Ensino da Acessibilidade nos cursos de Arquivologia no Brasil:

uma análise formativa das matrizes curriculares

Autores

  • Thayron Rangel Universidade Federal Fluminense
  • Lucia Maria Velloso de Oliveira Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.18225/inc.soc.v16i1.6475

Palavras-chave:

acessibilidade, pessoas com deficiência, usuários de arquivos, formação profissional, arquivologia

Resumo

Como uma condição humana que envolve várias dimensões da vida, as deficiências exigem o conhecimento e a ação dos órgãos e entidades para o atendimento das necessidades biopsicossociais e informacionais dos usuários dos produtos e serviços públicos.  Nesse sentido, a acessibilidade cumpre o papel de efetivar o acesso aos documentos e informações, por meio da adoção de Tecnologias Assistivas, design universal e implementação de programas e ações institucionais que visem o ingresso e permanência nos espaços institucionais. Parte de um viés humanitário que consta em compromissos sociais inscritos em uma agenda mundial de proteção dos direitos das pessoas com deficiência como: a Agenda 2030 da Unesco e as normas ISO 26000 – Responsabilidade Social e ABNT NBR 16001 – Responsabilidade social – Sistema da gestão – Requisitos. Esta pesquisa objetiva identificar a existência ou não do interesse e da formalização do ensino da acessibilidade e das temáticas de acesso, usuários e inclusão social (temáticas relacionadas à acessibilidade) nos cursos de graduação de Arquivologia no Brasil. Para isso, utilizou-se como procedimentos metodológicos a pesquisa bibliográfica em bases de dados e periódicos da área e a pesquisa documental nos Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) dos cursos analisados. Aponta a escassez da temática nos currículos, o que impacta a efetivação do acesso aos arquivos.

Biografia do Autor

  • Lucia Maria Velloso de Oliveira, Universidade Federal Fluminense

    Doutora em Ciências - Área: História Social pela Universidade de São Paulo (2011). Possui graduação em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1986), graduação em Arquivologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (1992), mestrado em Ciência da Informação pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia e Universidade Federal Fluminense (2006). Presidiu a Associação dos Arquivistas Brasileiros por cerca de 10 anos. Foi membro do Comitê Gestor da Seção de Arquivos Universitários e de Instituições de Pesquisa do Conselho Internacional de Arquivos até 2016. Chefiou de outubro de 2002 a novembro de 2018 o Serviço de Arquivo Histórico e Institucional da Fundação Casa de Rui Barbosa. Atuou também como docente da disciplina Tratamento documental em arquivos permanentes no Curso de Especialização em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e de Saúde da FIOCRUZ. Atualmente é Professora (20 h) da Universidade Federal Fluminense do Departamento da Ciência da Informação, habilitada e classificada em concurso público de provas e títulos, é Professora permanente credenciada ao Programa de Pós Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense e Professora do Programa de Pós-Graduação em Memória e Acervos da Fundação Casa de Rui Barbosa, que implantou e coordenaou por quatro anos. De novembro de 2018 a janeiro de 2020 atuou como Diretora-Executiva da Fundação Casa de Rui Barbosa, e no periodo de abril a outubro de 2019 foi presidente substituta da instituição. Atua principalmente com as seguintes temáticas: organização de arquivos, arquivos pessoais, gestão de documentos, descrição arquivística, usos e usuários dos arquivos e arquivos e sociedade.

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Publicado

29/07/2024

Como Citar

Ensino da Acessibilidade nos cursos de Arquivologia no Brasil:: uma análise formativa das matrizes curriculares. (2024). Inclusão Social, 16(1). https://doi.org/10.18225/inc.soc.v16i1.6475