Desigualdades (online) como obstáculo à democracia digital: o caso do portal e-Cidadania

Autores

  • Christiana Soares de Freitas Departamento de Gestão de Políticas Públicas; Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil https://orcid.org/0000-0003-0923-843X
  • Letícia Pereira de Alcântara Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital, Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil https://orcid.org/0000-0002-1451-7110
  • Samuel Barros Departamento de Ciência Política; Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas, Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil https://orcid.org/0000-0001-8931-3262

DOI:

https://doi.org/10.18617/liinc.v18i2.6031

Palavras-chave:

acesso e cidadania| Exclusion / digital inclusion, Capital, alfabetização digital, capital digital, desigualdades online

Resumo

O artigo investiga o perfil dos usuários do portal e-Cidadania (Senado Federal) com o maior número de apoio em suas propostas legislativas. A hipótese que norteia a pesquisa é a de aqueles detentores de mais capital digital apresentam maior poder de influência em ambientes digitais e, por isso, alcançam mais apoio na plataforma. O acúmulo desse capital, em específico, é observado nas sociedades contemporâneas e exige do indivíduo a obtenção de aparatos materiais - como acesso a artefatos tecnológicos, conexão à internet - e de elementos imateriais, como elementos sociotécnicos e educacionais que permitam ao indivíduo a aquisição de habilidades digitais indispensáveis na contemporaneidade. A pesquisa utilizou como método a análise prosopográfica dos 10 proponentes que figuram no ranking dos que mais receberam apoio às suas ideias no e-Cidadania, plataforma do Senado Federal desenvolvida para oferecer aos cidadãos possibilidades de produção colaborativa de leis. Os usuários analisados possuem alta escolaridade e rastros digitais que revelam elevado capital digital, confirmando a hipótese inicial

Referências

BONFADELLI, H. (2002). The internet and knowledge gaps: a theoretical and empirical investigation, European Journal of Communication, 17(1): 65–84.

BOURDIEU, Pierre (1998). O poder simbólico. Trad. Fernando Tomaz. 2ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

BRUNO, F (2013). Rastros digitais sob a perspectiva da teoria ator-rede. Revista FAMECOS, v. 19, n. 3, p. 681-704, 2 jan.

CASTELLS, Manuel (1999). A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura Vol. 1 - O Poder da Identidade. São Paulo, Ed. Paz e Terra.

CASTELLS, Manuel (2013). Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Tradução Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar.

COLEMAN, S (2017). Can the Internet Strengthen Democracy? Cambridge: Polity Press.

CORREIO BRAZILIENSE, (2020). Pandemia revela deserto digital no Brasil, afirma Fábio Faria. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2020/09/ 4877119-pandemia-revela-deserto-digital-no-brasil-afirma-fabio-faria.html. Acesso em: 13/10/2020.

DE LUCCA, Djuli Machado (2022). A competência crítica em informação como estratégia para minimização de vulnerabilidade social: apontamentos a partir de pesquisa realizada com idosos In: Competência crítica em informação: teoria, consciência e práxis / Arthur Coelho Bezerra; Marco Schneider (org.). Rio de Janeiro: IBICT. Disponível em: https://ridi.ibict.br/handle/123456789/1200

FARIA, Cristiano Ferri Soares (2012). O parlamento aberto na era da internet: pode o povo colaborar com o Legislativo na elaboração das leis?. Vol. 18. Edições Câmara.

FREITAS, C. S. (2004). O capital tecnológico-informacional. Estudos de Sociologia. Araraquara, v. 9, n. 17, p. 115-132.

GOHN, Maria da Glória Marcondes (2019). Participação e democracia no Brasil: da década de 1960 aos impactos pós-junho de 2013. Editora Vozes.

GALVÃO, Nilson (2014). Sistemas públicos de petições eletrônicas e participação política: um estudo comparativo. [Citado: 20/05/2020]. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/contemporaneaposcom/article/download/16732/11086/0.

GOMES, Wilson (2018). A democracia no mundo digital (Coleção Democracia Digital). Edições Sesc SP. Edição do Kindle.

GOMES, W. (2016). 20 anos de política, Estado e democracia digitais: uma cartografia do campo. In: SILVA, S.; BRAGATOO, R.; SAMPAIO, R. Democracia Digital, Comunicação Política e Redes: teoria e prática. Rio de Janeiro: Folio Digital: Letra e Imagem.

HARGITTAI, E. (2002). “Second-level Digital Divide: Differences in People’s Online Skills”. First Monday, v. 7, n. 4.

HELSPER, E. J., VAN DEURSEN, A. J., and EYNON, R. (2015) Tangible Outcomes of Internet Use: From Digital Skills to Tangible Outcomes Project Report. Oxford: Oxford Internet Institute.

IBGE ¬– INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2020. PNAD contínua : acesso à internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal 2018 [Citado: 11/09/2021]. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/media/com_mediaibge/arquivos/10d5c0576ff8d726467f1d4571dd8e62.pdf

IBGE ¬– INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2021. PNAD contínua : acesso à internet e à televisão e posse de telefone móvel celular para uso pessoal 2019 [Citado: 11/09/2021] . Disponível em : https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2101794 MIGUEL, Luis Felipe (2016). Desigualdade e democracia: o debate da teoria política. 1a ed. São Paulo: Editora Unesp.

NORRIS, P. (2001). Digital Divide: Civic Engagement, Information Poverty, and the Internet Worldwide. Cambridge: Cambridge University Press.

NOVECK, Beth (2019). CROWDLAW: INTELIGÊNCIA COLETIVA E PROCESSOS LEGISLATIVOS. Tradução: Christiana Freitas, Samuel Barros e Sivaldo Pereira da Silva. Esferas, n. 14, p. 80-98.

O GLOBO, (2018). Em portal do Senado, uso de ferramenta criada para sugerir leis dispara. [Citado: 13/10/2020]. Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/em-portal-do-senado-uso-de-ferramenta-criada-para-sugerir-leis-dispara-22699542.

RAGNEDDA, M. (2017). The Third Digital Divide: A Weberian Approach to Digital Inequalities. New York: Routledge.

SANTOS, Samara Marinho Mendonça dos (2021). A interferência da desigualdade digital no acesso às políticas públicas: um estudo de caso do Programa Auxílio Emergencial. 2021. 104 f., il. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Gestão de Políticas Públicas) — Universidade de Brasília, Brasília.

SANTOS, A. D. G.; PEREIRA, D.; MORAIS, F. A.; LEMOS, M. C (2020). Letramento informacional, Covid-19 e infodemia. Liinc em Revista, [S. l.], v. 16, n. 2, p. e5214.

SENNE, Fabio Jose Novaes (2019). Mapeando a origem das desigualdades digitais: um estudo empírico sobre a cidade de São Paulo. Revista de Direito, Estado e Telecomunicações, v. 11, n. 1.

SHANE, Peter (2012). Online Consultation and Political Communication in the Era of Obama: An Introduction. In S. Coleman & P. Shane (Eds.), Connecting democracy: Online consultation and the flow of political communication, p. 9-34. MIT Press. Edição do Kindle.

STONE, L (2011). Prosopografia. Rev. Sociol. Polit. [online]. v.19, n.39, p.115-137.

VAN DEURSEN, A.; VAN DIJK, J. (2011). Internet skills and the digital divide. New Media & Society; v. 13, n. 6, p. 893-911.

VAN DEURSEN, A.; VAN DIJK, J; PETERS, O (2012). Proposing a Survey Instrument for Measuring Operational, Formal, Information, and Strategic Internet Skills, International Journal of Human–Computer Interaction, v. 28, n. 12, p. 827-837.

VAN DIJK, J. A. G. M. (2020). The digital divide. Cambridge, England: Polity.

Downloads

Publicado

11/11/2022

Como citar

FREITAS, C. S. de; ALCÂNTARA, L. P. de; BARROS, S. Desigualdades (online) como obstáculo à democracia digital: o caso do portal e-Cidadania. Liinc em Revista, [S. l.], v. 18, n. 2, p. e6031, 2022. DOI: 10.18617/liinc.v18i2.6031. Disponível em: https://revista.ibict.br/liinc/article/view/6031. Acesso em: 19 abr. 2024.

Edição

Seção

O papel dos algoritmos e das plataformas digitais em contextos sociopolíticos