Relações dinâmicas entre memória e esquecimento

das ambivalências às antinomias no mundo digital

Autores

  • Paulo Ricardo Silva Lima Universidade Federal de Alagoas
  • Edivanio Duarte de Souza Universidade Federal de Alagoas

DOI:

https://doi.org/10.21728/logeion.2021v7n2.p186-201

Palavras-chave:

Ambiente digital, Direito ao esquecimento, Direito à infomação, Direito à memória

Resumo

Na atual sociedade da informação, regida por políticas de acesso e de privacidade, o direito ao esquecimento surge como ferramenta de proteção dos direitos fundamentais do cidadão. Assim, discute-se algumas ambivalências que envolvem esse direito e sua efetiva sua aplicabilidade. No Brasil, não há uma legislação específica que verse sobre a aplicação do direito ao esquecimento e sua relação com a memória individual e coletiva, sendo realizados julgamentos com base na ponderação de direitos fundamentais oriundos da personalidade humana. Além disso, Supremo Tribunal Federal considerou que o direito ao esquecimento é incompatível com a Constituição Federal, apontando para as análises de casos concretos que comentam excessos e abusos à liberdade de expressão e ao direito à informação. Considera, contudo, que o movimento de proteção de dados resultou em instrumentos normativos para atender às demandas sociais, políticas e econômicas do mundo contemporâneo, sobretudo, na produção dos direitos de personalidade.

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Biografia do autor

Paulo Ricardo Silva Lima, Universidade Federal de Alagoas

Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Alagoas- UFAL. Bacharel em Administração Pública pela Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL. Especialista em Gestão da Qualidade na Administração Pública - UNEAL. Especialista em Direito Administrativo na Faculdade Campos Elíseos - FCE. Especialista em Gestão de Pessoas- FCE. Especialista em Direito Aplicado à Educação - FCE. Graduando em Direito pelo Centro Universitário Tiradentes - UNIT/AL. Assessor administrativo na Defensoria Pública do Estado de Alagoas - DPEAL. Membro da comissão permanente de licitação - DPEAL. Membro da comissão de Planejamento Estratégico - Conselho Regional de Administração de Alagoas- CRA/AL. Membro dos grupos de pesquisa: a) Garantismo Processual - UNIT/AL; b) pesquisa Inovação e Competitividade - UFAL; c) Observatório de Estudos Interdisciplinares da Informação - Observinter - UFAL; d) Ciência, Tecnologia e Sociedade - UNEAL. 

Edivanio Duarte de Souza, Universidade Federal de Alagoas

Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (2011), Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba (2004), Graduado em Direito pela Faculdade Estácio de Alagoas (2014) e em Biblioteconomia pela Universidade Federal da Paraíba (1999). Professor Associado do Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes da Universidade Federal de Alagoas (ICHCA/UFAL), com atuação no Curso de Biblioteconomia e no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI/UFAL), na linha de pesquisa Produção, Mediação e Gestão da Informação. Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal da Paraíba (PPGCI/UFPB), na linha de pesquisa Ética, Gestão e Políticas de Informação. 

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Publicado

26/03/2021

Como citar

LIMA, P. R. S.; SOUZA, E. D. de. Relações dinâmicas entre memória e esquecimento: das ambivalências às antinomias no mundo digital. Logeion: Filosofia da Informação, Rio de Janeiro, RJ, v. 7, n. 2, p. 186–201, 2021. DOI: 10.21728/logeion.2021v7n2.p186-201. Disponível em: https://revista.ibict.br/fiinf/article/view/5644. Acesso em: 1 maio. 2024.

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