Memorial Ilê Axé Oyá Bagan:

Informação étnico-racial e processo museológico comunitário no enfrentamento do racismo religioso no Distrito Federal

Autores

  • Clovis Carvalho Britto Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.18225/inc.soc.v16i2.6341

Palavras-chave:

comunidades de terreiro, processo museológico, racismo religioso, Distrito Federal, Ilê Axé Oyá Bagan

Resumo

Este artigo analisa o modo como algumas comunidades de terreiro têm utilizado a extroversão da informação étnico-racial e antirracista em espaços museológicos comunitários como forma de enfrentamento da exclusão social e do racismo religioso. Elege como estudo de caso a trajetória do Ilê Axé Oyá Bagan, terreiro de candomblé liderado pela ialorixá Adna Santos de Araújo, conhecida como Mãe Baiana de Oyá, localizado no Lago Norte, próximo ao Paranoá, Distrito Federal. A pesquisa mobilizou abordagem qualitativa e exploratória por meio de análise bibliográfica e documental, além de visita ao Memorial Ilê Axé Oyá Bagan. O estudo de caso se justifica em virtude da comunidade do terreiro ter sido alvo de diversas ações de racismo religioso e enfrentá-las mediante o combate à desinformação, a criação de ações educativas e de um processo museológico comunitário. O artigo evidencia o lugar das religiões de matriz africana no campo dos museus e patrimônios do Distrito Federal e investiga como os processos museológicos em comunidades de terreiro podem contribuir para a inclusão social e o enfrentamento do racismo religioso.

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Publicado

20/12/2024

Como Citar

Memorial Ilê Axé Oyá Bagan:: Informação étnico-racial e processo museológico comunitário no enfrentamento do racismo religioso no Distrito Federal. (2024). Inclusão Social, 16(2). https://doi.org/10.18225/inc.soc.v16i2.6341