Desmaterialização documental e vácuo informacional
o comprometimento da natureza ontológica do documento em um serviço de música streaming
DOI:
https://doi.org/10.21728/logeion.2020v7n1.p87-106Palavras-chave:
Desmaterialização, Documento, Neodocumentação, Vácuo Informacional, Álbum de MúsicaResumo
Este artigo reflete sobre a desmaterialização de um tipo documental e seus arranjos no contexto digital, observando que a desmaterialização do álbum sonoro é marcada por um fenômeno nomeado de vácuo informacional no contexto do serviço de música digital Spotify. A desmaterialização de tipos documentais mostra-se uma realidade consolidada em tempos de informação digital. Com as inovações tecnológicas, mudanças culturais, comportamentais e todo um arcabouço conceitual e epistémico atrelado a essas inovações floresce e se desenvolve num curto espaço de tempo. Revisita a noção de documento e neodocumentação, adotando-se a premissa Neodocumentalista a respeito do valor contextual que a materialidade do documento oferece. A pesquisa caracteriza-se como exploratória, bibliográfica, documental e telematizada e utiliza como corpus de pesquisa 112 álbuns sonoros da extinta gravadora pernambucana Rozenblit. Constata-se que a desmaterialização dos álbuns sonoros tem como característica principal o comprometimento da natureza ontológica do documento, da marca distintiva deste enquanto documento: a sua natureza informativa.
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