Repensar a esfera pública política a partir das Câmaras de Eco: conceitos e questões metodológicas
DOI:
https://doi.org/10.18617/liinc.v18i2.6067Palavras-chave:
Câmaras de eco, Esfera pública política, Plataformas de mídia socialResumo
O objetivo deste artigo é conceituar Câmara de Ecos a partir de uma revisão de literatura e apresentar suas implicações metodológicas para estudos sobre esfera pública política em plataformas de redes sociais. Uma câmara de eco é uma estrutura epistêmica social na qual vozes dissidentes relevantes são ativamente excluídas e desacreditadas criando ambiências de homofilia. Essa homofilia mostra-se quando os usuários de plataformas de redes sociais interagem e associam-se apenas a outros semelhantes com exposição seletiva a conteúdos. A homofilia associa-se a processos de evasão a questionamentos e busca constante de reforço, traduzindo-se na tendência de consumir informações alinhadas as ideologias previamente constituídas apenas com viés de confirmação e na propensão a buscar, escolher e interpretar informações alinhadas com o próprio sistema de crenças, incluindo aí notícias que não condizem com a realidade. Concluímos que seja importante desemaranhar algoritmo e usuário em estratégias que considerem as dimensões da tecnologia da plataforma, do processo comunicativo de conversação e deliberação, e dos seus efeitos concretos na esfera política, bem como a identificação e delimitação objetiva de quais são os padrões homofílicos presentes em certos grupos nas plataformas
Referências
AZAMBUJA, Darcy, 2005. A opinião pública. In: Introdução à ciência política. São Paulo: Globo. pp. 259–263.
BOYD, danah, 2011. Social Network Sites as Networked Publics: Affordances, Dynamics, and Implications. In: PAPACHARISSI, Zizi (org.), A Networked Self: Identity, community and culture on social network sites. Nova York: Routledge. pp. 39–58.
DAHLBERG, Lincoln, 2018. Visibility and the Public Sphere: A Normative Conceptualisation. https://doi.org/10.1080/13183222.2018.1418818. Online. 3 abril 2018. Vol. 25, no. 1–2, pp. 35–42. [Acesso em 29 Jul. 2022]. DOI 10.1080/13183222.2018.1418818.
DEL VALLE, Marc Esteve, SIJTSMA, Rimmert, STEGEMAN, Hanne e BORGE, Rosa, 2020. Online Deliberation and the Public Sphere: Developing a Coding Manual to Assess Deliberation in Twitter Political Networks. Javnost - The Public. Online. 2 Jul. 2020. Vol. 27, no. 3, pp. 211–229. [Acesso em 17 Jul. 2022]. DOI 10.1080/13183222.2020.1794408.
DIJCK, José van, POELL, Thomas e WAAL, Martijn de, 2018. The Platform Society: public values in a connective world. Nova York: Oxford University Press.
FRASER, Nancy, 1990. Rethinking the Public Sphere: A Contribution to the Critique of Actually Existing Democracy. Social Text. Online. 1990. No. 25/26, pp. 56. [Acesso em 26 Jul. 2022]. DOI 10.2307/466240.
FRIEDLAND, Lewis A., HOVE, Thomas B. e ROJAS, Hernando, 2014. The Networked Public Sphere. Javnost - The Public. Online. 2014. Vol. 13, no. 4, pp. 5–26. [Accessed 22 July 2022]. DOI 10.1080/13183222.2006.11008922.
GILLESPIE, Tarleton, 2012. The relevance of algorithm. In: GILLESPIE, T., BOCZKOWSKI, P. e FOOT, K. (orgs.), Media Technologies. Online. Massachusetts: MIT Press. Disponível em: http://www.tarletongillespie.org/essays/Gillespie - The Relevance of Algorithms.pdf
GOMES, Wilson, 2006. Apontamentos sobre o conceito de esfera pública política. In: MAIA, Rousiley e CASTRO, Maria Ceres P. (orgs.), Mídia, esfera pública e identidades coletivas. Belo Horizonte: Ed. UFMG. pp. 49–62.
HABERMAS, Jürgen, 2003. Mudança estrutural da Esfera Pública: investigações quanto a uma categoria da sociedade burguesa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.
HABERMAS, Jürgen, 2006. Political Communication in Media Society: Does Democracy Still Enjoy an Epistemic Dimension? The Impact of Normative Theory on Empirical Research. Communication Theory. Online. 1 Nov. 2006. Vol. 16, no. 4, pp. 411–426. [Acesso em 29 Jul. 2022]. DOI 10.1111/J.1468-2885.2006.00280.X.
LEWANDOWSKY, Stephan, SMILLIE, Laura, GARCIA, David, HERTWIG, Ralph, WEATHERALL, Jim, EGIDY, Stepahnie e ROBERTSON, Ronald E., 2020. Algorithmic content curation. In: LEWANDOWSKY, S. e SMILLIE, L. (orgs.), Technology and Democracy: Understanding the influence of online technologies on political behaviour and decision-making. Luxemburgo: EUR 30422 EN: Publications Office of the European Union. ISBN 978-92-76-24088-4.
NGUYEN, C. Thi, 2020. Echo chambers and epistemic bubbles. Episteme. Online. 1 Jun. 2020. Vol. 17, no. 2, pp. 141–161. [Acesso em 26 Set. 2021]. DOI 10.1017/EPI.2018.32.
POELL, Thomas, NIEBORG, David e DIJCK, José van, 2020. Plataformização. Fronteiras - estudos midiáticos. Online. 4 Abr. 2020. Vol. 22, no. 1, pp. 2–10. [Acesso em 5 Dez. 2021]. DOI 10.4013/fem.2020.221.01.
ROUVROY, Antoinette e BERNS, Thomas, 2018. Governamentalidade algorítmica e perspectivas de emancipação: o díspar como condição de individualização pela relação? In: BRUNO, Fernanda, CARDOSO, Bruno, KANASHIRO, Marta, GUILHON, Luciana e MELGAÇO, Lucas (orgs.), Tecnopolíticas da Vigilância: perspectivas da margem. São Paulo: Boitempo. pp. 107–140.
SILVEIRA, Sergio Amadeu da, 2017. Tudo sobre tod@s: redes digitais, privacidade e venda de dados pessoais. São Paulo: Edições Sesc São Paulo.
SUNSTEIN, Cass R., 2017. #Republic : divided democracy in the age of social media. Princeton: Princeton University Press.
TERREN, Ludovic e BORGE-BRAVO, Rosa, 2021. Echo Chambers on Social Media: A Systematic Review of the Literature. Review of Communication Research. Online. 2021. Vol. 9, pp. 99–118. [Acesso em 26 Set. 2021]. Disponível em: https://rcommunicationr.org/index.php/rcr/article/view/94
YARCHI, Moran, BADEN, Christian e KLIGLER-VILENCHIK, Neta, 2020. Political Polarization on the Digital Sphere: A Cross-platform, Over-time Analysis of Interactional, Positional, and Affective Polarization on Social Media. Political Communication. Online. 2020. pp. 1–42. [Acesso em 17 Jul. 2022]. DOI 10.1080/10584609.2020.1785067.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Sérgio Rodrigo da Silva Ferreira

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam na Liinc em Revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Consulte a Política de Acesso Livre e Autoarquivamento para informações permissão de depósitos de versões pré-print de manuscritos e artigos submetidos ou publicados à/pela Liinc em Revista.
Liinc em Revista, publicada pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, é licenciada sob os termos da Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional – CC BY 4.0