Let me tell ya what i've got
a irreprodutibilidade como dinâmica informacional a partir do jazz e suas implicações para o campo da ciência da informação
DOI:
https://doi.org/10.21728/logeion.2023v10nesp2.p406-417Keywords:
irreprodutibilidade; jazz; mediação cultural; ciência da informação.Abstract
O presente resumo expandido refere-se ao trabalho de pesquisa que buscou utilizar as caraterísticas do jazz, enquanto manifestação cultural musical, como referência para elaboração de questões no campo da Ciência da Informação. Para tanto, coloca-se o jazz como expressão que, dentro do mundo globalizado, consagrou dinâmicas de produção que, mesmo que absorvidas pela hegemonia, são antagonistas às formas do pensamento ocidental. Para os fins do presente trabalho, interessa-nos a característica, no jazz, da irreprodutibilidade como valor intrínseco de sua existência. Esse esforço de construção textual tem o objetivo de analisar a irreprodutibilidade como dinâmica partindo do contexto do jazz e suas implicações para o campo da Ciência da Informação. Nesse sentido, com base na teoria de pensadores como Walter Benjamin e outros como Eric J. Hobsbaw e Kevin McGarry, apresentamos uma pesquisa na forma de ensaio teórico, de caráter bibliográfico. A metodologia é composta pela leitura e interpretação de conceitos, com reflexões encadeadas e expostas no formato de texto ordenado, referenciando as leituras e autores de modo construir um caminho lógico e válido, buscando construir as características da irreprodutibilidade a partir do jazz, entendendo como a irreprodutibilidade implica outros modos perpetuação no tempo e propor questões a serem movimentadas no campo da Ciência da Informação a partir dos resultados das questões anteriores. O resultado das reflexões desenvolvidas é de que a compreensão de dinâmicas não hegemônicas de manutenção de memória, como a irreprodutibilidade, são fundamentais para o entendimento do valor de culturas que estão à margem das tecnologias e das culturas consagradas e já adequadas ao discurso científico. Entendemos que a criação do campo de estudo da Ciência da Informação é fruto direto do desenvolvimento tecnológico e das necessidades de gestão operacional dos dados decorrentes da tecnologia de comunicação. Esse caminho, pela perspectiva das possibilidades de reprodução, vai ao encontro da análise da sociedade capitalista proposta por Walter Benjamin ao tratar da reprodutibilidade técnica. Mesmo não tratando, no caso dos estudos informacionais, da obra de arte, a afirmação do filósofo alemão conversa perfeitamente com a noção de um desenvolvimento técnico permanente em torno das possibilidades de reprodução. A própria razão de ser da Ciência da Informação é baseada na lógica, colocada também por Benjamin em relação à obra de arte, da democratização do objeto por meio do seu acesso imediato: a recuperação da informação e o contato com seu usuário. Esse propósito, inclusive, se inicia, tecnologicamente, na invenção da imprensa e suas possibilidades de difusão pela reprodução.
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