Entre coleções e monumentos coloniais: uma abordagem a partir do conceito de “patrimônio dissonante”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18617/liinc.v17i2.5776

Palavras-chave:

Patrimônio Dissonante, Memória, Decolonialidade, Lidio Cipriani, Monumentos

Resumo

O artigo propõe uma discussão acerca do chamado “patrimônio dissonante” (dissonant heritage), em particular o patrimônio ligado ao colonialismo italiano. Qualquer patrimônio, ainda que em estado silente, enquanto não mais envolvido no quotidiano e nos processos culturais do presente, é recebido, mesmo que inconscientemente, pelos públicos. Optamos para analisar dois estudos de caso de patrimônios definidos como “dissonantes”, para observarmos, nas práticas, as trajetórias político-culturais de manutenção dessa memória em um contexto em que a dissonância precisa ser identificada e centralizada, o monumento ao explorador Vittorio Bottego e a coleção de máscaras faciais do antropólogo fascista Lidio Cipriani. Desvelar o papel principal que a ‘dissonância’ desempenha nas discussões sobre os diferentes usos da memória e do patrimônio significa reconhecer como essa dissonância abriu novas perspectivas no campo dos estudos sobre o patrimônio, no qual o conceito foi originalmente introduzido para discutir heranças que envolvem histórias discordantes e usos públicos de memórias e representações de passados contenciosos

Biografia do autor

Giulia Crippa, Dipartimento di Beni Culturali, Università di Bologna, Ravenna, Itália

Professora Associada. Dipartimento di Beni Culturali da Universidade de Bolonha (Itália). Área de Sociologia dos Processos Comunicativos.Livre Docente em Ciência da Informação pela FFCLRP/USP. Doutora em História Social pela FFLCH/USP.

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Publicado

30/11/2021

Como citar

CRIPPA, G. Entre coleções e monumentos coloniais: uma abordagem a partir do conceito de “patrimônio dissonante”. Liinc em Revista, [S. l.], v. 17, n. 2, p. e5776, 2021. DOI: 10.18617/liinc.v17i2.5776. Disponível em: https://revista.ibict.br/liinc/article/view/5776. Acesso em: 27 abr. 2024.

Edição

Seção

Decolonialidade e Ciência da Informação: veredas dialógicas