FEMINISMO 2.0: A MOBILIZAÇÃO DAS MULHERES NO BRASIL CONTRA O ASSÉDIO SEXUAL ATRAVÉS DAS MÍDIAS SOCIAIS (#PRIMEIROASSEDIO)
DOI:
https://doi.org/10.21721/p2p.2016v3n1.p148-164Resumo
Muito vem se discutindo sobre igualdade de gênero e garantia de direitos para as mulheres em todo o mundo, mas o ano de 2015 foi decisivo para a construção de uma nova narrativa sobre os movimentos feministas na mídia, especialmente no Brasil. Esse ano é marcado por dois fatos sociais importantes. Por um lado, destaca-se a divulgação do “Mapa da Violência” de 2012 a 2015, que revelou dados atuais e inéditos sobre a realidade do feminicídio no nosso país. Por outro, iniciativas online questionaram tabus femininos que há décadas são pouco debatidos publicamente no Brasil pelos cidadãos e cidadãs comuns. Diante desse cenário, o objetivo desta pesquisa foi investigar a nova dinâmica dos movimentos sociais na chamada sociedade em rede a partir da mobilização das mulheres brasileiras nas redes sociais, onde o alcance das mensagens extrapola os domínios da vida social e cotidiana dos indivíduos diretamente envolvidos para infinitas redes de informação online. Para tal, foi realizado o estudo de caso da hashtag #primeiroassedio através dos dados extraídos da rede social Twitter relacionados à campanha online ocorrida no Brasil em 2015, que foram interpretados e discutidos à luz da literatura sobre Análise de Redes Sociais (ARS ou SNA - Social Network Analysis). Os resultados encontrados indicam que a nova dinâmica dos movimentos sociais em redes online permite que um perfil com pouca ou nenhuma visibilidade midiática aparente, como o @thinkolga, pode criar uma campanha de ação política e obter grande repercussão entre os usuários destas redes. Este novo fenômeno social pode apontar para uma possível atualização da tradicional teoria da espiral do silêncio na medida em que considera o efeito mútuo dos meios de comunicação de massa e das mídias sociais na formação da opinião pública.
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