Gestão do Conhecimento aplicado à Ambientes Promotores de Inovação

 

Yuri Shirado[1]

Universidade Estadual de Londrina

yuri.shirado@gmail.com

Letícia Gorri Molina[2]

Universidade Estadual de Londrina

leticiamolina@uel.br 

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Resumo

Ambientes Promotores de Inovação surgem e formalizam-se por intermédio do Decreto n.º 9.283/2018, como espaços oportunos para a concepção da inovação. Considerando-se a Sociedade do Conhecimento associada ao processo de transformação da informação, os referidos ambientes configuram-se como indutores da competitividade e de desenvolvimento socioeconômico. Assim, visa-se apresentar a relevância da aplicabilidade da Gestão do Conhecimento junto a Ambientes Promotores de Inovação, além de compreender a inter-relação das mesmas. Em linhas gerais, desenvolveu-se uma pesquisa exploratória e descritiva, com delineamento bibliográfico. Por fim, conclui-se que a aplicação da Gestão do Conhecimento contribui estrategicamente para o desenvolvimento dos referidos ambientes.

Palavras-chave: gestão do conhecimento; ambientes promotores de inovação; inovação.

KNOWLEDGE MANAGEMENT IN INNOVATION PROMOTING ENVIRONMENTS

 

Abstract

Innovation Promotion Environments have emerged and are formalized through Decree 9.283/2018, as opportune spaces for the conception of innovation. Considering the Knowledge Society associated with the information transformation process, these environments are configured as inducers of competitiveness and socio-economic development. The aim is therefore to present the relevance of the applicability of Knowledge Management to Innovation Promotion Environments, as well as to understand their interrelationship. In general terms, an exploratory and descriptive study was carried out, with a bibliographic design. The conclusion is that the application of Knowledge Management contributes strategically to the development of these environments

Keywords: knowledge management; innovation-promoting environments; innovation.

 

 

 

GESTIÓN DEL CONOCIMIENTO APLICADA A LOS ENTORNOS DE FOMENTO DE LA INNOVACIÓN

 

Resumen

Los Entornos de Promoción de la Innovación han surgido y se han formalizado a través del Decreto 9.283/2018, como espacios oportunos para la concepción de la innovación. Considerando la Sociedad del Conocimiento asociada al proceso de transformación de la información, estos entornos se configuran como inductores de competitividad y desarrollo socioeconómico. El objetivo es, por tanto, presentar la relevancia de la aplicabilidad de la Gestión del Conocimiento en los Entornos de Promoción de la Innovación, así como comprender su interrelación. En términos generales, se realizó un estudio exploratorio y descriptivo, con un diseño bibliográfico. Se concluye que la aplicación de la Gestión del Conocimiento contribuye estratégicamente al desarrollo de estos entornos.

Palabras clave: gestión del conocimiento; entornos favorables a la innovación; innovación..

 

1  INTRODUÇÃO

A Sociedade do Conhecimento, ou ainda, a economia pautada no saber, refere-se àquela que apresenta seu desenvolvimento fundamentado prioritariamente no processo de transformação da informação em bens e investimentos imateriais e inovativos (Julien, 2010), e que segundo Viginier (2002) envolve a habilidade de criação e utilização de conhecimento, sendo esta a principal força motriz e produtiva de valor (Gorz, 2005). Nesta perspectiva, e considerando-se impulsionamento resultante dos avanços tecnológicos, Castells defende uma nova ordem social, onde "a geração, o processamento e a transmissão da informação são fontes fundamentais de produtividade e poder" (Castells, 2016, p. 10), e ainda defende a relevância da aplicabilidade em relação a centralidade da informação e do conhecimento perante a ciclos cumulativos do processo de inovação e seus usos em ambientes e/ou espaços sociais (Castells, 2016).

Destarte, e neste fértil cenário, "o  acesso  ao  conhecimento  é  uma  questão  de  desenvolvimento econômico, mas também uma questão de participação individual” (Balkin, 2006, p. 2), quando estes são aplicados em ambientes coletivos e atuem em rede, e que, segundo Aucar (2016, p.119), rede "inclui diálogo ativo entre entes e coisas, entre a natureza e a cultura, não se limitando aos binarismos que classificavam os elementos sociais em grupos separados e heterogêneos". De forma complementar Castells (2005, p. 20) descreve a rede como uma "estrutura formal [...] e abertas que evoluem acrescentando ou removendo nós de acordo com as mudanças necessárias [...] e que conseguem atingir os objectivos de performance para a rede". Assim,  a sociedade em rede apresenta-se como "uma estrutura social baseada em redes operadas por tecnologias de comunicação e informação [...] que geram, processam e distribuem informação a partir de conhecimento acumulado nos nós dessas redes" (Castells, 2005, p. 20).

Observando-se que os processos de interconexões apresentam-se como um dos principais elementos presentes em ambientes que atuam em rede, Moore (1993) introduz o conceito de ecossistema, pelo prisma empresarial, além de promover a equivalência do termo junto ao conceito de redes, que é complementado por Mazzucato e Robinson (2018, p. 168), como:

[...] a rede de atores interconectados, organizados em torno de uma cadeia de valor/indústria específica, em que os atores incluem órgãos públicos, empresas, intermediários e qualquer outro ator que contribua para a produção e o uso de um produto ou serviço proveniente dessa cadeia de valor/indústria (tradução nossa).

 

Diante aos novos paradigmas, como: inovação, ambientes promotores de inovação e ecossistema, atrelados ao cenário no qual o conhecimento configura-se como força motriz e produtiva de agregação de valor, torna-se relevante analisar o processo gestão do conhecimento pela perspectiva dos atores partícipes de uma rede inovativa e/ou de um ecossistema de inovação, sendo neste caso a gestão do conhecimento delineada como:

[...] um conjunto de processos sistematizados, articulados e intencionais, capazes de incrementar a habilidade dos gestores públicos em criar, coletar, organizar, transferir e compartilhar informações e conhecimentos estratégicos que podem servir para a tomada de decisões, para a gestão de políticas públicas e para inclusão do cidadão como produtor de conhecimento coletivo. Comitê Executivo do Governo Eletrônico (Brasil, 2002, p.40)

 

Desse modo, este artigo visa contribuir para incremento literário, e apresentar o papel da gestão do conhecimento aplicado a ambientes promotores de inovação, tais como os ecossistemas de inovação e os mecanismos de geração de empreendimentos.

Este estudo apresenta característica exploratória e descritiva, e encontra-se dividido em três seções, além da seção introdutória e conclusiva, a saber: primeira seção revisita a temática de Inovação, Ambientes Promotores de Inovação e Gestão do Conhecimento,  a segunda seção apresenta e aborda a vertente metodológica de pesquisa e a terceira discorre sobre a discussão das contribuições.

 

INOVAÇÃO, ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO E AMBIENTES PROMOTORES DE INOVAÇÃO

Segundo Pacheco e Almeida (2013, p. 02), a "Inovação é a agenda central do futuro", visto que, a inovação configura-se como um atributo imperativo do desenvolvimento econômico e na geração de riqueza das empresas (Schumpeter, 1997), uma vez que a inovação implica em "unir diferentes tipos e partes de conhecimento e transformá-los em novos produtos e serviços úteis para o mercado ou para a sociedade" (Figueiredo, 2015, p. 23). Ainda, e conforme a trata a Lei n.º 13.243/2016, em seu art. 2, inciso IV (Brasil, 2016), a inovação é definida como: 

[...]

IV - inovação: introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo e social que resulte em novos produtos, serviços ou processos ou que compreenda a agregação de novas funcionalidades ou características a produto, serviço ou processo já existente que possa resultar em melhorias e em efetivo ganho de qualidade ou desempenho

[...]

Destarte, infere-se que a inovação qualifica-se como fator determinante do crescimento e da produtividade empresarial (Pacheco; Almeida, 2013), pautados e tangibilizados em seis tipologias, a saber: novos serviços, novos métodos produtivos, novos produtos, novos mercados, novos fornecedores e novas organizações (Johannessen; Oslen; Lumpkin, 2001). Nessa perspectiva, entende-se que a inovação compreende ações coletivas e interativas de atores da tríplice hélice (Chesbrough, 2006; Kelley, 2005), e que perpassam pelas etapas de descoberta, desenvolvimento, experimentação e adoção da inovação (Dosi et al., 1990), permitindo assim validar que a inovação é permeada pela coletividade e pelas interações de um determinado grupo e/ou ambiente específico (Lam, 2005).

De forma macro, e segundo a Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento - OCDE (2018), os ambientes promotores de inovação visam promover conexões científico-tecnológicas de uma localidade, e desse modo contribuir para a geração de inovações que oportunizem a consolidação da  economia fundamentada no conhecimento, tornando-se mecanismos relevantes e catalisadores das interações dos atores partícipes de um determinado ambiente de inovação (Suzigan; Albuquerque, 2008), sendo esta afirmação corroborada por Barbosa:

[..] a relevância dada à formação de ambientes promotores de inovação deriva do conceito de que a força criativa que conduz à inovação tecnológica depende, em larga medida, do surgimento de condições favoráveis à atuação integrada do poder público, das ICT e de empresas de base tecnológica, ensejando a famosa tríade governo x universidade x indústria (Barbosa, 2019, p.115).

 

Assim, e considerando-se que os ambientes focam o desenvolvimento de inovação, Maciel (1997, p. 109) pontua que ambientes de inovação envolvem "[...] um conjunto de fatores políticos, econômicos, sociais e culturais que estimulam [...] a inovação". Complementarmente e conforme o Decreto n.º 9.283/2018, em seu art. 2, inciso II, ambientes promotores de inovação são:

[...]

Espaços propícios à inovação e ao empreendedorismo, que constituem ambientes característicos da economia baseada no conhecimento, articulam as empresas, os diferentes níveis de governo, as Instituições Científicas, Tecnológicas e de Inovação, as agências de fomento ou organizações da sociedade civil, e envolvem duas dimensões:

a) ecossistemas de inovação - espaços que agregam infraestrutura e arranjos institucionais e culturais, que atraem empreendedores e recursos financeiros, constituem lugares que potencializam o desenvolvimento da sociedade do conhecimento e compreendem, entre outros, parques científicos e tecnológicos, cidades inteligentes, distritos de inovação e polos tecnológicos; e b) mecanismos de geração de empreendimentos - mecanismos promotores de empreendimentos inovadores e de apoio ao desenvolvimento de empresas nascentes de base tecnológica, que envolvem negócios inovadores, baseados em diferenciais tecnológicos e buscam a solução de problemas ou desafios sociais e ambientais, oferecem suporte para transformar ideias em empreendimentos de sucesso, e compreendem, entre outros, incubadoras de empresas, aceleradoras de negócios, espaços abertos de trabalho cooperativo e laboratórios abertos de prototipagem de produtos e processos

[...]

 

A propositiva do referido decreto visou promover o reconhecimento de iniciativas atreladas à inovação e ao empreendedorismo, de forma a impulsionar o desenvolvimento e a exploração de novos produtos, serviços, processos e negócios e assim valorizar os processos de integração e conexão entre os ativos partícipes de um dado ambiente promotor de inovação (Souza, 2019).

Nesse panorama, o Decreto n.º 9.283/2018, em seu art. 2, inciso II, alíneas “a” e “b”, delineia os conceitos de Ecossistemas de Inovação e de Mecanismos de Geração de Empreendimentos, sendo este último  caracterizado como partes e unidades partícipes de um EI, a saber:

a) Ecossistemas de Inovação - espaços que agregam infraestrutura e arranjos institucionais e culturais, que atraem empreendedores e recursos financeiros, constituem lugares que potencializam o desenvolvimento da sociedade do conhecimento e compreendem, entre outros, parques científicos e tecnológicos, cidades inteligentes, distritos de inovação e polos tecnológicos; e b) mecanismos de geração de empreendimentos - mecanismos promotores de empreendimentos inovadores e de apoio ao desenvolvimento de empresas nascentes de base tecnológica, que envolvem negócios inovadores, baseados em diferenciais tecnológicos e buscam a solução de problemas ou desafios sociais e ambientais, oferecem suporte para transformar ideias em empreendimentos de sucesso, e compreendem, entre outros, incubadoras de empresas, aceleradoras de negócios, espaços abertos de trabalho cooperativo e laboratórios abertos de prototipagem de produtos e processo.

 

Complementarmente, e conforme os autores Aranha, Audy e Piqué (2016), os ecossistemas de inovação configuram-se como locais e/ou regiões nos quais os atores da tríplice hélice objetivam a promoção do desenvolvimento social, econômico e financeiro por meio do conhecimento e das interações entre si. Em contrapartida,  os mecanismos geradores de empreendimentos congregam e são estruturas que desenvolvem e estimulam programas e iniciativas que buscam a resolução dos desafios sociais, ambientais e de negócios existentes em um ecossistema de inovação.

Neste contexto, abordar-se a temática do Ecossistema de Inovação - EI, que congrega e incorpora dois arcabouços técnicos em sua conceituação a saber:

       O primeiro arcabouço técnico decorre da metáfora/analogia advinda do termo Ecossistema Biológico - EB, e que segundo Folz e Carvalho (2014, p.11), é "um conjunto formado pelas interações entre componentes bióticos, como os organismos vivos – plantas, animais e micróbios –, e os componentes abióticos, elementos químicos e físicos - como o ar, a água, o solo e minerais." Adicionalmente, Iansiti e Levien (2004) relatam o aspecto da interdependência existente entre os recursos bióticos, e Moore (1993) resgata a característica de co-evolução, inerentes a EB.

       O segundo arcabouço técnico deriva do conceito de Ecossistemas Biológicos, aplicado à tônica de negócios proposta por Moore (1993), que concebe o entendimento de que as empresas, organizações e indivíduos configuram-se como partes e unidades de uma ambiência, e que por meio de cooperação, competição e cocriação visam conjuntamente evoluir e desenvolver o ambiente de negócios.

 

À vista dos arcabouços apresentados, entende-se que os Ecossistemas de Inovação configuram-se como uma rede e/ou sistema dinâmico e adaptativo, que são compostos por um conjunto diverso de atores, ativos e estruturas, e que atuam colaborativamente em prol do desenvolvimento tecnológico e econômico local, de forma a gerar inovações aplicáveis ao mercado (Etzkowitz; Leydesdorff, 2000; Wang, 2010; Adner, 2006; Sawatani; Sakakibara, 2007). De forma aditiva, os autores Wessner (2007), Etzkowitz, Solé e Piqué (2007), Steiner, Cassim e Robazzi (2008) e Spinosa, Schlemm e Reis (2015) que delimitam EI pelo prisma de entregas e processos, ou seja, são estruturas compostas por fluxos de conhecimento que atuam na transferência de tecnologia de ativos junto a economia do conhecimento, tais como: a) Promoção do desenvolvimento coletivo das organizaçòes e mecanismos partícipes; b) Fomentar políticas públicas focadas para o desenvolvimento inovador e do empreendedorismo; c) Fortalecer os vínculos e as conexões entre os atores e ativos do ambiente; e d) Geração de produtos, processos e serviços junto a sociedade civil organizada.

Por fim, e de acordo com Olaisen e Revang (2017), a inovação advém do conhecimento com agregação de valor, que quando compartilhado e disseminado em EIs promovem a geração de múltiplas oportunidades e conjunturas ambientais, visto que o conhecimento e sua gestão configuram-se como recurso chave/crítico de sucesso (Bacon et al., 2019) em ambientes colaborativos onde "vários atores [...] são movidos pelo objetivo de facilitar a troca de conhecimento além das fronteiras organizacionais".

Sendo a inovação permeada por diversas tipologias de conhecimento (Figueiredo, 2015), e que este conhecimento, segundo Terra (2000, p. 35) necessita "de um ambiente propício para se desenvolver, sendo entendido que este conhecimento necessita ser aprimorado para a sua evolução”, de modo a promover "bases de conhecimento sobrepostas" Neto (2008, p.12), e que  "desempenham um papel estratégico no crescimento e na capacidade de adaptação da empresa” (Choo, 2003, p. 27), a aplicação de práticas de gestão do conhecimento - GC caracterizam-se como um coeficiente de sucesso dos ambientes promotores de inovação, pois a GC define-se como "[...] o processo pelo qual a organização gera riqueza, a partir do seu conhecimento ou capital intelectual" (Bukowitz; Williams, 2002, p. 17),  e que segundo Terra (2005, p. 08) visa:

Organizar as principais políticas, processos e ferramentais gerenciais e tecnológicos à luz de uma melhor compreensão dos processos de geração, identificação, validação, disseminação, compartilhamento, proteção e uso dos conhecimentos estratégicos para gerar resultados (econômicos) para a empresa e benefícios para os colaboradores internos e externos (stakeholders) (Terra, 2005, p. 08)

Adicionalmente, Bhatt (2002) considera que a gestão do conhecimento:

[...] Deve concentrar seus esforços sobre o conhecimento tácito, experimentando novas estruturas organizacionais, cultura e sistemas de premiação que aumente as relações sociais a fim de que o conhecimento implícito seja expresso, compartilhado e argumentado (Bhatt, 2002, p. 36).

Contextualmente Barbosa (2003) faz referência a três fatores que compõem o processo da GC, ou seja, infraestrutura tecnológica, pessoas e informação, e que conjuntamente impactam as resultantes da GC, e que possibilitem a sistematização processual entre os níveis táticos (Obtenção, Uso, Aprendizagem e Contribuição) e estratégicos (Avaliação, Construção e Sustentação) do conhecimento Bukowitz; Williams, 2002), sendo as duas vertentes inerentes e verificáveis em ambientes promotores de inovação, e que se caracteriza como recurso estratégico no processo de aperfeiçoamento da três etapas bases da GC:  Coleta, Organização e Disseminação, visto que  “o conhecimento adquire assim, um valor altamente relevante para o desempenho da organização”  (Rodrigues; Riccardi, 2007, p.28).

Nesse sentido, e segundo Figueiredo (2005), o processo de gestão do conhecimento torna-se uma ação compulsória no que tange a demanda de estar/manter o vanguardismo inovador da entidade/organização, visto que a GC apresenta-se alicerçada no saber e na aprendizagem organizacional, e como também na transformação do conhecimento individual em coletivo, possibilitando às organizações melhorarem a tomada de decisões, a otimização de buscas por soluções, e por fim, maximizar a perenidade mercadológica e institucional (Scarabelli; Sartori; Menegassi, 2019), e ainda permitir a geração de valor advindo da tríade: dado, informação e conhecimento (Silva; Menegassi; Tatto, 2018).

 

3 METODOLOGIA

Segundo Gil (2002, p. 17), a pesquisa “desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados”, conceituação essa, que é complementada por Ander-Egg (1978, p.28), como um “procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo de conhecimento”, que neste artigo, abordou-se as temáticas de Inovação, Ambientes Promotores de Inovação e Gestão do Conhecimento. Assim, o procedimento utilizado para fundamentar esta pesquisa foi pautado na revisão de literatura ampla e rigorosa em várias fontes, incluindo livros, artigos científicos e revistas, de forma a possibilitar acesso e reflexões acerca dos assuntos tratados.

Esta pesquisa  apresenta natureza qualitativa com caráter exploratório e descritivo, que conforme Marconi e Lakatos (2003, p.188),  são “investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema”, e/ou "se caracteriza pelo desenvolvimento e esclarecimento de ideias, com objetivo de fornecer uma visão panorâmica, uma primeira aproximação a um determinado fenômeno” (Gonçalves 2003, p. 05), de forma a oportunizar o aprofundamento das temáticas abordadas, e desta forma promover contribuições e avanços para o campo de estudo em questão.

 

 4 CONSIDERAÇÕES

A gestão do saber tem uma importância crucial na estimulação de ambientes criativos, atuando como um impulso para a criação e aplicação de novas concepções e resoluções. Esta pesquisa ressaltou o potencial do gerenciamento eficiente do conhecimento em mudar ambientes corporativos, tornando-os mais favoráveis à inovação.

Para fomentar a inovação, é essencial adotar uma estratégia que valorize a gestão do conhecimento, garantindo que as informações e experiências pertinentes estejam ao alcance de todos os colaboradores. Por meio de ações como a organização sistemática das informações, a implementação de bancos de dados acessíveis e a promoção de uma cultura de intercâmbio de dados, as empresas podem potencializar sua capacidade de inovação.

Uma das descobertas fundamentais deste estudo é que a gestão do conhecimento não se resume apenas a um conjunto de recursos e métodos, mas implica também em um comprometimento cultural com a aprendizagem constante e a colaboração. Organizações que conseguem incorporar a administração do conhecimento em sua cultura interna tendem a ser mais flexíveis e capazes de se adaptar às transformações do mercado, estimulando um fluxo contínuo de inovação. Além disso, o gerenciamento do conhecimento auxilia no reconhecimento e aprimoramento de habilidades essenciais, possibilitando que as empresas enfrentem de forma mais eficaz os desafios e oportunidades. Isso gera um cenário onde a criatividade não é apenas estimulada, mas também consistentemente apoiada e mantida.

Em síntese, a aplicação da gestão do conhecimento em ambientes que estimulam a inovação proporciona uma direção clara para as organizações que almejam se destacar em um ambiente competitivo. Ao priorizar o desenvolvimento de uma cultura que incentive a valorização do conhecimento e da inovação, as empresas podem assegurar um constante fluxo de ideias inovadoras e eficazes, destacando-se no mercado. Esse estudo reitera a relevância da gestão do conhecimento como base estratégica para a inovação, indicando a necessidade de uma abordagem adequada,  que ressalta a relevância de integrar a gestão do conhecimento aos ambientes, e que estas conexões favoreçam a inovação, promovendo assim uma cultura organizacional que preza pela criação, compartilhamento e aplicação do conhecimento. Ademais, é imprescindível levar em consideração as tendências futuras que indicam um aumento significativo no uso de tecnologias como inteligência artificial, big data e blockchain na gestão do conhecimento e na promoção da inovação. A busca por soluções que transcendam as barreiras culturais e organizacionais, combinada com a melhoria na mensuração de resultados e na avaliação de impactos, constitui desafios e oportunidades significativos para o progresso contínuo neste âmbito. Por conseguinte, é vital que as organizações permaneçam atentas a essas tendências e estejam preparadas para implementar práticas inovadoras que potencializam a gestão do conhecimento e fomentem a inovação

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[1] Mestrando no Programa de Pós-graduação em Ciência da Computação na Universidade Federal de Sergipe. Pós-graduado em Docência do Ensino Superior e Metodologias Ativas de Aprendizado pelo Centro Universitário União das Américas Descomplica (2023), MBA em comunicação e semiótica pela faculdade Iguaçu (2023), possui graduação em Sistemas para internet pela Faculdade de Administração e negócios de Sergipe (2019), Bacharel em Design Gráfico pela Universidade Tiradentes (UNIT/SE).

[2] Mestrando no Programa de Pós-graduação em Ciência da Computação na Universidade Federal de Sergipe. Pós-graduado em Docência do Ensino Superior e Metodologias Ativas de Aprendizado pelo Centro Universitário União das Américas Descomplica (2023), MBA em comunicação e semiótica pela faculdade Iguaçu (2023), possui graduação em Sistemas para internet pela Faculdade de Administração e negócios de Sergipe (2019), Bacharel em Design Gráfico pela Universidade Tiradentes (UNIT/SE).