Colonialismo digital e processos de disputas: as mídias como ‘sistemas educativos’ da população
DOI:
https://doi.org/10.18617/liinc.v19i2.6646Palavras-chave:
Colonialismo digital, Educação, Organização do conhecimentoResumo
Com o avanço tecnológico, as práticas de colonialismo passaram por atualizações e adaptaram-se às demandas do sistema capitalista de vigilância na sua dimensão neoliberal. A dinâmica que caracteriza o capitalismo de vigilância e vem organizando a relação ser humano-máquina no século XXI é o colonialismo digital, prática de dominação baseada na extração de dados informacionais e padronização de comportamentos através dos algoritmos, mecanismos invisíveis de controle ideológico. Com o objetivo de discutir a forma que o colonialismo digital vem utilizando as mídias como ‘sistemas educativos’ da população para legitimar processos de disputas, este relato de pesquisa problematiza as relações de poder tensionadas nos meios massivos de comunicação e incita reflexões acerca dos limites e das potencialidades do uso da tecnologia sob uma perspectiva da educação. Para isso, sistematiza estudos sobre a relação entre as mudanças na sociedade da hiperespetacularização e as táticas militares adotadas pelas empresas de tecnologia que tendem a aprofundar o consumismo a nível global, mercantilizando a vida humana. Como resultado, identificou-se que os canais educativos têm sido cada vez mais ampliados pelas tecnologias digitais, mas ao mesmo tempo em que podem contribuir para a luta pela libertação, também favorecem processos de manipulação e controle político, econômico e ideológico, apontando para a necessidade de questionamentos sobre o seu uso na sociedade e a importância de caminhar rumo a descolonização da tecnologia
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