Criptoanálise
abrindo a caixa-preta da inteligência artificial
DOI:
https://doi.org/10.21728/logeion.2024v11e-7380Palavras-chave:
Transformação digital. Inteligência Artificial Generativa. Criptoanálise.Resumo
Este artigo apresenta uma revisão do conceito de Inteligência Artificial pela ótica da transformação digital, que é, alegadamente, uma transformação dos meios de produção. Esta transformação acaba por confundir o terreno da produção, local histórico da análise marxista, com o da reprodução social, levando a uma expansão do campo de análise social para além das fronteiras econômicas tradicionais. É observado que a plataformização é a arquitetura hegemônica que acomoda a transformação digital. Ela amplia o cercamento dos bens comuns próprio ao sistema capitalista acrescentando uma mercadoria fictícia, a informação, às demais já presentes (terra, trabalho, dinheiro). Cria-se mais uma camada de regime de acumulação, que denomino de “espetacularização”. Como modelo para esta abordagem, é sugerido o método estratégico da criptoanálise que se estabelece pelo tratamento da distinção transparência/opacidade, proposta pelo sociólogo Niklas Luhmann. Observa-se que esta é a distinção que rege o princípio da complexidade. Com isso, é possível rastrear os danos gerados pelos usos indiscriminados da Inteligência Artificial generativa, que estão latentes (ocultos) na adoção da tecnologia. O artigo finaliza com uma reflexão sobre o alcance do arcabouço legal e regulatório que está sendo pensado no Brasil para esta nova tecnologia.
Downloads
Referências
AMADEU DA SILVEIRA, Sergio et al. Colonialismo de dados. São Paulo: Autonomia Literária, 2021.
BERARDI, Franco. Hipercapitalismo e semiocapital. Disponível em: https://www.ihu.unisinos.br/categorias/643651-hipercapitalismo-e-semiocapital-artigo-de-franco-bifo-berardi, 2024a. Acesso em: 24 out. 2024.
BERARDI, Franco. Para uma antropologia do novo fascismo. Disponível em: https://www.ihu.unisinos.br/categorias/642495-para-uma-antropologia-do-novo-fascismo-artigo-de-franco-berardi, 2024b. Acesso em: 24 out. 2024.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. vol I. São Paulo: Paz e Terra, 2013.
CESARINO, Letícia. O mundo do avesso: verdade e política na era digital. São Paulo: Ubu Editora, 2022.
CRARY, Jonathan. 24/7 – Capitalismo tardio e os fins do sono. São Paulo: Ubu Editora, 2016.
DANTAS, Marcos. Informação, Trabalho e Capital. In: DANTAS et al. O valor da informação: de como o capital se apropria do trabalho social na era do espetáculo e da internet. São Paulo: Boitempo, 2022.
DANTAS, Marcos. A matemática da desordem informacional. Disponível em: https://aterraeredonda.com.br/a-matematica-da-desordem-informacional/, 2024. Acesso em: 24 out. 2024.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
DELEUZE, Gilles. Post-Scriptum sobre as Sociedades de Controle. L'Autre Journal, n. 1, maio de 1990.
VON FOERSTER, Heinz. Ethics and Second-Order Cybernetics. Understanding understanding: essays on cybernetics and cognition. New York: Springer-Verlag, 2003.
FLORI, Luciano. Why the ai hype is another tech bubble. Disponível em: https://www.academia.edu/124455113/Why_the_AI_Hype_is_another_Tech_Bubble?email_work_card=title, 2024. Acesso em: 24 out. 2024.
FLUSSER, Vilém. O mundo codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
FLUSSER, Vilém. O universo das imagens técnicas: elogio da superficialidade. São Paulo: Annablume, 2008.
FLUSSER, Vilém. A escrita: há futuro para a escrita. São Paulo: Annablume, 2010.
LUHMANN, Niklas. The control of intransparency. SYST. RES. BEHAV. SCI. VOL. 14, 359–371 (1997). Disponível em: https://www.academia.edu/4384022/Luhmann_ Control_Of_Intransparency. Acesso em: 24 out. 2024.
LÊNIN, Vladímir I. Imperialismo, estágio superior do Capitalismo. São Paulo: Boitempo, 2021.
MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensão do homem. São Paulo: Cultrix, 1974.
MOROZOV, Evgeny. Big tech: a ascensão dos dados e a morte da política. São Paulo: Ubu Editora, 2018.
PINTO, Álvaro Vieira. O conceito de tecnologia. Volume II. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005.
POLANYI, Karl. A grande transformação: as origens de nossa época. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
PRADO, Eleutério. Sobre a socialização do capital. Disponível em: https://eleuterioprado.blog/2024/09/22/sobre-a-socializacao-do-capital/, 2024. Acesso em: 24 out. 2024.
PREGER, Guilherme. Da economia circular à ecologia das redes: as vantagens comparativas da transformação digital para a economia solidária. Logeion: Filosofia da Informação. v. 9 (2022a): Edição Especial - Anais do XVIII Colóquio Habermas e IX Colóquio de Filosofia da Informação. Disponível em: https://revista.ibict. br/fiinf/article/view/6183.
PREGER, Guilherme. O futuro das criptomoedas. Disponível em: https://aterraeredonda.com.br/o-futuro-das-criptomoedas/, 2022b. Acesso em: 24 out. 2024.
PREGER, Guilherme. A democracia segundo Niklas Luhmann. Logeion: Filosofia da Informação. v. 10 (2023a): Edição Especial - Anais do XIX Colóquio Habermas e X Colóquio de Filosofia da Informação. Disponível em: https://revista.ibict.br/ fiinf/article/view/6752. Acesso em: 24 out. 2024.
PREGER, Guilherme. Jogos de imitação em chatbots. Disponível em: https://aterraeredonda.com.br/jogos-de-imitacao-em-chatbots/2023b. Acesso em: 24 out. 2024.
PREGER, Guilherme. Teoria geral dos aparelhos: tratado da engenharia política. Ouro Preto: Caravana, 2024.
ROUVROY, Antoinette; BERNS, Thomas. Algorithmic governmentality and prospects of emancipation: disparateness as a precondition for individuation through relationships? Disponível em: https://www.academia.edu/27829161/ Algorithmic_ governmentality_and_prospects_of_emancipation_Disparateness_ as_a_precondition_for_individuation_through_relationships_Antoinette_Rouvroy_and_Thomas_Berns_Translated_from_French_by_Elizabeth_Libbrecht_, 2013. . Disponível em:
SILVA, Artur Stamford da. 10 lições sobre Luhmann. Petrópolis: Vozes, 2016.
SIMONDON, Gilbert. Do modo de existência dos objetos técnicos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2020.
SMYTHE, Dallas. Communications: Blind spot of western marxism. Canadian Journal of Political and Social Theory/Revue canadienne de theorie politique et sociale, vol. 1, n. 3 (Fall/Automne 1977).
SRNICEK, Nick. Platform Capitalism. Cambridge: Polity Press, 2016.
WARK, McKenzie. Um manifesto hacker. São Paulo: Funilaria, 2023.
WIENER, Norbert. Cibernética: ou controle e comunicação no animal e na máquina. São Paulo: Perspectiva, 2017.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
A revista é publicada sob a licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 4.0 Internacional.
O trabalho publicado é considerado colaboração e, portanto, o autor não receberá qualquer remuneração para tal, bem como nada lhe será cobrado em troca para a publicação.
Os textos são de responsabilidade de seus autores.
É permitida a reprodução total ou parcial dos textos da revista, desde que citada a fonte.