Reflexões no campo da Ciência da Informação sobre a construção da memória social nas redes digitais

 

Erica Silva Campos[1]

Universidade Federal do Espírito Santo

ericah.erica@gmail.com

Meri Nadia Marques Gerlin[2]

Universidade Federal do Espírito Santo

meri.gerlin@ufes.br

Margarete Farias de Moraes [3]

Universidade Federal do Espírito Santo

margarete.moraes@ufes.br

Luiz Carlos da Silva[4]

Universidade Federal do Espírito Santo

luizarquivologia@gmail.com

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Resumo

Os pesquisadores na área da Ciência da Informação têm empenhado esforços na compreensão dos processos de construção da memória social no contexto das redes sociais, resultando em pesquisas com múltiplas perspectivas e áreas diferenciadas, que apresentam grande relevância científica e social. Posto isto, objetivou-se analisar a frequência da  abordagem do conceito de memória social nas redes digitais e os assuntos relacionados a essa temática que são de interesse dos pesquisadores dessa ciência. Trata-se de uma pesquisa exploratória de cunho quali-quantitativo, ao utilizar a técnica de análise de conteúdos como inspiração para a composição da metodologia, e, desse modo, para a criação de categorias de análise de forma que fosse possível identificar as variações dos termos utilizados para os conceitos “patrimônio” e “memória”, e, ainda, viabilizando conhecer como estes conceitos vêm sendo debatidos por pesquisadores da Ciência da Informação.  Constatou-se estudos que abordam diversas variações para os conceitos de memória e patrimônio na contemporaneidade e, por conseguinte, que refletem sobre os fenômenos informacionais que permeiam a construção da memória social em meio digital. A disponibilização de informações a partir do compartilhamento de acervos digitais de bibliotecas, museus, arquivos pessoais, públicos e institucionais, são constituintes do patrimônio digital e despontam como canais para a manutenção da memória social e construção de conhecimentos. Mediante a isso, explicita-se  a necessidade de preservação do patrimônio digital e do aprimoramento dos mecanismos de descrição de conteúdos, da implementação de padrões de metadados nos processos de descrição e de recuperação de informação em meio digital. Aborda-se, ainda, o levantamento de questões éticas como, a responsabilidade social dos cidadãos na produção e compartilhamento de informações na web que muito ainda deve ser discutido.

Palavras-chave: memória; memória social; patrimônio; redes sociais.

REFLECTIONS IN THE FIELD OF INFORMATION SCIENCE ON THE CONSTRUCTION OF SOCIAL MEMORY IN DIGITAL NETWORKS

Abstract

Researchers in the field of Information Science have made efforts to understand the processes of construction of social memory in the context of social networks, resulting in research with multiple perspectives and  differentiated areas, which have great scientific and social relevance. Having said that, the objective was to analyze the frequency of the approach to the concept of social memory in digital networks and the issues related to this theme that are of interest to researchers in this science. This is an exploratory research of a qualitative and quantitative nature, using the content analysis technique as inspiration for the composition of the methodology, and, thus, for the creation of analysis categories so that it was possible to identify variations in terms used for the concepts “patrimony” and “memory”, and also making it possible to understand how these concepts have been debated by Information Science researchers. Studies were found that address different variations of the concepts of memory and patrimony in contemporary times and reflect on the informational phenomena that permeate the construction of social memory in digital media. The availability of information through the sharing of digital collections from libraries, museums, personal, public and institutional archives are constituents of digital heritage and emerge as channels for maintaining social memory and building knowledge. Faced with this, it explains the need to preserve digital heritage and improve content description mechanisms, implement metadata standards in the processes of describing and retrieving information in digital media. It also addresses the survey of ethical issues such as the social responsibility of citizens in the production and sharing of information on the web, much of which still needs to be discussed.

 

Keywords: memory; social memory; patrimony;  social networks.

REFLEXIONES EN EL CAMPO DE LAS CIENCIAS DE LA INFORMACIÓN SOBRE LA CONSTRUCCIÓN DE LA MEMORIA SOCIAL EN LAS REDES DIGITALES

Resumen

Investigadores del área de las Ciencias de la Información han realizado esfuerzos por comprender los procesos de construcción de la memoria social en el contexto de las redes sociales, dando como resultado investigaciones con múltiples perspectivas y diferentes áreas, que tienen gran relevancia científica y social. Dicho esto, el objetivo fue analizar la frecuencia del abordaje del concepto de memoria social en las redes digitales y las cuestiones relacionadas con esta temática que resultan de interés para los investigadores de esta ciencia. Se trata de una investigación exploratoria de carácter cualitativo y cuantitativo, utilizando la técnica del análisis de contenido como inspiración para la composición de la metodología, y, así, para la creación de categorías de análisis de modo que fuera posible identificar variaciones en los términos utilizados para los conceptos. “patrimonio” y “memoria”, y también permitirá comprender cómo estos conceptos han sido debatidos por los investigadores en Ciencias de la Información. Se encontraron estudios que abordan diferentes variaciones de los conceptos de memoria y patrimonio en la época contemporánea y, por tanto, reflexionan sobre los fenómenos informacionales que permean la construcción de la memoria social en los medios digitales. La disponibilidad de información mediante el intercambio de colecciones digitales de bibliotecas, museos y archivos personales, públicos e institucionales son constituyentes del patrimonio digital y emergen como canales para mantener la memoria social y construir conocimiento. Esto explica la necesidad de preservar el patrimonio digital y mejorar los mecanismos de descripción de contenidos, implementar estándares de metadatos en los procesos de descripción y recuperación de información en medios digitales. También aborda el estudio de cuestiones éticas como la responsabilidad social de los ciudadanos en la producción y el intercambio de información en la web, muchas de las cuales aún deben discutirse.

Palabras clave: memoria; memoria social; patrimonio; redes sociales..

1  INTRODUÇÃO

No século XXI evidencia-se a popularização das tecnologias de informação e comunicação (TIC) e, com isso, a facilidade do acesso à informação em meio digital. O crescente uso dessas tecnologias e a acessibilidade aos equipamentos eletrônicos como computadores, smartphones e câmeras digitais desencadeiam a criação em massa de grandes acervos informacionais nato digitais, e, ainda, possibilitam a digitalização de acervos físicos e a sua disponibilização na web da internet dando acesso e visibilidade aos acervos mantidos e preservados sob guarda de instituições e/ou pessoas físicas. As TIC com os seus impactos, as suas influências e as consequências de sua implementação que geram a ampliação do seu uso na sociedade, são questões ainda complexas que demandam estudos e pesquisas no campo da Ciência da Informação (CI).

As TIC que também são responsáveis pela popularização e (re)criação das redes sociais disponíveis na web através de sites e aplicativos, acabam ampliando a comunicação da informação e a produção do conhecimento e, por conseguinte, impulsionando as manifestações socioculturais e funcionando como espaço para interação, debates e representatividade de diversos grupos sociais. Esse novo espaço de produção e disseminação da informação digital culmina  em mudanças nas dinâmicas que envolvem os processos de comunicação entre indivíduos e as diversas culturas da sociedade contemporânea.

Mediante ao fato de que as interações e os agrupamentos sociais em redes digitais atrelam-se às dinâmicas de construção da memória social, tencionando as discussões atuais acerca da preservação do “patrimônio” advindo da informação em meio digital, destaca-se a importância da “informação” na sociedade e a multiplicidade de canais para a  produção, a comunicação, o uso e o armazenamento dela  no campo da memória social nas redes sociais que vêm sendo debatidas por pesquisadores da área da informação.

Diante deste cenário, de maneira geral pretende-se analisar a frequência da abordagem do conceito de memória social nas redes digitais e os assuntos relacionados a essa temática que são de interesse dos pesquisadores da CI e, especificamente, elaborar um panorama do estado da arte da produção científica sobre “memória e patrimônio” no contexto das redes sociais, examinar no âmbito da CI movimentos de preservação e de disseminação da memória social no contexto das redes sociais, e, por fim, verificar nas publicações científicas temas relevantes para o contexto desta pesquisa com destaque para a temática do “patrimônio” que se encontra inteiramente relacionada com a memória social.

 

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Com base nas questões apresentadas no contexto introdutório e nos objetivos propostos trata-se de uma pesquisa exploratória de cunho quali-quantitativo, ao utilizar a técnica de análise de conteúdos como inspiração para a composição da metodologia, e, desse modo, para a criação de categorias de análise relevantes ao contexto desta pesquisa. Diante do exposto, convém acrescentar que

A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, através de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam inferir conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens (BARDIN, 1979, p. 31).

Desse modo, foram criadas duas categorias de análise de forma que fosse possível identificar as variações dos termos utilizados para os conceitos “patrimônio” e “memória”, e, ainda, viabilizando conhecer como o conceito de memória vem sendo debatido por pesquisadores da CI. As categorias patrimônio e memória (Quadro 1) emergiram a partir da leitura e análise dos textos dos artigos científicos utilizados para o embasamento teórico da pesquisa .

Quadro 1 – Categorias de análise da pesquisa.

CATEGORIAS DE ANÁLISE

Categoria patrimônio

Patrimônio material

Patrimônio imaterial

Patrimônio cultural

Patrimônio digital

 

Categoria memória

Memória social

Memória coletiva

Memória Líquida

Memória individual

Memória cultural

Memória digital

Memória oral

Memória institucional

Memória bibliográfica

Memória documental

Fonte: Dados da pesquisa, 2022.

A estratégia de busca foi realizada na base de dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (Brapci)[5], escolhida por possibilitar uma visão de conjunto da produção na área da CI . No processo de busca na base de dados utilizaram-se os termos “patrimônio e redes sociais digitais” e “memória e redes sociais digitais”, cabe ressaltar que o termo “redes sociais digitais”, faz referência aos sujeitos conectados em ambientes digitais. Foram selecionados quinze artigos publicados entre os anos de 2011 e 2023 considerados de interesse para a pesquisa, dos quais quatorze integram a categoria memória e três a categoria patrimônio, sendo que dois dos artigos constantes na categoria patrimônio também integram a categoria memória. Para melhor compreensão dos processos de análise dos assuntos de interesse abordados pelos pesquisadores, os artigos foram numerados e apresentados no Quadro 2.

Quadro 2 – Artigos sobre patrimônio e memória no contexto das redes sociais recuperados na Brapci.

ARTIGOS SOBRE PATRIMÔNIO E MEMÓRIA NO CONTEXTO DAS REDES SOCIAIS RECUPERADOS NA BRAPCI

Memória e Redes sociais digitais

1

GRIMALDI, S. S. L.; ROSA, M. N. B.; LOUREIRO, J. M. M.; OLIVEIRA, B. F.; GRIMALDI, S. S. L.; LOUREIRO, J. M. M. O patrimônio digital e as memórias líquidas no espetáculo do Instagram. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 24, n. 4, p. 51-77, 2019.

2

SILVA, I. C. O. A memória social registrada no Facebook. Revista Conhecimento em Ação, v. 1, n. 1, 2016.

3

OLIVEIRA, W. S.; ALMEIDA, M. A.; ALMEIDA, M. A. Os Paiter-suruí e a apropriação social da tecnologia, informação e comunicação: da memória oral para a memória digital. Informação & Informação, v. 24, n. 3, p. 289-310, 2019.

4

GOULART, E. E.; PASSOS, P. J. F. E. Lápides virtuais: análise das narrativas sobre a morte na rede social orkut. DataGramaZero, v. 14, n. 3, 2013.

5

CONCEIÇÃO, V. G.; MADUREIRA, E. V.; RIBEIRO, M. A. S.; BOMFIM, T. S. A.; MOREIRA, G. A. A função educativa e de divulgação das redes sociais “lugares de memória” da universidade federal da Bahia. Revista Fontes Documentais, v. 4, n. ed., p. 105-118, 2021.

6

CUNHA, M. R. A memória na era da reconexão e do esquecimento. Em Questão, v. 17, n. 2, p. 101-115, 2011.

7

MARIZ, A. C. A.; DUTRA, M. S. Curtir, compartilhar e armazenar: os arquivos fotográficos em redes sociais. Ágora, v. 28, n. 56, p. 4-17, 2018.

8

SILVA, A. R.; VITORIANO, M. C. C. P. Quem vai arquivar os conteúdos de redes sociais presidenciais no Brasil? Liinc em revista, v. 18, 2022.

9

RIBEIRO, C. M. F.; SALCEDO, D. A. Ciência aberta, covid-19 e as memórias do amanhã: mapeamento das plataformas científicas digitais em Pernambuco. Asklepion: Informação em Saúde, v. 2, p. 37-50, 2022.

10

PORTO, R. M. A. B.; BARBOSA, C. R. O objeto museal em diferentes contextos e mídias. Em Questão, v. 17, n. 2, p. 195-208, 2011.

11

CAPRONI, A. M. Sapere aude (dizia kant): a bibliografia, uma ordem do discurso do século XXI. Informação & Informação, v. 23, n. 2, p. 4-13, 2018.

12

RAMOS, B. S.; OLIVEIRA, B. M. J. F.; FREIRE, G. H. A. Memória digital e redes sociais digitais: um estudo aplicado aos programas de pós-graduação da área de ciência da informação do nordeste. Informação & Informação, v. 27, n. 4, p. 157-182, 2022.

13

RIBEIRO, C. M. F.; SALCEDO, D. A. Um estudo comparativo das práticas de colecionismo filatélico brasileiro por meio das redes e mídias na internet. Informação em Pauta, v. 7, n. 00, p. 1-19, 2022. 

14

ROCHA, E. C. F.; GONÇALVES, F. L.; FERREIRA, J. A. O uso do instagram do centro de conservação da memória da universidade federal de juiz de fora. Ágora, v. 33, p. 1-18, 2023.

Patrimônio e Redes sociais digitais

1

GRIMALDI, S. S. L.; ROSA, M. N. B.; LOUREIRO, J. M. M.; OLIVEIRA, B. F.; GRIMALDI, S. S. L.; LOUREIRO, J. M. M. O patrimônio digital e as memórias líquidas no espetáculo do Instagram. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 24, n. 4, p. 51-77, 2019.

5

CONCEIÇÃO, V. G.; MADUREIRA, E. V.; RIBEIRO, M. A. S.; BOMFIM, T. S. A.; MOREIRA, G. A. A função educativa e de divulgação das redes sociais “lugares de memória” da universidade federal da Bahia. Revista Fontes Documentais, v. 4, n. ed., p. 105-118, 2021.

15

ALBERNAZ, R. O.; REIS, M. G. D. O processo de patrimonialização e a cibercultura: mobilização no ciberespaço através de grupos na rede social facebook. Comunicação & Informação, v. 17, n. 1, p. 21-35, 2014.

Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Por meio dos artigos recuperados na Brapci e representados no Quadro 2, pretende-se analisar a frequência da abordagem do conceito de memória social e patrimônio nas redes digitais e os assuntos relacionados a essa temática que são de interesse dos pesquisadores da área de CI.

 3 DA TEORIA AO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

Apresenta-se, na seção e subseções  a seguir,  a frequência da abordagem do conceito de memória social nas redes digitais e os assuntos relacionados a essa temática, elaborando um panorama do estado da arte da produção científica sobre “memória e patrimônio” no contexto das redes sociais, colocando em questão os movimentos de preservação e de disseminação da memória social na sociedade contemporânea e verificando nas publicações científicas temas relevantes para o contexto desta pesquisa.

3.1 O PATRIMÔNIO NO CAMPO DA MEMÓRIA

A noção de patrimônio na memória social tem se modificado recebendo novas incorporações e significados no campo da CI e áreas interdisciplinares, e, em uma abordagem para além da materialidade ligado à noção de concretude, tem contemplado novas discussões no contexto da imaterialidade e da existência, e valor do patrimônio intangível. A seguir, encontram-se descritas algumas das variações terminológicas que são relevantes para o conceito de “patrimônio” no contexto deste estudo (Quadro 3).

Quadro 3 – Estado da arte das variações dos termos abordados para o conceito de patrimônio.

VARIAÇÕES DOS TERMOS ABORDADOS PARA O CONCEITO DE PATRIMÔNIO

Termos

Abordagens

Patrimônio cultural

Conjunto de representações, símbolos e práticas que traduzem a cultura e a identidade de grupos ou da nação (Grimaldi et al., 2019, p. 60).

Patrimônio Material

Engloba toda sorte de coisas, objetos, artefatos e construções obtidas a partir do meio ambiente e do saber fazer (Lemos, 1981, p. 10).

Patrimônio Imaterial

São elementos não tangíveis do patrimônio cultural, refere-se ao conhecimento, às técnicas ao saber fazer (Lemos, 1981, p. 10).

Patrimônio Cultural Digital

Abrange recursos culturais, educacionais, científicos e administrativos, assim como técnicos, legais, médicos e outros tipos de informação criada digitalmente, ou convertida para forma digital a partir de recursos analógicos já existentes (UNESCO, 2003, não paginado).

Fonte: Dados da pesquisa, 2023).

Na busca por maior clareza das novas incorporações ao conceito de patrimônio, partimos da compreensão de patrimônio cultural “[...] como um conjunto de representações, símbolos e práticas que traduzem a cultura e a identidade de grupos ou da nação” (Grimaldi et al., 2019, p. 60). Desta forma, o patrimônio cultural se estabelece como importante registro da memória social, possibilitando por meio do acesso aos bens culturais, o resgate da história e a manutenção da memória.

No campo do patrimônio cultural coexiste a presença da abordagem sobre o patrimônio material e imaterial e que, juntos, são constituintes da cultura de determinado grupo. Quanto à sua singularidade, o patrimônio cultural material “[...] engloba toda sorte de coisas, objetos, artefatos e construções obtidas a partir do meio ambiente e do saber fazer” (Lemos, 1981, p. 10), e o patrimônio cultural imaterial, por sua vez, “[...] são elementos não tangíveis do patrimônio cultural, [e] refere-se ao conhecimento, às técnicas ao saber fazer” (Lemos, 1981, p. 10).

Uma das mais recentes incorporações ao “patrimônio” é o patrimônio digital, que tem estado em evidência mediante ao grande uso da informação em ambiente digital, e ainda, devido às relações e representações sociais que se estabelecem em ambiente virtual, segundo Grimaldi (et al., 2019, p. 53), “[...] impondo novas categorias ou apropriações, outras categorias continuam a se apropriar do patrimônio, tornando-se inerentes a ele, dentre elas a informação, em todos os meios, incluindo o digital”. Ainda sobre essa questão, de acordo com a UNESCO (2003), o patrimônio digital:

[...] abrange recursos culturais, educacionais, científicos e administrativos, assim como técnicos, legais, médicos e outros tipos de informação criada digitalmente, ou convertida para forma digital a partir de recursos analógicos já existentes. Onde recursos são de ‘gênese digital’, não há outro formato que não o objeto digital. Materiais digitais incluem textos, bancos de dados, imagens estáticas e em movimento, áudio, gráficos, software e páginas web, dentre uma ampla e crescente variedade de formatos. Eles são geralmente efêmeros e necessitam produção, manutenção e gerenciamento intencional para serem preservados. Muitos desses recursos têm valor e significação duradouros, e, assim, constituem patrimônio que deve ser protegido e preservado para gerações atuais e futuras (UNESCO, 2003, não paginado).

Muitas são as discussões na área da CI e áreas afins no que tange à relação entre a noção de patrimônio sobre as vias da informação digital, a preservação do patrimônio digital e as discussões que se estabelecem no campo da memória social. Dentre os muitos apontamentos referentes à informação digital, Grimaldi (et al., 2019) ressalta que, a informação digital é constituinte do patrimônio cultural digital e objeto de estudo da CI. Esse mesmo autor, ao abordar a questão da materialidade da informação digital, explicita que

[...] mesmo em meio digital, a informação possui um suporte, não podendo assim ser considerada neutra e destituída de forma. Apesar de fugir ao tradicional objeto palpável, como livros que podem ser impressos, os vídeos que podem ser gravados em cassetes ou dvd’s, a informação digital mantém sua materialidade ligada a sua existência (Grimaldi et al., 2019, p. 55).

Sobre a preservação do patrimônio digital e a reflexão acerca da efemeridade dos suportes de informação digital, Grimaldi (et al., 2019) e Albernaz e Reis (2014) chamam a atenção para a constante carência de atualização dos suportes de informação digital, de forma a manter o acesso a longo prazo, além da  necessidade de criação de políticas públicas de preservação da informação digital.

As políticas de preservação da informação digital são essenciais mediante à necessidade de preservação do patrimônio digital que se constrói por via dos registros da memória criada a partir das redes sociais, que, “[...] hoje podem despontar como auxiliar a preservação e acesso aos patrimônios, mas as informações digitais ali constantes estão à mercê da vontade dos sujeitos, os quais estão ainda por definir suas identidades e necessidades" (Grimaldi et al., 2019, p. 73). Tal afirmação aponta para o caráter transitório e editável da informação que circula nas redes digitais, explicitada pela descontinuidade de postagens ou desinteresse das instituições ou pessoas por manter as redes sociais ativas.

A despeito das questões apresentadas, as redes sociais em ambientes digitais, têm sido vistas com otimismo por Conceição (et al., 2021), que exaltam seu potencial como poderosa ferramenta para a divulgação do patrimônio cultural (bibliográfico, arquivístico e museológico) mantido por instituições, sendo utilizadas como veículo de marketing na divulgação dos acervos e, como instrumento educativo, para a preservação da memória. O sucesso destas ações atrela-se à “[...] criação de diretrizes para uso das redes sociais, seleção e treinamento de equipe, planejamento de conteúdos, entre outros procedimentos” (Conceição et al., 2021, p.107), demonstrando que se explorada mediante a práticas sistêmicas e planejadas, as redes sociais podem tornar-se aliadas, contribuindo para a manutenção e divulgação das memórias sociais.

Outro ativo nesta discussão de acordo com Albernaz e Reis (2014) é a utilização das redes sociais, para mobilização social e manifestação dos indivíduos a favor de causas patrimoniais, requerendo ações em benefício da preservação do patrimônio cultural e espaço para exercer a cidadania. Desta maneira, as comunidades têm encontrado nas redes sociais espaços de diálogo e luta em prol da patrimonialização de bens culturais pelos quais se sentem representados, “[...] fazendo com que a institucionalização de bens de memória e identidade não fiquem mais restritas ao poder organizado” (Albernaz; Reis, 2014, p. 22). Nesta perspectiva, “[...] quando incluímos os patrimônios à informação digital, novos micropoderes surgem atrelados aos sujeitos, que são agentes e agenciadores, além de responsáveis por preservar, disseminar e perpetuar a memória social advinda dos patrimônios" (Grimaldi et al., 2019, p. 72.

A noção de patrimônio de antemão elencada é fundamental para a compreensão das narrativas sobre a memória social no contexto das redes sociais que passamos a discutir a seguir.

 

 

3.2 INFORMAÇÃO E MEMÓRIA

O termo informação tem sido foco de interesse de vários pesquisadores da área da CI, entre os quais, Le Coadic (1996, p.1), aponta a informação como um saber apresentado sob a forma “escrita (impressa ou digital), oral ou audiovisual”, que se difunde por meio da comunicação. Dando a sua  colaboração para a compreensão do conceito de informação, Grimaldi (et al., 2019) sinaliza a informação nos mais variados formatos (imagético, textual e audiovisual) como objeto de estudo da CI, e, devido ao contexto atual de uso, a informação em meio digital carregada de significados atrelados aos atores sociais, configura-se em patrimônio cultural digital.

A informação digital, objeto de estudo primordial da CI, é matéria prima da cibercultura, composta pela heterogeneidade de elementos, contextos, sujeitos e micropoderes, constituintes do que podemos chamar de Patrimônio Cultural Digital representação responsável pela preservação da memória social (Grimaldi et al., 2019).

Conduzindo-nos a compreensão de que “[...] a memória é informação que transita, que fica retida, que é excluída e/ou armazenada; em termos mais complexos ela está envolvida em questões cognitivas, fisiológicas, sociológicas, pessoais, políticas e institucionais” (Mendonça; Pinto, 2016, p. 93). À vista disso, concebe-se que “[...] a memória não é um fenômeno de interiorização individual, mas sim uma construção social e um fenômeno coletivo, dessa forma sendo modelada pelos próprios grupos sociais” (Goulart et al. 2005, p. 155).

Ante o exposto, toma-se a memória como uma construção social, atravessada pelas tradições, hábitos e cultura de um povo, e que, se compõe por meio do coletivo. De forma geral, a "[...] memória pode ser conceituada como a forma de adquirir, armazenar e recuperar informações. É através do registro da memória que construímos a história e perpetuamos informações ao longo de diversas gerações” (Silva, 2022, p. 116).

Esta percepção de informação como elemento da memória, denuncia a relevância dada à investigação do tema na área de CI, revelando a presença de dez variações de termos utilizados pelos pesquisadores da área  para o conceito de memória na contemporaneidade, conforme explicitado a seguir no Quadro 4.

 

 

 

 

 

 

Quadro 4 – O estado da arte das variações dos termos abordados para o conceito de Memória

VARIAÇÕES DOS TERMOS ABORDADOS PARA O CONCEITO DE MEMÓRIA

Termos

Abordagens

Memória

[...] memória pode ser conceituada como a forma de adquirir, armazenar e recuperar informações. É através do registro da memória que construímos a história e perpetuamos informações ao longo de diversas gerações (Silva, 2022, p. 116).

Memória social

A memória social possui contextualidade e ocorre de forma dinâmica no tempo e espaço como produção específica dos diferentes grupos sociais. Tal produção é como narrações que emergem dos indivíduos para a sociedade, e vice e versa (Grimaldi, et al., 2019, p. 64).

Memória individual

[...] compreende-se que a memória individual é baseada nas lembranças de acontecimentos, que ocorreram em um determinado local e hora e que se neste mesmo tempo e espaço, um grupo de pessoas tiverem compartilhado do mesmo acontecimento, é possível que a reconstrução deste torne-se mais fidedigno devido a memória coletiva dos indivíduos que ali estavam presentes (Silva, 2016, p. 117-118).

Memória coletiva

Memória oral

[...] as culturas orais organizam o registro em seu imaginário coletivo, transmitido em narrativas, canções ou mitos (Oliveira, 2019, p. 297).

Memória cultural

Memória cultural é uma forma de memória coletiva, no sentido de que é partilhada por um número de pessoas e que ela transmite a estas pessoas um coletivo, isto é, identidade cultural (Assmann, 2008, p. 118).

Memória digital

A construção uma memória digital está intrinsecamente relacionada com a formação de experiências pessoais e coletivas mediadas a partir das novas práticas comunicativas, sendo estas fortalecidas no âmbito digital pelo impacto das redes sociais digitais no desenvolvimento do relacionamento entre as pessoas e seus grupos sociais (família, amigos, trabalho, religião, etc) (Ramos et al., 2022, p. 162).

[...] todas as informações publicadas nas redes sociais online estão sendo armazenadas e, por sua vez, estão construindo a memória digital destes indivíduos. Essa nova forma de memória registrada tem sido bastante difundida na atual sociedade e tem modificado a forma de se pensar acerca das formas de geração, armazenamento, guarda e recuperação da memória de nossa sociedade (Silva, 2016, p. 118).

Memória líquida

São memórias fluidas estabelecidas através das relações sociais no ciberespaço, e, que por meio da informação digital pode ser postada, editada, apagada e repostada, gerando memórias líquidas e identidades multifacetadas (Grimaldi, et al., 2019).

Memória institucional

Reúne os acervos que compõem o patrimônio bibliográfico, arquivístico, museológico e, outros, no intuito de preservar a memória da instituição (Conceição et al., 2021).

Memória documental

É a memória registrada através de documentos (arquivísticos, museológicos, bibliográficos, informacionais, etc). Permite através da análise de documentos produzidos por instituições ou pessoas resgaste da memória social (Ribeiro; Salcedo, 2022).

A análise documental é o método histórico que consiste em estudar os documentos visando investigar os latos sociais e suas relações com o tempo sociocultural-cronológico (Ribeiro; Salcedo, 2022, p. 41).

Memória bibliográfica

Bibliografia do genitivo absoluto, isto é, memória da escrita; e a escrita – para além de sua técnica de reprodução – mesmo no tempo do digital [...] uma forma de preservação e de transmissão das ideias que residem nos vários registros textuais (Caproni, 2018, p. 10).

Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

A análise da frequência de abordagem de termos atribuídos ao conceito de memória no contexto das redes sociais, apreende que os termos memória digital e memória social se destacam com maior frequência de abordagens e interesse de estudos entre os pesquisadores, como demonstrado no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Frequência do conceito de memória no contexto das redes sociais digitais.

Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

Resultante das relações que afloram no meio social, a memória social se apresenta como uma memória processual cujos elementos emergem da mescla entre memórias individuais e coletivas, deflagradas pelos jogos de força na seleção do que lembrar e esquecer, tomando como base as relações e afetos que são estabelecidas (Gondar, 2005). Visto que a memória é baseada no compartilhamento de lembranças individuais e coletivas, essa dinâmica pode acontecer através do compartilhamento de registros textuais, imagéticos, audiovisuais e narrativas orais.

Os registros de memória externalizados por meio da escrita têm passado por mudanças nos formatos e suportes de informação ao longo dos séculos, e, diante das dinâmicas contemporâneas do mundo informacional, vemos as tecnologias informacionais impactando na criação e dinamização de coleções e acervos bibliográficos no ambiente digital. Contudo, a bibliografia como uma memória da escrita mantém-se como um canal de preservação e transmissão do conhecimento e da cultura das sociedades.

Anteriormente aos registros escritos, o registro da memória social se consolidava mediante à transmissão oral. A narrativa que se estabelece neste processo comunicacional “[...] não consiste em simples relato, em contar uma história, ela está permeada de um sentido social e histórico e tem uma relação com o tempo e o espaço, sendo também uma forma de identidade, de pertencimento” (Mendonça; Pinho, 2016, p. 92). A história oral recentemente aceita no campo científico, é um ramo da historiografia que concebe através das narrativas dos sujeitos, da transmissão oral de seus conhecimentos, lembranças, crenças, valores e tradições, permitindo conhecer a cultura, a história e a memória de determinados grupos sociais. Assim, por meio da oralidade, “[...] as culturas orais organizam o registro em seu imaginário coletivo, transmitido em narrativas, canções ou mitos" (Oliveira, 2019, p. 297). Tornam-se importantes as abordagens que refletem a preservação, a manutenção e a adaptação da cultura e da memória oral e os impactos na tradição e na cultura oral com a inserção da cultura digital na sociedade.

 

A perspectiva da história oral interessa nesta reflexão por considerar a multiplicidade e a diversidade de narradores na construção da memória. Essas são características que também podem ser consideradas para a memória coletiva que se constrói hoje, tendo como base tecnologias de comunicação e compartilhamento (Cunha, 2011, p. 108).

 

A preservação, disseminação e recuperação das memórias individual e coletiva por meio da oralidade ou de outras formas de registros disponíveis em meio físico ou digital, constituem em importantes documentos da memória social. Como memória individual compreende-se a memória de um indivíduo sobre determinado acontecimento, e as memórias significativas para vários indivíduos sobre o mesmo acontecimento pode ser compreendido como memória coletiva.

Nessa perspectiva, compreende-se que a memória individual é baseada nas lembranças de acontecimentos, que ocorreram em um determinado local e hora e que se neste mesmo tempo e espaço, um grupo de pessoas tiverem compartilhado do mesmo acontecimento, é possível que a reconstrução deste torne-se mais fidedigno devido a memória coletiva dos indivíduos que ali estavam presentes (Silva, 2016, p. 117-118).

A partir da reconstrução das memórias individuais e coletivas, os grupos sociais moldam sua identidade e perpetuam a sua cultura. De acordo com Assmann (2008, p. 118), a “[...] memória cultural é uma forma de memória coletiva, no sentido de que é partilhada por um número de pessoas e que ela transmite a estas pessoas um coletivo, isto é, identidade cultural”. Por esta  ótica, a memória digital também apresenta uma característica de coletividade, pois,

A construção de uma memória digital está intrinsecamente relacionada com a formação de experiências pessoais e coletivas mediadas a partir das novas práticas comunicativas, sendo estas fortalecidas no âmbito digital pelo impacto das redes sociais digitais no desenvolvimento do relacionamento entre as pessoas e seus grupos sociais (família, amigos, trabalho, religião, etc) (Ramos et al., 2022, p. 162).

Na trama dessas relações, a memória social tem sido alimentada pela troca de informação através da comunicação entre os indivíduos, e, quando relacionada com a inserção das TIC nas práticas cotidianas dos cidadãos, surge desse contexto as memórias digitais que transitam na Web. O modo de interação característico da sociedade midiatizada, e, a utilização massiva da informação em meio digital, tem cooperado para a construção da memória digital, por meio da criação de acervos informacionais de conteúdos digitais, publicados em sites, aplicativos de música e redes sociais, e, que abarcam o patrimônio cultural digital, compreendido como aquele:

[...] constituído por bens culturais criados somente em ambiente virtual ou por bens duplicados na representação da web e cobre materiais digitais que incluem textos, bases de dados, imagens estáticas e com movimento, áudios, gráficos, software, e páginas web, entre uma ampla e crescente variedade de coleções que representam desde objetos pessoais a acervos tradicionais de instituições de memória (Dodebei, 2006, não paginado).

Isto posto, temos que na perspectiva da informação digital, a memória social, seja por meio de registros orais, bibliográficos ou documentais, são constituintes da memória digital, gerando o que podemos chamar de patrimônio digital. O registro fotográfico, parte integrante da memória documental, atualmente representa uma das principais formas de mensagens (comunicação) utilizadas por usuários das redes sociais digitais.

Na CI a fotografia é tratada como documento, portadora de informação e, é trabalhada pela organização e representação da informação e do conhecimento, preocupando-se com o uso da informação em diferentes suportes. Como fonte de informação, o documento fotográfico pode ser compreendido como construtor de memória, tanto social como institucional (Mendonça; Pinto, 2016). Todavia, salienta-se que “[…] a imagem fotográfica não parece uma representação ou interpretação do que está fotografado, e sim miniaturas da realidade, pedaços do mundo que qualquer um pode fazer e adquirir” (Mariz; Dutra, 2018, p. 6), evidenciando que a fotografia não é capaz de capturar a completude do momento, e conjuntamente com outros tipos de registros informação digital como, os conteúdos audiovisuais por exemplo, espelham apenas facetas na representação do cotidiano dos indivíduos em rede .

A interação entre cidadãos em ambiente digital, tem acarretado a vivência em um ambiente de cultura virtual, onde os cidadãos usuários da rede têm construído memórias líquidas, “[...] os sujeitos contemporâneos são dotados de vidas e memórias cíbridas, online e offline ao mesmo tempo, o que torna toda a nossa realidade social uma realidade também cíbrida” (Grimaldi et al., 2019, p. 64).

Circunscritos em um regime de informação singular no ambiente da cultura virtual, os patrimônios digitais, atuam como um sistema condicionado e condicionante dos sujeitos contemporâneos, impondo à busca por identidade um vínculo diferente e extraordinário, onde a vida real, aquela vivida em meio analógico, mescla-se com a vida espetáculo, a qual pode ser postada, editada, apagada e repostada, gerando memórias líquidas e identidades multifacetadas, por meio da informação digital (Grimaldi et al., 2019, p. 54).

Mediante ao exposto, o patrimônio cultural digital existente no ambiente virtual mostra-se um desafio para as pesquisas na área da CI no que tange à compreensão dos fenômenos informacionais, suscitando questionamentos quanto à apropriação do patrimônio digital, pois, a realidade cíbrida da cultura contemporânea, vivenciada e compartilhada em rede permite aos indivíduos o esquecimento intencional e modificação da realidade (Grimaldi et al., 2019).

A informação como elemento da memória, independente dos formatos (físico ou digital), em sua representação escrita, oral, imagética ou audiovisual é constituinte do patrimônio cultural, e como tal, precisa ser preservada e disseminada, pois “[...] a memória é um elemento essencial na formação da identidade social e coletiva, podendo representar o passado, sendo histórica e social (Ribeiro; Salcedo, 2022, p. 5).

 

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DO RESULTADOS

As relações humanas na contemporaneidade evidenciam que a web e suas ferramentas têm contribuído diretamente com a mudança cultural acerca da construção da memória da sociedade, e neste contexto, as redes sociais, espaço dinâmico de convívio social, afloram como ambiente rico de interação, divulgação e preservação de informação.

A construção da memória social nas redes digitais, tem sido colocada em questão por estudiosos da CI, resultando em pesquisas com múltiplas perspectivas e áreas de interesse. Posto isto, buscou-se analisar a frequência de abordagem do conceito de memória e os assuntos de interesse presentes nas abordagens de pesquisadores dessa ciência no estudo da memória nas redes sociais  (Quadro 5).

Quadro 5 – O estado da arte da frequência de abordagem do conceito de memória e assuntos de interesse no estudo de memória nas redes sociais digitais em Ciência da informação.

FREQUÊNCIA DE ABORDAGEM DO CONCEITO DE MEMÓRIA E ASSUNTOS DE INTERESSE NO ESTUDO DE MEMÓRIA NAS REDES SOCIAIS DIGITAIS EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

Memória

Frequência de abordagem nos artigos

Assuntos de interesse

Memória social

 

1, 2, 9, 13 e 14

Cibercultura. Identidade. Rede Social. Facebook. Ciência AbertaMemória. Colecionismo. Filatelia. Mídias. Selo postal. Instagram. Usuários de redes sociais.

Memória Coletiva

 

2, 6 e 12

Rede Social, Facebook. Comunicação. Esquecimento. Conexão.

Memória Líquida

1

Cibercultura. Identidade.

Memória individual

2

Rede Social. Facebook.

Memória cultural

2

Rede Social. Facebook.

Memória digital

 

1, 2, 3, 4, 12 e 13

Cibercultura. Identidade. Rede Social. Facebook. Apropriação Social. Cultura. Tecnologia. Comunicação e Informação. ComunicaçãoInovaçãoTecnologia Digital. MorteRede Social Virtual. Análise do Discurso.

Memória oral

 

3 e 6

Apropriação Social. Cultura. Tecnologia. Comunicação e Informação. ComunicaçãoEsquecimento. Conexão.

Memória institucional

 

5, 8 e 14

Marketing em BibliotecaRede Social Coleção EspecialProfissional da Informação. Mídia Social. BiblioteconomiaEducação. Documento Arquivístico DigitalComunicação Presidencial. Arquivamento de Rede Social. Instagram. Usuários de redes sociais. 

Memória Bibliográfica

11

BibliografiaSéculo XXConhecimentoLivroRede SocialWebSaber.

Memória documental

7, 8, 9 e 10

ArquivologiaFotografiaRede SocialArquivo FotográficoArquivo PessoalAcervo Fotográfico. Documento Arquivístico Digital.  Comunicação Presidencial. Arquivamento de Rede Social. Ciência AbertaMemóriaInformação e ComunicaçãoMuseu VirtualObjeto musealComunicaçãoInformaçãoImaginário.

Fonte: Dados da pesquisa, 2023.

É possível observar que a frequência de abordagens para o conceito de memória se repetem e se encontram nos textos dos artigos analisados[6], demonstrando a escolha dos pesquisadores por múltiplas abordagens do conceito de memória que são interdependentes para melhor compreensão do fenômeno informacional estudado.

Os textos postos sob análise incidem em uma gama variada de assuntos, explicitando a complexidade que permeia o campo da memória que se constrói em ambiente virtual e a questão do patrimônio por via da informação digital, constatando que esta é uma área de múltiplas possibilidades de pesquisa em CI. Dentre os muitos assuntos[7] abordados pelos pesquisadores (Quadro 5) notamos que, a produção e uso acelerado da informação, o diálogo aberto em comunidades e fóruns, o marketing digital e a cultura do espetáculo demonstram o fluxo das relações sociais que se dão em redes sociais.

No curso dessas interações, são criadas comunidades e fóruns de discussões em torno de um mesmo assunto de interesse. Assim, as comunidades se abrem como espaço de diálogo, no entanto, ainda é possível notar discursos enviesados, especulações, brincadeiras ou até desvio dos assuntos, como uma fuga da realidade, e neste ambiente, a vida real e virtual se entrelaçam, e, com isso, costumes e preconceitos enraizados nas redes sociais presenciais se repetem nas redes sociais digitais (Goulart; Passos, 2013).

As redes sociais tecidas em ambientes digitais, com seu grande alcance e poder de interação entre indivíduos, têm sido vitrine para divulgação de produtos e serviços, e ainda, atuado na projeção de empresas, pessoas, grupos e culturas, configurando-se em um grande veículo de comunicação e marketing.

A comunicação através das redes sociais, possibilitou visibilidade e voz às comunidades minoritárias, como é o caso das comunidades de tradição oral. Alguns grupos de culturas tradicionais apropriando-se das TIC têm projetado a sua cultura para além dos territórios de sua comunidade e, apesar disso, se mantém na tradição de transmissão do conhecimento acumulado por via oral. Todavia, utilizam as redes sociais como ferramenta para comunicação e manutenção da cultura de seu povo, de acordo com Oliveira (et al. 2022, p. 307) “[...] a preservação da cultura continua sendo pela oralidade, porém o compartilhamento virtual com outras culturas os anuncia ao mundo”. As mídias digitais e a possibilidade de criação e compartilhamento de vídeos com relatos da história oral, resgate e digitalização de documentos e acervos fotográficos têm sido canais de transmissão cultural, preservação da história e manutenção da memória, conferindo cidadania, espaço de fala, visibilidade e representatividade às comunidades.

 O potencial comunicativo das redes digitais, somados à aplicação das tecnologias informacionais nas práticas cotidianas de centros educacionais, bibliotecas, arquivos e museus, têm viabilizado a  divulgação de acervos documentais na busca pela manutenção, preservação da memória institucional e social dessas instituições. A divulgação do patrimônio bibliográfico, arquivístico e museológico de instituições nos mais diversos ramos e áreas de saber, por meio das redes sociais em meio digital possibilita aos cidadãos acesso a conteúdos informacionais e educativos de valor social e cultural (Rocha et al., 2023).

Há algum tempo que nos deparamos com museus virtuais. Havendo, inclusive, exposições permanentes online, contando com a participação de mais de uma instituição na colaboração do acervo […]. Outro exemplo de museu virtual é quando uma instituição cria um site no mundo virtual, quando são disponibilizadas informações mais detalhadas sobre o seu acervo e, muitas vezes, através de visitas virtuais. O site acaba por projetar o museu físico na virtualidade e muitas vezes apresenta exposições temporárias que já não se encontram mais montadas em seu espaço físico, fazendo da Internet uma espécie de reserva técnica de exposições (Souza, 2020, p. 415).

É sabido que os acervos informacionais públicos ou privados, criados em ambientes virtuais ou migrados para o meio digital, estão sendo compartilhados ou preservados em rede, no entanto, “[...] é um erro pensar que apenas a ação de guardar um determinado arquivo de forma que ele seja passível de acesso no futuro seja uma garantia de preservação digital” (Castilho; Lima, 2017, p. 123). Pois, o crescente desenvolvimento da tecnologia, têm incidido na constante atualização dos suportes informacionais, e a descontinuidade de sites, aplicativos e redes sociais, colocam em cheque a permanência e uso dessas informações para as gerações futuras.

Para se considerar que algo está sendo preservado, deve-se adotar uma cadeia de ações para tornar os acervos digitais ou digitalizados localizáveis, acessíveis e interpretáveis. Para isso, eles devem ser objeto de uma abordagem clara e coerente para o desenvolvimento das coleções, com arranjo, descrição e metadados para garantir acesso pelo maior tempo possível, em direção ao futuro (Hollos; Paternot, 2020, p. 275).

Em prol da diminuição dos riscos de uma amnésia digital, a preservação digital e a necessidade de implementação de políticas de preservação da memória digital, são vistas como ações necessárias que requerem planejamento e comprometimento governamental e social. Assim, “[...] em síntese, deve-se entender a preservação como o resultado do trabalho contínuo de especialistas e do comprometimento, em longo prazo, de recursos humanos, financeiros e materiais” (Hollos; Paternot, 2020, p. 276), tornando-se necessário que a elaboração de estratégias de preservação aconteça em um campo multidisciplinar de conhecimento e por profissionais e instituições especialistas na área de informação.

A CI busca compreender o fenômeno informacional e as muitas transformações ocorridas na sociedade com a incorporação das tecnologias da informação ao meio informacional, e, mediante a pesquisas científicas, busca  contribuir para o oferecimento reflexões sobre, novos produtos e serviços informacionais compatíveis com as necessidades de informação dos cidadãos, permanência e preservação dos acervos informacionais em meio digital, facilitando, desse modo, o acesso e recuperação da informação na web.  

A representação da informação e do conhecimento, na atualidade, está em um universo multifacetado, regido por tecnologias da informação e comunicação, onde é preciso encontrar novos sentidos e novas práticas diante da larga escala de produção e disseminação da informação (Mendonça; Pinho, 2016, p. 94).

Os processos de organização e as estratégias para representação da informação e do conhecimento, utilizados por profissionais da área de CI, podem ocasionar em respostas satisfatórias aos usuários na recuperação da informação, tanto em ambientes físicos, quantos digitais, viabilizados por uma descrição de conteúdos (narrativas) que proporcione visibilidade a todas as culturas, evitando apagamentos e silenciamentos intencionais ou não.

Pode-se dizer que a representação descritiva abrange formas de descrição e de representação de recursos informacionais em ambientes informacionais (convencionais ou digitais), sendo que os códigos de catalogação nada mais são que instrumentos utilizados pelos catalogadores no processo de representação, os quais realizam a codificação dos dados bibliográficos do recurso informacional. Os códigos de catalogação fornecem diretrizes e regras para a descrição de recursos informacionais e para a construção de formas de representação que possibilitam o acesso aos documentos e às informações (Yamane; Castro, 2020, p. 151).

No caso da descrição de conteúdos imagéticos, os metadados e os padrões de metadados têm sido apontados como um caminho que garante a padronização da descrição e da representação (Yamane; Castro, 2020), oportunizando uma descrição sistêmica desses conteúdos informacionais. Esse fator é relevante devido ao grande uso de recursos imagéticos na produção e divulgação de informação e comunicação em meio digital.

Tal como as estratégias de organização e representação de conteúdos informacionais em meio digital e a necessidade de políticas de preservação da memória digital, outras questões endossam o debate sobre a construção da memória no contexto das redes sociais, tais como, o direito ao esquecimento em meio digital.

Ponto de discussão no campo da memória e esquecimento é a abordagem que discute a rapidez com que as informações perdem espaços para informações novas. De acordo com Cunha (2011, p. 104) “[...] a narrativa da mídia convive com as percepções manifestadas pelos muitos narradores por intermédio das redes sociais. Assim, um fato aparece e desaparece, mas é alimentado também pelo público”. Sabe-se que o esquecimento é um processo comum aos seres humanos, no entanto, as memórias registradas em ambiente digital ganham outras dimensões e, pelas dinâmicas do processo de compartilhamento, informações privadas podem ser (re)postadas por terceiros sem prévia autorização, infringindo o direito de proteção da memória individual na internet. Nestes casos, é resguardado ao cidadão o direito de apagamento e desindexação dos provedores de pesquisa, daquilo que não se quer rememorar, assegurando o direito ao esquecimento em meio digital, desde que, sejam informações irrelevantes para a memória social.

A garantia dos direitos humanos fundamentais neste ambiente digital de memória coletiva, requer a aplicação da ética digital com base nos valores morais e nas legislações que regulamentam o uso da internet, objetivando manter a privacidade e a dignidade no mundo digital.  O senso ético do cidadão e a criticidade no levantamento, tratamento e divulgação de informações na web demonstra responsabilidade social, evitando a divulgação de informações descontextualizadas e inverídicas ocasionando na propagação de desinformação.

 Na conjuntura das questões éticas no campo da memória social produzida em rede e a responsabilidade social dos cidadãos na produção e compartilhamento de informações na web, cabe abordar a estratégia adotada pelo governo de Jair Messias Bolsonaro de utilização das redes sociais como canal de comunicação e interlocução entre estado, governo e sociedade. É importante mencionar que uma característica marcante nas comunicações proferidas pelo ex-presidente da república “[...] é o fato de propagar informações sem conteúdos confiáveis (Fake news), induzir a audiência a conclusões equivocadas e descontextualizar informações” (Silva; Vitoriano, 2022, p.13). O contexto atual de desinformação em meio político e de saúde, setores fundamentais da vida pública e que envolve questões de cidadania, reforça a necessidade do desenvolvimento de Competência em Informação dos cidadãos para acesso, avaliação de informação confiável e uso crítico e ético da informação que é produzida e compartilhada, visto que,

Os documentos presidenciais são considerados importantes para a nação e para a memória institucional em razão do valor primário e valor secundário que podem apresentar.  Eles documentam a história da nação, ajudam a reivindicar direitos e responsabilizar os presidentes eleitos por sua atuação (Silva; Vitoriano, 2022, p. 14).

À vista disso, vale mencionar a importância do arquivamento das informações produzidas no meio político, de saúde, e, outras instâncias sociais, que representem interesse comum na sociedade. A divulgação de informações equivocadas durante a pandemia do coronavírus, por exemplo, resultou em desinformação, incidindo em impactos negativos à saúde pública. Em contrapartida, a utilização das redes sociais como canal de comunicação da comunidade científica e compartilhamento de informação confiável sobre saúde em período pandêmico trouxe contribuições significativas à saúde coletiva, auxiliando o cidadão na tomada de decisão. Logo, “[...] a documentação produzida durante a pandemia será a memória remanescente no futuro pós-pandêmico. A preservação e curadoria da história recente, possibilitará acervos de memórias registradas” (Ribeiro; Salcedo, 2022, p. 43).

 A divulgação e disponibilização desses conteúdos informacionais como registro da história e da memória da nação disponíveis nas redes sociais e outros canais da web,  despontam como subsídio para análise crítica e comparativa na formação da opinião, sendo assim, uma ferramenta de cidadania.

 

5 CONSIDERAÇÕES

Os pesquisadores na área da CI têm empenhado esforços na compreensão dos processos de construção da memória social no contexto das redes sociais. A elaboração do panorama do estado da arte da produção científica sobre “memória e patrimônio” no contexto das redes sociais evidencia diversas variações de abordagens para os conceitos de memória e patrimônio na contemporaneidade, e refletem sobre os fenômenos informacionais que permeiam a construção da memória social em meio digital. Constata-se que a construção da memória social no contexto das redes sociais é uma área de múltiplas possibilidades de pesquisa em CI, demonstrando interesse dos pesquisadores por uma gama variada de assuntos com grande relevância científica e social.

As redes sociais têm sido utilizadas como espaço de interação, comunicação e construção de conhecimento, e a informação produzida neste meio, vem colaborando na construção da memória social. A disponibilização de informações a partir do compartilhamento de acervos digitais de bibliotecas, museus, arquivos pessoais, públicos e institucionais, tem-se mostrado verdadeiros canais para a manutenção da memória social e construção de conhecimentos.

Mediante a isso, é explicitada a necessidade de implementação de políticas de preservação do patrimônio digital de forma a assegurar aos cidadãos a permanência e o acesso à memória digital. Salienta-se a necessidade por se aprimorar os mecanismos de descrição de conteúdos que contemplem a diversidade de culturas, e a aplicação de padrões de metadados nos processos de descrição e recuperação de informação em meio digital. Aborda ainda, o levantamento de questões éticas como, a responsabilidade social dos cidadãos na produção e compartilhamento de informações na web.

Devido à evidente importância da informação, mostra-se necessário a reflexão acerca do desenvolvimento de competências no campo informacional para que os cidadãos possam de fato utilizar os canais de comunicação no exercício da cidadania. O acesso à informação indispensável no processo de construção da cidadania está condicionado ao desenvolvimento de competências necessárias para acesso, avaliação e uso da informação disponível em meio físico e digital. O sujeito competente em informação participa ativamente nos processos de construção de cidadania pois possui capacidade crítica e responsabilidade ética, quanto à informação que produz e consome.

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[1] Mestranda em Ciência da Informação pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Espírito Santo (2015) e Licenciatura em história em História pela Faculdade Saberes (2011). Pós graduação lato sensu - Especialização em Ensino Religioso em 2012, especialização em Educação Especial em 2016 e especialização em Artes na educação em 2017.

[2] Pós-Doutoranda em Ciência da Informação (PPGCIN UFRGS), Doutora em Ciência da Informação (PPGCINF UNB), Mestre em Educação (PPGE UFES) e Bacharel em Biblioteconomia (DEBib UFES).

[3] Doutora em Educação pela Universidade Federal do Espirito Santo (UFES). Coordenadora-Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

[4] Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (2020), Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (2013) e Graduado em Arquivologia pela Universidade Federal do Espírito Santo (2006). Professor Adjunto e Coordenador do Departamento de Arquivologia da UFES e Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFES.

[5] Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (Brapci)

Fonte: https://brapci.inf.br/index.php/res/.

 

[6]  Os artigos numerados, de 1 a 15, se encontram descritos no Quadro 2.

[7] Os assuntos de interesse constantes no Quadro 5 surgiram das palavras-chave que compõem os resumos dos artigos analisados.