“Somos o que comemos!”: Uma reflexão da política de cuidado ecofeminista plasmada na prática da agroecologia
DOI:
https://doi.org/10.18617/liinc.v18i1.5884Palavras-chave:
Comida, Política de cuidado, Ecofeminismos, AgroecologiaResumo
Objetivo compartilhar uma reflexão sobre a política de cuidado ecofeminista presente na produção alimentar agroecológica. Esta análise é desenvolvida a partir de uma hermenêutica ecofeminista. Parto da revisão de literatura, interdisciplinar e pluriepistemológica, que enfrenta os valores andro-antropocêntricos que constituem a base do capitalismo-financeiro global. Este sistema econômico, que perpetua lógicas de poder, sociopolítico e econômico, originadas no sistema patriarcal e na ideologia colonial, está a levar-nos à destruição irreversível na escala planetária. Conhecimentos e práticas ecofeministas abrem possibilidades para a sociedade humana reconectar sua natureza terrestre e, consequentemente, romper com a economia de morte presente no mundo em nossos dias. Escolho direcionar minha leitura para uma política de cuidado relacional com a comida. Isto porque verifico as interconexões existentes e as transformações possíveis que o alimento proporciona à realização de uma economia da vida, contrariando a fatalidade que ameaça a comunidade Terra.
Referências
ALMEIDA, Carlos Cândido de; MANUEL, Rosa San Segundo, 2021. Epistemologias feministas e Ciência da Informação: estudos e implicações. Informação & Informação, vol. 26, n. 4, 76-108.
AMIN, Samir, 2004. Globalism or Apartheid on a Global Scale? Em: Immanuel Wallerstein (Ed.). The modern world-system in the longue durée. Colorado-EUA: Paradigm Publishers, pp. 5-30.
ANDREUCCI, Diego; MCDONOUGH, Terrence, 2018. Capitalismo. Em: Giacomo D’Alisa, Federico Demaria; Georgos Kallis (Eds.). Sofía Ávila-Calero; Mario Pérez-Rincón (Coords. Ed. México). Decrecimiento: Un Vocabulario para uma nueva era. Barcelona-España / México-DF: Icaria / Fundación Heinrich Boell, pp. 112-117.
CABNAL, Lorena, 2010. Acercamiento a la construcción de la propuesta de pensamiento epistémico de las mujeres indígenas feministas comunitarias de Abya Yala. Em: Feminismos diversos: el feminismo comunitario. Madrid: ACSUR-Las Segovias, pp. 10-25.
CAVALCANTI, Maria; SILVA, Maria Lucivanda Rodrigues da e KREFTA, Noemi Margarida, 2020. Alimentação saudável: somos o que comemos! Em: Adriana Maria Mezadri et al (Orgs.). Feminismo Camponês Popular. Reflexões a partir de experiências no Movimento de Mulheres Camponesas. São Paulo: Expressão Popular, pp. 111-122.
CHANCEL, Lucas, PIKETTY, Thomas., SAEZ, Emmanuel, ZUCMAN, Gabriel et al, 2021. World Inequality Report 2022. World Inequality Lab. [Acesso em 20 novembro 2021] Disponível em: https://wir2022.wid.world/www-site/uploads/2021/12/Summary_WorldInequalityReport2022_English.pdf
CRUTZEN, Paul J. e STOEMER, Eugene F., 2000. The “Anthropocene”. IGBP Newsletter, 41, 17-18.
CUNHA, Teresa, 2015. Women InPower Women. Outras economias criadas e lideradas por mulheres no Sul não-imperial. Buenos Aires: CLACSO.
CUNHA, Teresa; VALLE, Luísa de Pinho e VILLAR-TORIBIO, Cristina del, 2019. Cuidado. Dicionário Alice. [Acesso em 28 janeiro 2022] Disponível em: https://alice.ces.uc.pt/dictionary/?id=23838&pag=23918&id_lingua=1&entry=25288 .
CUNHA, Teresa e VALLE, Luísa de Pinho, 2022. Uma reflexão feminista sobre a economia política da pandemia pelo novo coronavírus. Em: Ana Maria Veiga, Vânia Nara Pereira Vasconcelos e Andréa Bandeira da Silva Farias (Orgs.). Das margens: lugares de rebeldias, saberes e afetos. Salvador: EDUFBA. No prelo.
DEL MORAL, Lucía, 2012. En transición. La epistemología y filosofía feminista de la ciencia ante los retos de un contexto de crisis multidimensional. e-cadernos CES [Online], 18. [Acesso em 02 março 2019]. Disponível em: http://journals.openedition.org/eces/1521
FAO, 2014. II. Women's contributions to agricultural production and food security: Current status and perspectives. [Acesso em 30 maio 2021] Disponível em: http://www.fao.org/3/x0198e/x0198e02.htm .
FEDERICI, Silvia, 2014. Calibán y La bruja. Mujeres, cuerpo y acumulación originaria. Trad. Verónica Hendel y Leopoldo Sebastián Touza. Madrid: Traficantes de Sueños.
FEDERICI, Silvia, 2018. Revolución en punto cero: Trabajo doméstico, reproducción y luchas feministas. Trad. Carlos Fernández Guervós y Paula Martín Ponz. Madrid: Traficantes de Sueños, 2018.
FEDERICI, Silva, 2020. Reencantar el mundo. El feminismo y la política de los comunes. Trad. María Aranzazu Catalán Altuna, Carlos Fernández Guervós y Paula Martín Ponz. Madrid: Traficantes de Sueños.
GABANYI, Ilana, 2015. Identificação de uma comunicação bidirecional entre neurônios e macrófagos intestinais via receptores β2 adrenérgicos. Tese (Doutorado em patologia experimental e comparada). São Paulo, SP: Universidade de São Paulo. [Acesso em 24 agosto 2021]. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10133/tde-05112015-114108/publico/ILANA_GABANYI_Original.pdf
GARGALLO CELENTANI, Francesca, 2015. Feminismo desde Abya Yala. Ideas y proposiciones de las mujeres de 607 pueblos en nuestra América. Ciudad de México: UACM.
GIULIANI, Gaia, 2021. Monsters, Catastrophes and the Anthropocene: A Postcolonial Critique. London and New York: Routledge.
GUHUR, Dominique e SILVA, Nívia Regina da, 2021. Agroecologia. Em: Dicionário de Agroecologia e Educação. Alexandre Pessoa Dias et al (Orgs.) 1ª ed. São Paulo: Expressão Popular. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, pp. 59-73.
HARAWAY, Donna, 1988. Situated knowledges: The science question in feminism and the privilege of partial perspective. Feminist studies, v. 14, n. 3, 575-599.
HARAWAY, Donna, 2015. Anthropocene, Capitalocene, Plantationocene, Chthulucene: Making Kin. Environmental Humanities, vol. 6, 159-165.
HARAWAY, Donna, 2019. Seguir con el problema. Generar parentesco en el Chthuluceno. Trad. Helen Torres. Bilbao-País Vasco: Consonni.
HERRERO, Yayo, 2020a. A vida em situação de guerra: coronavírus e a crise ecológica e social. Em: Economia feminista e ecológica: resistências e retomadas de corpos e territórios. Trad. Luiza Mançano. São Paulo: SOF – Sempreviva Organização Feminista, pp. 11-15.
HERRERO, Yayo, 2020b. Economia ecológica e economia feminista: um diálogo necessário”. Em: Economia feminista e ecológica: resistências e retomadas de corpos e territórios. Trad. Luiza Mançano. São Paulo: SOF – Sempreviva Organização Feminista, pp. 16-31.
HO, Mao-Wan, 2013. Circular Thermodynamics of Organisms and Sustainable Systems. Systems, 1, 30-49. [Acesso em 20 agosto 2021]. Disponível em: https://www.mdpi.com/2079-8954/1/3/30 .
JAHN, Elisiane de Fátima, SANTOS, Geneci Ribeiro dos e RODRIGUES, Sandra Marli da Rocha, 2020. Economia feminista e as mulheres camponesas. Em: Adriana Maria Mezadri et al (Orgs.). Feminismo Camponês Popular. Reflexões a partir de experiências no Movimento de Mulheres Camponesas. São Paulo: Expressão Popular, pp. 133-144.
LADANTA LASCANTA, 2017. El Faloceno: Redefinir el Antropoceno desde uma mirada ecofeminista. Revista Ecología Política, 53, 26-33.
MALM, Andreas e HORNBORG, Alf, 2014. The geology of mankind? A critique of the Anthropocene narrative. The Anthropocene Review, 1(1), 62-69.
MEZADRI, Adriana Maria et al (Orgs.), 2020. Feminismo Camponês Popular. Reflexões a partir de experiências no Movimento de Mulheres Camponesas. São Paulo: Expressão Popular.
MIES, Maria, 2014. Patriarchy and Accumulation on a World Scale: Women in the International Division of Labour. First published in 1986. London: Zed Books.
MOORE, Jason, 2017. The Capitalocene, Part I: on the nature and origins of our ecological crisis. The Journal of Peasants Studies, 1-37.
PATEL, Raj e MOORE, Jason, 2018. A história do mundo em sete coisas baratas: um guia sobre o capitalismo, a natureza e o futuro do planeta. Trad. Alberto Gomes. Barcarena, Portugal: Presença.
PÉREZ OROZCO, Amaia, 2017. Subversión feminista de la economía. Aportes para un debate sobre el conflicto capital-vida. Madrid: Traficante de Sueños.
PLUMWOOD, Val, 1990. Women of the mysterious forest : women, nature and philosophy : an exploration of self and gender in relation to traditional dualisms in western culture. Open Access Thesis: Australian National University. [Acesso em 11 março 2019]. Disponível em: https://openresearch-repository.anu.edu.au/handle/1885/123810 Acesso em 08Set2016.
PRECARIAS A LA DERIVA, 2004. a la deriva: por los circuitos de la precariedad feminina. Madrid: Traficantes de Sueños-Útiles.
PULEO, Alicia H., 2012. Anjos do ecossistema? Em: Nalu Faria e Renata Moreno (Orgs.). Análises feministas: outro olhar sobre a economia e a ecologia. Cadernos Sempreviva. São Paulo: SOF, pp. 29-50.
QUIJANO, Aníbal e WALLERSTEIN, Immanuel, 1992. La americanidad como concepto, o América en el moderno sistema mundial. Revista Internacional de Ciencias Sociales, Vol. XLIV, no. 4, 583-591.
SANTOS, Milton, 2005. O retorno do território. Em: Reforma agraria y lucha por la tierra em América Latina, territórios y movimentos sociales. OSAL, vol. VI, n. 16, 255-261.
SHIVA, Vandana, 2001. El mundo en el limite. Em: Will Hutton e Anthony Giddens (coords.). El mundo en el límite: la vida en el capitalismo global. Barcelona: Tusquets, pp. 163-186.
SHIVA, Vandana, 2013. Making Peace with the Earth. London: Pluto Press.
SHIVA, Vandana, 2017. ¿Quién alimenta realmente al mundo? El fracaso de la agricultura industrial y la promesa de la agroecología. Trad. Amélia Pérez de Villar. Madrid: Capitán Swing.
SHIVA, Vandana, 2019. Development: For The 1 Per Cent. Em: Ashish Kothari et al (Eds.). Pluriverse: A Post-Development Dictionary. New Delhi: Tulika Books, pp. 6-8.
SHIVA; Vandana, 2020. Vandana Shiva sobre el coronavirus: de los bosques a nuestras granjas, a nuestro microbioma intestinal. Lavaca. [Acesso em 03 abril 2020]. Disponível em: https://www.lavaca.org/notas/vandana-shiva-sobre-el-coronavirus-de-los-bosques-a-nuestras-granjas-a-nuestro-microbiomaintestinal/
SHIVA, Vandana; SHIVA, Kartikey, 2020. Oneness vs 1%: Shattering Illusions, Seeding Freedom. Vermont, USA: Chelsea Green Publishing.
SHIVA, Vandana, 2021. The Poison Cartel is Poisoning the World, Driving Species to Extinction, and Contributing to Hunger. Navdanya International. [Acesso em 03 agosto 2021]. Disponível em: https://navdanyainternational.org/pachamama-feeds-us/ .
SEVILLA GUZMÁN, Eduardo; SOLER MONTIEL, Marta, 2009. Del desarrollo rural a la agroecología. Hacia un cambio de paradigma. Documentación Social. Revista de Estudios Sociales y de Sociología Aplicada, 155, 23-39.
STEEL, Carolyn, 2020. Ciudades hambrientas. Madrid: Capitán Swing.
SVAMPA, Maristella, 2019. As fronteiras do neoextrativismo na América Latina. Conflitos socioambientais, giro ecoterritorial e novas dependências. Trad. Lígia Azevedo. São Paulo: Elefante.
TERREBLANCHE, Christelle, 2019. Ecofeminism. Em: Ashish Kothari et al (Eds.). Pluriverse: A Post-Development Dictionary. New Delhi: Tulika Books, pp. 163-166.
UNICEF-BRASIL, 2021. Relatório da ONU: ano pandêmico marcado por aumento da fome no mundo. A África registrou o aumento mais significativo. É um momento crítico para o mundo, que precisa de ações urgentes para uma reversão até 2030. [Acesso em 27 julho 2021]. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/relatorio-da-onu-ano-pandemico-marcado-por-aumento-da-fome-no-mundo .
VALLE, Luísa de Pinho, 2017. El ecofeminismo como propulsor de la expansión de la racionalidad ambiental. Revista Ecología Política, 54, 28-36.
VALLE, Luísa de Pinho, 2019. Ecofeminismo. Dicionário Alice. [Acesso em 08 abril 2020]. Disponível em: https://alice.ces.uc.pt/dictionary/?id=23838&pag=23918&id_lingua=1&entry=24270 .
VALLE, Luísa de Pinho, 2021a. Ecofeminismo e buen vivir: dois movimentos propulsores da expansão da racionalidade ambiental. Em: Isabel Caldeira, Maria José Canelo e Gonçalo Cholant (Coords.). Reinventar o social: movimentos e narrativas de resistência nas Américas. Coimbra, Portugal: Imprensa da Universidade de Coimbra, pp. 137-172.
VALLE, Luísa de Pinho, 2021b. Ecofeminismos, agroecologia e uma política de relacionalidade e cuidado. Revista Espaço Acadêmico, 21, 101-112.
VERNADSKY, Vladimir Ivanovich, 2007. La Biosfera y la Noosfera: Cinco Ensayos. Trad. Francesca Zunino. Caracas: Ediciones IVIC.
WALLERSTEIN, Immanuel, 2004. Introduction: Scholarship and Reality. Em: Immanuel Wallerstein (Ed.). The modern world-system in the longue durée. Colorado-EUA: Paradigm Publishers, pp. 1-2.
WALLERSTEIN, Immanuel, 1974. O sistema mundo moderno. Vol. I: a agricultura capitalista e as origens da economia-mundo europeia no século XVI. Porto, Portugal: Edições Afrontamento.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Luísa de Pinho Valle

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam na Liinc em Revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Consulte a Política de Acesso Livre e Autoarquivamento para informações permissão de depósitos de versões pré-print de manuscritos e artigos submetidos ou publicados à/pela Liinc em Revista.
Liinc em Revista, publicada pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, é licenciada sob os termos da Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional – CC BY 4.0