“Subvertendo espaços”: Mediação da informação, coletivos periféricos e contranarrativas à mídia hegemônica
DOI:
https://doi.org/10.18617/liinc.v19i2.6563Palavras-chave:
Ação de inteferência, Mediação da informação, Contrarrativas, Coletivos periféricos, Mídia hegemônicaResumo
Discute-se as ações de interferência na Mediação da informação realizadas por coletivos periféricos em Belém, Pará, visando construir contranarrativas em oposição à mídia hegemônica local. Esses coletivos buscam representar suas realidades confrontando as narrativas predominantes na mídia local. O estudo adota uma abordagem exploratória com base em análise documental e bibliográfica, utilizando o método da Análise Crítica do Discurso (ACD). Foram analisados jornais locais, como o Diário do Pará e O Liberal, no período de 1989 a 2014, para mapear a representação do bairro ao longo do tempo, e investigar as ações de interferência e construção de contranarrativas pelos coletivos periféricos. As referências teóricas incluíram autores como Marialva Barbosa e Patrick Charaudeau, enfatizando a análise das narrativas da imprensa e a informação como ato de comunicação. Alicerçado em reflexões sobre mediação, ação de interferência e Mediação da informação por autores como Davallon, Jeanneret, Martins e Almeida Júnior, o estudo teve como propósito desafiar estereótipos e promover representações autênticas e empoderadas das comunidades periféricas. Além disso, foram consideradas as referências de Van Dijk sobre a abordagem da mídia hegemônica em relação às minorias. Os resultados indicam que a Mediação da Informação, por meio da interferência, é utilizada por coletivos periféricos para competir no espaço simbólico, desafiando estereótipos e promovendo representações autênticas e empoderadas de suas comunidades. Essas ações fortalecem as lutas simbólicas por uma comunicação mais inclusiva e representativa. Em resumo, a interferência na Mediação da Informação amplia estudos e investigações, destacando o protagonismo dos moradores, que usam mídias alternativas para expressar suas experiências, enfatizando o poder transformador dessas práticas discursivas
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