O audiolivro e a inteligência artificial “leitora”: fronteiras intermidiais
DOI:
https://doi.org/10.18617/liinc.v19i1.6295Palavras-chave:
Audiolivro, E-book, Inteligência artificial, Intermidialidade, Re-midiaçãoResumo
O audiolivro é um tipo de mídia que, historicamente, demanda da gravação da leitura de um texto em voz alta capaz de ser reproduzida para ser midiado. Quando essa “leitura”, no entanto, é feita por uma Inteligência Artificial, a exemplo da assistente virtual Alexa, ainda podemos compreender esse produto de mídia sonoro como um audiolivro? Entendendo essa pergunta como uma questão que emerge de novas relações entre as mídias digitais, o presente artigo tem por objetivo definir que tipo de fenômeno é esse. Para isso, buscamos nos Estudos de Intermidialidade, a partir dos modelos propostos por Lars Elleström (2021), junto, ainda, a outros autores que nos auxiliaram a preencher determinadas lacunas e aprofundar outras de sua teoria, os elementos necessários para essa análise. Para ser possível aprofundarmos tal discussão, tomamos de exemplo o e-book e o audiolivro de O Alquimista (COELHO, 2017 [1988]), de Paulo Coelho, para a comparação entre a leitura realizada por um humano e a “leitura” realizada por uma Inteligência Artificial. A partir da análise, concluímos que a “leitura” realizada pela Alexa é, na verdade, uma oralização (BAJARD, 2014), o que corresponde a um processo de decodificação sonoro das palavras. Assim, quando comparada a um audiolivro lido por um ser humano, resultado de uma transmidiação, a decodificação da Alexa se trata de uma “re-midiação”, isto é, uma re-exibição das modalidades material, espaçotemporal, sensorial e potencialmente semióticas de um e-book por meio de uma mídia técnica de exposição diferente
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