As mentiras do eu: procedimentos, gêneros e atores do discurso desinformativo em primeira pessoa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18617/liinc.v18i2.6062

Palavras-chave:

Desinformação, WhatsApp, Audio, Discurso, Semiótica

Resumo

Neste artigo, analisamos o discurso em primeira pessoa em mensagens de áudio com conteúdo desinformativo divulgadas via WhatsApp no Brasil. O corpus selecionado para o estudo compreende 100 áudios coletados por meio do WhatsApp Monitor entre 16 de março e 15 de junho de 2020 e entre 27 de março e 26 de outubro de 2021. Nossos objetivos são: (i) verificar quantas mensagens de áudio que veiculam desinformação usam do discurso em primeira pessoa; (ii) como ele é mobilizado para levar o destinatário a acreditar no que está sendo dito no áudio; (iii) quais recursos discursivos ele aciona. As mensagens foram analisadas com base na arcabouço teórico-metodológico da semiótica de Greimas. Os resultados apontam para a prevalência de procedimentos (o discurso em primeira pessoa e o discurso interpelativo), gêneros (o testemunho e o comentário) e atores (o especialista e a pessoa comum) típicos do discurso desinformativo baseado no uso explícito e reiterado da categoria do “Eu”

Referências

AMOSSY, Ruth. 2020. A Argumentação no discurso. São Paulo: Contexto.

BAKHTIN, Mikhail. 2003. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal, 261-306. São Paulo: Martins Fontes.

BARROS, Diana Luz. 2020. As fake news e as "anomalias". Verbum. Cadernos de Pós-Graduação.

CARDOSO, Gustavo, SEPÚLVEDA, Rita, e NARCISO, Inês. 2022. WhatsApp and audio misinformation during the Covid-19 pandemic. Profesional de la información.

KISCHINHEVSKY, Marcelo, et alii. “WhatsApp audios and the remediation of radio: disinformation in Brazilian 2018 presidential election.” Radio Journal: International Studies in Broadcast & Audio Media, 2020.

COVIELLO, M. 2015. Testimoni di guerra. Cinema, memoria, archivio. Venezia: Edizioni Ca' Foscari.

FABBRI, Paolo e LATOUR, Bruno. 1977. La Rhétorique de la science. Pouvoir et devoir dans un article de science exacte. Actes de la recherche en sciences sociales 13: 81–95.

FILINICH, Maria Isabel. 2017. Testemunho e veridicção. Estudos Semióticos: 136-142.

FIORIN, José Luiz. 1996. As astúcias da enunciação. São Paulo: Ática.

FIORIN, José Luiz. 2015. Argumentação. São Paulo: Contexto.

GREIMAS, Algirdas Julien. 2014. Sobre o sentido II – Ensaios semióticos. São Paulo: Nankin Editorial.

GREIMAS, Algirdas Julien. 1976. Sémiotique et sciences sociales. Paris: Seuil.

GREIMAS, Algirdas Julien e COURTES, Joseph. 2008. Dicionário de semiótica. São Paulo: Contexto.

IGWEBUIKE, Ebuka Elias , e CHIMUANYA, Lily. 2021. Legitimating falsehood in social media: A discourse analysis of political fake news. Discourse & Communication.

LANDOWSKI, Eric. 2005. Les interaction risquées. Limoges: Pulim

MANGIAPANE, Francesco. 2018. The Discourse of Fake News in Italy. A Comparative Analysis. Rivisteweb.

MAROS, Alexandre, BENEVENUTO, Fabrício, ALMEIDA, Jussara, e VASCONCELOS, Marisa. 2020. Analyzing the Use of Audio Messages in WhatsApp Groups. WWW. Taipei.

MATOS, Rafael Christian de. 2020. Fake news frente a pandemia de COVID-19. Vigilância Sanitária em Debate: Sociedade, Ciência & Tecnologia: 78-85.

MORENO, Andrés, GARRISON, Philip, e BHAT, Karthik. 2017. WhatsApp for Monitoring and Response during Critical Events: Aggie in the Ghana 2016 Election. 14th International Conference on Information Systems for Crisis Response and Management. Albi.

NEWMAN, Nic, FLETCHER, Richard, SCHULZ, Anne, AND, Simge, e NIELSEN Rasmus Kleis. 2020. Reuters Institute Digital News Report 2020. Relatório Digital, Reuters Institute.

OLIVEIRA, Elida, 2021. Brasil regride em meta para acabar com o analfabetismo e não alcança objetivo de investir mais na educação, diz relatório [acesso em 30 julho 2022]. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2021/06/24/brasil-regride-em-meta-para-acabar-com-o-analfabetismo-e-nao-alcanca-objetivo-de-investir-mais-na-educacao-diz-relatorio.ghtml

POYNTER Institute. 2020. Fighting the Infodemic: The #CoronaVirusFacts Alliance. Poynter Institute. Disponível em: https://www.poynter.org/coronavirusfactsalliance/ (acesso em 23 de Março de 2021).

REIS, Julio C, MELO, Philipe, GARIMELLA, Kiran, e BENEVENUTO, Fabrício. 2020. Can WhatsApp benefit from debunked fact-checked stories to reduce misinformation? Misinformation Review.

RESENDE, Gustavo, MELO, Philipe, SOUSA, Hugo, MESSIAS, Johnnatan, VASCONCELOS, Marisa, ALMEIDA, Jussara, e BENEVENUTO, Fabrício. 2019. (Mis)Information Dissemination in WhatsApp: Gathering, Analyzing and Countermeasures. Proceedings of the World Wide Web Conference. San Francisco.

ROMM, Tony. 2020. Fake cures and other coronavirus conspiracy theories are flooding WhatsApp, leaving governments and users with a ‘sense of panic’. Washington Post. 2 de Março de 2020. Disponível em: https://www.washingtonpost.com/technology/2020/03/02/whatsapp-coronavirus-misinformation/ (acesso em 29 de Julho de 2022).

SALAVERRÍA, Ramón, BUSLÓN, Nataly, LÓPEZ-PAN, Fernando, BIENVENIDO, León, LÓPEZ-GOÑI, Ignacio, e ERVITI, María-Carmen. 2020. Desinformación en tiempos de pandemia: tipología de los bulos sobre la Covid-19. El profesional de la informacion.

SOARES, Felipe Bonow, RECUERO, Raquel, VOLCAN, Taiane, FAGUNDES, Giane, e SODRÉ, Giéle. 2021. Desinformação sobre o Covid-19 no WhatsApp: a pandemia enquadrada como debate político. Ciência da Informação em Revista.

VAN ZOONEN, Liesbet. 2012. I-Pistemology: Changing truth claims in popular and political culture. European Journal of Communication.

VIOLI, Patrtizia e LORUSSO, Anna Maria. 2004. Semiotica del testo giornalisto. Roma: Laterza.

WARDLE, Claire. 2019. First draft’s essential guide to understanding information disorder. First Draft. Disponível em: https://firstdraftnews.org/wp-content/uploads/2019/10/Information_Disorder_Digital_AW.pdf. (acesso em 14 de Julho de 2020).

Downloads

Publicado

24/11/2022

Como citar

DEMURU, P.; FECHINE, Y.; LIMA, C. A. R.; GONDIM, J. As mentiras do eu: procedimentos, gêneros e atores do discurso desinformativo em primeira pessoa. Liinc em Revista, [S. l.], v. 18, n. 2, p. e6062, 2022. DOI: 10.18617/liinc.v18i2.6062. Disponível em: https://revista.ibict.br/liinc/article/view/6062. Acesso em: 25 abr. 2024.

Edição

Seção

O papel dos algoritmos e das plataformas digitais em contextos sociopolíticos