Repensar a esfera pública política a partir das Câmaras de Eco: conceitos e questões metodológicas

Autores

  • Sérgio Rodrigo da Silva Ferreira Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas, Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil https://orcid.org/0000-0002-9899-4378

DOI:

https://doi.org/10.18617/liinc.v18i2.6067

Palavras-chave:

Câmaras de eco, Esfera pública política, Plataformas de mídia social

Resumo

O objetivo deste artigo é conceituar Câmara de Ecos a partir de uma revisão de literatura e apresentar suas implicações metodológicas para estudos sobre esfera pública política em plataformas de redes sociais. Uma câmara de eco é uma estrutura epistêmica social na qual vozes dissidentes relevantes são ativamente excluídas e desacreditadas criando ambiências de homofilia. Essa homofilia mostra-se quando os usuários de plataformas de redes sociais interagem e associam-se apenas a outros semelhantes com exposição seletiva a conteúdos. A homofilia associa-se a processos de evasão a questionamentos e busca constante de reforço, traduzindo-se na tendência de consumir informações alinhadas as ideologias previamente constituídas apenas com viés de confirmação e na propensão a buscar, escolher e interpretar informações alinhadas com o próprio sistema de crenças, incluindo aí notícias que não condizem com a realidade. Concluímos que seja importante desemaranhar algoritmo e usuário em estratégias que considerem as dimensões da tecnologia da plataforma, do processo comunicativo de conversação e deliberação, e dos seus efeitos concretos na esfera política, bem como a identificação e delimitação objetiva de quais são os padrões homofílicos presentes em certos grupos nas plataformas

Referências

AZAMBUJA, Darcy, 2005. A opinião pública. In: Introdução à ciência política. São Paulo: Globo. pp. 259–263.

BOYD, danah, 2011. Social Network Sites as Networked Publics: Affordances, Dynamics, and Implications. In: PAPACHARISSI, Zizi (org.), A Networked Self: Identity, community and culture on social network sites. Nova York: Routledge. pp. 39–58.

DAHLBERG, Lincoln, 2018. Visibility and the Public Sphere: A Normative Conceptualisation. https://doi.org/10.1080/13183222.2018.1418818. Online. 3 abril 2018. Vol. 25, no. 1–2, pp. 35–42. [Acesso em 29 Jul. 2022]. DOI 10.1080/13183222.2018.1418818.

DEL VALLE, Marc Esteve, SIJTSMA, Rimmert, STEGEMAN, Hanne e BORGE, Rosa, 2020. Online Deliberation and the Public Sphere: Developing a Coding Manual to Assess Deliberation in Twitter Political Networks. Javnost - The Public. Online. 2 Jul. 2020. Vol. 27, no. 3, pp. 211–229. [Acesso em 17 Jul. 2022]. DOI 10.1080/13183222.2020.1794408.

DIJCK, José van, POELL, Thomas e WAAL, Martijn de, 2018. The Platform Society: public values in a connective world. Nova York: Oxford University Press.

FRASER, Nancy, 1990. Rethinking the Public Sphere: A Contribution to the Critique of Actually Existing Democracy. Social Text. Online. 1990. No. 25/26, pp. 56. [Acesso em 26 Jul. 2022]. DOI 10.2307/466240.

FRIEDLAND, Lewis A., HOVE, Thomas B. e ROJAS, Hernando, 2014. The Networked Public Sphere. Javnost - The Public. Online. 2014. Vol. 13, no. 4, pp. 5–26. [Accessed 22 July 2022]. DOI 10.1080/13183222.2006.11008922.

GILLESPIE, Tarleton, 2012. The relevance of algorithm. In: GILLESPIE, T., BOCZKOWSKI, P. e FOOT, K. (orgs.), Media Technologies. Online. Massachusetts: MIT Press. Disponível em: http://www.tarletongillespie.org/essays/Gillespie - The Relevance of Algorithms.pdf

GOMES, Wilson, 2006. Apontamentos sobre o conceito de esfera pública política. In: MAIA, Rousiley e CASTRO, Maria Ceres P. (orgs.), Mídia, esfera pública e identidades coletivas. Belo Horizonte: Ed. UFMG. pp. 49–62.

HABERMAS, Jürgen, 2003. Mudança estrutural da Esfera Pública: investigações quanto a uma categoria da sociedade burguesa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.

HABERMAS, Jürgen, 2006. Political Communication in Media Society: Does Democracy Still Enjoy an Epistemic Dimension? The Impact of Normative Theory on Empirical Research. Communication Theory. Online. 1 Nov. 2006. Vol. 16, no. 4, pp. 411–426. [Acesso em 29 Jul. 2022]. DOI 10.1111/J.1468-2885.2006.00280.X.

LEWANDOWSKY, Stephan, SMILLIE, Laura, GARCIA, David, HERTWIG, Ralph, WEATHERALL, Jim, EGIDY, Stepahnie e ROBERTSON, Ronald E., 2020. Algorithmic content curation. In: LEWANDOWSKY, S. e SMILLIE, L. (orgs.), Technology and Democracy: Understanding the influence of online technologies on political behaviour and decision-making. Luxemburgo: EUR 30422 EN: Publications Office of the European Union. ISBN 978-92-76-24088-4.

NGUYEN, C. Thi, 2020. Echo chambers and epistemic bubbles. Episteme. Online. 1 Jun. 2020. Vol. 17, no. 2, pp. 141–161. [Acesso em 26 Set. 2021]. DOI 10.1017/EPI.2018.32.

POELL, Thomas, NIEBORG, David e DIJCK, José van, 2020. Plataformização. Fronteiras - estudos midiáticos. Online. 4 Abr. 2020. Vol. 22, no. 1, pp. 2–10. [Acesso em 5 Dez. 2021]. DOI 10.4013/fem.2020.221.01.

ROUVROY, Antoinette e BERNS, Thomas, 2018. Governamentalidade algorítmica e perspectivas de emancipação: o díspar como condição de individualização pela relação? In: BRUNO, Fernanda, CARDOSO, Bruno, KANASHIRO, Marta, GUILHON, Luciana e MELGAÇO, Lucas (orgs.), Tecnopolíticas da Vigilância: perspectivas da margem. São Paulo: Boitempo. pp. 107–140.

SILVEIRA, Sergio Amadeu da, 2017. Tudo sobre tod@s: redes digitais, privacidade e venda de dados pessoais. São Paulo: Edições Sesc São Paulo.

SUNSTEIN, Cass R., 2017. #Republic : divided democracy in the age of social media. Princeton: Princeton University Press.

TERREN, Ludovic e BORGE-BRAVO, Rosa, 2021. Echo Chambers on Social Media: A Systematic Review of the Literature. Review of Communication Research. Online. 2021. Vol. 9, pp. 99–118. [Acesso em 26 Set. 2021]. Disponível em: https://rcommunicationr.org/index.php/rcr/article/view/94

YARCHI, Moran, BADEN, Christian e KLIGLER-VILENCHIK, Neta, 2020. Political Polarization on the Digital Sphere: A Cross-platform, Over-time Analysis of Interactional, Positional, and Affective Polarization on Social Media. Political Communication. Online. 2020. pp. 1–42. [Acesso em 17 Jul. 2022]. DOI 10.1080/10584609.2020.1785067.

Downloads

Publicado

02/11/2022

Como citar

FERREIRA, S. R. da S. Repensar a esfera pública política a partir das Câmaras de Eco: conceitos e questões metodológicas. Liinc em Revista, [S. l.], v. 18, n. 2, p. e6067, 2022. DOI: 10.18617/liinc.v18i2.6067. Disponível em: https://revista.ibict.br/liinc/article/view/6067. Acesso em: 23 abr. 2024.

Edição

Seção

O papel dos algoritmos e das plataformas digitais em contextos sociopolíticos