uma data para comparecimento na cooperativa para realização das entrevistas. Na data e local combinados, foram entrevistadas todas as 07 participantes que estavam presentes.

Em virtude da pandemia, o contato com as empreendedoras foi prejudicado.  Durante o período em que foram realizadas as entrevistas, algumas participantes contraíram o vírus, outras tiveram contato com pessoas doentes e estavam sob suspeita de contaminação. As entrevistas aconteceram de forma presencial em função da falta de acesso a recursos tecnológicos, e de conhecimento sobre a utilização dessas mídias por parte das entrevistadas.

Para preservar a identidade das participantes e uma melhor organização do trabalho, foram atribuídos códigos (números de 1 a 10, precedidos da palavra Entrevistada) para as entrevistadas que correspondem ao nome que será utilizado para referir-se a cada uma delas. Os códigos utilizados e alguns dados do perfil estão apresentados na Tabela 1.

 

 

Tabela 1 - Perfil das Entrevistadas

Respondente

Idade

Grau de Escolaridade

Nº de filhos

Atividade Anterior

Setor

Data de início

Entrevistada 1

44

Ens. Fundamental Inc.

3

Pescado

Gastronomia

2016

Entrevistada 2

29

Ensino Médio

1

Confeiteira

Gastronomia

2019

Entrevistada 3

63

Ensino Médio

4

 -

Reciclagem

2012

Entrevistada 4

50

Ens. Fundamental Inc.

6

Do lar

Reciclagem

2012

Entrevistada 5

50

-

4

Baba

Reciclagem

2012

Entrevistada 6

25

Ens. Fundamental Inc.

3

-

Reciclagem

2019

Entrevistada 7

33

Ens. Fundamental Inc.

3

Do lar

Reciclagem

2012

Entrevistada 8

61

Ens. Fundamental Inc.

3

Doméstica

Reciclagem

2021

Entrevistada 9

45

Ens. Fundamental Inc.

1

Limpeza

Reciclagem

2019

Entrevistada 10

19

Ens. Fundamental Inc.

-

Baba

Reciclagem

2021

Fonte: Elaborada pelas autoras.

Conforme exposto na Tabela 1, percebeu-se que 70% das participantes têm mais de 30 anos de idade, que apenas duas das entrevistadas possuem ensino médio completo, 90% das entrevistadas possuem pelo menos um filho, e que as demais não chegaram a concluir o ensino fundamental. Foram entrevistadas mulheres de apenas 2 dos 4 setores informados. As participantes representantes dos outros dois setores, ou não foram encontradas, ou não tinham como deslocar-se para a entrevista, ou estavam impossibilitadas de participar por problemas de saúde. Qualquer dos casos, todos tinham relação com a pandemia.

Pode-se perceber que no setor da reciclagem, as entrevistadas possuíram dificuldade de entender e até mesmo de responder as perguntas. Para ser possível a realização das entrevistas, as perguntas foram adaptadas. Algumas participantes apresentaram receio em responder aos questionamentos por acreditarem que as entrevistas estavam sendo feitas a pedido da chefia.  Para Nogueira (2018), o desenvolvimento das atividades solidárias e a criação de cooperativas dá-se pela capacitação de pessoas de comunidade carentes, que buscam atender as demandas reprimidas ou não percebidas pelo mercado.

A maior parte das mulheres já faziam parte do empreendimento solidários antes do começo da pandemia Covid-19, apenas duas das entrevistadas que iniciaram as atividades durante o período da pandêmico. Segundo a Pesquisa da RME (2020), o surgimento de novas empreendedoras se deu em virtude do aumento do desemprego fez com as mulheres encontrasse no empreendedorismo alternativas de trabalho e renda na pandemia.

Ainda dentro da análise dos resultados, as entrevistas individuais foram analisadas por meio de análise de conteúdo. A partir dessa análise o estudo foi divido em três principais categorias, são elas: História, Gênero e Covid-1.  Foram encontradas 8 subcategorias, a saber: desafios, razão para empreender, reflexo nas questões pessoais, experiência profissional e de aprendizados, discriminação e concorrência entre mulheres, hierarquia, dificuldades encontradas e iniciativas que estão divididas entre as principais categorias do estudo.

 

4.1 CATEGORIA: HISTÓRIA

Na categoria História busca-se saber o que aconteceu na vida dessas mulheres e o que as fez chegarem à um empreendimento solidário. Dentro dessa categoria existem as subcategorias: desafios, razão para empreender e os reflexos nas questões pessoais.

 

4.1.1 Subcategoria: Desafios

A subcategoria Desafios buscou identificar como se deu os primeiros anos das entrevistadas nos empreendimentos solidários, e os principais desafios enfrentados por elas. Destaca-se abaixo trechos que relatam a identificação dos desafios enfrentados:

[...]no dia que eu vim eu tive que arrumar a passagem do ônibus pra vir falar com ela e para mim começar eu tinha que ter dinheiro pra produzir, “olha querer eu quero mas eu não tenho condições nenhuma” aí ela me deu esse apoio foi no Maxi, comprou as coisas pra mim começar no cartão dela, pra mim ir pagando. Eu comecei a trabalhar. Só que não era assim fácil, não tinha cliente. Tinha dias que eu vendia dezoito reais o dia inteiro e tinha dias que não vendia nem isso (Entrevistada 1).

[...] eu não tinha eu não tinha passagem, eu não tinha nada, vim até de a pé. Não tinha nem bicicleta. [...] depois que eu comecei vim de bicicleta, aí depois a minha bicicleta estragou e depois arrumei minha bicicleta. E sempre todos os dias eu vim de bicicleta, moro para o lado do centro, mas venho todos os dias de bicicleta. Todos os dias de bicicleta para cá[...] (Entrevistada 9).

 [...] trabalhamos anos aqui dentro. Aqui dentro não lá, porque lá a gente sofria muito, né? Porque a gente pegava chuva.? Lá não era assim fechado, era aberto. [...] Porque elas caminharam pra vim pra cá, né? Pra nós ter um como eu vou dizer um lugar mais seco. Isso a gente trabalhava lá na chuva. A gente trabalhava lá. E agora a gente está aqui, né? (Entrevistada 7).

No que diz respeito aos desafios enfrentados no início do empreendimento pode perceber-se que as dificuldades financeiras, a insegurança do novo, de locomoção e falta de infraestrutura do local de trabalho foram alguns dos obstáculos citados pelas entrevistadas. Ressalta-se que mesmo diante de todos os desafios, elas se mantiveram no empreendimento. Cebola e Proença (2018) afirmam que o empreendedorismo contribui para a geração de emprego e é um dos motores do crescimento econômico. Os autores Alperstedt, Ferreira e Serafim (2014) confirmam que a dificuldade financeira e de mercado são uns dos principais problemas encontrados nas atividades empreendedora.

Através das falas das entrevistadas 1 e 7 percebeu-se a importância do Núcleo de Desenvolvimento Social e Econômico, que assiste estes empreendimentos, para que eles possam ser criados e tenham condições de se manter. Neste sentido, destaca-se o apoio prestado para a Entrevistada 1, para o início da produção e continuidade do empreendimento. Com a Entrevistada 7, o auxílio foi através do assessoramento, que proporcionou um galpão que representou uma melhor infraestrutura para a prática do trabalho.

 

4.1.2 Subcategoria: Razão para empreender

Na subcategoria razão para empreender, é possível compreender por quais razões estas mulheres optaram em começar no empreendimento solidário. Abaixo apresenta-se trechos transcritos com as falas das participantes:

[...] a gente estava com dificuldades em casa, a gente viu que não tinha como mais segurar sem ninguém trabalhar como eu tinha parado de trabalhar no meu emprego que eu achava muito pesado [...] aí eu pensei em vim pra cá [...] minha mãe queria vim pra cá, mas como meu irmãozinho é doentinho ele precisa dela aí eu falei pra ela que não que ela não podia trabalhar por causa dele aí eu comecei a trabalhar [...] No caso foi a situação financeira mesmo pra ajudar em casa (Entrevistada 10).

[...] porque eu não conseguia emprego? [...] Como eu vivo de aluguel de casa [...] e fora a luz, eu me vi apertada da sala para cozinha. Foi aonde eu tive que correr pra cá [...] eu espero uma quinzena a outra pra poder pagar o aluguel da casa (Entrevistada 8).

[...] o que me fez optar foi procurar uma renda, foi me senti mais empoderada, de ter o meu dinheiro e não precisar pedir para o meu esposo, poder pagar minhas contas[...] em busca da minha independência (Entrevistada 6).

 

Em relação as razões que levaram as mulheres a começar a empreender, encontra-se a busca pela renda familiar, falta de emprego, busca pela independência financeira (não depender do marido), e saída do emprego formal para tomar as ‘rédeas’ da sua vida profissional.  Dessa forma, a busca por independência financeira, oportunidade de trabalho, desejo por autonomia, controle da própria vida, conciliar vida pessoal com a profissional, ter flexibilidade de horário, realização pessoal e reconhecimento são razões que levam as mulheres a empreender (Santos et al., 2020; Bandeira; Amorim; Oliveira, 2020; Cebola; Proença, 2018; Teixeira; Bomfim, 2016).

 

4.1.3 Subcategoria: Reflexo nas questões pessoais

Na subcategoria reflexo nas questões pessoais, buscou-se analisar como o empreendimento solidário afetou as questões pessoais das mulheres empreendedoras. A percepção das entrevistadas pode ser observada nos trechos das entrevistas conforme segue:

[...] conhecer novas pessoa? Porque como a gente é muito de ficar só em casa, a gente não tem contato ninguém. Me fez bem com isso, gente, ver novas pessoa. Não está tão só em casa, sabe? Trabalho em casa e não tenho ninguém por perto (Entrevistada 10).

[...] então, teu trabalho só ter sido reconhecido lá no Rio de Janeiro ter ido lá sonho? Andar de avião, nunca tinha andado, ser reconhecido tão longe, terem me chamado para ir lá foi uns dos maiores sonhos eu acho que eu realizei. Aqui como tu disse não é só empreender é realizar sentir alguém, sabe? [...] nunca ia imaginar que o meu trabalho ia ser reconhecido em outro estado? Em outro estado (entrevistada 1).

[...] a minha pequena ficou de diabética tipo 1, com quatro anos. Aí me balançou bastante da gente, ela faz uso de cinco insulinas por dia [...] eu não tinha muito tempo para ela, passava muitos dias sem me ver, porque a hora que eu entrava para dentro de casa ela já estava dormindo (Entrevista 1).

 

A Entrevistada 1 diz sobre o reconhecimento do seu trabalho em outro estado e comenta sobre a realização de sonhos, mas na contramão do reconhecimento, relata sobre os conflitos familiares e o desgaste que o trabalho trouxe para sua vida pessoal em relação aos filhos. As questões de realização, vontade de atingir objetivos, reconhecimento por seus feitos, fazer a diferença, ser incentivador, desenvolvimento pessoal, entre outras, são características empreendedoras que fazem com que as ações do empreendedor reflitam em sua vida pessoal. (Matte et al., 2019; Fialho et al., 2018; Santos et al., 2020).  Nessa perspectiva as empreendedoras optam por empreender em suas residências, e isto acaba por ocasionar um dos principais conflitos em encontrar o equilíbrio entre o trabalho e a família

[...] eu só que eu gosto de falar que aqui foi um aprendizado para eu sobreviver [...] eu moro sozinha agora. [...] foi um aprendizado para eu trabalhar aqui. Me fez muito bem então. Muito bem. [...]eu vou fazer o estudo também tem colégio? Professora quando voltar de novo, vão te ensinando a ler, escrever. Elas voltam para cá, para dar aula, eu vou estudar não importa a idade que eu tô, eu gosto (Entrevistada 5).

 

A Entrevistada 5, relata o quanto o empreendimento solidário é importante na vida dela, justificando que através das professoras voluntárias que administram atividades escolares no empreendimento, ela aprendeu a ler e escrever, mas destaca que em decorrência da pandemia Covid-19 as aulas foram suspensas.

 

4.2 CATEGORIA: GÊNERO

Em relação a categoria gênero buscou-se saber se as entrevistadas já tinham percebido alguma dificuldade ou discriminação por serem mulheres empreendedoras. Abaixo será apresentado trechos transcritos que mostram as dificuldades ou discriminações percebidas através das subcategorias deste grupo.

 

4.2.1 Subcategoria: Experiências profissionais e aprendizados

Dentro dessa subcategoria de experiências profissionais e aprendizados buscou-se saber como é ser empreendedora para estas mulheres, em relação a presença masculina no empreendedorismo. Conforme explana Teixeira et al. (2021), o empreendedorismo ainda é uma área de predominação masculina, mas o número de mulheres iniciando vem crescendo no empreendedorismo.

As Entrevistadas 6 e 10 atuam no mesmo setor onde há participação de homens, e relataram que independente da presença deles, o trabalho é realizado da mesma maneira. Elas destacam que as mulheres as vezes são a maioria no local e não possuem vantagens, ou deixam de realizar algum tipo de atividade vista como masculina. Estas falas vão ao encontro das palavras de Carvalho et al. (2020), ao enfatizar que a Economia Solidária surgiu para buscar igualdade entre seus membros ativos através da democratização e da participação deles.

[...] porque a dona ... sempre deixou a gente bem fortalecida e dizer a gente vamos sempre trabalhar como eles. O que eles fazem a gente também pode fazer. E a gente fazia todo o serviço e [...] a gente faz o mesmo trabalho. Agora tem bastante homens eles fazem, mas quando não tem sim (Entrevistada 6).

[...] que eu achei que teria mais só? Porque tipo na minha cabeça seria mais homem, mas eu vi o contrário, tipo é muito mais mulheres do que homens (Entrevistada 10).

As Entrevistadas 1 e 2 não tiveram nada a relatar sobre esta subcategoria, pois no setor em que elas atuam, a gastronomia, dificilmente tem presença masculina e no empreendimento solidário atualmente não há nenhum homem atuando.

 

4.2.2 Subcategoria: Discriminação e concorrência entre mulheres

A subcategoria discriminação e concorrência entre mulheres identificou as mulheres sentiam alguma desvantagem em relação aos homens empreendedores, e se em algum momento sofreram alguma discriminação por ser mulher. As participantes também foram indagadas sobre as suas percepções em relação a existência da concorrência com outras mulheres:

[...] não bem tranquilo por que aqui é um exemplo? E esse doce aqui é ela que que produz. Esse aqui sou eu. Esse aqui é ela. Esse aqui sou eu. Então está tudo exposto aqui. A pessoa vai chegar e vai perguntar ‘o que tem de bolo? A gente vai falar o que tem bolo para pessoa escolher. A gente não fala, tem o meu bolo, tem o bolo da fulana, por exemplo. O bolo eu tenho esse tal sabor e tem esse que é o sabor. (Entrevista 2)

[...] não tem problema sobre isso. [...] gente aqui todas tem que produzir e tem que comercializar (Entrevistada 1).

[...] percepção sobre que aqui às vezes até a própria mulher ela acha que ela não tem que ser mandada por outra mulher. Ainda tem mulher com essa cabeça. Então assim aí é bem difícil, mas tem mulher com essa mentalidade. Que ela não tem que ser mandada ou então aquela coisa discriminação racial (Entrevistada 3).

As Entrevistadas 1 e 2 pertencem ao mesmo setor de empreendimento. Nesse setor não ocorre concorrência entre as mulheres, em função de todas trabalharem produzindo os produtos para serem comercializados da mesma maneira, sem diferenciação entre elas como mencionado no trecho acima pela Entrevistada 2. Esta percepção condiz com o estudo de Duarte e Neto (2018), ao relatar que na economia solidária os objetivos são comuns, as ações são conjuntas e os benefícios coletivos.

A Entrevistada 3, por possuir um cargo de chefia no empreendimento solidário, relata que há uma certa resistência de algumas das mulheres em relação a subordinação para outra mulher e, também, pela questão racial.

 

4.2.3 Subcategoria: Hierarquia

Na subcategoria Hierarquia, refere-se as empreendedoras que possuem funcionários (homens) e como se dá a relação de trabalhos entre eles.

[...] é, hoje eu digo para ti que não tem problema, já teve, né? Eu acho que em qualquer lugar, em qualquer trabalho tem esse problema mulher está à frente de trabalho e o homem dela [...] aqui no caso não tem, mas já teve. Assim coisinhas que já se se resolveram (Entrevistada 4).

[...] mas é bastante discriminação a gente tem. Digo assim, é bem difícil a questão do homem ele é difícil de aceitar, né? Porque eu mesmo eu tenho um filho e ele está trabalho aqui, eu vejo que é muito difícil dele lidar com essa questão, mulher mandar (Entrevistada 3).

As Entrevistadas 3 e 4 são do mesmo setor, que é o único que possuem subordinados, durante as entrevistas elas relatam como é a relação com funcionários homens. Segundo elas, alguns tiveram problemas em receber ordem delas por serem mulheres.

 

4.3 CATEGORIA: COVID-19

Na categoria Covid-19 foram levantadas as dificuldades encontradas pelas mulheres empreendedoras durante a pandemia e quais as iniciativas que precisaram ser feitas nesse momento.

 

4.3.1 Subcategoria: Dificuldades encontradas no empreender feminino

Nesta subcategoria procurou identificar as dificuldades que as mulheres empreendedoras solidárias encontraram em manter o empreendimento durante a pandemia Covid-19, a seguir apresentação dos trechos transcritos que mostram as dificuldades relatadas pelas entrevistadas:

[...] perdi tudo na pandemia. Tudo que eu construí uns quatro anos antes da pandemia durante a pandemia eu perdi [...] dois anos parada? O que aconteceu que eu tive que vender todas as minhas máquinas de trabalhar que eu tinha comprado adquirido forno industrial, vendi uma batedeira, vendi panela que fazia doce, vendia cozinha que eu tinha de trabalhar, mesa, bancada e por fim, semana passada perdi o carro, tive que devolver para o banco sem ganhar nada porque que refinanciei duas ou três vezes no meio da pandemia. [...] tivemos algumas tentativas, venda online [...] e foram todas fracassadas (Entrevistada 1).

[...] no caso eu tenho um filho de seis ano que ele tem síndrome down.  É especial, eu sempre tive muito medo, então quando começou a pandemia eu parei? Passei a ir, no caso do trabalho para cá pra casa pro trabalho. [...] mas eu tive todo tipo de cuidado pra não levar pra minha casa (Entrevistada 4).

[...] é, eu tive um uns umas dificuldades, mas não em relação aqui, tive só na vida que foi onde eu me afastei, que eu estava gestante. É meu bebê nasceu com hidrocefalia foram os momentos que eu me afastei da corporativa (Entrevistada 6).

 

A Entrevistada 1, relatou que durante a pandemia tiveram diversas tentativas de vendas online dos produtos, mas foram fracassadas, então resolveram parar com a vendas e somente voltar quando estivesse tudo liberado. A partir desta decisão, a entrevistada relata que perdeu todos os maquinários de produção que adquiriu durante os anos anteriores da pandemia Covid-19.

Já em relação as Entrevistadas 4 e 6 as dificuldades foram pessoais, mas afetaram o trabalho no empreendimento, pois elas se debilitaram em função dos problemas de saúde de seus filhos. De acordo com Amorim e Batista (2012), as mulheres têm dupla jornada e dividem-se entre as atividades de trabalho, casa e mãe. Durante a pandemia esses casos se agravaram, segundo a Pesquisa da RME (2021), 79% das mulheres entrevistadas dizem que os cuidados de casa e família atrapalharam mais a elas do que os homens no empreendedorismo.

 

4.3.2 Subcategoria: Iniciativas para a continuidade dos negócios

A subcategoria Iniciativas mostrou quais foram as iniciativas que as empreendedoras solidárias precisaram ter durante a pandemia para atender as necessidades do empreendimento.

[...] eu tive que ter ideias novas, eu tive que ir fazendo outras que já tinha no quiosque, de outras que também saíram (Entrevistada 1).

[...] ah doce sempre? Porque eu fiquei trabalhando em casa. Aí eu sempre tinha que tipo assim sei lá uma vez por mês ou coisa assim ou fazer alguma coisa diferente. Mas no primeiro ano de pandemia mesmo na Páscoa, fiz ovo de colher, de ovos e trufa   eu fiz mil reais (entrevista 2).

[...] a gente fez na época foi a questão de por exemplo, de diminuir pessoal, seguimos em grupo de manhã dividirem o grupo e de tarde não vir para não ficar muito gente (Entrevistada 3).

Em relação as iniciativas ambos os setores precisaram se modificar durante a pandemia para poder se manterem ativos. No setor da gastronomia a Entrevistada 1, precisou ter novas ideias para produzir novos produtos e comercializá-los, enquanto a Entrevistada 2 a cada mês tinha uma novidade para chamar atenção dos seus clientes, em uma determinada data do ano, fez produção de chocolates e conseguiu um rendimento maior. 

No setor de reciclagem, precisou diminuir o pessoal no local de trabalho, dividindo-os em grupos de trabalho por turno, em que uns iam pela parte da manhã, e outros da tarde.  De acordo com Pandolf e Santos (2021), a pandemia Covid-19 trouxe mudanças que fizeram com que as empreendedoras fossem em busca do novo para dar continuidade no empreendimento e poder enfrentar o momento de instabilidade. Também vem ao encontro de Fialho et al. (2018), ao relatarem que os momentos de crise podem abalar a confiança do empreendedor, mas são nesses momentos que devem ser aproveitadas as oportunidades para inovação ou criação de produtos, serviços ou negócio.

 

5  CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo buscou analisar como as histórias de vida interferem no empreendedorismo feminino solidário, no município de Rio Grande, e os reflexos da pandemia nessas histórias. A partir do perfil das entrevistas na sua maioria com mais de 30 anos, apenas duas delas tem ensino médio. De todas as entrevistadas, apenas uma não tem filhos. Elas trabalham divididas por setores em que duas pertencem ao setor de gastronomia e 8 ao setor de reciclagem. Das entrevistadas, duas começaram, as atividades durante a Pandemia Covid-19. 

Em consonância disso, ocorreram alguns percalços que dificultaram a obtenção das respostas das entrevistadas, no período de coleta de dados. Dentre as dificuldades, mais marcantes, está a de uma entrevistada que não soube mencionar sobre a sua idade e nem seu grau de escolaridade. Esta mesma entrevistada faz parte do projeto da cooperativa aonde professoras vão até o local para dar aula, ensinando-a a ler e escrever.

 Com as entrevistas pode-se identificar os desafios relacionados aos primeiros anos do empreendimento e a sua vida pessoal, como: falta de dinheiro para dar início a produção, a falta de locomoção para chegar ao local de trabalho, insegurança pelo medo de não dar certo e a falta de um local adequado para trabalhar. Já em relação as razões que levaram essas mulheres a empreender na sua vida, identificou-se: busca pela renda para o sustento familiar, pela falta de emprego, busca por independência financeira, principalmente independência financeira do marido, e a busca por algo melhor.

Ainda com relação aos achados destaca-se a falta de equilíbrio entre trabalho e a vida pessoal gerando desgastes e problemas de saúde na vida da mulher empreendedora, um dos motivos desses desgastes são a não aceitação do homem em receber ordens das mulheres. Como pontos positivos percebidos a partir das histórias de vida ao longo da jornada no empreendimento solidário destaca-se a relação de igualdade entre as entrevistadas, o reconhecimento pelo seu trabalho, ampliação da rede de relacionamento e apoio incondicional da cooperativa.

De modo geral a pandemia Covid-19 trouxe dificuldades para a vida das empreendedoras, mudando sua rotina diária, e as colocando em posição de precisar desenvolver iniciativas para que elas conseguissem manter os empreendimentos ativos durante esse momento tão turbulento. Durante a Pandemia, as entrevistadas do setor de gastronomia precisaram fechar o espaço em que comercializam seus produtos. Neste período foram feitas tentativas de vendas online, que infelizmente fracassaram. No setor das reciclagens foi preciso dividir em grupos para que pudessem continuar as atividades sem aglomeração. Uma das limitações do estudo foi o fato da falta de acesso as entrevistadas, ao baixo grau de escolaridade das entrevistadas, e a dificuldade em compreender as perguntas e expressar suas respostas.

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[1] Graduada em Administração com MBA em Gestão de Pessoas.

[2] Mestre em Contabilidade.

[3] Doutoranda em Controladoria e Contabilidade.

[4] Doutora em Educação Ambiental.