Protestos na era da informação
panóptico, visibilidade sinóptica e outras formas de ver e ser visto
DOI:
https://doi.org/10.18617/liinc.v12i2.922Palavras-chave:
Protestos, Vigilância, Panóptico, Sinóptico, Período Técnico-Científico e Informacional.Resumo
Ao mesmo tempo que as tecnologias da informação e comunicação têm impulsionado a ocorrência de grandes manifestações públicas no atual período técnico-científico e informacional, elas têm também sido utilizadas para o monitoramento de ativistas e, por vezes, para verdadeiramente coibir a ação de alguns cidadãos. Esse cenário de intensa vigilância tem sido muitas vezes representado a partir de metáforas como big brother e panóptico. Todavia, esses dois termos não são suficientes para explicar a atual sociedade da vigilância. Enquanto o modelo panóptico representa uma situação em que “um” monitora “vários”, o momento atual é marcado também por situações em que, inversamente, “vários” vigiam “um”, ou ainda, “vários” vigiam “vários”. Por sua vez, a concepção orwelliana estaria incompleta por concentrar o poder de vigilância em um único agente: o Estado. Apesar da importância ainda crucial do Estado, outros agentes passam a ter semelhante relevância no controle da informação no período atual, como as empresas e os próprios indivíduos. Os recentes protestos no Brasil têm trazido vários exemplos em que a vigilância promovida por agentes hegemônicos tem sido contraposta não apenas por atos de contravigilância, mas de uma crescente visibilidade sinóptica.
Referências
ANDREJEVIC, M. The work of watching one another: lateral surveillance, risk, and governance. Surveillance & Society, v. 2 n. 4, p. 479-497, 2005.
BAUMAN, Z. et al. After Snowden: rethinking the impact of surveillance. International Political Sociology, v. 8, p. 121-144, 2014.
BAUMAN, Z.; Lyon, D. Liquid surveillance: a conversation. Cambridge, UK: Polity Press, 2012.
BRUNO, F. Máquinas de ver, modos de ser: vigilância, tecnologia e subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2013.
CARVALHO, J. M. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
DELEUZE, G. Postscript on the societies of control. October, v. 59, p. 3-7, 1992.
FOUCAULT, M. Surveiller et punir: naissance de la prison. Paris: Gallimard, 1975.
HAGGERTY, K.; ERICSON, R. The surveillant assemblage. British Journal of Sociology, v. 51, n. 4, p. 605-622, 2000.
LYON, D. Surveillance society: monitoring everyday life. Buckingham: Open University Press, 2001.
LYON, D. Surveillance after Snowden. Cambridge, UK: Polity Press, 2015.
MANN, S. “Sousveillance”: inverse surveillance in multimedia imaging. Proceedings of the 12th annual ACM international conference on multimedia. New York: ACM Press, 2004. p. 620-627.
MARX, G. The public as partner? Technology can make us auxiliaries as well as vigilantes. Security & Privacy, v. 11, n. 5, p. 56-61, 2013.
MATHIESEN, T. The viewer society: Michel Foucault’s “panopticon” revisited. Theoretical Criminology, v. 1, p. 215-234, 1997.
MELGAÇO, L. Security and surveillance in times of globalization: an appraisal of Milton Santos’ theory. International Journal of E-Planning Research, v. 2, n. 4, p. 1-12, 2013.
MONAHAN, T. Counter-surveillance as political intervention. Social Semiotics, v. 4, p. 515-34, 2006.
WOOD, David Murakami; WEBSTER, C. William R. Living in surveillance societies: the normalisation of surveillance in Europe and the threat of Britain’s bad example. Journal of Contemporary European Research, v. 5, n. 2, p. 259-273, 2009.
REEVES, J. If you see something, say something: lateral surveillance and the uses of responsibility. Surveillance & Society, v. 10, n. 3/4, p. 235-248, 2012.
SANTOS, M. A aceleração contemporânea: tempo mundo e espaço mundo. In: SANTOS, M.; SOUZA, M. A.; SCARLATO, F. (Ed.). O novo mapa do mundo: fim do século e globalização. São Paulo: Hucitec-Anpur, 1993.
________. A natureza do espaço: razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996.
______. Espaço e método. São Paulo: Nobel, 1985.
________. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000.
SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início do século 21. Rio de Janeiro: Record, 2001.
SEVCENKO, N. A Revolta da Vacina: mentes insanas em corpos rebeldes. São Paulo: Scipione, 2003.
TROTTIER, D. Social media as surveillance. London: Ashgate, 2012.
ULRICH, P.; Wollinger, G. R. A surveillance studies perspective on protest policing: the case of video surveillance of demonstrations in Germany. Interface, v. 3,n. 1, p.12-38, 2011.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Lucas Melgaço

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam na Liinc em Revista concordam com os seguintes termos:
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Consulte a Política de Acesso Livre e Autoarquivamento para informações permissão de depósitos de versões pré-print de manuscritos e artigos submetidos ou publicados à/pela Liinc em Revista.
Liinc em Revista, publicada pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, é licenciada sob os termos da Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional – CC BY 4.0