A informação sobre a Covid-19 nos desertos de notícias: a relevância do jornalismo interior do Pará
DOI:
https://doi.org/10.18617/liinc.v16i2.5339Palavras-chave:
Deserto de Notícias, Jornalismo, Desinformação, Rondon Notícias, Covid-19Resumo
Diante da pandemia da COVID-19, o acesso à informação de qualidade tornou-se elemento fundamental na manutenção das condições básicas de saúde. Neste artigo discutimos a importância do jornalismo nos chamados desertos de notícias. Partimos da realidade da cidade de Rondon do Pará, Sudeste paraense, Brasil, para analisar como a escassez de informação jornalística impacta o conhecimento da realidade local, especialmente durante a pandemia. Assumimos a premissa de que o jornalismo, fundamentado em princípios e critérios específicos, tende a produzir informações mais qualificadas do que aquelas difusas em ambientes digitais informais. Assim, nossa hipótese é a de que, em locais com meios jornalísticos diversos, há maior espaço para promoção da cidadania, uma vez que as comunidades podem ter bons subsídios para a tomada de decisões. Embora utilizemos dados quantitativos, nossa metodologia é eminentemente qualitativa, fundamentada em entrevistas semi-estruturadas com cidadãos rondonenses, e em observação participante, com nossa experiência na rotina de produção do portal Rondon Notícias. Fundamentadas em conceitos como jornalismo comunitário, regional, desinformação e comunicação para mudança social, observamos a relevância do jornalismo em sociedades periféricas como uma questão de cidadania e de desenvolvimento. Nossa análise aponta, entre outras questões, que em comunidades com pouca tradição de mídias locais, os cidadãos não conseguem diferenciar as informações jornalísticas de outros tipos, diminuindo as chances de estarem bem informados e, em última análise, acessarem sua condição de cidadãos. E, além de não compreenderem a importância da informação local, também não se dispõem como fontes, o que dificulta o exercício do jornalismo nesses espaços
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