INOVAÇÃO ÉTICA NAS STARTUPS

estratégias, desafios e impactos

Hugo Garbe[1]

Fundação Getulio Vargas

hugogarbe@yahoo.com.br

 

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Resumo

A finalidade é verificar a integração de princípios éticos na inovação das Startups, as estratégias, os desafios e os impactos das práticas inovadoras. Utilizando uma abordagem qualitativa, a pesquisa empregou estudos de casos e entrevistas para investigar práticas éticas em Startups. Observando o resultado que as Startups demonstram um compromisso com práticas de inovação ética, adotando políticas de governança, engajamento social e proteção de dados. Apesar dos desafios, como alinhar inovação com conformidade ética e equilibrar custos, identificam oportunidades para aprimorar a comunicação interna e aumentar a transparência. A subjetividade inerente à pesquisa qualitativa é uma limitação, mas a metodologia robusta mitiga possíveis vieses. Os resultados oferecem diretrizes para que Startups melhorem suas práticas éticas, contribuindo para um ambiente de negócios mais responsável e sustentável. A adoção de inovação ética fortalece a confiança dos stakeholders, promove o desenvolvimento sustentável e impacta positivamente as comunidades locais. Verificar esses fatores contribui para o conhecimento acadêmico e prático sobre como as Startups podem equilibrar inovação e ética, fornecendo material para o desenvolvimento de um ecossistema empresarial ético e sustentável.

Palavras-chave: Inovação; inovação ética;empreendedorismo; startups.

ETHICAL INNOVATION IN STARTUPS

strategies, challenges and impacts

Abstract

The purpose is to verify the integration of ethical principles in the innovation of Startups, the strategies, challenges and impacts of innovative practices. Using a qualitative approach, the research employed case studies and interviews to investigate ethical practices in Startups. Observing the result that Startups demonstrate a commitment to ethical innovation practices, adopting governance, social engagement and data protection policies. Despite the challenges, such as aligning innovation with ethical compliance and balancing costs, they identify opportunities to improve internal communication and increase transparency. The subjectivity inherent in qualitative research is a limitation, but the robust methodology mitigates possible biases. The results offer guidelines for Startups to improve their ethical practices, contributing to a more responsible and sustainable business environment. The adoption of ethical innovation strengthens stakeholder trust, promotes sustainable development and positively impacts local communities. Verifying these factors contributes to academic and practical knowledge on how Startups can balance innovation and ethics, providing material for the development of an ethical and sustainable business ecosystem.

Keywords: innovation; ethical innovation; entrepreneurship; startups.

 

 

INNOVACIÓN ÉTICA EN LAS STARTUPS

estrategias, desafíos e impactos

Resumen

El propósito es verificar la integración de los principios éticos en la innovación de las Startups, las estrategias, desafíos e impactos de las prácticas innovadoras. Utilizando un enfoque cualitativo, la investigación empleó estudios de casos y entrevistas para investigar las prácticas éticas en las empresas emergentes. Observando el resultado de que las Startups demuestran un compromiso con prácticas de innovación ética, adoptando políticas de gobernanza, compromiso social y protección de datos. A pesar de desafíos como alinear la innovación con el cumplimiento ético y equilibrar los costos, identifican oportunidades para mejorar la comunicación interna y aumentar la transparencia. La subjetividad inherente a la investigación cualitativa es una limitación, pero la metodología robusta mitiga posibles sesgos. Los resultados ofrecen pautas para que las Startups mejoren sus prácticas éticas, contribuyendo a un entorno empresarial más responsable y sostenible. La adopción de innovación ética fortalece la confianza de las partes interesadas, promueve el desarrollo sostenible e impacta positivamente en las comunidades locales. La comprobación de estos factores contribuye al conocimiento académico y práctico sobre cómo las Startups pueden equilibrar la innovación y la ética, proporcionando material para el desarrollo de un ecosistema empresarial ético y sostenible.

Palabras clave: Innovación; innovación ética; emprendimiento; empresas emergentes.

1  INTRODUÇÃO

A interseção entre inovação e ética tem sido objeto de interesse para muitos estudiosos ao redor do mundo. A rápida evolução tecnológica e a globalização do mercado têm provocado reflexões profundas sobre como as Startups podem inovar de maneira ética. Autores como Porter e Kramer (2011) e Freeman (2010) exploraram as complexidades da inovação ética nas Startups, argumentando que a inovação ética não é apenas uma escolha moral, mas uma estratégia imperativa para o século XXI.

No cenário brasileiro, Fischer e Ferreira (2016) investigaram o papel das empresas como agentes de inovação ética, especialmente as Startups. De forma geral, argumentam que a questão de inovação ética em Startups fica, em grande parte das vezes, em segundo plano, uma vez que essas ainda estão lutando para sobreviver e conseguir seu espaço no mercado. 

Globalmente, Schwartz (2016) examinou como as Startups podem transformar desafios éticos em vantagens competitivas, ilustrando que inovações éticas não apenas preservam a integridade moral das organizações, mas também podem ser catalisadoras para a construção de uma reputação sólida e leal com os consumidores. Em um contexto mais amplo, Donaldson e Dunfee (1999) desenvolveram um modelo teórico sobre ética nas organizações, fornecendo uma estrutura conceitual sólida para entender as práticas éticas nas Startups.

No Brasil, um país com uma vibrante cena de Startups, a ética na inovação torna-se uma consideração crucial. A nação tem testemunhado um aumento notável no desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras. No entanto, este progresso não vem sem dilemas éticos. As práticas éticas em inovação tornam-se, assim, cruciais para as Startups brasileiras competirem internacionalmente e, ao mesmo tempo, atenderem às expectativas da sociedade e dos consumidores locais.

Perspectivas futuras indicam que a inovação ética não é apenas uma tendência, mas uma necessidade imperativa para as Startups no século XXI. A conscientização dos consumidores sobre questões éticas está em ascensão, e as Startups que desejam manter e expandir sua base de clientes precisam não apenas atender a essas expectativas, mas também antecipá-las. A inovação ética não apenas preserva a integridade moral das organizações, mas também fomenta a confiança dos stakeholders, melhora a lealdade do cliente e, em última análise, contribui para o desenvolvimento sustentável das Startups a longo prazo.

O objetivo é explorar profundamente esse cenário complexo e dinâmico, analisando as estratégias adotadas pelas Startups no Brasil para inovar de maneira ética, os desafios que enfrentam e, crucialmente, os impactos sociais e econômicos de suas práticas inovadoras. Ao fazer isso, busca-se contribuir para o conhecimento acadêmico, bem como oferecer orientações práticas para as Startups, apoiando assim o desenvolvimento de um ecossistema ético e sustentável envolvendo Startups brasileiras. Diante disso, surge o problema de pesquisa: Como as Startups podem equilibrar a inovação com a ética, considerando que suas decisões podem ter implicações significativas na sociedade e no meio ambiente?

A metodologia adotada foi a qualitativa, amplamente fundamentada em estudos anteriores sobre práticas éticas em contextos organizacionais similares. A escolha pela abordagem de estudos de casos múltiplos, respaldada por autores como Eisenhardt (1989) e Yin (2018), permite uma análise aprofundada e comparativa, proporcionando uma análise sobre estratégias adotadas. O uso de entrevistas semiestruturadas (Patton, 2002) e análise de conteúdo (Elo; Kyngäs, 2008) explora tanto as perspectivas individuais quanto organizacionais, enquanto a triangulação de dados, como sugerido por Yin (2018), assegura a validade dos resultados. Com uma amostragem diversificada e criteriosa, busca-se uma compreensão abrangente das práticas éticas em Startups brasileiras. A pesquisa respeitará as considerações éticas, garantindo a confidencialidade e objetividade na análise dos dados, ao mesmo tempo em que reconhece o desafio da subjetividade inerente à pesquisa qualitativa.

 

2  DESENVOLVIMENTO

A inovação ética é um conceito amplo e tem sido explorado em diversos campos acadêmicos. Na literatura de gestão, sua importância vem ganhando destaque, já salientando, há décadas, que a incorporação de princípios éticos na inovação não apenas reforça a reputação das organizações, mas também promove uma cultura de responsabilidade. Donaldson e Dunfee (1999), por sua vez, apresentam um modelo de ética organizacional que enfatiza a relevância de princípios éticos sólidos nas decisões inovadoras, proporcionando uma estrutura conceitual essencial.

 

2.1  INOVAÇÃO ÉTICA

No universo das Startups, onde a criatividade e agilidade são cruciais, a inovação ética assume um papel ainda mais relevante. Porter e Kramer (2011) propõem que a inovação ética não só resolve questões sociais, como também cria novas oportunidades de mercado, ideia que Freeman (2010) corrobora ao defender que uma abordagem ética na inovação deve considerar as preocupações de todas as partes interessadas. Fischer e Ferreira (2016) mostram como as Startups podem superar barreiras tradicionais ao promover soluções inovadoras e socialmente responsáveis.

A liderança é um fator fundamental na promoção da inovação ética, conforme destacam Treviño e Nelson (2011), que enfatizam a importância de líderes com princípios éticos para a criação de uma cultura inovadora nas organizações. Brown e Treviño (2006) aprofundam essa ideia, examinando o impacto positivo de líderes moralmente comprometidos nas decisões inovadoras. Em um contexto global, Schwartz (2016) argumenta que as startups podem converter desafios éticos em vantagens competitivas, estabelecendo um crescimento sustentável ao integrar a ética em suas estratégias de inovação.

A literatura sugere que a inovação ética deve ser vista como uma oportunidade para o crescimento sustentável, em vez de um mero custo ou obrigação moral. Smith e Westerbeek (2007) afirmam que essa abordagem pode resultar em uma vantagem competitiva duradoura, enquanto Kim, Lee e Kwak (2017) indicam que startups éticas atraem e retêm talentos qualificados, promovendo um ciclo contínuo de inovação. Por fim, Carroll (2016) argumenta que a inovação ética contribui para sociedades mais justas e sustentáveis, reforçando a ideia de que é uma força motriz para mudanças na sociedade, além de um requisito para os negócios.

Entender o conceito de inovação ética é crucial porque permite que as Startups se adaptem às demandas de um mercado cada vez mais consciente. Bărbulescu et al. (2021) argumentam que, em tempos de crise, como a pandemia de COVID-19, a inovação torna-se ainda mais essencial para a sustentabilidade das Startups. Eles afirmam que as Startups, em particular, devem focar em negócios inovadores que utilizem tecnologias da informação e comunicação (ICT) como incentivo ao desenvolvimento sustentável (Bărbulescu et al., 2021, p. 671).

Desta forma, inovação ética segundo (Bărbulescu et al., 2021) tem uma relação diretamente proporcional com Corporate Social Responsibility (CSR). Trata-se da responsabilidade das Startups pelo impacto que suas atividades têm na sociedade. Segundo a definição da Comissão Europeia, a CSR envolve integrar preocupações sociais, ambientais, éticas, de direitos dos consumidores e de direitos humanos nas estratégias e operações das Startups. A adoção de práticas de CSR pode proporcionar vantagens em termos de gestão de risco, relacionamento com clientes, gestão de recursos humanos e capacidade de inovação, contribuindo para a sustentabilidade e inovação econômica das Startups.

A relação entre CSR e inovação é complexa e interdependente. De um lado, a adoção de práticas de CSR pode impulsionar a inovação ao estimular as Startups a buscarem soluções que minimizem impactos negativos e maximizem benefícios sociais e ambientais. Por outro lado, a inovação pode fomentar a CSR ao introduzir tecnologias e processos que promovem práticas responsáveis.

A combinação de CSR com inovação pode diferenciar uma Startup no mercado e torná-la mais competitiva. Eles descobriram, através de entrevistas com fundadores e CEOs de Startups, que a inovação pode ser um fator motivador para a prática de CSR. Além disso, todos os empreendedores entrevistados concordaram que a CSR pode melhorar a motivação e o desempenho dos empregados, fortalecendo a reputação e a performance da Startup. As Startups, devido à sua natureza ágil e flexível, estão em uma posição privilegiada para incorporar a inovação ética desde o início de suas operações. Essa prática pode trazer uma série de benefícios, incluindo a construção de uma imagem positiva, o que atrai clientes e investidores preocupados com questões sociais e ambientais. Além disso, Barbulescuet al. (2021) afirmam que a combinação de inovação e sustentabilidade pode posicionar Startups de maneira competitiva a longo prazo, especialmente durante períodos de crise.

Outro benefício significativo é o aumento da motivação e do desempenho dos empregados, quando a inovação é integrada com a CSR. Muitos empreendedores acreditam que a CSR pode melhorar consideravelmente a motivação dos funcionários, ao fazer com que se sintam parte de uma organização comprometida tanto com o lucro quanto com o impacto social positivo. Além disso, Startups que adotam uma abordagem ética e inovadora tendem a ser mais resilientes e adaptáveis a mudanças, o que se tornou especialmente evidente durante a pandemia de COVID-19 (Bărbulescuet al., 2021).

Perspectivas futuras indicam um aumento na importância da inovação ética nas estratégias de negócios. Com consumidores mais informados e conscientes, as Startups serão cada vez mais pressionadas a adotar práticas inovadoras que não apenas ofereçam benefícios comerciais, mas também abordem questões sociais e ambientais. Scherer e Palazzo (2011) preveem uma mudança em direção a um modelo de negócios onde inovação e ética não são mais separadas, mas interligadas intrinsecamente, formando a espinha dorsal de organizações socialmente responsáveis.

Corroborando essa ideia, nos últimos anos observamos uma mudança significativa nas práticas de inovação ética, impulsionada pelo aumento da consciência social e ambiental. Crane, Matten e Spence (2019)argumentam que as Startups estão cada vez mais integrando considerações éticas em sua estratégia de inovação, focando não apenas nos lucros, mas também nas contribuições positivas para a sociedade e o meio ambiente. A ascensão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU tem incentivado o alinhamento das inovações com metas sociais e ambientais globais, evidenciando uma tendência crescente de inovação ética orientada para o bem comum.

Implementar a inovação ética é desafiador, especialmente para Startups que enfrentam restrições financeiras e a pressão por crescimento rápido, mas crises econômicas e sociais, podem abrir espaço para novos modelos de negócios sustentáveis e inovadores. Segundo Barbulescuet al. (2021), essas crises atuam como catalisadores para a transformação empresarial, impulsionando a criação de negócios socialmente responsáveis e sustentáveis, com a digitalização e o uso de tecnologias de ICT sendo fundamentais para a sobrevivência e o crescimento dessas Startups em tempos difíceis (Bărbulescuet al., 2021).

A inovação ética é um componente vital para o desenvolvimento sustentável das Startups. Ao integrar práticas de CSR com estratégias de inovação, as Startups podem não apenas se diferenciar no mercado, mas também contribuir para a construção de um futuro mais sustentável e justo. A abordagem ética na inovação permite que as Startups cresçam de maneira responsável, atendendo às necessidades de seus stakeholders e promovendo benefícios para a sociedade como um todo.

Por fim, existem ferramentas para medir a inovação ética são essenciais para garantir que as práticas de startups estejam alinhadas com princípios éticos e de responsabilidade social. Entre as abordagens discutidas, destacam-se os sandboxes regulatórios, as métricas de inovação sustentável e os frameworks de design de privacidade. Os sandboxes regulatórios, ambientes controlados que permitem a testagem de novas tecnologias sob supervisão regulatória, promovem a inovação ética com menor risco (Moraes et al., 2022).

No contexto da inteligência artificial, esses ambientes asseguram a conformidade com legislações de proteção de dados e identificam problemas éticos durante o desenvolvimento. As métricas de inovação sustentável, que avaliam práticas empresariais segundo critérios ESG, são importantes para a adaptação em tempos de crise (Bărbulescuet al., 2021). Já os frameworks de design de privacidade, como o Privacyby Design, asseguram que a proteção de dados seja priorizada desde a concepção de produtos, ajudando startups a mitigar riscos de privacidade e a promover a confiança dos usuários (Moraes et al., 2022). A transparência, a conformidade regulatória e políticas claras de ética são fundamentais para orientar as decisões de inovação dessas empresas.

 

 

 

 

2.2. CASOS ANALISADOS E ENTREVISTAS COM STRATUPS

Nos últimos anos, temos observado um reconhecimento crescente da importância da ética na inovação. Desde o desenvolvimento de inteligência artificial até biotecnologias avançadas, as implicações éticas das novas tecnologias são vastas e complexas. Analisaremos casos em que a inovação ética mitigou riscos e gerou benefícios para a sociedade, bem como casos em que não utilizaram a inovação ética como paradigma de atuação. A pesquisa buscou a análise de 6 (seis) casos com o intuito de qualificar a pesquisa, esses foram escolhidos dadas as grandes repercussões e a aderência.

A primeira é a PsiQuantum, fundada por David Keith, ex-professor de Harvard, desenvolve um computador quântico baseado em semicondutores com foco em inovações socialmente desejáveis e eticamente aceitáveis (Stilgoe; Owen; Macnaghten, 2013). A empresa adota princípios de "inovação responsável" e "Privacyby Design", integrando preocupações éticas desde o início, com destaque para a colaboração interdisciplinar e transparência. Keith justifica sua transição para o empreendedorismo pela falta de infraestrutura universitária para construir computadores quânticos em larga escala. Por sua vez a LanzaTech, utiliza biotecnologia e inteligência artificial para converter resíduos gasosos em combustíveis sustentáveis, visando reduzir a dependência de fósseis e as emissões de gases de efeito estufa. Com uma abordagem ética e colaborativa (McKinsey, 2023), a LanzaTech também busca antecipar os impactos sociais e ambientais de suas tecnologias emergentes (Stilgoe; Owen; Macnaghten, 2013).

E ainda, a Snap Inc., conhecida pelo Snapchat, exemplifica inovação ética sob a liderança de Nicole Diaz, Chefe Global de Integridade e Compliance. Desde sua fundação, a empresa adota rigorosas práticas éticas e promove uma governança transparente e responsável. Diaz incentiva os fundadores a integrarem a ética desde o início, considerando o impacto de seus produtos nas partes interessadas e cultivando uma liderança consciente. A Snap Inc. aplica a teoria de regulação responsiva de Ayres e Braithwaite (1992), além dos princípios da inovação responsável de Stilgoe, Owen e Macnaghten (2013), antecipando e agindo para garantir que suas inovações sejam eticamente aceitáveis e socialmente desejáveis.

Os casos da Theranos e da Juicero exemplificam inovações que falharam em manter a ética, resultando em sérias consequências. A Theranos, fundada por Elizabeth Holmes, prometia revolucionar os testes de sangue, mas suas tecnologias eram ineficazes e ocultadas por práticas enganosas, como o uso de equipamentos de outras empresas. Isso não apenas prejudicou investidores, mas também comprometeu a saúde de pacientes (Carreyrou, 2018), destacando a importância da governança corporativa e controles internos rigorosos (Harrison, 2019). Da mesma forma, a Juicero comercializou espremedores de suco caros que não ofereciam valor adicional, sendo exposto que seus pacotes podiam ser espremidos manualmente, o que levou ao fechamento da empresa devido ao marketing enganoso e à falta de sustentabilidade (Thompson et al., 2021; Bocken; Schuit; Kraaijenhagen, 2018).

A comunidade de biologia "faça você mesmo" (DIYbio) tem contribuído para a democratização das ciências biológicas, permitindo que amadores realizem experimentos genéticos. Contudo, essa prática levanta preocupações sérias em termos de segurança e ética, devido à falta de regulamentação e treinamento adequado, representando riscos à saúde pública e ao meio ambiente (Brookings, 2017). A ausência de normas rigorosas pode levar a práticas irresponsáveis, reforçando a necessidade de controles regulatórios para garantir a segurança e ética nas inovações biotecnológicas (Thompson, 2015). Além disso, a falta de conhecimento formal em ética e segurança entre os praticantes pode resultar em experimentos irresponsáveis com possíveis impactos ambientais e sociais significativos (Vincent, 2017).

Já as entrevistas realizadas buscaram investigar a integração de princípios éticos na inovação dentro das Startups. O estudo foi estruturado em três partes principais: Informações Gerais, Práticas de Inovação Ética, e Percepção de Inovação Ética. A primeira parte coleta dados básicos sobre a Startup, como seu nome, setor de atuação, ano de fundação e número de funcionários. Isso estabelece um contexto para a análise das práticas e percepções relatadas pelas empresas.

A segunda parte explora as práticas de inovação ética através de quatro dimensões: Governança e Transparência, Engajamento Social e Impacto Comunitário, Proteção de Dados e Privacidade, e Treinamento e Desenvolvimento de Funcionários. Questões específicas abordam políticas de ética, comunicação de decisões, envolvimento em projetos comunitários, medidas de segurança de dados e treinamentos oferecidos aos funcionários. Por fim, a terceira parte investiga a percepção da inovação ética, pedindo uma avaliação geral da sua importância, desafios e oportunidades na implementação de práticas éticas, e sugestões para melhorias.

O objetivo foi entender como essas empresas estão integrando práticas de inovação ética em seus processos. Abordamos aspectos como governança, engajamento social, proteção de dados, treinamento de funcionários, percepções sobre inovação ética, desafios e oportunidades. As respostas revelam abordagens e dificuldades comuns enfrentadas pelas startups ao tentar implementar práticas éticas. Analisemos:

 

Quadro 1 -  Resumo das entrevistas I

Startup

Setor

Ano de Fundação

Nº de Func.

Políticas de Ética e Integridade

Engajamento Social e Impacto

1

Tecnologia sustentável

2019

30

Código de ética, integridade e compliance, canal de denúncias

Parcerias com ONGs e projetos de reciclagem comunitária

2

Saúde digital

2020

50

Código de conduta, políticas de privacidade e compliance

Programas de saúde gratuitos em comunidades carentes

3

Tecnologia educacional

2017

40

Código de ética, política anti-assédio e governança corporativa

Programas de capacitação em escolas públicas

4

Agricultura tecnológica

2016

60

Código de ética, política de sustentabilidade e governança

Projetos de agricultura sustentável com comunidades rurais

5

Tecnologia financeira

2018

45

Código de ética, compliance e comitê de integridade

Programas de educação financeira e parcerias com ONGs

6

Energia renovável

2015

100

Código de conduta, sustentabilidade e governança

Projetos de energia solar em comunidades carentes

7

Agricultura urbana

2017

20

Código de ética, governança e política de transparência

Hortas comunitárias e programas educativos em escolas

8

Biotecnologia

2016

80

Código de conduta, compliance e comitê de ética

Programas de saúde comunitária e parcerias com instituições de pesquisa

Fonte: Elaborado pelo autor

A análise da Tabela 1 revela um padrão consistente na adoção de políticas de ética e integridade, independentemente do setor de atuação. Todas as startups entrevistadas possuem códigos de ética ou políticas de compliance, com variações nos mecanismos de governança, como canais de denúncia ou comitês de integridade, destacando a centralidade das práticas éticas e da conformidade para empresas que buscam crescer em ambientes competitivos e regulados. O forte engajamento social também é marcante, com iniciativas comunitárias desenvolvidas por todas as empresas, adaptadas ao setor, como projetos de sustentabilidade em startups de tecnologia sustentável, agricultura e energia renovável, e programas de saúde comunitária em empresas de saúde e biotecnologia.

A diversidade no tamanho e no ano de fundação das startups não parece afetar o compromisso ético e social, com empresas menores e jovens adotando políticas robustas de ética e engajamento comunitário, tal como empresas mais maduras. Isso sugere que a inovação ética é vista como um fator crucial para o sucesso de longo prazo. Além disso, a estruturação das práticas de governança ética varia conforme o setor: startups dos setores financeiro e de biotecnologia, mais regulamentados, adotam medidas formais como comitês de ética e auditorias, enquanto empresas voltadas à sustentabilidade e tecnologia optam por abordagens mais amplas de integridade e transparência, ajustando-se às exigências regulatórias e expectativas de stakeholders em cada setor.

A análise do Quadro 1 revela que, embora cada startup adapte suas práticas de inovação ética às necessidades do seu setor, há um compromisso geral com a adoção de políticas robustas de governança e com o desenvolvimento de iniciativas de impacto social. Esses fatores são vistos como fundamentais para a credibilidade e o crescimento sustentável das startups, mostrando que a ética está cada vez mais integrada à estratégia de inovação dessas empresas.

Quadro 2 - Resumo das entrevistas II

Startup

Proteção de Dados e Privacidade

Treinamentos Oferecidos

Desafios na Inovação Ética

Oportunidades na Inovação Ética

Feedback Adicional

1

Criptografia, auditorias, controle de acesso

Semestralmente sobre ética, integridade e responsabilidade social

Alinhar inovação rápida com conformidade ética

Investir em tecnologias de monitoramento ético e expandir parcerias

Melhorar comunicação interna e criar comitê de ética

2

Firewalls, criptografia, autenticação multifator

Anualmente com cursos online e workshops

Conciliar inovação rápida com conformidade regulatória

Implementar plataforma de feedback anônimo e fortalecer parcerias

Criar comitê consultivo de ética com membros externos

3

Políticas de acesso restrito, backups e auditorias

Semestralmente com seminários sobre ética e responsabilidade social

Garantir acessibilidade enquanto mantém padrões éticos

Desenvolver parcerias com ONGs e investir em tecnologias acessíveis

Aumentar frequência das consultas públicas e transparência

4

Criptografia, controles de acesso, auditorias frequentes

Anualmente com workshops sobre ética e práticas sustentáveis

Manter sustentabilidade econômica ao implementar práticas éticas

Expandir projetos comunitários e investir em tecnologias verdes

Criar plataforma de comunicação direta com stakeholders

5

Criptografia, autenticação multifator, monitoramento contínuo

Semestralmente com cursos online e seminários

Alinhar crescimento rápido com manutenção de padrões éticos

Investir em tecnologias de compliance e aumentar transparência

Aumentar frequência de treinamentos e canal de feedback ético

6

Monitoramento em tempo real, criptografia e controle de acesso

Anualmente com workshops sobre ética e sustentabilidade

Alinhar custos com práticas éticas e obter apoio contínuo dos investidores

Fortalecer parcerias com ONGs e investir em tecnologias inovadoras

Melhorar comunicação sobre práticas éticas

7

Políticas rigorosas de controle de acesso e backups regulares

Anualmente com workshops presenciais e cursos online

Conciliar práticas éticas com crescimento rápido

Expandir parcerias com organizações comunitárias e investir em tecnologias verdes

Aumentar transparência e incluir mais treinamentos práticos

8

Criptografia, monitoramento contínuo, autenticação multifator

Semestralmente com cursos de ética empresarial e responsabilidade social

Equilibrar custos de pesquisa com práticas éticas e regulamentos internacionais

Fortalecer colaborações com universidades e centros de pesquisa

Melhorar comunicação interna sobre ética e participação dos funcionários

Fonte: Elaborado pelo autor

 

Já a análise do Quadro 2 revela uma forte consciência sobre a proteção de dados e privacidade, com a adoção de medidas como criptografia, controle de acesso e autenticação multifator, em conformidade com a LGPD. As empresas demonstram um compromisso robusto com a segurança da informação e a confiança dos consumidores, ao mesmo tempo em que realizam treinamentos periódicos sobre ética, responsabilidade social e sustentabilidade, reforçando a cultura corporativa voltada para práticas éticas e inovação responsável.

No entanto, as startups enfrentam desafios para equilibrar a velocidade da inovação com as exigências éticas e regulatórias, especialmente quando novas tecnologias são implementadas rapidamente. Algumas startups destacam a importância de parcerias com ONGs, centros de pesquisa e universidades, e o investimento em tecnologias éticas como oportunidades para promover a inovação ética de forma sustentável. Apesar dos avanços, as empresas ainda identificam áreas de melhoria, como o fortalecimento da governança ética e a comunicação interna.

Muitas startups adotam práticas de comunicação transparentes, como reuniões trimestrais, boletins informativos e relatórios de sustentabilidade, para manter stakeholders atualizados e alinhados com os objetivos éticos da empresa. Além disso, essas empresas demonstram forte compromisso com suas comunidades locais, participando de iniciativas como parcerias com ONGs em projetos de reciclagem, programas de saúde comunitária e educação financeira em escolas públicas. Na criação de novos produtos ou serviços, realizam avaliações de impacto social e ambiental, envolvendo líderes comunitários e realizando workshops para garantir que os desenvolvimentos maximizem benefícios e minimizem impactos negativos.

A adoção do princípio de “Privacyby Design” é comum entre as startups pesquisadas. Isso significa que a privacidade e a segurança são integradas desde a concepção dos produtos e serviços. As medidas de segurança incluem criptografia de dados, autenticação multifator, auditorias regulares e monitoramento contínuo de ameaças. Todas as startups oferecem treinamento em ética e responsabilidade social para seus funcionários. Os treinamentos variam de cursos online a workshops presenciais e seminários sobre ética e conformidade. A frequência dos treinamentos varia, sendo realizados semestralmente ou anualmente.

Esses programas garantem que todos os funcionários estejam cientes das expectativas éticas da empresa e saibam como aplicar esses princípios no trabalho diário. Eles também ajudam a criar uma cultura organizacional que valoriza ética e responsabilidade social. A inovação ética é considerada crucial por todas as startups participantes. Elas veem a inovação ética como fundamental para garantir a sustentabilidade, a confiança dos clientes e a conformidade regulatória. Para muitas, a inovação ética é essencial para o sucesso a longo prazo e para a construção de uma reputação positiva.

Os maiores desafios enfrentados incluem alinhar a inovação rápida com a conformidade ética, garantir a sustentabilidade econômica e equilibrar os custos com as práticas éticas. Implementar práticas éticas pode ser difícil em um ambiente de crescimento rápido, onde as pressões para inovar e expandir são constantes. No entanto, as startups também identificaram várias oportunidades para melhorar suas práticas de inovação ética. Investir em tecnologias de monitoramento ético, expandir parcerias comunitárias e desenvolver plataformas de feedback anônimo são algumas das estratégias que podem ser adotadas. Essas iniciativas fortalecem a ética organizacional e criam novos caminhos para o envolvimento comunitário e a transparência.

As sugestões para melhorar as práticas de inovação ética nas startups envolvem aumentar a transparência interna, criar comitês de ética e intensificar a comunicação sobre práticas éticas. Além disso, recomenda-se aumentar a frequência dos treinamentos e estabelecer canais para receber feedback ético dos clientes. Essas medidas visam integrar a ética de maneira mais profunda nas operações diárias, promovendo uma cultura de responsabilidade e confiança. Embora as startups já demonstrem compromisso com práticas éticas, por meio de governança, proteção de dados e treinamentos, ainda há espaço para avanços na comunicação interna e no desenvolvimento de tecnologias que suportem a inovação ética.

A análise dos casos pode ser diretamente relacionada com os resultados das entrevistas. Empresas como PsiQuantum, LanzaTech e Snap Inc. demonstram a importância da integração de princípios éticos no processo inovador para fortalecer a reputação e promover uma cultura organizacional responsável. Essas startups priorizam a transparência, a colaboração e a responsabilidade em suas inovações. A PsiQuantum, por exemplo, incorpora princípios éticos desde o início no desenvolvimento de sua tecnologia quântica, evidenciando a necessidade de alinhar inovação e ética. Da mesma forma, a LanzaTech transforma resíduos gasosos em combustíveis sustentáveis, contribuindo para a redução das emissões de carbono e criando oportunidades de negócios alinhadas ao bem-estar social. A pesquisa revela que essa prática é comum em startups voltadas para tecnologia sustentável, com projetos comunitários focados em impacto social e ambiental.

Por outro lado, casos como o da Theranos e Juicero ressaltam as consequências da negligência ética. A Theranos exemplifica como a falta de princípios sólidos pode comprometer a confiança dos investidores e a saúde dos pacientes devido à ausência de transparência e manipulação de dados. Da mesma forma, a Juicero falhou ao inflar artificialmente o valor de seu produto, resultando em perda de confiança do consumidor. Em contraste, startups bem-sucedidas implementam políticas de treinamento e governança que educam seus funcionários sobre práticas éticas, promovendo uma cultura organizacional robusta. A crescente comunidade DIYbio também destaca a necessidade de líderes moralmente comprometidos, uma vez que a ausência de regulamentação pode representar riscos significativos à saúde e ao meio ambiente. Esses temas foram abordados nas entrevistas com startups, que enfatizam a importância de políticas de governança e proteção de dados para garantir a inovação ética.

Diante de todo o exposto, este estudo oferece uma visão valiosa para pesquisadores, formuladores de políticas e líderes empresariais sobre como as startups podem navegar os desafios da inovação ética e explorar oportunidades para fortalecer suas práticas. Ao promover uma cultura de ética e responsabilidade, as startups podem evitar riscos legais e reputacionais, contribuir positivamente para a sociedade e construir um futuro mais sustentável e justo.

 

3  CONCLUSÃO

A interseção entre inovação e ética nas Startups representa um campo de crescente relevância no cenário contemporâneo. Com o avanço tecnológico e a globalização, as empresas emergentes enfrentam o desafio de integrar práticas éticas em seus processos inovadores. A literatura revisada, evidencia que a inovação ética transcende a mera escolha moral, configurando-se como uma estratégia crucial para a sustentabilidade das Startups no século XXI. As análises sugerem que a ética não é apenas uma consideração adicional, mas uma componente essencial para a competitividade e longevidade das Startups.

No contexto brasileiro, frequentemente as Startups priorizam a sobrevivência e o crescimento em detrimento da inovação ética. No entanto, o crescente foco global em práticas responsáveis, sugere que a ética deve ser integrada desde o início das operações para garantir um impacto positivo tanto local quanto global. A necessidade de equilibrar as pressões de mercado com a responsabilidade ética torna-se um aspecto crucial para a criação de um ambiente de negócios sustentável e respeitável.

Os exemplos analisados e os resultados da pesquisa revelam um compromisso significativo com práticas de inovação ética, incluindo políticas de ética e integridade, engajamento social e proteção de dados. Essas Startups estão ativamente adotando princípios como Privacyby Design e realizando avaliações de impacto social e ambiental. Apesar de suas dificuldades, tais como alinhar inovação rápida com conformidade ética e equilibrar custos, as Startups identificam oportunidades de aprimoramento, como o fortalecimento da comunicação interna e o aumento da transparência.

Diante disso, surge o problema da pesquisa: Como as Startups podem equilibrar a inovação com a ética, considerando que suas decisões podem ter implicações significativas na sociedade e no meio ambiente? Portanto, podemos extrair que a resposta para a pergunta de pesquisa é que a inovação ética não deve ser vista como uma mera tendência, mas como uma necessidade imperativa para o sucesso negocial e social das Startups, considerando a abrangência de seus impactos e os resultados de suas atuações. Observando como as Startups podem implementar e melhorar suas práticas éticas, contribuindo para um ecossistema mais responsável e sustentável. À medida que o mercado evolui e a conscientização dos consumidores sobre ética cresce, as Startups que antecipam e incorporam essas expectativas não apenas garantem sua sustentabilidade, mas também promovem um futuro mais justo e ético para todos.

 


 

REFERÊNCIAS

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[1] Doutor em Administração de Empresas – FGV EAESP (2023); Doutor em Controladoria e Finanças – Mackenzie (2023); Mestre em Gestão e Políticas Públicas – FGV EAESP (2022), em Economia e Mercados (2018) – Mackenzie e em Administração de Empresas – Mackenzie (2015); Mestre em Direito – FGV (2025); MBA Executivo – Manchester Business School; Especialista em Escolas Econômicas liberais – Mackenzie (2022);  Especialista em Neurociência e psicologia aplicada - Mackenzie (2024); Bacharel em Contabilidade – Mackenzie (2008) e em Economia – PUC/SP (2002); Graduando em Filosofia – Mackenzie (Previsão 2025).