Um passo por vez:
a luta pela memória inclusiva dando voz a atletas silenciados
DOI:
https://doi.org/10.18225/inc.soc.v16i1.7148Palavras-chave:
arquivos, registros, memórias, Comrades Marathon, atletismo, arquivo inclusivoResumo
Um dos slogans retóricos na área de arquivologia na África do Sul era “levar os arquivos ao povo” e a necessidade de tirar os arquivos públicos do domínio da elite e transformá-los em um recurso comunitário por meio de arquivos inclusivos. Este slogan foi cunhado desde a consolidação da democracia de forma a manifestar a convicção de que o poder modelador dos arquivos deveria ser usado para promover os arquivos como ferramenta para a reconciliação, a coesão social e a construção da nação. Devido ao financiamento limitado, a euforia em torno do slogan diminuiu, uma vez que poucas medidas foram adotadas. Este artigo adotou a revisão da literatura, experiências pessoais e visitas ao Museu Comrades House para explorar a possibilidade de transformar arquivos ao incluir as vozes silenciadas nos sistemas arquivísticos nacionais, como memórias de atletas de eventos de corrida, como a Comrades Marathon (Maratona dos Camaradas). O artigo argumenta que isto é possível porque a legislação arquivística sul-africana permite a coleta de registros não públicos valiosos para o país, a fim de preencher lacunas que surgiram da era colonial. O documento recomenda que as instituições arquivísticas da África do Sul considerem a incorporação de memórias de atletas, principalmente de vencedores de maratonas como a Comrades Marathon, para dar um passo em direção à memória inclusiva. Neste sentido, mesmo que a Associação Comrades Marathon colete e digitalize essas memórias usando fotografias e outros itens, como os tênis e camisetas dos vencedores, o acervo pode ser incluído no portal do arquivo nacional acessado via AToM. Isto pode fazer com que esse acervo seja disponibilizado gratuitamente através de uma licença Creative Commons. Desta forma, a acessibilidade poderia ser bastante simplificada e facilitada a usuários de todo o mundo. Por fim, os repositórios de arquivos deveriam começar a colher memórias de eventos internacionais realizados na África do Sul, tais como os Jogos Pan-Africanos de 1999, a Copa do Mundo de Rugby de 1995 e a Copa do Mundo da FIFA de 2010. Os registros desses eventos podem ser coletados junto a pessoas e órgãos públicos, a fim de construir e complementar os arquivos do país. Consequentemente, o país dará um passo em direção a arquivos inclusivos e mais pessoas poderão demonstrar interesse nesses arquivos, uma vez que os acervos refletirão a diversidade.
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