Povos originários e resistência epistêmica
a competência crítica em informação como mecanismo contracolonial
DOI:
https://doi.org/10.21728/logeion.2025v12n1e-7831Palavras-chave:
competência crítica em informação; colonialidade; decolonialidade; contracolonialidade; povos originários.Resumo
Este artigo objetiva analisar a competência crítica em informação como um mecanismo de caráter contracolonial no contexto dos povos originários, resultado de reflexões desenvolvidas no âmbito de pesquisa de doutorado que vem sendo desenvolvida em Ciência da Informação. O estudo adota uma abordagem descritivo-explicativa e qualitativa, orientada à compreensão das estruturas coloniais e de seus desdobramentos na contemporaneidade, que se manifestam por meio da colonialidade do poder, do ser e do saber. Ao problematizar a persistência de sistemas de dominação que negam epistemologias plurais, a pesquisa articula referenciais de autores decoloniais e contracoloniais, considerando as produções e as práticas dos povos indígenas. A competência crítica em informação é examinada não somente como superação de uma perspectiva instrumental, mas como processo político e epistêmico de resistência, capaz de tensionar relações de poder e afirmar horizontes alternativos de conhecimento. Os resultados apontam que, ao reconhecer a centralidade das fontes indígenas e das práticas informacionais autônomas, aquela competência fortalece a autodeterminação epistêmica e cultural dos povos originários. Conclui-se que, enquanto dispositivo contracolonial, a competência crítica em informação contribui para a construção de mundos outros, sustentados pela valorização de saberes diversos e pela promoção da justiça cognitiva.
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